Categorias
Christian Chen Conselho aos jovens Igreja

A segunda geração


O livro de Esdras relata a história de duas gerações do povo de Israel que retornaram a Jerusalém depois do cativeiro na Babilônia. Durante 70 anos, Jerusalém havia sido uma cidade vazia, e o templo permanecera em ruínas. No final daquele período, umas 50 mil pessoas sob a liderança de Zorobabel e Josué retornaram e edificaram primeiro o altar e, depois, o templo. Zorobabel era da geração mais antiga, nascida em Israel antes do cativeiro. Esse é o contexto dos três primeiros capítulos. Posteriormente, no capítulo 7, houve um segundo retorno para Israel de uma geração mais jovem, conduzido por Esdras, um escriba nascido na Babilônia.

Qual é o significado de Jerusalém? Na Bíblia, Jerusalém fala do testemunho de Deus, porque dentro da cidade estava o templo, que representa a presença de Deus. A razão pela qual Jerusalém é uma cidade única é porque ali está o templo de Deus. Portanto, o testemunho de Deus deriva-se de Sua presença. Esse é um princípio muito importante.

Inicialmente, nos dias de Salomão, quando o templo e a cidade estavam nos dias de glória, a presença de Deus e Seu testemunho estavam em Jerusalém. Logo depois, porém, os líderes e o povo abandonaram Deus e passaram a adorar ídolos. Por isso, Deus permitiu que Nabucodonosor sitiasse a cidade, destruísse o templo e levasse o povo cativo para a Babilônia. Foi o tempo mais trágico na história de Israel. O testemunho de Deus estava em desolação. Do templo, não ficou pedra sobre pedra. O povo de Israel foi como uma árvore desarraigada e levada a uma terra remota.

Depois de 70 anos, conforme Deus prometera por meio do profeta Jeremias, o povo voltou a Jerusalém para restaurar o testemunho de Deus. Antes que isso pudesse ocorrer, foi preciso edificar o altar e a casa de Deus. Isso indica que devemos ter primeiro a presença de Deus e, em seguida, teremos o testemunho.

A Igreja cativa na Babilônia

Há um paralelo muito claro com a história da Igreja. No início, havia o testemunho de Deus, porque a presença de Jesus estava no meio do povo. Quando os santos se reúnem, o lugar em que estão torna-se a casa de Deus, o local onde a glória e a formosura de Cristo se manifestam. As pessoas de fora o vêem e dizem: “Este é o testemunho de Deus”. Quando a Igreja se encontra numa condição de normalidade, o testemunho de Deus é visto em muitas localidades; Taipei, Tóquio, Seul, São Paulo, Santiago, em todo lugar. Esse é o propósito de Deus. Porém, se examinarmos a história da Igreja e observarmos o que ocorre em nossos dias, veremos que a Igreja foi levada cativa, outra vez, para a Babilônia. Babilônia significa “confusão”. Hoje em dia, as pessoas estão confusas e pensam que a Igreja é uma instituição. Quando você chega a uma reunião, você sabe como se comportar, como cantar, como orar, o que esperar.

Alguém vai compartilhar a Palavra, alguém muito espiritual vai ler a Bíblia para os demais. Só precisa comparecer aos domingos e escutar, e isso é tudo. Essa é a nossa confusão. O que é a Igreja? Sabemos que é o Corpo de Cristo. Se é corpo, cada membro deve estar funcionando. Entretanto, por que hoje só há um ou dois membros ativos? Onde está o testemunho? Onde está o testemunho coletivo? Se olharmos ao redor, veremos que há confusão. Fomos levados cativos para a Babilônia.

Movimentos de restauração

Durante a história, por várias vezes, Deus levantou reformadores para conduzir o povo de volta para Jerusalém. Homens, como Martinho Lutero, João Calvino, Zuínglio e outros, tiraram o povo da confusão da Era das Trevas, em que as pessoas vendiam indulgências, não conheciam sequer a salvação, e a Bíblia estava aprisionada. Não é de surpreender que a condição da Igreja naquele tempo fosse de absoluta confusão. Graças a Deus, esses homens levaram a Igreja ao fundamento original. Reedificaram o altar e a casa. Voltaram à presença do Senhor e viram Seu testemunho restaurado.

Mas o que aconteceu? Na primeira geração, tudo estava muito bem, cheio de vida. Porém, na segunda geração, perdeu-se gradualmente a visão. Passaram a guardar tradições. Na primeira geração, a taça de bênção estava cheia; na segunda, caía para a metade. Na terceira, quase toda a bênção se tinha ido: ficava somente a taça. Algum tempo depois, o Senhor levantava outras pessoas, havia outro avivamento, uma nova “primeira geração”. Outra vez, retornaram a Jerusalém. Entretanto, quando a bênção se foi, a confusão chegou de novo. Assim, o povo voltava outra vez para a Babilônia.

