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Andrew Murray Conselho aos pais Encorajamento Família Oração

A oração perseverante de uma mãe (Andrew Murray)

“E eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. […] Então lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento sua filha ficou sã.” (Mt 15.22-28)

No Antigo Testamento, encontramos promessas claras e certas da bênção de Deus sobre o treinamento piedoso dos filhos. As advertências sobre a negligência desse dever não são menos distintas. Em mais de uma ocasião, vemos com que força irresistível a advertência tornou-se realidade. No caso dos filhos de Arão e dos de Eli, e no da família de Davi, bem como o da família de Salomão, provas foram dadas de que a justiça pessoal dos pais não pôde salvar o filho ímpio. Não encontramos ali resposta alguma para uma das perguntas mais sérias que podem ser feitas e que têm ardido no coração de muitos pais: ainda há esperança para um filho que vive no pecado e que está fora do alcance da influência dos pais?

É em Cristo Jesus que Deus revela quão completamente o poder do pecado e de Satanás foi quebrado. É em Cristo Jesus que Deus nos mostra o que Sua graça pode realizar. Descobrimos aqui o que Seu grande poder pode realizar em favor de um filho que se afastou do caminho.

Ouça as palavras preciosas e encorajadoras que Cristo proferiu a pais com referência aos filhos: “Não temas, crê somente” (Mc 5.36); “Tudo é possível ao que crê” (9.23); “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres” (Mt 15.28). Essas palavras são propriedade dos pais e lhes dão preciosa segurança de que não existe caso algum de que um filho, mesmo estando sob o domínio de Satanás, esteja além do alcance do amor do Salvador e da fé dos pais.

Vejamos quão maravilhosamente isso é demonstrado na história bem conhecida da mãe siro-fenícia, dando atenção especial ao estado miserável de sua filha, à recusa de sua oração, à perseverança de sua fé e a sua rica recompensa.

Estado de miséria de sua filha

“Minha filha está horrivelmente atormentada por um demônio.” Quantas mães também poderiam fazer essa oração por um filho perturbado por espírito maligno? No referido caso, era mais doença do que pecado, o poder de Satanás mais no corpo do que na alma. Entretanto, quantos filhos adultos de pais cristãos estão sob o poder de Satanás, entregando-se ao prazer, aos desejos do mundo, à vontade própria ou ao pecado! Que essa história encoraje esses pais a crer que, ainda que o caso pareça desesperador, há Alguém que é poderoso para salvar.

Que os pais cheguem a Jesus com suas necessidades e clamem em oração: “Meu filho está horrivelmente atormentado por um demônio!” Que façam plena confissão do estado perdido do filho. Mas tomem muito cuidado para não justificar o pecado, tentando exaltar o que é bom ou louvável sobre o filho, ou lançando a culpa nas circunstâncias ou companhias. Levem-no a Cristo e digam que está perdido, sob o poder de Satanás. Não ocultem seu estado miserável. Não peçam apenas para que seja salvo e feliz. Não peçam nada menos do que a libertação do poder de Satanás, para que seu filho se volte para Deus e seja transportado do poder das trevas para o reino do Filho amado de Deus.

A recusa de sua oração

Essa é a segunda lição que podemos aprender aqui. Parece que Cristo fez questão de se fazer de surdo para o pedido da mulher. Primeiro, Ele nem lhe respondeu. Depois, quando resolveu falar, Sua resposta foi pior do que o silêncio, tirando dela qualquer esperança: Ele não fora enviado para os gentios. Mesmo assim, ela se aproximou e O adorou, dizendo: “Senhor, socorre-me!” A segunda resposta de Jesus piorou ainda mais: pareceu acumular desprezo sobre o infortúnio da mulher: ela não era apenas uma gentia, mas também um cão.

Aqui está um verdadeiro quadro daquilo que se passa no coração de muitos pais suplicantes. Eles ouvem do amor e do poder de Cristo e começam a orar com uma enorme urgência. No entanto, a única resposta que recebem é o silêncio. Não existe sinal algum de mudança de pensamento ou atitude da parte daquele que está perdido. Enquanto os pais continuam a orar, é como se o poder do pecado crescesse ainda mais, e o filho amado apenas se afastasse para mais longe.

Com isso, a consciência dos pais começa a acusá-los, dizendo que a culpa é deles, que não são dignos de receber uma resposta de Deus. Como podem esperar que Deus opere um milagre? A tendência é recuar para um sentimento de desalento passivo e conformidade com a condição de miséria.

Fé e perseverança

O exemplo dessa mãe nos é apresentado exatamente por causa desta qualidade: ela se recusou a ser negada. Ela enfrentou o silêncio, o argumento e o aparente desprezo com apenas uma arma: mais oração e mais confiança.

Ela havia ouvido falar do Homem maravilhoso e de Sua compaixão. Ela viu o amor em Sua face e o ouviu até mesmo na voz que a recusava. Ela não podia acreditar que Ele a mandaria embora vazia. Ela esperou ainda que a esperança lhe tivesse sido negada; creu apesar das aparências – creu e triunfou.

Você tem milhares de palavras de promessa, uma revelação da vontade do Pai e do poder e amor do Salvador tais como a mulher cananeia nunca teve.

Portanto, você, mãe, que está rogando por seu filho pródigo, está aqui o exemplo dessa mulher para lhe dar esperança. Além disso, você também tem milhares de palavras de promessa, uma revelação da vontade do Pai e do poder e amor do Salvador tais como a mulher cananeia nunca teve.

Deixe que a fé e a perseverança dela envergonhem sua incredulidade. Diante de todas as aparências contrárias e de todas as dúvidas, que sua fé se levante e clame pela promessa de uma resposta à oração em nome de Jesus. Renda-se ao Espírito Santo para que Ele possa sondar e trazer à luz toda dúvida, a fim de que você a confesse e a lance fora. Não confie no próprio fervor nem no senso de urgência de sua petição. Coloque sua força na promessa e na fidelidade de Deus, no poder e no amor Dele. Permita que seu coração, com confiança e descanso em Jesus, louve-O pela promessa e pelo poder Dele para salvar. Nessa confiança, não permita que nada a abale, removendo-a da oração contínua e perseverante da fé. A oração da fé sempre é ouvida.

A maravilhosa recompensa

Aquela mulher recebeu não apenas a libertação de sua filha da terrível escravidão, mas também uma bênção espiritual: a admiração do Senhor ao aprovar sua fé: “Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres”.

Sim, é na súplica ardente e confiante por um filho que o coração de um pai ou de uma mãe pode ser atraído em direção ao Senhor para aprender a conhecer e a confiar Nele. Mãe, você que está rogando por seus amados que estão longe do aprisco, aproxime-se, aproxime-se de Jesus. Ele é plenamente capaz de salvá-los. Ele aguarda até que sua fé se apodere da força divina, para tomar posse da salvação em favor deles. Não permita que seus filhos se percam por sua falha em se achegar e gastar tempo com Ele até que o amor Dele lhe inspire fé. Mãe, aproxime-se, gaste tempo com Jesus em oração, confie Nele: seu filho pode ser salvo!

