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A. W. Tozer Modernismos Mundo Testemunho Vida cristã

A Maldição do Homem Moderno (A.W. Tozer)

Existe uma maldição antiga que permanece conosco até hoje — a disposição da sociedade humana de ser completamente absorvida por um mundo sem Deus.

Embora Jesus Cristo tenha vindo a este mundo, este é o pecado supremo dos incrédulos, o qual levou o homem a não sentir — nem sentirá — a presença dEle que permeia todas as coisas. O homem não pode ver a verdadeira Luz, tampouco pode ouvir a voz do Deus de amor e verdade.

Temos nos tornado uma sociedade “profana” — completamente envolvida em nada mais do que os aspectos físico e material desta vida terrena. Homens e mulheres se gloriam do fato de que são capazes de viver em casas luxuosas, vestir roupas de estilistas famosos e dirigir os melhores carros que o dinheiro pode comprar — coisas que as gerações anteriores nunca puderam ter.

Esta é a maldição que jaz sobre o homem moderno — ele é insensível, cego e surdo em sua prontidão de esquecer que existe um Deus. Aceitou a grande mentira e crença estranha de que o materialismo constitui a boa vida. Mas, querido amigo, você sabe que o seu grande pecado é este: a presença eterna de Deus, que alcança todas as coisas, está aqui, e você não pode senti-Lo de maneira alguma, nem O reconhece no menor grau? Você não está ciente de que existe uma grande e verdadeira Luz que resplandece intensamente e que você não pode vê-la? Você não tem ouvido, em sua consciência e mente, uma Voz amável sussurrando a respeito do valor e importância eterna de sua alma, mas, apesar disso, tem dito: “Não ouço nada?”

Muitos homens imprudentes e inclinados ao secularismo respondem: “Bem, estou disposto a agarrar minhas chances”. Que conversa tola de uma criatura frágil e mortal! Isto é tolice porque os homens não podem se dar ao luxo de agarrar as suas chances — quer sejam salvos e perdoados, quer sejam perdidos. Com certeza, esta é a grande maldição que jaz sobre a humanidade de nossos dias — os homens estão envolvidos de tal modo em seu mundo sem Deus, que recusam a Luz que agora brilha, a Voz que fala e a Presença que permeia e muda os corações.

Por isso, os homens buscam dinheiro, fama, lucro, fortuna, entretenimento permanente ou apego aos prazeres. Buscam qualquer coisa que lhes removam a seriedade do viver e que os impeça de sentir que há uma Presença, que é o caminho, a verdade e a vida.

Eu mesmo fui ignorante até aos 17 anos, quando ouvi, pela primeira vez, a pregação na rua e entrei numa igreja onde ouvi um homem citando uma passagem das Escrituras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim… e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11. 28,29).

Eu era realmente pouco melhor do que um pagão, mas, de repente, fiquei muito perturbado, pois comecei a sentir e reconhecer a graciosa presença de Deus. Ouvi a voz dEle em meu coração falando indistintamente. Discerni que havia uma Luz resplandecendo em minhas trevas.

Novamente, andando pela rua, parei para ouvir um homem que pregava, em um cantinho, e dizia aos ouvintes: “Se vocês não sabem orar, vão para casa, ajoelhem-se e digam: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador”. Isso foi exatamente o que eu fiz. E Deus prometeu perdoar e satisfazer qualquer pessoa que estiver com bastante fome espiritual e muito interessado, a ponto de clamar: “Senhor, salva-me!”

Bem, Ele está aqui agora. A Palavra, o Senhor Jesus Cristo, se tornou carne e habitou entre nós; e ainda está entre nós, disposto e capaz de salvar. A única coisa que alguém precisa fazer é clamar com um coração humilde e necessitado: “ó Cordeiro de Deus, eu venho a Ti; eu venho a Ti!”

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Charles Spurgeon Vida cristã

Quando Será a Véspera?

Existe um tempo, não sabemos quando,
Um ponto, não sabemos onde,
Que marca o destino dos homens,
Para glória ou desgraça.

Existe uma linha a nós invisível,
Que cruza cada caminho;
O limite misterioso entre
A paciência e a ira de Deus.

Passar este limite é morrer,
Morrer como se em segredo:
Ele não apagasse o olhar que brilha,
Nem empalidecesse a saúde que incandesce.

A consciência pode estar todavia tranqüila,
O espírito leve e alegre;
Naquele que pensa estar agradando,
E nem cuida ser arremessado para longe.

Mas sobre esta testa, Deus tem colocado
Permanentemente uma marca
Invisível ao homem, porque o homem ainda
É cego e corre na escuridão.

E ainda que o caminho do homem condenado
Como o Éden possa ter florido;
Ele não sabia, nem sabe, nem saberá,
Nem sente que está condenado.

Ele pensa e sente que tudo está bem,
E cada medo é tranqüilizado;
Ele vive, morre, acorda no inferno,
Não somente condenado mas desaprovado.

Ó, onde está Tua misteriosa linha,
A qual nosso caminho cruza,
Além da qual o próprio Deus tem jurado,
Estar perdido quem dela passar?

Até onde podemos viver pecando?
Quanto Deus tolerará?
Quando a esperança termina? E onde começam
Os confins do desespero?

Uma resposta dos céus é enviada:
“Tu que te desvias de Deus
Enquanto és chamado, hoje, Arrepende-te!
E não endureças o teu coração.”

(C. H. Spurgeon)

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A. W. Tozer Vida cristã

O Cultivo da Vida Interior (A. W. Tozer)

  • Retire-se do mundo todo dia para um lugar privado, ainda que este lugar seja apenas o quarto.
  • Permaneça aí até que os ruídos internos comecem a acabar no seu coração e o descanso da presença de Deus o envolva.
  • Desligue os sons desagradáveis e saia do seu lugar privado, determinado a não ouvi-los.
  • Ouça a voz interior do Espírito até aprender a reconhecê-la.
  • Pare de tentar competir com os outros.
  • Entregue-se a Deus e seja você mesmo.
  • Reduza seus interesses a uns poucos.
  • Não procure saber coisas que não lhe são úteis.
  • Aprenda a orar interiormente a todo o momento. Após algum tempo, aprenderá a fazer isso enquanto trabalha.
  • Pratique a sinceridade da criança e a humildade.
  • Ore pedindo olhos simples.
  • Leia menos, mas leia mais aquilo que é importante para sua vida interior.
  • Jamais permita que sua mente fique dispersa por muito tempo.
  • Chame para casa seus pensamentos errantes.
  • Contemple Cristo com os olhos da alma.
  • Exercite a concentração espiritual.
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Cristo Horatius Bonar

Não é… (Horatius Bonar)

Não é o que minhas mãos têm feito que pode salvar minha alma culpada;
Não é o que minha carne labutante tem suportado que pode encher o meu espírito;
Não é o que eu sinto ou faço que pode me dar a paz com Deus;
Nem todas as minhas orações, súplicas e lágrimas podem suportar a minha terrível carga;
Tua graça apenas, ó Deus, pode pronunciar perdão a mim;
Teu poder somente, ó Deus, pode quebrar esse penoso cativeiro;
Nenhuma outra obra, senão a Tua;
Nenhum outro sangue o fará;
Nenhuma força, senão aquela que é divina, pode me sustentar seguramente.