Foi assim com John Wesley, no século 18, quando Deus restaurou a verdade da santificação pela fé. Foi assim também com John Darby, no século 19. Em cada mover de Deus, a primeira geração tinha vida, revelação direta de Deus, tudo era dirigido pelo Espírito Santo. A presença de Deus estava clara, o testemunho aparecia na Terra. Mas, quando chegava a segunda geração, já sabiam como reunir-se, como fazer as coisas. Aprendiam o método dos mais antigos. Depois de pegar o método, que maravilha! Como funciona bem! Nem precisa lutar tanto, buscar a presença do Senhor, estudar tanto a Bíblia ou orar. “Já conhecemos a vontade de Deus. É o que os anciões me falaram, o que me foi passado.”

Isso é tradição. A primeira geração tem revelação e bênção. A segunda tem revelação e tradição. A taça já está pela metade. E, ao chegar à terceira geração, a taça está vazia; quase tudo é tradição. É por isso que hoje há tantas taças — milhares de taças.

No princípio, cada taça tinha razão para gloriar-se, porque estava cheia de bênção. Mas, quando a presença de Deus se foi, o que eles têm agora? Apenas uma taça vazia para comparar com outras: “A minha taça é melhor que a sua”. Como podemos mudar esse padrão e preservar a presença e o testemunho do Senhor? Como a segunda geração pode pegar a taça da primeira geração e mantê-la cheia? Somente se ela tiver uma experiência de primeira mão, em contato com a Fonte de vida, exatamente como teve a primeira. Se você pertence à primeira geração, seja cuidadoso. A sua responsabilidade é trazer, para a geração mais jovem, a presença do Senhor. O Espírito Santo saberá como ensinar-lhes. A unção está neles. Não devemos usurpar o lugar do Espírito Santo. Só assim podemos manter cada geração com vida. Isso é muito importante.

Esdras e a segunda geração

Voltemos ao livro de Esdras. Zorobabel foi o líder da primeira geração. Por ter deixado Jerusalém como cativo quando era jovem, o retorno tinha grande significado. Já com cerca de 90 anos, ele sentia que seu lar estava em Jerusalém. Seu coração, profundamente comovido e saudoso, ansiava por retornar. Para Esdras, como parte da segunda geração, nascida no cativeiro, que nunca vira Israel, a situação era bem diferente. Jerusalém lhes parecia uma cidade vazia, uma cidade morta. Por outro lado, olhe para a Babilônia! Havia um futuro brilhante esperando-os ali. No entanto, de alguma forma, Deus estava operando na Babilônia, no meio da confusão. Se você vive em Jerusalém, tudo está claro; porém, para quem vive nesse outro mundo, tudo é confuso. Esdras nasceu e cresceu naquele ambiente onde se adoravam ídolos, onde havia outras esperanças, outros anseios. Mesmo assim, de alguma forma, ele procurou a Palavra de Deus e foi cativado por ela. Esdras se tornou o grande escriba. Por meio dele, foram reunidos os 39 livros do Antigo Testamento. Pela primeira vez, a revelação do Antigo Testamento estava completa.

Esdras não tinha um motivo natural para ir a Jerusalém. No entanto, o Senhor é capaz de fazer algo além do que imaginamos e levantou um jovem que abandonou seu futuro brilhante na Babilônia, voltou as costas a esse mundo e chegou a Jerusalém. O que significa isso? Que, embora a segunda geração tenha nascido fora de Jerusalém, sem revelação de primeira mão, ela pode vir a ser mais rica que a primeira.

Na família natural, os pais sempre ficam muito orgulhosos quando os filhos os ultrapassam, tornando-se melhores, mais bem-sucedidos e inteligentes do que a geração anterior. Essa é a prova de êxito de uma família. Não me diga que seus filhos têm só a metade de sua habilidade, e seus netos, a metade da habilidade de seus filhos. Se for assim, sua família está indo cada vez mais para baixo. Como sabemos que uma família está realmente subindo e não descendo? Quando os filhos são melhores que os pais, têm mais êxito que eles — e os pais não sentem ciúme por isso. E, quando chega a vez dos netos, eles irão ainda mais longe. Foi exatamente isso o que aconteceu no livro de Esdras. O testemunho de Deus não ficou só na primeira geração, mas avançou ainda mais na segunda.