Oração de uma mãe (ou de um pai)

“Senhor, quero confessar o pecado de meu filho. Tu conheces todas as coisas: ele não é convertido e é Teu inimigo por natureza. Rejeitou Teu amor e escolheu o mundo e o pecado.

“Confesso meu pecado também, Senhor! Tivesse eu usado minha vida menos no mundo e na carne, vivendo com mais pureza e santidade, com mais fé e amor, meu filho poderia ter crescido de forma diferente. Senhor, em profundo sofrimento eu confesso meu pecado. Oh, não deixes que meu filho pereça! Filho de Davi, tem misericórdia de mim!

“Bendito Senhor, ponho minha confiança em Ti. Aguardo, com fé, por Teu grande poder. As coisas que são impossíveis para os homens são possíveis para Ti. Creio que Tu me ouves; ajuda-me na minha incredulidade. Coloco esse filho que está perecendo a Teus pés e clamo por livramento, pelo Teu amor. Nessa fé, eu Te louvarei por Tua graça. Esperarei a Teus pés dia após dia, no descanso da fé, louvando a Ti e esperando o cumprimento de Tua promessa. Amém.”

 

(Fonte)

(Traduzido do livro How to Bring Your Children to Christ (Como levar seus filhos a Cristo), de Andrew Murray. Revisado por Francisco Nunes.)

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A. W. Pink Encorajamento Vida cristã

Os recursos deles são muito limitados, os Dele são infinitos! (Arthur Pink)


Há um duplo contraste aqui:

Primeiro, entre um pai terreno e Deus.

Segundo, entre o caráter moral deles.

Se um pai terreno não permite que seus pequeninos fiquem famintos, mas, em vez disso, atende livremente às necessidades deles, então, Deus certamente responderá aos clamores de Seus próprios filhos.

Aqueles foram apenas os progenitores de nosso corpo, Deus é o criador de nossa alma.

Os recursos deles são muito limitados, os Dele são infinitos!

Que evidência abundante que Deus deu ao cristão de que Ele é seu amável Pai celestial!

O envio de Seu Filho,

o dom de Seu Espírito,

a concessão da vida eterna,

Sua exaltação no trono da graça,

as inumeráveis promessas que Ele fez –

Tudo exclui a idéia de que Ele irá ignorar as petições de Seus filhos.

Mas há mais: nossos pais eram “maus”, considerando que Deus é essencialmente bom. A principal ênfase está nisso. Se aqueles que, por natureza, são corruptos e cheios de egoísmo podiam encontrar no coração o conceder as coisas necessárias a sua descendência, então, quão seguramente pode ser invocado Aquele que não tem nada em Si a reprimir Sua benignidade e impedir Sua generosidade. Ele é um oceano de todas as bem-aventuranças, o qual está sempre buscando um meio de comunicar-se com aqueles que Ele ama, escolheu e fez Seus filhos e filhas!


(Traduzido por Jacilara Conceição. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

 

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Consolo Encorajamento George Everard

O Amigo que não se vê! (George Everard)

“Eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20).

Tente constantemente perceber a proximidade e a presença de seu Senhor. Há sempre alguém no quarto com você. O Amigo que não se vê, o Senhor Jesus, que tem amado você com amor eterno, que deu a Si mesmo para morrer a favor de você. Ele é o mais verdadeiramente, embora invisivelmente, presente. Ele está próximo a você com bondade amável, pronto para ajudá-lo e confortá-lo em todos os momentos. Ele vê e ouve tudo – portanto aprecie continuamente o senso de Sua presença. Creia que Ele está com você, bem a seu lado.

Um homem que sinceramente crê na onipresença de Deus não pode ser indiferente ao pecado. Perceber que o Governador moral do universo está sempre perto, em toda Sua santidade e em todo Seu poder, e tão presente como se Ele não estivesse em mais nenhum outro lugar, deve despertar solicitude.

Para a alma reconciliada com Deus essa doutrina está cheia de consolação. Em cada lugar, em cada condição, ter conosco um Amigo todo-poderoso é uma fonte de inefáveis conforto e alegria. Precisamos não temer, embora passemos pelo fogo ou pelo dilúvio, se Deus está conosco. Mesmo no vale da sombra da morte, não devemos temer o mal. Em cada circunstância e provação, conduz à santidade saber que Deus está presente.

“Não temas, porque Eu te remi;

chamei-te pelo teu nome, tu és Meu!

Quando passares pelas águas estarei contigo,

e, quando pelos rios, eles não te submergirão;

quando passares pelo fogo, não te queimarás nem a chama arderá em ti.

Porque Eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador!” (Is 43.1-3).

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Encorajamento George Everard Vida cristã

Caminhar com Deus é viver sempre em Sua presença! (George Everard)


“Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15.3).

Caminhar com Deus é viver sempre em Sua presença! Perceber Sua presença, habitar continuamente sob Seu olhar, reconhecer nosso Pai como alguém próximo, ao nosso lado, é o segredo de muita paz. Nós devemos sempre considerá-Lo, não como se Ele estivesse distante, em alguma habitação inacessível, porém mais próximo de nós do que nosso amigo mais chegado. Em nosso quarto, na rua, em nosso trabalho, em nossa recreação, quando misturados a outros ou completamente sozinhos, nós devemos ver Aquele que o mundo não vê, devemos ouvir a voz que o mundo não ouve.

Na vida do doce salmista de Israel, essa mesma verdade sempre foi a alegria de seu coração. Quando ele deitava para descansar, era sua alegria saber que o Guardião insone de Seu povo estava com ele: “Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, SENHOR, me fazes habitar em segurança.” Quando Davi levantava, ainda se regozijava em seu Amigo todo-poderoso que estava sempre próximo a ele: “Quando acordo ainda estou contigo.” Cercado por inimigos maliciosos, era ainda sua confiança: “Tu estás perto, ó SENHOR.” Sob todas as vicissitudes de sua vida agitada, a proximidade de Deus era a rocha na qual ele repousava: “Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; porque Ele está à minha mão direita, nunca vacilarei.”

Se diante dos olhos do homem ou não, permita que todas as coisas sejam feitas sob os olhos Daquele a quem…

todos os corações estão abertos,
todos os desejos conhecidos e
de quem nenhum segredo é oculto.