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Vida cristã

Exames

Provas da faculdade, exames, dificuldades… Muitos estudantes acabam de passar estas datas temidas das quais dependem, mais ou menos, seu futuro terreno. Êxito ou fracasso, qualquer que seja o resultado de seus esforços, se o jovem cristão colocou nas mãos do Senhor o cuidado de conduzir sua vida, poderá dar-Lhe graças tanto por uma porta fechada como por uma aberta.

Mas não é destes exames que queremos falar-lhe agora. Tudo em nossa vida natural tem seu equivalente na vida espiritual. Cada um de nós nasceu certo dia em certa família composta por pais e irmãos. Tivemos de aprender a caminhar, falar, obedecer… Depois, veio a idade escolar, os estudos intermediários e, por fim, o exercício de uma profissão. Da mesma maneira, a vida espiritual de cada crente começa com o novo nascimento, que o faz entrar na família de Deus. Recém-nascido, seus primeiros balbúcios expressam a consciência da relação com o Pai: “Aba, Pai” (Rm 8.15). “Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai” (1Jo 2.13). Se é bem alimentado, se recebe os cuidados necessários, o recém-nascido em Cristo fará progressos que alegrem o coração do Pai e o de seus irmãos na fé. Dará seus primeiros passos no caminho cristão, aprenderá a obedecer, a orar, a dar testemunho. Então, goste ou não, deverá passar pela escola de Deus. Como em todas as escolas, na de Deus encontramos:

Um Professor. Quando Jesus estava na terra, Ele mesmo ensinava. Era o divino Mestre (Mt 7.29; Jó 36.22). Antes de Sua partida, confio o cuidado dos Seus ao Espírito Santo, Que O substitui atualmente. “Esse vos ensinará todas as coisas”, anunciou Jesus (Jo 14.26). todas as “matérias” que integram a totalidade da verdade são de Sua competência: o conhecimento de Cristo e de Sua Igreja, a doutrina, os aspectos proféticos, a vida cristã na prática, a qual, por sua vez, compreende o andar, o combate, a luz que o discípulo de Cristo irradie no meio do mundo, e o serviço sob seus diferentes aspectos. Não sejamos negligentes com nenhuma dessa “matérias”.

Uma Disciplina, ou seja, um conjunto de regras morais com suas respectivas sanções, cuja meta é que sejamos louvados por haver trabalhado bem, e censurados ou castigados quando agimos mal. Evitemos menosprezar essa disciplina e, igualmente, de desanimar quando somos repreendidos por Deus por meio dela. Seu objetivo é fazer de nós discípulos, homens maduros.

Um Livro: a Bíblia, suma de todo o conhecimento divino, prescrita e adaptada a todas as classes e idades como nenhum outro livro. De que livro escolar se poderia dizer isso?

Lições: umas, as teóricas, são ensinadas nas reuniões ou em nossas leituras pessoais da Palavra de Deus. Outras, as práticas, resultam da experiência cotidiana. Trata-se de aplicar em nossa vida diária o que temos compreendido pela inteligência e guardado na memória. Quais são as duas grandes lições que resumem o ensinamento da escola de Deus? Aprendemos a conhecer a nós mesmos, com nossas insuficiências, miséria e debilidades, e, simultaneamente, progredimos no conhecimento de Cristo com Sua perfeita suficiência, Sua misericórdia e Seu poder que se aperfeiçoa na fraqueza (2Co 12.9).

Exames, inevitáveis na escola de Deus. Geralmente, não são anunciados antecipadamente; são realizados, no mais das vezes, de surpresa. Por exemplo, hoje pode haver uma prova de paciência. Pouco importa o problema que se me apresente ou o instrumento do qual Deus se sirva: um contato com uma pessoa de caráter difícil ou da sucessão de pequenas contrariedades. Se eu não me preparei bem por meio da oração e da humilde confiança em Deus, nem sequer me darei conta de que se trata de uma prova. Só verei o instrumento e não a mão sábia que o conduz, a pessoa desagradável e não o divino Instrutor. Inevitavelmente, fracassarei: em lugar de pagar o mal com o bem (Rm 12.21), serei vencido pelo mal, neste caso a irritação ou a cólera. Freqüentemente, experimentamos exames de “prioridades”. Quando se me apresenta um determinado caso, a quem darei prioridade: a Cristo ou a outra pessoa? A Sua Palavra ou a uma leitura qualquer? A Seu serviço ou aos meus interesse?

Outro exemplo de exame: a Palavra me adverte sobre as armadilhas que o mundo e Satanás armam para o cristão; também me explica o meio de evitá-las. Mas chega o dia em que sou posto à prova: uma dessas armadilhas está realmente diante de mim. Se não creio no que a Palavra me diz ou se confio em minhas forças para enfrentá-la, fracassarei para minha completa confusão. Terei de “repetir” esta matéria e atrasar os progressos cristãos cujo conjunto constitui minha “escolaridade espiritual”.

Estes são exames nos quais ninguém pode colar, porque “todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar” (Hb 4.13). Cada um é julgado segundo seu verdadeiro nível e também por sua própria conta. Teremos de comparar-nos com os demais e contentar-nos com uma nota “aceitável” pretendendo que outros apenas obtenham um resultado “medíocre”, segundo nosso parecer. Mas o Espírito Santo, Que nos ensina, tem metas mais altas para nós. Ele nos apresenta o Modelo perfeito, excelente em tudo, e nos convida a seguir Suas pisadas; espera de nós alguma semelhança moral com Jesus. E este Homem perfeito não escapou da prova antes de começar Seu ministério. Ao se encontrar a Satanás no deserto, triunfou sobre toda tentação.

Vários jovens se esmeram em preparar sua vida profissional, ou seja, seu futuro terrenal. Parece-lhes que vale a pena dedicar-se durante meses ao estudo e expor-se a renúncias e esforços consideráveis. Até mesmo faltam às reuniões cristãs, crendo assim preparar-se melhor para um exame. Em contraste, não somos descuidados quanto a nosso futuro eterno? No entanto, da maneira como temos aprendido nossas lições espirituais dependerá não somente o serviço mais ou menos frutífero que possamos cumprir para o Senhor enquanto esperamos Seu regresso, mas também as coroas que Ele dará no dia das recompensas a fim de pô-las, para Sua própria glória, sobre a cabeça daqueles que as mereceram.

Desejamos fazer parte destes?