A contribuição de Esdras

Vemos, na história da restauração, que a tarefa da primeira geração foi lançar o fundamento. Fizeram isso, edificando o altar e, depois, a casa. Durante vinte anos, sua obra foi voltada exclusivamente para os alicerces. E qual foi a contribuição de Esdras para a segunda geração? Ao estudar esse livro cuidadosamente, vemos que ele trouxe duas contribuições. A primeira é que ele procurou embelezar o templo (Ed 7.27 — “ornar” a casa do Senhor ou “glorificar”, em outra versão).

Traduzindo isso para a linguagem do Novo Testamento, significa que a Igreja deve crescer para atingir a maturidade. Na primeira geração, o fundamento está seguro. Mas, depois, na segunda geração, Esdras não construiu outro templo. Não. Ele edificou algo sobre o fundamento para embelezar a construção original. E a igreja como segunda geração. Lembre-se: a Igreja não é só algo exato, algo “correto’ de acordo com o entendimento da verdade. Esse é o primeiro passo, e é maravilhoso quando o alcançamos. Mas a Igreja, o Corpo de Cristo, deve crescer. Portanto, o que significa embelezar o templo? Muito simples. Por meio da segunda geração, a Igreja torna-se muito mais bela, mais amadurecida, sem mancha, pronta para ser apresentada a Cristo como uma Igreja gloriosa. Por que Esdras retornou a Jerusalém? Ele sabia, pela palavra profética do Antigo Testamento, que, quando o Messias viesse, Ele entraria no templo. Então, Jerusalém tinha de ser reedificada, e o templo, embelezado. Esdras retornou porque sabia que o Messias viria logo.

Ele retornou por amor ao Messias. Hoje, os cristãos da geração mais jovem estão, sem dúvida, mais próxima da volta do Senhor do que a primeira. Supõe-se que serão eles que receberão o Mestre quando Ele voltar em glória. Para isso, a Igreja precisa amadurecer. E claro que o templo precisa ser belo, glorioso. Portanto, essa foi a primeira contribuição de Esdras.

A segunda contribuição foi a restauração da autoridade da Palavra de Deus. Quando Esdras leu a Palavra, muitas pessoas choraram, foram tocadas (Ne 8.9). Então, a geração mais jovem deve ter uma palavra muito mais rica do que a primeira. Como pode a Igreja tornar-se gloriosa, sem mancha e sem ruga? A Bíblia diz que é “pela lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26). No original grego, “palavra” neste texto é rhema, a palavra de vida, inspirada e aplicada pelo Espírito Santo.

Quando nossos jovens, nestes dias, estudam as Escrituras, eles estudam o logos (palavra escrita) e aplicam o coração ao estudo metódico e sistemático. Eles contam com melhores condições do que os da primeira geração, manejam o inglês, conhecem programas de computador, sabem como utilizar livros de referência. Mas também vivem na presença do Senhor a fim de que o Espírito Santo fale outra vez à sua geração, tornando aquele logos uma palavra viva. Essas foram as contribuições de Esdras e da geração mais jovem.

A responsabilidade da primeira geração

Portanto, se o Senhor for misericordioso conosco, e se Ele demorar a retornar, nossa história não se reduzirá só aos primeiros capítulos do livro de Esdras (restauração dos fundamentos por meio da primeira geração), mas poderemos alcançar, além disso, a experiência do capítulo 7 (levantamento de uma segunda geração com encargo, revelação e autoridade na Palavra). Diante disso, a primeira geração tem uma grande responsabilidade.

Se você faz parte da geração “mais madura” e conheceu ao Senhor em uma experiência de primeira mão, sua taça está cheia. Mas o que será da geração mais jovem? O que acontecerá nos próximos dez anos se o Senhor ainda tardar? Você tem uma grande responsabilidade: a de orar pela geração mais jovem, incentivá-la e estimulá-la, ajudá-la a conhecer o Senhor diretamente. Seu papel não é encontrar realização no próprio sucesso, mas fazer tudo para que a geração mais jovem vá muito mais longe do que a sua. Os jovens gostam de competir, de superar, de vencer desafios. Que eles recebam nosso ânimo e nosso encorajamento para serem superiores a nós, para alcançarem o máximo no Reino dos céus. Se a taça deles estiver cheia, assim como a da primeira geração, o testemunho será, de fato, preservado, e a casa de Deus estará preparada para o retorno do Rei!