Alguns princípios simples nos têm sido dados para nos ajudar a realizar isso na prática diária:

Não diga nada que você não gostaria que Deus ouvisse.
Não faça nada que você não gostaria que Deus visse.
Não escreva nada que você não gostaria que Deus lesse.
Não vá a nenhum lugar onde você não gostaria que Deus o encontrasse.
Não leia nenhum livro do qual você não gostaria que Deus dissesse “Mostre-o a Mim.”
Nunca gaste seu tempo de tal forma que você não gostaria que Deus dissesse “O que você está fazendo?”

Viver conscientemente na presença de Deus nos ajudará a cultivar piedade genuína completa e caráter piedoso.


(Traduzido por Jacilara Conceição. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Amor Autores Deus Encorajamento Estudo bíblico Hinos & Poesia Indicações de sexta Irmãos Steven Lawson

Indicações de sexta (26)

Apresse a vinda do Senhor por amá-Lo mais!

 

Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que você precisa ler

  1. Como alcançar a paz com Deus?, de Edward Dennet.
  2. O evangelho que aponta para a eternidade, de Steven Lawson.

Mensagem que você precisa ouvir

O encanto do conhecimento de Deus, por Héber Campos Jr.

Hino que honra a Deus

SteadFast Faith

Project: 10 Men in concert

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Encorajamento T. Austin-Sparks Vida cristã

Para onde você está olhando?

Olhe somente para Jesus!

Olhando fixamente para Jesus…

(Hebreus 12.2).

Para o homem em Cristo a vida tem um objetivo claro e definitivo. O Espírito achou por bem encher toda a Bíblia com essa verdade, continuamente exortando o crente a perceber que sua vida está firmada no contexto do propósito divino. A Epístola aos Hebreus não somente apela para nós prosseguirmos até essa meta, mas retrata Cristo como o grande exemplo e prova de que a meta pode ser alcançada. Jesus foi por este caminho; Ele passou por todo o caminho, e Ele chegou ao destino. Além disso, Ele fez tudo por nós e, por Sua realização, nos deu o terreno da confiança de que a meta pode ser alcançada e o prêmio, ser recebido. Ele levou sobre Si nossa humanidade, aceitou o desafio de nossas circunstâncias e experiências, nunca vacilando até que o fim divino foi alcançado. Somos lembrados de que Ele triunfalmente cumpriu o propósito de Deus e que, por Sua presente posição, Ele nos oferece a certeza de que nós também podemos participar no Seu triunfo. Devemos continuar a olhar para Jesus. Mais corretamente, isso deveria ser declarado como: “Olhando fixamente para Jesus”. Este assunto da direção de nosso olhar espiritual é de extrema importância. O homem sábio equiparou um percurso reto e estabelecido com o olhar para a frente e sem se desviar para a direita ou a esquerda. A Palavra de Deus dá clara advertência sobre sair do caminho de Sua vontade, pois Deus sabe dos perigos envolvidos ao fazer-se isso, e deseja nos poupar do obstáculo ao progresso que pode resultar quando olhamos ou estamos seguindo na direção errada. No presente artigo, consideraremos alguns desses olhares que devem ser evitados por aqueles que desejam fazer progresso espiritual.

O olhar para trás

O Senhor Jesus foi muito enfático acerca desse assunto quando declarou que ninguém que coloca a mão no arado, e fica contemplando as coisas que deixou para trás, é apto para o Reino de Deus. Este olhar para trás pode levar a graves tragédias. No deserto, foi isso que Israel fez. Egito ficou para trás deles e devia ter sempre ficado longe, mas nas dificuldades do caminho eles chamaram um ao outro a olhar para trás. “Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e provocaram o Santo de Israel” (Sl 78.41). Eles estragaram todo o curso deles por essa ação, e por muitos anos não fizeram nenhum progresso, mas ficaram dando voltas e voltas em círculo; e tudo por olhar para trás. Aquela geração falhou em entrar no que Deus lhe tinha preparado simplesmente porque cedeu à tentação de olhar para trás, a qual foi – e sempre é – a direção errada.

Sempre seremos salvos pelo olhar para cima.

Perigos similares assolaram o povo de Deus nos tempos do Novo Testamento. Os crentes da Galácia ficaram incertos pela voz dos judaizantes, que os chamava a olhar para trás, não para o mundo com sua impiedade, não para abandonar completamente Cristo, mas para olhar em direção a um procedimento religioso que não era a vida espiritual à qual tinham sido chamados em Cristo. Eles tinham parcialmente já olhado para trás, e chegado a uma paralisação por causa disso. Previamente, eles haviam feito bom progresso, como sempre fazemos quando mantemos os olhos em Cristo, mas agora eles tinham parado e estavam levantando a questão quanto a se continuariam ou  se voltariam para os elementos indigentes que deveriam ter deixado para trás. A carta pretendia adverti-los dos perigos de olhar para trás. A Epístola aos Hebreus foi escrita para o mesmo propósito. Os interessados podiam ser levados a sentirem a nostalgia emocional do sistema do qual tinham sido libertados; portanto, eles tinham de ser lembrados de que perderiam o prazer de Deus se recuassem, e foram exortados a prosseguir, em lugar de ficarem olhando para o passado, e a focar o olhar no Cristo exaltado. Por mais avançados que possamos estar em nossa experiência cristã, isso parece não servir de nada se nos dermos ao luxo de tirar os olhos do objetivo estabelecido diante de nós e entramos na insensatez de olhar para trás.

O olhar em volta

Quando os espias trouxeram o relatório errado concernente à Terra Prometida, eles o fizeram porque tinham somente olhado à volta, e nunca conferiram o que viram com a realidade de um Deus todo-poderoso. Eles não imaginaram as dificuldades – não precisavam fazer assim, pois as cidades e os gigantes eram reais o suficiente. Mas eles mantiveram o olhar fixo nas coisas à volta deles, nunca elevando os olhos para Aquele de quem a ajuda vem, e dessa maneira ficaram desencorajados e desencorajaram o povo de Deus com o que foi chamado uma infâmia. O problema foi que eles olharam apenas para os arredores visíveis e tiraram os olhos do Senhor. Houve somente dois deles que mantiveram o olhar fixo na direção correta, e foram os que acabaram indo até o fim. Seus olhos olharam diretamente, e assim seu caminho foi estabelecido.

No Novo Testamento, Pedro é o grande exemplo do perigo dos que olham em volta. Enquanto ele manteve os olhos em Cristo, pôde realmente andar sobre a água, mas começou a afundar logo que os desviou, mudando a direção de sua atenção e começou a olhar para as circunstâncias: “Todavia, reparando na força do vento…” (Mt 14.30). Mais uma vez seja dito que ele teve muitas razões para seu medo. De fato, existem manuscritos antigos que registram “o forte vento”. Por mais que fosse insensatez deixar circunstâncias externas distraírem sua atenção do seu Senhor, que lhe rendeu um banho, ainda assim a mão de Jesus tão graciosamente o resgatou de qualquer coisa pior. Devemos ter cuidado de evitar, a todo custo, olhar em volta incredulamente, quando devemos estar olhando fixamente em fé.