(Traduzido por Francisco Nunes de Exámenes, Um mensaje bíblico para todos, n. 11/2003, de J. Kn. Publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos, Suíça.)

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Ministério Serviço cristão Vida cristã Watchman Nee

Ministrar ao Senhor ou à casa? (Watchman Nee)

Leitura da Bíblia: Ez 44.15-18

Notemos, a principio, que há aparentemente pouca diferença entre ministrar à casa e ministrar ao Senhor. Muitos de vocês estão fazendo o máximo para ajudar seus irmãos e estão labutando para salvar pecadores e administrar as questões relacionadas à igreja, mas deixem-me perguntar-lhes: vocês têm procurado ir ao encontro das necessidades ao seu redor ou têm procurado servir ao Senhor? Vocês têm em vista o seu próximo ou Ele?

Sejamos bem francos. Trabalhar pelo Senhor, sem dúvida, tem suas atrações para a carne. Você pode achar isso muito interessante e ficar empolgado quando multidões se juntam para ouvi-lo pregar, e quando muitas almas são salvas. Se tiver de ficar em casa, ocupado de manhã à noite com coisas seculares, você, então, haverá de pensar: “Como a vida é sem sentido! Que bom seria se eu pudesse sair e servir ao Senhor! Se pelo menos eu fosse livre para andar por aí pregando ou mesmo conversando com as pessoas a respeito Dele!”
Isso, porém, não é espiritualidade; é meramente uma preferência natural. Oh, se ao menos pudéssemos ver que muita obra feita para Deus não é realmente ministrar a Ele! Ele próprio nos disse que havia uma classe de levitas que, diligentemente, serviam no templo e assim mesmo não O serviam, mas meramente serviam à casa. Serviço ao Senhor e serviço à casa parecem ser tão semelhantes que freqüentemente é difícil fazer diferença entre ambos.
Se um israelita viesse ao templo e quisesse adorar a Deus, aqueles levitas viriam em seu auxílio e o ajudariam a oferecer sua oferta pacífica e seu holocausto. Eles o ajudariam a levar 0 sacrifício ao altar e lá o imolariam. Certamente aquela era uma grande obra na qual eles deviam se envolver – restaurar pecadores e conduzir crentes para mais perto do Senhor! E Deus levou em conta o serviço daqueles levitas, que ajudavam as pessoas a trazer suas ofertas pacíficas e seus holocaustos ao altar. Ainda assim, Deus disse que isso não era ministrar a Ele.

Irmãos e irmãs, há um pesado encargo em meu coração para fazê-los perceber o que Deus está querendo. Ele quer ministros que ministrem a Ele. “Se chegarão a Mim, para Me servirem, e estarão diante de Mim, para Me oferecerem a gordura e o sangue (…) para Me servirem”.
O que eu mais temo é que muitos de vocês saiam e ganhem pecadores para o Senhor e edifiquem crentes, sem, no entanto, ministrar ao próprio Senhor. Muito do assim chamado serviço a Ele é simplesmente estarmos seguindo nossas próprias inclinações naturais. Temos tanta disposição para atividades que não suportamos ficar em casa; por isso corremos e corremos para nosso próprio alívio. Podemos estar servindo pecadores e estar servindo crentes, mas estamos a todo tempo servindo a nossa propria carne.

Tive uma querida amiga que agora está com o Senhor. Um dia, depois de termos passado juntos algum tempo em oração, lemos essa passagem em Ezequiel. Ela era bem mais velha do que eu e dirigiu-se a mim deste modo: “Meu jovem irmao, há vinte anos estudei pela primeira vez essa passagem da Escritura”. “Como você reagiu a ela?”, perguntei. Ela replicou: “Tão logo terminei de lê-la, fechei minha Biblia e, ajoelhando-me diante do Senhor, orei: ‘Senhor, faz com que eu seja alguem que ministre a Ti, não ao templo”‘. Será que nós também poderíamos fazer esta oração?

Mas o que nós realmente queremos dizer quando falamos em servir a Deus ou servir ao templo? Aqui está o que a Palavra diz: “Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que cumpriram as prescrições do Meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de Mim, eles se chegarão a Mim, para Me servirem, e estarão diante de Mim, para Me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus”. As condições básicas para qualquer ministério que realmente possa ser chamado de ministério ao Senhor são: chegar-se a Ele e estar diante Dele.

Freqüentemente, como achamos difícil chegar a Sua presença! Recuamos diante da solidão, e, mesmo quando nos separamos fisicamente, nossos pensamentos ainda ficam vagando. Muitos de nós gostam de trabalhar entre pessoas, mas quantos de nós se achegam a Deus no Santo dos Santos? Entretanto, é somente quando nos aproximamos Dele que podemos ministrar a Ele. Entrar na presença de Deus e ajoelhar-se diante Dele por uma hora exige toda a força que possuímos. Temos de ser rigorosos para manter essa posição. Contudo, todo aquele que serve ao Senhor conhece a preciosidade de tais momentos – a doçura de acordar à meia-noite e gastar um tempo em oração, ou acordar bem cedo de manhã e levantar-se para um tempo de oração, antes de terminar o sono noturno. Deixem-me ser bem franco com vocês: a menos que realmente saibamos o que é achegar-se a Deus, não poderemos saber o que é servi-Lo. É impossível permanecer distante e ainda ministrar a Ele. Não podemos servi-Lo à distância. Há somente um lugar onde é possível ministrar a Ele, e esse é o Lugar Santo. No átrio exterior você se aproxima das pessoas; no Lugar Santo você se aproxima do Senhor.

A passagem que citamos enfatiza a necessidade de nos achegarmos a Deus, se quisermos ministrar a Ele. Também fala de permanecer diante Dele para ministrar. Parece-me que hoje todos estamos querendo nos movimentar; não conseguimos permanecer quietos. Há tantas coisas reclamando nossa atenção que estamos constantemente ocupados, não conseguimos parar por um instante. Uma pessoa espiritual, entretanto, sabe como permanecer quieta. Ela consegue permanecer diante de Deus até que Ele torne Sua vontade conhecida. Ela consegue ficar quieta e esperar as ordens.

Quero dirigir-me especialmente a meus cooperadores. Posso perguntar-lhes: todo o seu trabalho não é invariavelmente organizado e executado de acordo com um cronograma? E ele não tem de ser feito com grande pressa? Vocês podem ser persuadidos a fazer uma parada e não se mover por algum tempo? Isso é o que se menciona aqui: “chegarão (…) para Me servirem”.

Ninguém pode realmente ministrar ao Senhor e não conhecer o significado desta expressao: “Se chegarão a Mim, para Me servirem”. Tampouco pode alguém ministrar a Ele e não entender também esta expressão: “Estarão diante de Mim, para Me oferecerem”. Irmãos, vocês não acham que todo servo deve aguardar as ordens de seu amo antes de procurar servi-Lo?