Categorias
Conselho aos jovens Encorajamento Francisco Nunes

Mensagens à igreja em Salvador (BA)

Durante os dias em que nosso editor esteve em Salvador, participando da XXI Conferência UniCristã de Teologia e Espiritualidade, ele também teve oportunidade de servir à igreja naquela cidade com a Palavra. Foram duas mensagens. Elas estão abaixo.

Esperamos que sejam úteis aos nossos leitores.

Perseverança!

Foge!

Categorias
Casamento Conselho aos jovens Criação Cristo Família Hinos & Poesia Indicações de sexta Irmãos Modernismos Mundo Oração Pecado Salvação Sexo Sociedade

Indicações de sexta (19)

A Bíblia é imutável como autoridade para todo ensinamento e toda prática!

 

Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que você precisa ler

  1. A encarnação de Cristo é, sem dúvida, tema fundamental da fé cristã. Leia o artigo de Joel Beeke.
  2. Em um mundo no qual os homens, ainda que brutais, vão se tornando efeminados por não compreenderem qual o papel que ocupam segundo o propósito de Deus, recomendamos leitura, análise e reflexão do artigo As marcas da masculinidade, de Albert Mohler Jr.

Mensagem que você precisa ouvir

Você não tem fé na humanidade, por Mário Persona

Hino que honra a Deus

Vigiar e orar

Letra: Autor desconhecido. Publicado no hinário francês Psaumes et Cantiques (Salmos e Cânticos), que, como muitos hinários da época, não registrava os autores. Tradução: Alfredo Henrique da Silva (1872-1950), em 1913. Música: Sophia Zuberbühler (1833-1893), de quem também nada se sabe.

Categorias
Citações Conselho aos jovens Encorajamento Gotas de orvalho Oração Sofrimento Vários

Gotas de orvalho (8)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Não é de todo estranho que, às vezes, Deus dê a Seus santos tamanho antegozo dos céus que lhes diminua a força física.

(Jonathan Edwards)

A maior parte das pessoas vive sem grande consciência de seu destino espiritual […] Daí toda essa falsa despreocupação, essa falsa satisfação em viver.

(Soren Kierkegaard)

Nada há que nos faça amar mais a uma pessoa que orar por ela. Quando você ora sinceramente por alguém, põe a alma em condições de realizar qualquer coisa que seja boa e amável para aquela pessoa. Coloque-se de joelhos diariamente em solene e premeditada execução dessa devoção. Ore por outros de tal forma, com tanta extensão, a todo tempo e com fervor como você faz por si mesmo, e verá como morrem as paixões más e o coração se torna grande e generoso.

(William Law)

A Bíblia é um grande livro, uma obra monumental. No transcurso de nossa vida, conseguimos tocar apenas uma pequena parte de suas riquezas. É impossível que uma pessoa a entenda se não dedica um tempo adequado a estudá-la. Os cristãos jovens devem laborar na Palavra de Deus para que, quando crescerem, possam receber a nutrição que ela proporciona e suprir outros com as riquezas que ela contém. Todo aquele que quer conhecer a Deus deve estudar Sua Palavra com seriedade; todos os crentes devem compreender a importância de ler a Bíblia desde o começo de sua vida cristã.

(Watchman Nee)

Quando alguém está passando por experiências muito perigosas e muito duras, nem a teologia, nem as teorias nem a filosofía o ajudam. Somente a realidade ajuda. E me sinto muito feliz de ter experimentado a realidade de saber que, quando se pertence a Jesus, pode acontecer o pior, mas o melhor permanece.

(Corrie Ten Boom)

Qualquer evangelho que não fale do pecado, do arrependimento, da cruz e da resurreição não é evangelho.

(John R. Mott)

Categorias
Conselho aos jovens Família Vida cristã

Conselho aos jovens (1)

Honrem a seus pais. Para seu próprio bem

Sei que isso soa meio ameaçador. Não era a intenção. No entanto, não há como negar que a Bíblia fala desse assunto com extrema seriedade e solenidade. O quinto mandamento é muito sucinto e direto: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Dt 20.12). Não é preciso explicar muita coisa, não é verdade?

Talvez alguém alegue que isso é coisa do Antigo Testamento, que isso não se aplica mais, que não tem terra nenhuma dada pelo Senhor… Todas essas desculpas furadas para não obedecer à Palavra de Deus caem por terra pela pena de Paulo. Ele, apóstolo do Senhor, escrevendo sob a nova aliança, após a morte e ressurreição do Senhor Jesus, escrevendo para cristãos regenerados (as redundâncias são propositais) diz: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem e vivas muito tempo sobre a terra” (Ef 6.1-3).