O olhar míope

Paulo teve de acusar os coríntios de limitarem a visão para as coisas imediatamente diante de seus olhos: “Observais tão somente a aparência externa dos eventos” (2Co 10.7). Ser espiritualmente míope, focando-se somente no que está ao alcance da mão, é se tornar facilmente satisfeito em demasia e contente na esfera das coisas espirituais; ter um horizonte pequeno e estreito e falhar em apreciar o muito mais que Deus tem em mente. É muito fácil se estabelecer numa área bem circunscrita e limitada, pensando somente das coisas espirituais com as que estamos familiarizados e que parecem tão importantes para nós, enquanto falhamos em tomar nota do muito mais que jaz além de nós e para o qual estamos sendo chamados.

Podemos ser de visão curta mesmo com a Palavra de Deus

Na vida cristã, existem poucas coisas mais paralisadoras do que a assunção de que não há nada além da pequena esfera de nossa experiência. É possível ficar tão fechado, tão míope, que ficamos dando voltas e voltas em círculo, nunca olhando para as novas dimensões da experiência espiritual para a qual Deus nos está chamando, e quase imaginando que sabemos tudo o que há para saber sobre a Palavra de Deus e Seus propósitos em Cristo. Os coríntios parecem ter feito isto: se concentraram tanto em seus próprios assuntos, mesmo em seus próprios dons espirituais, que quase ficaram numa paralisação espiritual. Eles estavam olhando para si mesmos, cheios de preocupação por sua assembléia, a qual estava certa o suficiente, mas aparentemente sem serem capazes de apreciar os grandes propósitos de Deus representados pelo ministério de Paulo.

Mesmo os assuntos que têm sido claramente mostrados por Deus e abençoados por Ele podem se tornar um obstáculo quando prendem e mantém a atenção como coisas em si mesmas. Essas são as coisas diante de nossa face, mas nós fomos destinados a olharmos sempre para além delas para o Senhor, e sempre além dos fatores imediatos para os eternos valores em Cristo. Podemos ser de visão curta mesmo com a Palavra de Deus, se nos concentramos somente no que já conhecemos de Cristo e falhar em apreciar que Deus tem muita mais luz e verdade para romper de Sua Palavra.

O olhar para baixo

Aos filipenses, Paulo escreveu: “Não olhe cada um somente para o que é seu” (Fp 2.4). Ele os estava exortando a não serem sempre governados por como as coisas lhes afetavam pessoalmente, para não medirem cada assunto como se eles ganhassem ou perdessem pelo que estivesse acontecendo. Esquecimento de si é um dos segredos do progresso espiritual. Quando, em Sua conversa com a mulher samaritana carente no poço de Sicar, Jesus tinha demostrado esse gracioso desvio dos interesses pessoais para cuidar dos outros, Ele deu seguimento a Seu exemplo exortando Seus discípulos para levantarem os olhos e olharem para os campos. Um olhar egoísta é um olhar para baixo, e, como tal, deve ser evitado pelos que desejam endireitar os caminhos de seus pés. A preocupação de Paulo não era somente com o bem espiritual dos crentes individuais, mas com a marcha progressiva da comunhão do povo de Deus, e ele sabia que isso seria comprometido se cada um ficasse preocupado com seus próprios assuntos, mesmo que fosse na esfera das coisas espirituais.

O olhar para dentro

O último desses olhares mal direcionados é talvez o mais comum no caso dos que desejam seguir o Senhor. Grande parte das Escrituras parece estar preocupada em conseguir com que o povo de Deus pare de olhar para dentro. Talvez não haja nada mais calculado para deter o progresso espiritual do que o olhar para dentro. O que estamos procurando? Algo bom em nós mesmos? Nunca encontraremos isso, como Paulo deixa bem claro quando afirma: “Sei que na minha pessoa, isto é, na minha carne, não reside bem algum” (Rm 7.8). Introspecção é exatamente o oposto da fé, pois procura por alguma evidência da santidade e de poder de Deus em nós mesmos, em vez de se regozijar na perfeição do Salvador. Tem uma falsa aparência de humildade e piedade, mas na verdade leva para a autopreocupação, em vez de para a preocupação com Cristo. Precisamos ser sensíveis para que o Espírito Santo possa sempre nos conduzir continuamente para a apropriação do poder purificador do sangue de Cristo, mas nunca devemos nos manter olhando para dentro em lugar de fitar os olhos no nosso Substituto e Salvador. Não é uma pessoa sadia, mas uma doente, a que está sempre sentindo o próprio pulso e tomando a própria temperatura. Salvação é saúde; a saúde dos que sabem que a justiça deles está no céu. Fazemos bem em deixar o Senhor nos sondar, mas não teremos nada senão problemas se persistirmos em olhar para dentro. Se pensamos que é necessário continuar olhando para dentro a fim de evitar cair nas ciladas de Satanás, o salmista nos assegura que o Senhor vigiará nossos pés se mantivermos nossos olhos Nele: “Os meus olhos estão sempre voltados para o Senhor, pois somente Ele livrará os meus pés da cilada” (Sl 25.15). Isso é mais um argumento para o olhar para cima.

Nosso procedimento deveria ter sempre a eternidade em vista.

O olhar para cima

Está ficando aparente que muita coisa depende de nosso olhar, de modo que não ficamos surpresos de que perto do final da Epístola aos Hebreus, a qual nos lembra que somos chamados à parceria com Cristo e nos exorta a nos apressar para a plenitude Nele, haja essa chamada a olhar fixamente para Jesus, o autor e consumador de nossa fé. É para desviar nosso olhar do que está para trás, do que está em volta, do que está ao alcance da mão e do que é essencialmente egoísta; desviar o olhar de nós mesmos para Jesus. Abraão, o grande homem da fé, aguardava alcançar uma cidade celestial e um país celestial, e assim foi poupado de olhar para trás ou de se estabelecer. Muito estava ligado ao olhar sustentável dele. Muitas vezes ele foi tentado a procurar benefícios mais imediatos, algum meio-termo que era menor do que o melhor de Deus, e o Senhor tinha de constantemente chamá-lo para tirar os olhos das distrações e recompensas da terra para que desviasse o olhar para o objetivo essencialmente espiritual e celestial de seu chamado.

A passagem em Provérbios sublinha o íntimo relacionamento entre olhar diretamente para a frente e tendo um caminho de progresso claro e direto. Abraão descobriu que esse desviar do olhar das coisas da terra lhe mantinha constantemente em movimento. De tempos em tempos ele poderia ter se estabelecido em satisfação com sua própria posição, mas “ele aguardava alcançar uma cidade”, e foi poupado de estagnação ao manter os olhos no objetivo prometido de Deus.