Há somente dois tipos de pecado diante de Deus. Um é o pecado de rebelar-se contra os Seus mandamentos, isto é, recusar-se a obedecer quando Ele dá ordens. 0 outro é o pecado de avançar quando o Senhor não deu as ordens. 0 primeiro é rebelião; o segundo é presunção. Um é não fazer o que o Senhor exigiu; o outro é fazer o que o Senhor não exigiu. Ficar diante do Senhor trata com o pecado de fazer o que Ele não ordenou.

Irmãos e irmãs, quanto do trabalho que vocês fizeram foi baseado numa ordem clara do Senhor? Quanto vocês fizeram por causa de Suas instruções diretas? E quanto vocês fizeram simplesmente porque aquilo que fizeram era bom de se fazer? Deixem-me dizer-Ihes que nada prejudica tanto os interesses do Senhor como uma “coisa boa”. “Coisas boas” são o maior empecilho para o cumprimento de Sua vontade. Quando nos deparamos com qualquer coisa maligna ou impura, imediatamente reconhecemos nisso algo que o cristão deve evitar, e, por essa razão, as coisas que são evidentemente malignas não são tanto uma ameaça ao propósito de Deus como as coisas boas. Vocês podem pensar: “Isso não seria errado”, ou: “Aquilo é a melhor coisa que poderia ser feita”. Assim, vocês vão em frente e agem sem parar para perguntar se isso é a vontade de Deus. Oh, todos nós que somos Seus filhos sabemos que não devemos fazer nenhum mal, mas pensamos que uma vez que nossa consciência não proíbe tal coisa, ou se algo nos parece positivamente bom, isso é motivo suficiente para irmos em frente e fazê-lo.

Aquilo que vocês pensam fazer pode ser muito bom, mas vocês estão permanecendo diante do Senhor, aguardando Sua ordem a respeito daquilo? “Estarão diante de Mim” envolve permanecer na Sua presença e recusar a mover-se até que Ele dê Suas ordens. Ministrar ao Senhor significa isso. No átrio exterior é a necessidade humana que governa. Simplesmente permita que alguém venha para sacrificar um boi ou uma ovelha, e há trabalho para você fazer. No Santo dos Santos, entretanto, há completa reclusão. Alma nenhuma entra. Aqui, nenhum irmão ou irmã nos governa, nem alguma comissão determina nossas ações. No Santo dos Santos há somente uma autoridade – a do Senhor. Se Ele me designa uma tarefa, eu a realizo; se Ele nada me designa, eu nada faço.

Algo, porem, é exigido de nós quando permanecemos diante do Senhor e ministramos a Ele. Requer-se de nós que Lhe ofereçamos “a gordura e o sangue”. 0 sangue responde às exigências de Sua santidade e justiça; a gordura vai ao encontro de Sua glória. O sangue trata com a questão de nosso pecado; a gordura trata com a questão de Sua satisfação. O sangue remove tudo o que pertence à velha criação; a gordura introduz a nova. E isso é algo mais do que doutrina espiritual. Nossa vida da alma foi envolvida no derramamento de Sua alma até a morte. Quando derramou Seu sangue eternamente incorruptível, Ele não só estava derramando a própria vida, mas também toda a vida que o homem tinha por nascimento natural. Ele não só morreu, mas ressuscitou dentre os mortos e “a vida que agora vive, vive para Deus”. Ele vive para a satisfação de Deus. Ele oferece “a gordura e o sangue”. Nós tambem, que queremos ministrar ao Senhor, precisamos oferecer a gordura e o sangue. E o impossível é possível com base no que Ele fez.

Tal ministério, porém, está confinado a certo lugar: “Eles entrarão no Meu santuario, e se chegarão a Minha mesa, para Me servirem, e cumprirão as Minhas prescrições” (v. 16). 0 ministrar que é “a Mim” é no santuário interior, no lugar oculto, não no átrio exterior, exposto à vista pública. As pessoas podem pensar que não estamos fazendo nada, mas o serviço a Deus dentro do Lugar Santo transcende em muito o serviço ao povo no átrio exterior. Irmãos e irmãs, aprendamos o que significa permanecer diante do Senhor aguardando Suas ordens, servindo somente sob Seu comando e sendo governados por nenhuma outra coisa senão a Sua vontade.

A mesma passagem nos fala como devem se vestir os que ministram ao Senhor: “Usarão vestes de linho; não se porá lã sobre e1es, quando servirem nas portas do átrio interior, dentro do templo. Tiaras de linho lhes estarão sobre as cabeças, e calções de linho sobre as coxas”. Os que ministram ao Senhor não podem usar lã. Por que não? A razão é dada a seguir: “Não se cingirão a ponto de lhes vir suor” (vv. 17,18). Nenhuma obra que produz suor é aceitáve1 ao Senhor. Afinal, que significa suor? Todos sabemos que a primeira vez que suor é mencionado nas Escrituras foi quando Adão foi expulso do jardim do Éden. Depois que Adão pecou, Deus pronunciou esta sentença: “Maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida (…) no suor do rosto comerás o teu pão” (Gn 3.17,19). Está claro que suor é uma condição de maldição. Porquanto a maldição estava na terra, ela cessou de dar seu fruto sem o esforço do homem, e tal esforço produzia suor. Quando a bênção de Deus é retirada, torna-se necessário o esforço carnal, e isso causa suor.

Toda obra que produz suor é positivamente proibida àque1es que ministram ao Senhor. Ainda hoje que dispêndio de energia há em obras feitas para Ele! Ah! poucos cristãos hoje podem fazer qualquer obra sem suor. A obra deles envolve planejamento e esquematização, exortações e instâncias, e muita correria.

Não pode ser feita sem grande zelo carnal. Hoje em dia, se não houver suor, não poderá haver obra. Antes de ser empreendida qualquer obra para Deus, há muita correria para lá e para cá, fazendo-se muitos contatos; há consultas e discussões, obtendo-se, por fim, a aprovação de diversas pessoas antes de ir em frente. Quanto a esperar quieto na presença de Deus e buscar Suas instruções, isso está fora de questao. No entanto, numa obra espiritual, o único fator a
ser levado em conta é Deus. A única Pessoa que se deve contatar é Deus. Oh! esta é a preciosidade da obra espiritual: ela está relacionada com Deus. E em relação a Ele há uma obra a ser feita, mas é obra que não produz suor. Se tivermos de divulgar a obra e utilizar grande esforço para promovê-la, então, é  óbvio que ela não brota da oração na presença de Deus. Por favor, acompanhe-me quando digo que toda obra que é realmente espiritual é feita na presença de Deus. Se você trabalhar realmente na presença de Deus, ao entrar na presença dos homens, eles responderão. Você não terá de usar meios sem fim para ajudá-los. Obra espiritual é obra de Deus, e quando Deus trabalha, o homem não precisa despender muito esforço, a ponto de suar.