Se havia alguma dúvida sobre o mandamento, Paulo as esclareceu. Honrar na prática é obedecer; a promessa é as coisas irem bem na vida e viver muito tempo. Simples assim.

Alguns engasgam com o “no Senhor” da ordem paulina, dizendo que isso só se aplica se os pais forem cristãos, ou seja, estiverem no Senhor. Interpretação errada. Vocês, filhos cristãos, que estão no Senhor, é que devem obedecer em tudo aquilo que não seja contrário ao Senhor. Isso é confirmado pela outra menção disso feita por Paulo: “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3.20). Ele escreve para uma igreja, portanto, para cristãos; e para os cristãos jovens ali ele diz que devem obedecer aos pais. Sem nenhuma condicional: se os pais forem cristãos, se os pais forem legais, se os pais fizerem a parte deles primeiro…

É evidente que isso tem um limite: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29. Leia o contexto todo para entender melhor). Se uma ordem ou orientação paterna for clara e frontalmente contra à verdade de Deus revelada na Bíblia, o filho não deve obedecer de forma alguma. Fora isso, não há desculpa para desobedecer, ou seja, desonrar, aos pais.

“Pra você é fácil falar isso. Você não sabe os pais que eu tenho!” Sim, é fácil falar isso mais do que praticar. Sim, não conheço (provavelmente) seus pais. No entanto, nada disso muda a verdade bíblica. Honrar os pais é uma ordem de Deus, escrita por Seu dedo em tábuas de pedra e ratificada no Novo Testamento. Não há como fugir disso.

Esse não é um assunto sem importância. Vejo muitos jovens de consciência cauterizada declarando-se seguidores de Jesus, Seus adoradores e outros tantos adjetivos, chorando emocionados no louvor, declarando fidelidade ao Senhor que, ao mesmo tempo, desonram os pais, não se importando com suas necessidades, não lhes dando ouvidos, não obedecendo, não seguindo suas ordens ou seus conselhos, zombando deles, desrespeitando-os diante de outras pessoas. A Bíblia diz que os “desobedientes aos pais e às mães […] são dignos de morte”! Grave, não é? E não, isso não está no Antigo Testamento, debaixo da implacável lei; é, mais uma vez, palavra de Paulo. Confira na sua Bíblia: Romanos 1.30,32. Mas leia a partir do v. 18 e veja quão grave a coisa é. Paulo menciona isso dentro do grande quadro em que descreve a situação do homem à parte de Deus, do homem que vive sem Deus, que vive em impiedade e injustiça (v. 18), daqueles que se negam a reconhecer o testemunho de Deus pelas coisas criadas (v. 20). Nesse contexto, o apóstolo menciona os homossexuais (vv. 26-28) e, a seguir, lista uma série de práticas pecaminosas, incluindo prostituição, maldade, homicídio… e desobediência aos pais.

Não acabou ainda. Paulo volta ao assunto mais uma vez. Ao falar a Timóteo sobre os “últimos dias” (alguém duvida que os estamos vivendo?), ele descreve o caráter dos homens que tornarão aqueles “tempos trabalhosos”, difíceis, perigosos. Entre outras características, lá está: “desobedientes a pais e maẽs” (2Tm 3.1-5). Paulo diz que Timóteo deveria se afastar de pessoas desse tipo. Ou seja, esta seria uma característica marcante dos tempos do fim, mas já no tempo de Timóteo havia gente com esse perfil.

Não há muito a explicar. Paulo não se preocupou em detalhar isso, pois a coisa é clara, evidente. É o que Deus disse e Paulo, sob a inspiração do Espírito, confirmou: filhos têm de honrar os pais.

Eu sei que não é fácil. Tive dois pais e duas mães; na verdade, tenho uma ainda: minha mãe biológica é viva. Meus pais adotivos tinham idade para serem meus avós, o que produziu muitos conflitos entre nós. Quando fui salvo pelo Senhor, essa questão de relacionamento com meus pais (lembre-se: eram dois casais!) foi uma das grandes lutas que travei. E não fiz tudo o que devia ter feito. Estive muito aquém do padrão bíblico em muitas circunstâncias. E não posso culpar ninguém nem justificar-me de modo algum: fui culpa minha não obedecer à ordem do Senhor e não depender de Sua graça para fazê-lo.

Então, voltando: eu sei que não é fácil. Ninguém disse que seria. Mas deve ser feito, pois é ordem de Deus. E tem uma promessa maravilhosa! No Senhor, é possível fazer isso.

(Se você quiser saber a razão desta série de artigos, clique aqui.)

Sair da versão mobile