Uma passagem muito relevante nesta conexão é: “Nossas aflições leves e passageiras estão produzindo para nós uma glória incomparável, de valor eterno. Sendo assim, fixamos nossos olhos, não naquilo que se pode enxergar, mas nos elementos que não são vistos; pois os visíveis são temporais, ao passo que os que não se veem são eternos” (2Co 4.17,18). É o eterno que está em vista, e isso exige ajustamento em muitos aspectos de nossos assuntos, para que nossa vida seja direcionada para a permanente glória do propósito de Deus para nós. Nosso procedimento deveria ter sempre a eternidade em vista. Quando estamos considerando um relacionamento, deveríamos vê-lo à luz do objetivo de Deus. Se temos de decidir onde viver ou qual trabalho tomar, deveríamos deixar nossos olhos olharem diretamente, não escolhendo o que parece bom só no momento, mas se certificando de que os valores eternos são também considerados. Exatamente como Satanás tentou Cristo ao Lhe oferecer os reinos deste mundo e sua glória, assim ele tentará distrair nossa atenção da vontade de Deus, oferecendo aparentes vantagens agora. Sempre seremos salvos pelo olhar para cima.

De “Para o Alvo” May-Jun 1975, Vol. 4-3.

Origem: “Where Are You Looking”

Fonte

Salvar

Salvar

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Consolo Encorajamento Hinos & Poesia Sofrimento

Mais graça Deus dá quando as cargas aumentam (Annie Johnson Flint)

Mais graça Deus dá quando as cargas aumentam,
Mais força concede ao crescer o labor,
Em grandes angústias envia consolo,
Em todas as provas dá paz e valor.

Amor sem limites, poder sem barreiras,
Que graça infinita, inefável tem Deus!
E desses tesouros, guardados em Cristo,
Em grande medida dará sempre aos Seus.

E, quando os recursos em nós se esgotarem
E em meio ao caminho a força faltar,
Veremos a fonte da graça divina
Em nós Seu poder começar a jorrar.

(Hino 300 no Cancioneiro Salvacionista – traduzido do CS da Argentina)

Letra em inglês:

He giveth more grace as our burdens grow greater,
He sendeth more strength as our labors increase;
To added afflictions He addeth His mercy,
To multiplied trials He multiplies peace.

His love has no limits, His grace has no measure,
His power no boundary known unto men;
For out of His infinite riches in Jesus
He giveth, and giveth, and giveth again.

When we have exhausted our store of endurance,
When our strength has failed ere the day is half done,
When we reach the end of our hoarded resources
Our Father’s full giving is only begun.


Annie Johnson Flint (1866-1932) escreveu alguns dos mais inspiradores hinos a ver com fé e triunfo em meio a provas e sofrimento, baseados na sua própria experiência.

Nascida em Vineland, New Jersey, Annie perdeu ambos os pais quando tinha somente seis anos de idade. Um casal sem filhos de nome Flint adotou-a.

Quando adolescente Annie contraiu artrite, que a impossibilitou de caminhar. Ela aspirava ser compositora e pianista, mas por causa da doença ficou impossibilitada de realizar o seu sonho, assim começou a escrever poesias, muitas das quais transformadas em canções.

Mais tarde na vida, impossibilitada de abrir suas mãos, escreveu muitos de seus poemas usando seus dedos dobrados em uma máquina de escrever.

Nessas circunstâncias, que poderiam tornar pessoas incapazes também emocionalmente, pelo sofrimento, Annie escreveu hinos que têm trazido forças espirituais a um número sem conta de pessoas enfrentando problemas.

Há graça e força vindas de Deus que não nos são dadas na rotina da vida. Mas Deus nô-las dá em nossas horas aflitivas quando colocamos nEle nossa fé. Quando problemas e provas surgem no nosso caminho, que possamos experimentar Sua graça adicionada, Sua força aumentada e Sua paz multiplicada.


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A. B. Simpson Apologética Cosmovisão Encorajamento Hinos & Poesia Indicações de sexta Vida cristã

Indicações de sexta (24)

Apresse a vinda do Senhor por amá-Lo mais!

 

Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
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Artigos que você precisa ler

  1. Um sinal claro de maturidade cristã, por Tim Challies.
  2. Ateísmo ou cristianismo, quem fornece a cosmovisão mais compreensível?, por Matt Rawlings.

Mensagem que você precisa ouvir

Viver é Cristo, morrer é lucro, por Joel Beeke

Hino que honra a Deus

Sossega, ó alma em aflição

Letra: A. B. Simpson, música: Margareth Simpson

Letra em português
1. Sossega, ó alma em aflição;
Teu Pai disciplinar-te quer.
Calada, ouve a Deus, então,
Té que te molde ao Seu querer.

Coro
Sossega, ó alma em aflição,
Não temas, pois teu Pai te abraça;
Deixa o que queres, toma a cruz,
Permite que o Senhor te molde em graça.

2. Ó alma ansiosa, os fardos teus
Depõe ao escutá-Lo assim:
“Sossega e sabe que sou Deus,
Põe todo o teu cuidado em Mim.”

3. Sossega, ó alma em temor,
E tem bom ânimo em Deus,
Que diz a ti: “Contigo estou,
Não temas, pois sou Eu, sou Eu!”

4. Sossega, ó alma a interceder,
Deus é fiel no que falou;
Submissa, imerge em Seu querer,
Paciente, espera no Senhor.

5. Espera, ó alma, forte sê;
Confia se Ele demorar,
Não tardará, tu podes crer;
Não temas, breve irá voltar.

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Indicações de sexta (21)

A Bíblia é imutável como autoridade para todo ensinamento e toda prática!

 

Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
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Artigos que você precisa ler

  1. A promessa de que o Senhor não nos desamparará nem abandonará é uma das mais encorajadoras das Escrituras. Leia o que Jonathan Edwards escreve sobre ela.
  2. Segundo Tozer e outros piedosos servos do Senhor, orar até orar de verdade é o desafio do cristão. Você concorda?

Mensagem que você precisa ouvir

Persevere com Cristo, por Joel Beeke

Hino que honra a Deus

In Christ is Brotherhood Alone

Letra de Wilmer D. Swope (1925-2010)

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Orelhas, brincos e como vemos os irmãos

Como vemos e ouvimos os irmãos?

Eu tenho tendência a desenvolver cistos sebáceos. Já fui operado algumas vezes disso, para extraí-los.

Duas bolinhas, uma no lóbulo de cada orelha. Eu sabia: mais dois cistos. Nada alarmante, mas precisava ser operado. Consulta, cirurgia marcada. Lá fui eu.

Cirurgia ambulatorial, sem nenhum drama maior. (Às vezes passo mal nessas circunstâncias corriqueiras. Eu e agulhas não nos damos muito bem.) Saí eu do hospital com curativos em ambas orelhas, visíveis, indisfarçáveis. E voltei para a empresa em que eu trabalhava, uma editora.