Irmãos e irmãs, vamos, com toda honestidade, examinar a nós mesmos diante de Deus hoje. Vamos perguntar-Lhe: “Estou servindo a Ti ou estou servindo à obra? 0 meu ministério é ‘para o Senhor’ ou é ‘para a casa’?” Se você está suando o tempo todo, então, você mesmo pode chegar à conclusão de que está servindo à casa e não ao Senhor. Se toda a sua atividade está relacionada com a necessidade humana, você pode ficar ciente de que está servindo a homens, não a Deus. Não estou desprezando o trabalho de imolar sacrifícios no altar; é uma obra para Deus e alguém tem de fazê-la, mas Deus quer algo mais do que isso.

Deus não pode garantir todos para o serviço a Si mesmo, porque muitos dos que são Seus relutam em abandonar a emoção e a excitação do átrio exterior. Eles são propensos a servir às pessoas. Mas, e quanto a nós? Oh, que digamos hoje ao Senhor: “Eu estou disposto a renunciar às coisas; eu estou disposto a renunciar à obra; eu estou disposto a renunciar ao átrio exterior e quero servir-Te no santuário interior”.

Quando Deus não conseguiu trazer todos os levitas ao local onde deviam ministrar a Ele, Ele escolheu os filhos de Zadoque dentre eles para este serviço especial. Por que Ele selecionou os filhos de Zadoque? Porque, quando os filhos de Israel se desviaram, eles reconheceram que o átrio exterior ficara irreparavelmente corrompido e por isso não procuraram preservá-lo, mas encarregaram-se de preservar a santidade do Lugar Santo.

Irmãos e irmãs, vocês conseguem suportar a idéia de abandonar a estrutura externa ou persistirão em montar uma proteçãao para preservá-la? É o Lugar Santo que Deus deseja preservar – um lugar totalmente separado para Ele, um lugar em que o padrão é absoluto. Oh! eu lhes suplico, diante de Deus, que ouçam Seu chamado para renunciar ao átrio exterior e a se devotar a Seu serviço no Lugar Santo.

Gosto de ler em Atos 13 sobre os profetas e mestres na igreja em Antioquia: “Servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse 0 Espirito Santo: Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Ali vemos o único princípio que governa a obra para Deus na dispensação do Novo Testamento. 0 Espírito Santo comissiona homens para a obra somente quando eles estão ministrando ao Senhor. Se o ministrar ao Senhor não for a única coisa que nos governa, a obra ficará em confusao. No início da história da igreja em Antioquia, o Espírito Santo disse: “Separai-Me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Deus não quer voluntários para Sua obra; Ele quer convocados. Ele não terá você pregando o evangelho só porque você quer. A obra do Senhor hoje está sofrendo sério dano nas mãos de voluntários; faltam aqueles que podem dizer como Ele: “Aquele que Me enviou”. Oh, irmãos e irmãs, a obra de Deus é Sua própria obra e não uma obra que você pode abraçar a seu bel-prazer. Nem igrejas, nem sociedades missionárias, nem equipes de evangelização podem enviar homens para trabalhar para Deus. A autoridade para comissionar homens não está nas mãos de homens, mas tão-somente nas mãos do Espírito de Deus.

Servir ao Senhor não significa que não servimos ao nosso próximo, mas significa que todo serviço a homens tem o serviço ao Senhor como sua base. É o serviço a Deus que nos impele a servir ao homem.

Lucas 17.7-10 nos diz claramente o que o Senhor quer. Há dois tipos de obra mencionadas aqui: arar o campo e guardar o gado. Ambas são ocupações muito importantes, ainda que o Senhor diga que, até mesmo quando um servo retorna de tal trabalho, espera-se que ele providencie a satisfação de seu amo antes de sentar-se para desfrutar sua própria comida. Quando voltamos de nossa labuta no campo, estamos aptos para complacentemente meditar no muito trabalho que executamos, mas o Senhor poderá dizer: “Prepara-Me a ceia, cinge-te”. Ele exige o ministrar a Ele. Podemos ter labutado num campo bem grande e cuidado de muitas ovelhas, mas toda a nossa labuta no campo e junto ao gado não nos isenta de ministrar à propria satisfação pessoal do Senhor. Essa é a nossa suprema tarefa.

Irmãos e irmãs, estamos realmente atrás de quê? Somente trabalhar no campo? Somente pregar o evangelho aos incrédulos? Somente cuidar do gado? Somente cuidar das necessidades dos salvos? Ou será que estamos cuidando a fim de que o Senhor coma para Sua plena satisfação e beber até que Sua sede seja saciada? Realmente, é-nos necessário também comer e beber, mas isso só deve acontecer após o Senhor estar satisfeito. Nós também precisamos ter nosso desfrute, mas isso jamais poderá ocorrer antes que o gozo do Senhor seja pleno. Perguntemo-nos: nosso trabalho ministra para nossa satisfação ou para a satisfação do Senhor? Temo que, ao trabalharmos pelo Senhor, freqüentemente ficamos satisfeitos antes que Ele fique satisfeito. Muitas vezes ficamos tão felizes com nossa obra enquanto Ele não encontra prazer algum nela.

Irmãos e irmãs, quando fizemos o melhor, ainda temos de admitir que somos servos inúteis. Nosso objetivo não é ministrar ao mundo, nem à igreja, mas ministrar ao Senhor. E bem-aventurados aqueles que conseguem diferenciar entre ministrar aos pecadores ou aos santos e ministrar a Ele. Tal discernimento não é facilmente adquirido. Somente mediante um tratamento drástico aprenderemos a diferença entre ministrar ao próprio Senhor e ministrar à casa.
No entanto, se o Espírito Santo tiver Seu caminho em nossa vida, Ele proverá de acordo com a necessidade. Busquemos a graça de Deus a fim de que Ele nos revele o que realmente significa ministrar a Ele!

(Doze Cestos Cheios, vol. 2, Editora Árvore da Vida)

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Martin Lloyd-Jones Salvação Vida cristã

A perseverança dos santos (Martin Lloyd-Jones)

A questão final com que nos defrontamos é: que é que impede este ou aquele cristão de cair e perder-se? Se não for o que temos dito aqui, isto é, que somos “chamados segundo o seu propósito” e que, porque é Seu propósito, Ele próprio nos impede de cair, bem, então, que será que nos guarda e nos impede de cair? Consideremos a situação daqueles que acreditam ser possível um cristão regenerado, nascido de novo, ir definitivamente para a perdição, cair e perder a posição de estar “em Cristo”.

O que tais pessoas acreditam é que há dois tipos de cristãos: um deles se manterá seguro à verdade e à fé, e finalmente chegará à glória; o outro não consegue manter-se seguro, por um motivo ou outro, cai, e vai para a perdição. Elas explicam a diferença entre estes dois cristãos asseverando que um teve vontade e desejo de manter-se seguro, e que o outro não teve essa vontade e esse desejo. A diferença é determinada inteiramente pela vontade, pelo desejo e pela determinação pessoal do cristão particular. Sobre esse pressuposto, esta é a única conclusão a que se pode chegar.

Entretanto, se isso fosse verdade, uma decorrência seria que tal pessoa é mais forte que Adão antes da Queda. Adão era perfeito e estava sem pecado. Tinha livre-arbítrio completo, mas escolheu deliberadamente dar ouvidos ao diabo, e por isso caiu e causou as consequências que bem conhecemos, nele e em sua progênie. Disso decorre que aquele que por seu próprio esforço conseguisse manter-se na fé teria vontade e determinação mais fortes do que as que Adão tinha. Pode-se, porém, replicar: “O cristão está em melhores condições do que Adão; ele recebeu vida divina de Cristo e, portanto, tem algo superior ao que Adão tinha. Ele recebeu em seu ser nova vida de Deus, e é isso que o capacita a permanecer firme de um modo que Adão era incapaz de o fazer”. Mas esse argumento não nos ajuda nada, pois todos os cristãos, por definição, receberam essa mesmíssima nova vida. Por conseguinte, isso não explica a diferença. A causa da diferença não pode ser a nova vida recebida, porque ambos os grupos a possuem. Somos induzidos à inevitável conclusão de que, em última análise, o que mantém o cristão em sua fidelidade ao Senhor não é nada mais nada menos que o poder da vontade e determinação do próprio homem. É uma qualidade natural e, portanto, a sua conclusão final é que não é a regeneração que determina a salvação final; é uma força natural de vontade e de entendimento, um poder inerente ao homem. Quer dizer, você é induzido a uma conclusão que está em completa contradição com a doutrina da graça. O homem não é finalmente salvo devido à ação de Deus pela qual Ele lhe dá nova vida e o regenera. O fator determinante é a capacidade pessoal do homem de persistir apegado à fé; alguns a têm, outros não. É uma qualidade natural e, assim, é uma final contradição de todo o ensino bíblico concernente à salvação, e especialmente da regeneração. Essa é a conclusão à qual você será levado inevitavelmente, se rejeitar esta doutrina da perseverança final dos santos, que se baseia no propósito de Deus […]

Se a doutrina da perseverança não fosse verdadeira, então, se acaso você se visse na glória, a glória teria que vir a você por ter-se empenhado em permanecer firme e seguro. Você, como muitos outros, receberam a mesma dádiva da salvação; os outros, tolamente, não se agarram a ela, mas você se agarrou e continua assim. Portanto, a glória vem a você por seu empenho em segurar-se à benção da salvação. Entretanto isso é uma completa contradição do ensino das Escrituras, de capa a capa. Não há quem possa gabar-se quanto a esta questão. “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. O homem não tem coisa alguma de que se gabar. E quando eu e vocês chegarmos ao céu, perceberemos plenamente que lá estamos, não porque nos seguramos firmemente quando outros desistiram, e sim porque Ele nos segurou, porque estamos no propósito de Deus e porque Ele nos guardou, apesar de nós mesmos, da nossa fraqueza e da nossa tendência de seguir os nossos caprichos pessoais. E daremos a Ele todo o louvor, toda a honra e toda a glória. Veremos que esse foi o Seu glorioso plano do princípio ao fim, e adoraremos o Cordeiro, o Filho de Deus, que realizou tudo isso. A Ele cabe toda a glória. A salvação é um feito inteiramente Seu, e o louvor e a glória são devidos a Ele, e somente a Ele.

(Extraído do livro A Perseverança Final dos Santos)

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O grande deus entretenimento (A. W. Tozer)

Há muitos anos um filósofo alemão disse alguma coisa no sentido de que, quanto mais um homem tem no coração, menos precisará de fora; a excessiva necessidade de apoio externo é prova de falência do homem interior.

Se isto é verdade (e eu creio que é), então o desordenado apego atual a toda forma de entretenimento é prova de que a vida interior do homem moderno está em sério declínio. O homem comum não tem nenhum núcleo central de segurança moral, nenhum manancial no seu peito, nenhuma força interior para colocá-lo acima da necessidade de repetidas injeções psicológicas para dar-lhe coragem para continuar vivendo. Tornou-se um parasita no mundo, extraindo vida do seu ambiente, incapaz de viver um só dia sem o estímulo que a sociedade lhe fornece.

Schleiermacher afirmava que o sentimento de dependência está na raiz de todo culto religioso, e que por mais alto que a vida espiritual possa subir, sempre tem que começar com um profundo senso de uma grande necessidade que somente Deus poderia satisfazer. Se esse senso de necessidade e um sentimento de dependência estão na raiz da religião natural, não é difícil ver porque o grande deus entretenimento é tão cultuado por tanta gente. Pois há milhões que não podem viver sem diversão. A vida para eles é simplesmente intolerável. Buscam ansiosos o alívio dado por entretenimentos profissionais e outras formas de narcóticos psicológicos como um viciado em drogas busca a sua injeção diária de heroína. Sem essas coisas eles não poderiam reunir coragem para encarar a existência.

Ninguém que seja dotado de sentimentos humanos normais fará objeção aos prazeres simples da vida, nem às formas inofensivas de entretenimentos que podem ajudar a relaxar os nervos e revigorar a mente exausta de fadiga. Essas coisas, se usadas com discrição, podem ser uma benção ao longo do caminho. Isso é uma coisa. A exagerada dedicação ao entretenimento como atividade da maior importância para a qual e pela qual os homens vivem, é definitivamente outra coisa, muito diferente.

O abuso numa coisa inofensiva é a essência do pecado. O incremento do aspecto das diversões da vida humana em tão fantásticas proporções é um mau presságio, uma ameaça às almas dos homens modernos. Estruturou-se, chegando a construir um empreendimento comercial multimilionário com maior poder sobre as mentes humanas e sobre o caráter humano do que qualquer outra influência educacional na terra. E o que é ominoso é que o seu poder é quase exclusivamente mau, deteriorando a vida interior, expelindo os pensamentos de alcance eterno que encheriam a alma dos homens, se tão-somente fossem dignos de abrigá-los. E a coisa toda desenvolveu-se dando numa verdadeira religião que retém os seus devotos com estranho fascínio, e, incidentalmente, uma religião contra a qual agora é perigoso falar.