Essa empresa pertence à denominação (hoje eu a chamo de seita) em que eu me congregava na época. A maioria quase absoluta dos funcionários também pertencia à denominação, e seus diretores eram os grandes líderes dela na América do Sul. Éramos, aos nossos próprios olhos, o melhor tipo de cristão que havia.

Ao encontrar com meus colegas, recebi três tipos diferentes de reação. Grande parte dos que comentaram alguma coisa disseram: “Ih, tá usando brinco!” Depois, um único colega me disse: “Puxa, você permitiu que furassem sua orelha na porta, como o escravo de Deuteronômio. Agora, você pertence para sempre ao Senhor!” Eu mesmo nem havia pensado nessa passagem, mas a relação com ela me alegrou.

Fui trabalhando durante o dia. Mais tarde, tive uma reunião rápida com o diretor, um dos tais grandes líderes. Sua observação? Nenhuma. Absolutamente nada. Como se fosse a coisa mais comum do mundo eu ir trabalhar com pontos e esparadrapo nas orelhas.

Essa situação me faz pensar no modo como nos relacionamos com os irmãos, e creio serem três os modos, ilustrados por cada uma das reações.

Talvez a maneira mais comum com que nos relacionemos com nossos conservos, os outros redimidos pelo Senhor, seja mundana, segundo a carne, superficial. Fazemos comentários que qualquer pessoa faria, falamos sobre assuntos da moda, fazemos piadas de gosto duvidoso, criticamos e zombamos de maneira descuidada. Muitas vezes, parece-me que a única forma de alguns filhos de Deus terem assunto para conversar é depois de verem um capítulo da novela ou assistido a um filme ou lido o jornal do dia. Para muitos, a grande maioria talvez, é difícil conseguir ter Cristo de forma viva e real como o centro e o ambiente de seu contato com outros filhos de Deus.

O segundo comentário, ligando minha cirurgia à consagração testemunhada pelas orelhas furadas no umbral da porta, indica-me a maneira correta de nos relacionarmos com outros a quem nosso Senhor redimiu. A Palavra tem de ser nosso ambiente, Cristo tem de ser o assunto e o limite, Sua glória tem de sempre ser respeitada. Isso não significa, é óbvio, que tenhamos de sempre estar citando versículos ou falando de assuntos “espirituais”. Significa, sim, que devemos estar permeados pela Palavra de tal modo que, de modo sábio e espontâneo, saibamos ligar todos os fatos a ela e, a partir deles, apresentá-la.

“A boca fala do que o coração está cheio” é verdade indiscutível revelada pelo Senhor. Se a primeira idéia que nos vem à mente é de brincos, é sinal evidente de que o coração está cheio de determinados conceitos. A boca não consegue falar de outra coisa.

Por outro lado, se a reação espontânea é relacionar tudo à Palavra, é sinal de que ela ocupa um bom lugar no coração, determinando, assim, o que a boca vai dizer. Somente desse modo poderemos ver em cada situação uma oportunidade de falar algo de Cristo, de Seu amor ou de Sua justiça, de Sua vida ou vinda. Do contrário, faremos apenas comentários bobos que qualquer incrédulo faria. Melhor seria ficar calado.

Precisamos de gigantes pequeninos!

Há a última reação. E ela foi a que mais me chocou, escandalizou mesmo. Poucas coisas ferem mais os filhos de Deus do que a indiferença por parte de outros cristãos. Há quem deseje ser tão espiritual, ou que quer que outros pensem que é, que, para alcançar isso, supõe ser necessário viver isolado deste mundo, indiferente às pessoas, avesso a reações muito “humanas”. Não sei se aquele líder fingiu alguma coisa, mas, no mínimo, refreou sua curiosidade – sim, uma característica humana, de gente que ainda está deste lado da eternidade! Há algum problema em perguntar a alguém: “Que é isso na sua orelha?” Seria menos celestial?

Esse mesmo líder, quando meu pai faleceu, falou comigo sobre o trabalho, mas nada disse, uma palavra sequer, sobre o que havia acontecido. Nem o mais tradicional e burocrático “meus pêsames” saiu daquele homem espiritual, maduro e equilibrado. Capaz de lidar com assuntos complexos do governo da seita, mas incapaz de se enternecer com alguém que havia ficado órfão de pai. Estranho, muito estranho.

Somos seres humanos. Sim, redimidos pelo sangue de Cristo, salvos para habitar com Ele pela eternidade na glória, povo escolhido de Deus, propriedade exclusiva de Deus – mas ainda seres humanos. Ainda gente de carne e osso, emoções e dores, sofrimentos e dúvidas, angústias e medos, sonhos e carências. Ainda não somos anjos. Ainda sofremos todas as limitações da carne. E ainda precisamos de gente que nos compreenda e se interesse por nós.

Não estou falando aqui de desequilíbrios emocionais, como a autocomiseração, a síndrome do ninguém-me-ama. Mas refiro-me a necessidades comuns, pés-no-chão, como: um ombro para chorar, alguém com quem rir ou orar, um amigo para ouvir um desabafo. Não precisamos de gigantes espirituais inatingíveis, que assustam por sua inacessibilidade, por seu padrão tão alto que, em lugar de atrair outros, repele-os. Precisamos de gigantes pequeninos, gigantes que se humilham, poderosos homens de Deus capazes de sentar no chão e chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Não é esta a ordenança bíblica?

A igreja primitiva atraía as pessoas por ser humanamente celestial e celestialmente humana. Ela não era desencarnada, indiferente, fria. Mas era muito viva. Ela se importava com mulheres que pediam comida e era comovida com a necessidade de irmãos pobres. Vemos como o apóstolo Paulo era preocupado com gente. Basta ler Romanos 16 para ver a maneira tão humana e cheia de vida com que ele fala de muitos irmãos. Este é o evangelho!

Um dos autores publicados por aquela editora em que eu trabalhei disse que não devemos ter amigos na igreja. E acrescentou, sem disfarçar o orgulho, que nunca trocou um presente ou uma brincadeirinha sequer com outro irmão, ao lado de quem serviu por 18 anos. Sinto muita pena dele. Triste alguém que nunca teve amigos, mas apenas irmãos, cooperadores, esposas (teve duas) e filhos. Pena ter desperdiçado muitas oportunidades de presentear alguém a quem amava. Que tolice não ter trocado um gracejo com alguém em quem confiava.

Não quero ser como esses homens espirituais. Quero, antes, o evangelho que torna o homem a plenitude daquilo que Deus concebeu que ele fosse. Quero um evangelho cheio da Palavra de Deus e de amigos, de troca de presentes e de boas risadas. Quero um evangelho que me autorize a perguntar: “Irmão, que é isso na sua orelha?” e a lhe dar os pêsames e abraçá-lo quando estiver triste pela morte do pai. E isso sem fazer com que eu seja menos espiritual, menos santo ou menos consagrado.