Por séculos a igreja se manteve solidária contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o pelo que era – um meio para desperdiçar o tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um esquema para desviar a atenção da responsabilidade moral. Por isso ela própria sofreu rotundos abusos dos filhos deste mundo. Mas ultimamente ela se cansou dos abusos e parou de lutar. Parece Ter decidido que, se ela não consegue vencer o grande deus entretenimento, pode muito bem juntar suas forças às dele e fazer o uso que puder dos poderes dele. Assim, hoje temos o espantoso espetáculo de milhões de dólares derramado sobre o trabalho profano de providenciar entretenimento terreno para os filhos do Céu, assim chamados. Em muitos lugares, o entretenimento religioso está eliminando rapidamente as coisas sérias de Deus. Muitas igrejas nestes dias têm-se transformado em pouco mais do que pobres teatros onde “produtores” de quinta classe mascateiam as suas mercadorias falsificadas com total aprovação de líderes evangélicos conservadores que podem até citar um texto sagrado em defesa de sua delinqüência. E raramente alguém ousa levantar a voz contra isso.

O grande deus entretenimento diverte os seus devotos principalmente lhes contando estórias. O gosto por estórias, característicos da meninice, depressa tomou conta das mentes dos santos retardados dos nossos dias, tanto que não poucas pessoas, pelejam para construir um confortável modo de vida contando lorotas, servido-as com vários disfarces ao povo da igreja. O que é natural e bonito numa criança pode ser chocante quando persiste no adulto, e mais chocante quando aparece no santuário e procura passar por religião verdadeira.

Não é uma coisa esquisita e um espanto que, com a sombra da destruição atômica pendendo sobre o mundo e com a vinda de Cristo estando próxima, os seguidores professos do Senhor se entreguem a divertimentos religiosos? Que numa hora em que há tão desesperada necessidade de santos amadurecidos, numerosos crentes voltem para a criancice espiritual e clamem por brinquedos religiosos?

“Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio. … Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós porque pecamos! Por isso caiu doente o nosso coração; por isso se escureceram os nossos olhos.” Amém. Amém.

(O Melhor de A. W. Tozer, Editora Mundo Cristão)

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Oração

Fale a Deus tudo o que vai em seu coração, como quem descarrega para um amigo todas as suas alegrias e dores. Conte-Lhe seus problemas, para que Ele possa confortá-lo; fale-Lhe de suas alegrias, para que Ele possa moderá-las; conte-Lhe seus anseios, para que Ele possa purificá-los; fale de suas antipatias, para que Ele o ajude a superá-las; fale de suas tentações, para que Ele possa protegê-lo delas; mostre-Lhe as feridas de seu coragao, para que Ele possa sará-las; exponha-Lhe sua indiferença para com o bem, sua inclinação para o mal, sua instabilidade. Conte-Lhe como o amor por si mesmo torna-o injusto com os outros, como a vaidade o tenta a ser insincero, e como o orgulho mascara o que você é realmente para si mesmo e para os outros.
Se voce derramar dessa maneira, perante Ele, todas as suas fraquezas, necessidades e problemas, não haverá falta de assunto para a conversa. Você nunca conseguirá esgotar o assunto, pois ele está sempre se renovando. As pessoas que não têm segredos umas para as outras nunca ficam sem ter o que conversar. E elas não medem suas palavras, pois não há nada para ser guardado consigo; nem precisam estar a procurar coisas para dizer. Elas falam do que está cheio o coração; sem parar para ponderar, elas dizem o que pensam. Felizes são aqueles que conseguem atingir esse grau de familiaridade e de profundidade em sua comunhao com Deus.

(François Fénelon)

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O fluir do Espírito (Watchman Nee)

Se seguirmos o mover de Deus ao longo da história da humanidade, notaremos o fluir da atividade divina passando de uma geração a outra, e em nossa geração, podemos vê-la fluindo ainda de forma ininterrupta, avançando firmemente..

Faz já algum tempo, senti-me profundamente comovido ao meditar a respeito de alguns dos escritos de Wesley. Por meio deste Seu servo, Deus fez algo tão poderoso que, possivelmente, os alcances de seu esforço não possam ser superados hoje em dia, não obstante ser inegável que Deus continua a mover-se desde a época de Wesley. A corrente do Espírito avança constantemente. A corrente espiritual é uma corrente que segue crescendo.

Nisso há um princípio que é necessário termos em conta: todo aquele que em seu dia e geração responde plenamente às exigências de Deus será levado adiante pela corrente do propósito divino. Se, entretanto, aferrar-se ao passado, querendo que Deus trabalhe como fez outrora, anelando que se repita algo que, a seu próprio juízo, é de muita importância devido ao seu valor espiritual, encontrar-se-á deixado de lado pela corrente principal do mover divino. Ser um Lutero no século 16 foi de muita importância, porém ser um Lutero no século 20 não seria suficiente. Ser um Wesley no século 18 foi de grande valor para o Senhor, porém não o seria no século 20. Cada instrumento levantado por Deus cumpre uma função determinada, e a contribuição que cada um faz à Igreja é adequada estritamente há essa hora, porém não servirá para edificar a Igreja numa etapa posterior de seu desenvolvimento.

É de lamentar que muitos fracassam ao não reconhecer o avanço da corrente viva do rio através da história da igreja. Nós, que vivemos hoje, herdamos uma imensa riqueza por intermédio dos santos que já fizeram sua contribuição à Igreja.. Nunca poderemos superestimar a grandiosidade de nossa herança nem ser suficientemente agradecidos a Deus por ela; porém, se hoje anelamos ser um Lutero ou um Wesley, seremos nada mais e nada menos que um fracasso. Não estaremos enquadrados no propósito de Deus para esta geração, mas retrocederemos, enquanto a corrente do Espírito continuará a mover-se. Toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, mostra uma corrente que avança. O Santo Registro, do princípio até o fim, nos mostra uma revelação progressiva do mover de Deus.

Em certa ocasião, um irmão me interrogou sobre a importância da Epístola aos Hebreus. Perguntei-lhe se havia notado alguma diferença significativa entre esse livro e o de Atos. Neste último, a natureza progressiva da atividade divina se percebe claramente, porém a revelação por meio da Epístola aos Hebreus assinala um marcado progresso no tocante à revelação do propósito divino. O avanço espiritual que se observa em Atos é óbvio e a forma de avanço do Espírito segue o programa claramente delineado no primeiro capítulo: “Em Jerusalém, em toda Judéia, em Samaria, e até os confins da terra. Da Judéia, a corrente fluiu para Samaria; porém, ao chegar a esse lugar não estancou ali, mas seguiu seu curso para Roma, porquanto estava destinada a alcançar até os confins da terra.

Ainda que possamos notar o constante avanço do propósito divino em todo o livro de Atos, na sua conclusão encontramos que o conceito do que é ser um cristão ainda não se havia esclarecido totalmente. Entretanto, ao ler a carta aos hebreus, notamos que o cristão saiu de um período de transição e sua personalidade integrou-se totalmente. Em Atos, ele é tanto judeu como cristão. Junto com outros cristãos, congrega-se fora do templo para ter comunhão com eles, porém ainda continua visitando o templo. Entretanto, quando chegamos à Epístola aos Hebreus, encontramos o que já não é judeu e cristão, mas é simplesmente cristão. E já não se encontra seus camaradas cristãos algumas vezes dentro do templo e outras, fora. O que eles podiam fazer quando o Espírito havia sido recentemente derramado em Jerusalém não pode fazer agora que a corrente do Espírito continua fluindo para os confins da terra. Em Hebreus, encontramos os que já deixaram para trás o templo pelo “verdadeiro tabernáculo que o Senhor levantou, e não o homem”, e que puseram de lado os muitos sacrifícios, porquanto, com “uma só oferta”, o crente foi declarado “perfeito para sempre”.