 

(Francisco Nunes, 20.12.04, publicado originalmente em 15.11.07, atualizado e republicado em 3.12.15. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Indicações de sexta (16)

A Bíblia é nossa regra de fé e de prática!

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
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Artigos que você precisa ler

  1. Por que Deus, por vezes, permanece silencioso? Essa pergunta angustia muitos cristãos, quando esperam resposta do Pai Celestial. O artigo O silêncio de Deus tenta responder.
  2. Todo filho de Deus precisa saber qual é A principal ocupação de um discípulo. Excelente artigo de T. Austin-Sparks.
  3. Stephen Kaung ajuda você a Ver Cristo nos problemas. Não se deixe abater por eles, mas olhe para além deles!
  4. Há cristãos que brincam com a tentação, expondo-se descuidadamente ao perigo. John Owen diz que a tentação tem de ser levada muito a sério.

Mensagem que você precisa ouvir

Pureza bendita, por Steve Lawson.

Hino que honra a Deus

Abide with me

Letra de Hen­ry F. Lyte (1847), música, Eventide, de Wil­liam H. Monk (1861).

Letra original

Abide with me; fast falls the eventide;
The darkness deepens; Lord with me abide.
When other helpers fail and comforts flee,
Help of the helpless, O abide with me.

Swift to its close ebbs out life’s little day;
Earth’s joys grow dim; its glories pass away;
Change and decay in all around I see;
O Thou who changest not, abide with me.

Not a brief glance I beg, a passing word;
But as Thou dwell’st with Thy disciples, Lord,
Familiar, condescending, patient, free.
Come not to sojourn, but abide with me.

Come not in terrors, as the King of kings,
But kind and good, with healing in Thy wings,
Tears for all woes, a heart for every plea—
Come, Friend of sinners, and thus bide with me.

Thou on my head in early youth didst smile;
And, though rebellious and perverse meanwhile,
Thou hast not left me, oft as I left Thee,
On to the close, O Lord, abide with me.

I need Thy presence every passing hour.
What but Thy grace can foil the tempter’s power?
Who, like Thyself, my guide and stay can be?
Through cloud and sunshine, Lord, abide with me.

I fear no foe, with Thee at hand to bless;
Ills have no weight, and tears no bitterness.
Where is death’s sting? Where, grave, thy victory?
I triumph still, if Thou abide with me.

Hold Thou Thy cross before my closing eyes;
Shine through the gloom and point me to the skies.
Heaven’s morning breaks, and earth’s vain shadows flee;
In life, in death, O Lord, abide with me.

Tradução

Habita comigo. A tarde cai rapidamente,
A escuridão se aprofunda. Senhor, comigo habita.
Quando outros ajudadores falharem e confortos fugirem,
Ó Ajuda do impotente, fica comigo.

Rapidamente para seu fim flui o dia de vida;
As alegrias da Terra se tornam mais indistintas; suas glórias passam;
Mudança e decadência em tudo eu vejo;
Ó Tu que não mudas, habita comigo.

Não é por um breve olhar que eu imploro, uma palavra passageira;
Mas, como Tu habitaste com Teus discípulos, Senhor,
De modo familiar, condescendente, paciente, livre.
Vem, não para peregrinar, mas habita comigo.

Não venha em terrores, como o Rei dos reis,
Mas gentil e bom, com cura em Tuas asas,
Lágrimas para todos os males, um coração por cada clamor:
Venha, Amigo dos pecadores, e, assim, habita comigo.

A minha face, na juventude, trouxeste sorriso;
E, embora rebelde e perverso naquele tempo,
Tu não me deixaste, mesmo quando Te deixei.
Até o fim, ó Senhor, habita comigo.

Eu preciso de Tua presença cada hora que passa.
O que, a não ser Tua graça, pode frustrar o poder do tentador?
Quem, além de Ti mesmo, meu guia e esteio pode ser?
Quer haja nuvens e a luz do sol, Senhor, habita comigo.

Não temo nenhum inimigo, com Tuas mãos para abençoar;
Males não têm peso e lágrimas, sem amargura.
Onde está o aguilhão da morte? Onde, sepultura, a tua vitória?
Eu ainda triunfo, se Tu habitas comigo.

Segura Tu Tua cruz diante de meus olhos que se fecham;
Brilha através da escuridão e me aponta os céus.
Rompe a manhã do céu e, da terra, as vãs sombras fogem;
Na vida, na morte, ó Senhor, habita comigo.

Versão em português (1)

Comigo habita, ó Deus, a noite vem!
As trevas descem, eis, Senhor, convém
Que me socorra a Tua proteção!
Oh, vem fazer comigo habitação!

Vem revelar-Te a mim, Jesus, Senhor,
Divino Mestre, Rei, Consolador!
Meu Guia forte, amparo em tentação!
Oh, vem fazer comigo habitação!

Breve, Senhor, terei meu fim mortal;
É tão fugaz a vida terreal!
Tem tudo aqui mudança e corrupção!
Oh, vem fazer comigo habitação!

Se eu estiver nas trevas ou na luz,
Não há perigo, andando com Jesus;
A morte e a tumba não aterrarão!
Oh, vem fazer comigo habitação!

A versão acima é a mais conhecida e cantada em português. Mas encontrei outra, mais longa, que recria toda a letra original. Não sei se onde é usada. Se alguém souber, ou souber sua origem, escreva no comentário.

Versão em português (2)

Habita em mim na dura tentação;
Senhor, habita em mim na escuridão.
Quando os amigos de mim fugir,
Sozinho estou; Senhor, vem me acudir.

Nós somos pó, mas estamos aqui;
Com alegria pra louvar a Ti;
Tudo não passa de ostentação;
Jesus não muda Sua criação.

Ó Senhor Jesus, vem por mim olhar;
Certo estou que vou Contigo andar,
Fiel Senhor, liberdade sem fim.
Não quero perecer, habita em mim!

Com o Rei dos reis, na luz viverei,
Pois em Suas asas seguro estarei,
De toda dor e toda aflição,
Jesus nos salva e muda o coração.

Eu era jovem; Tu por mim sorria;
Mas cruel e mau eu permanecia,
Jesus não me deixou até o fim,
E até chegar ao céu, habita em mim!

Todos os dias, lado a lado andar.
Com Sua graça o mal afastar.
Quem senão Jesus pode nos guiar?
Só Ele pode a chuva e o sol criar!

Eu não receio nem o malfeitor;
Não tenho medo do perigo ou dor.
Jesus: a morte Ele venceu, sim!
Jesus triunfou e habita em mim!

Senhor, me ajude a carregar a cruz;
Brilha na sombra e mostre-me Sua Luz.
O amanhã em breve terá fim;
Vida ou morte? Ele habita em mim!

História

Henry Francis Lyte (1.7.1793 – 20.11.1847) graduou-se no Trinity College, Dublin, em 1814. Durante o curso universitário, ganho um prêmio inglês de poesias em três ocasiões. Havia decidido estudar medicina, talvez por conta da frágil saúde que teve na maior parte da vida, mas optou por teologia, tornando-se clérigo anglicano em 1815.

Em 1818, ele passou por uma grande mudança espiritual, que moldou e influenciou toda a sua vida dali em diante, sendo a causa imediata disso a doença e morte de um irmão clérigo. Lyte disse dele:

Ele morreu feliz na crença de que, se estivesse profundamente errado, havia Um cuja morte e sofrimentos iriam expiar seus delitos e seriam aceito por tudo o que ele tinha cometido.

A respeito de si mesmo, acrescenta:

Eu estava muito afetado por todo o assunto, que me fez olhar a vida e seus problemas com um olho diferente, e eu comecei a estudar a Bíblia e a pregar de maneira diferente do que eu tinha feito anteriormente.

Lyte foi inspirado a escrever esse poema em 1847, enquanto estava morrendo de tuberculose. Ele o concluiu no domingo em que fez seu sermão de despedida na paróquia a que serviu por muitos anos. No dia seguinte, ele partiu para a Itália, a fim de recuperar a saúde. Mas não chegou lá, pois morreu em Nice, França, três semanas depois de escrever essas palavras. Aqui está um trecho de seu sermão de despedida:

Ó irmãos, estou aqui entre vocês hoje, como vivo dentre os mortos, se posso esperar impressionar vocês e induzi-los a se prepararem para aquela hora solene, que deve chegar a todos, por um conhecimento, enquanto há tempo, da morte de Cristo.

Anna Maria Maxwell Hogg, filha de Lyte, conta a história do hino:

O verão estava terminando, e o mês de setembro (o mês em que ele, mais uma vez, deixaria sua terra natal) chegou, e cada dia parecia ter um valor especial como sendo um dia mais perto de sua partida.

Sua família ficou surpresa e quase alarmada quando ele anunciou sua intenção de pregar mais uma vez para seu povo. Sua fraqueza e o perigo possível por causa do esforço foram lembrados para impedi-lo, mas em vão. “É melhor”, como ele costumava dizer muitas vezes de brincadeira, quando ntinha alguma saúde, “se desgastar do que enferrujar por fora”. Ele sentiu que deveria ser capaz a cumprir seu desejo, e não temia pelo resultado. Sua expectativa tinha bom fundamento. Ele pregou, e em meio a atenção sem respirar de seus ouvintes, deu-lhes um sermão sobre a Sagrada Comunhão.

Na noite do mesmo dia, ele colocou nas mãos de um parente próximo e querido o hino “Abide with Me”, com uma melodia de sua própria composição, adaptada às palavras.

Por mais de um século, os sinos da igreja em All Saints, em Lower Brixham, Devonshire, da qual foi pároco, tocaram “Abide with Me” diariamente. O hino foi cantado no casamento do rei George VI e no casamento de sua filha, a futura rainha Elizabeth II.

 

Esta é a versão escrita pelo próprio autor.

(A versão original do hino pode ser vista aqui.)

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Encorajamento Sofrimento Vida cristã

Considere quais mãos enviaram isso a você! (James Buchanan)


“No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este [a adversidade] em oposição àquele [a prosperidade]” (Ec 7.14).

No dia da adversidade, você deveria considerar de quais mãos ela foi enviada a você! Ela vem direto das mãos de Deus!

Agentes intermediários podem ter sido empregadas em infligi-la:

um amado membro da família pode ter sido o transmissor de uma doença;
um amigo traiçoeiro pode ter sido a causa de falência;
um inimigo declarado pode ter sido o autor de uma repreensão e humilhação;
ao próprio Satanás pode ter sido permitido golpear você!

Mas, qualquer que seja o agente secundário por meio de quem ela tenha sido transmitida, a adversidade vem das mãos de Deus!

“Eu formo a luz e crio as trevas; eu faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is 45.7).
“Porventura da boca do Altíssimo não sai tanto o mal como o bem?” (Lm 3.38).
“[…] Receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10).
“[…] Quem fez a boca do homem? Ou quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê ou o cego? Não sou eu, o SENHOR?” (Êx 4.11).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais nenhum deus há além de Mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da Minha mão” (Dt 32.39).
“O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta” (1Sm 2.6,7).
“Porque assim diz o SENHOR: Como Eu trouxe sobre este povo todo este grande mal […]” (Jr 32.42).
“[…] Sucederá algum mal na cidade sem que o SENHOR o tenha feito?” (Am 3.6).
“Ele faz a chaga e Ele mesmo a liga; Ele fere, e as Suas mãos curam” (Jó 5.18).

A partir destas e de muitas outras passagens, está claro que, nas Sagradas Escrituras, a aflição temporária é atribuída a Deus. Ninguém que reconhece a providência de Deus em tudo pode deixar de crer que as numerosas aflições e calamidades da vida humana são permitidas, designadas e administradas pelo Supremo Governador do mundo!

Ninguém que reconhece a providência de Deus em tudo pode deixar de crer que as numerosas aflições e calamidades da vida humana são permitidas, designadas e administradas pelo Supremo Governador do mundo!

Essa é uma consideração de grande importância prática e deve ser seriamente ponderada no dia da adversidade.

Assegura-nos que nossas aflições nem são impostas por uma necessidade fatídica nem são produzidas pelas indefinidas vicissitudes do acaso, mas provêm da mão Daquele que é infinitamente sábio, justo e bom!

Também ensina-nos, em muitas de nossas aflições, aquelas que são de fato mais difíceis de suportar, a olharmos além e pôr-nos acima da consideração da mera agência humana pela qual elas têm sido infligidas. Refiro-me a essas aflições que são trazidas por causa da malícia de nossos semelhantes, em relação às quais estamos inclinados a considerar apenas a agência secundária por meio dos quais elas caem sobre nós – em vez de constantemente contemplarmos a Deus enquanto conduz a nós, por meio da ação humana, as advertências e lições que precisamos aprender e nas quais nos aperfeiçoar.

Visto que, se nós considerarmos todas as aflições, de qualquer que seja o tipo, como emanando do coração infalível de nosso amoroso Pai, descobriremos que, mesmo as que a mão ou a língua do homem inflige, são uma disciplina benéfica e meios de aperfeiçoamento espiritual.

Lembremo-nos, então, de que cada aflição, por qualquer que seja o canal que ela proceda, vem, em última instância, da mão amorosa de Deus!


(Traduzido por Jacilara Conceição. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)

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