Em Atos, lemos que Paulo foi ao templo para cumprir um voto. Não nos apressemos a pensar que cometeu um erro. Não nos arrisquemos a aplicar o veredito final de Deus sobre Seus santos em cada época, porque o mover de Deus para a meta final é progressivo. O que se requer, tanto de você como de mim hoje em dia, não é que alcancemos o definitivo, mas que nossa estatura corresponda ao nível adquirido pelo desenvolvimento do propósito divino na presente época. Você e eu devemos achar-nos no ponto ao qual chegou a corrente do Espírito hoje, não no ponto que havia chegado em algum momento do passado nem no que alcançará no futuro. Não era errado que Paulo se purificasse no templo segundo a velha aliança, porém aquilo que era correto naquele momento já não o seria mais adiante. Portanto, o escritor aos hebreus explica que a realização do propósito de Deus ao estabelecer a nova aliança envolvia a total abolição da velha ordem, à qual os crentes judeus se aferravam tão tenazmente. Uma vez que a velha aliança cumpriu o propósito de Deus, teve de dar lugar à nova.

O livro de Atos é progressivo do princípio ao fim, e quando o relato se encerra, no capítulo 28, o Espírito não deixa de se mover; a corrente segue através das sucessivas gerações, enquanto Deus continua levantando instrumentos que contribuam concretamente, de acordo com a necessidade resultante do nível que o Espírito tenha alcançado em Seu poderoso fluir para adiante.

No Antigo Testamento, observamos que onde repousava a boa vontade de Deus não havia esterilidade. Deus se havia proposto ter uma “linhagem” e, portanto, em nenhuma geração permitiu que a linha genealógica se interrompesse, uma vez que, para obter seu propósito, necessitava da perpetuação dessa semente. É por isso que dependemos de nossos antepassados espirituais. Porém, não somente é necessário que aceitemos a herança que nos vêm deles, mas temos a solene responsabilidade de transmiti-la a outros. A pergunta que devemos fazer-nos não é: “Fluirá a corrente do Espírito nesta geração?”, mas: “Estaremos, tanto você como eu, envolvidos nessa corrente?”. Se fracassamos em cumprir com as exigências do propósito divino para o tempo presente, Ele encontrará outros que satisfaçam essa necessidade. Onde está o selo do Espírito hoje em dia? Onde está a autoridade espiritual hoje em dia? Está em nós ou não? Somente com a autoridade do Espírito, encontrar-nos-emos na corrente que flui para adiante.

Ao dar uma olhadela para a história secular e para a história da Igreja, observamos os caminhos de Deus à medida que Ele trabalha de acordo com Seu propósito. Fez surgir Lutero quando necessitou um Lutero, e ainda que Lutero tivesse suas debilidades, foi o instrumento adequado à necessidade divina daquele tempo. Muito devemos a Lutero, graças a Deus, visto que somos o fruto de seu trabalho. Ele, em seu dia, ofereceu à corrente do Espírito que avançava um caminho livre para que ela seguisse seu curso, e nós, que fomos alcançados por essa mesma corrente, temos o privilégio de oferecer-nos a ela para que avance um pouco mais em seu curso. Nossa maior glória deve ser: Ele abrir caminho para Si por meio de nossa vida. De outra maneira, Ele se voltará para outra direção, e, para nós, isso representará uma perda trágica. A corrente espiritual pode fluir nessa direção na atualidade, porém não podemos predizer para onde fluirá daqui a dez anos. Aceitemos o fato. Cada dia o Espírito passa por alto sobre este e usa aquele. Se hoje Lhe oferecemos resistência, quem sabe Ele terá de abrir caminho para Si em outra parte? Que pensamento tão solene!

Desde a era das trevas, quando a luz que iluminava a Igreja primitiva se havia apagado em grande parte, o Espírito Santo tem estado ativo, resgatando, por meio de uns e outros, a verdade perdida, de maneira que agora toda a verdade foi recuperada para a Igreja.. Faz mais de um século, a necessidade de um ministério compartilhado entre vários chamou a atenção dos santos, e em épocas mais recentes essa verdade tem sido ressaltada profusamente, ainda que tenha havido uma lamentável falta de desenvolvimento prático, pelo menos no que conhecemos. A recuperação da doutrina relativa ao ministério coletivo é uma coisa, a realidade deste ministério expressa pela vida da igreja é outra. Tendo em conta que é nosso privilégio sermos herdeiros de uma riqueza tão imensa, que vem sendo restaurada ao longo dos séculos, nós que vivemos no século 20 devemos assumir a responsabilidade a que nos desafia tão extraordinário legado. Toda essa riqueza foi posta a nossa disposição, não meramente para nosso enriquecimento, mas para o avanço do evangelho. Nossa herança de todo o conjunto das verdades nos desafia a um ministério coletivo que envolva cada aspecto da verdade.

Quando se houver alcançado um ministério cooperativo que abarque a todo o povo de Deus, cremos que se haverá dado as condições para o retorno do Senhor. Não é somente a proclamação de toda a verdade o que se necessita hoje em dia, mas, sim, a liberação da realidade espiritual que expressa tal verdade, a qual somente pode realizar-se à medida que nós permitimos que a poderosa e progressiva corrente do Espírito nos carregue.
(Traduzido por Gérson C. Lima do livro La Corriente del Espiritu, publicado pela Ediciones Hébron, Argentina)

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Cruz Vida cristã Watchman Nee

A cruz: a base do ministério de vida

A segunda Carta aos Coríntios é, acima de tudo, um livro de sofrimento. Ali vemos o servo de Deus, Seu vaso escolhido, passando por terríveis provas de fogo e sofrendo como, talvez, nenhum outro apóstolo ou servo do Senhor jamais tenha experimentado. O sofrimento está gravado no livro todo: sofrimento físico, mental e espiritual; alguns foram passageiros e outros, permanentes. Mas ele mostra o motivo para esses sofrimentos ao dizer: “Levando sempre no corpo o morre de Jesus, para que também Sua vida se manifeste em nosso corpo” (4.10). Essa é a base de todo ministério em vida. É preciso haver sofrimento e dor; é preciso haver a cruz, se a vida de Cristo tiver de ser manifestada. “De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida”.

Sempre que houver um afastamento da cruz, uma fuga do Calvário, uma recusa do caminho da dor e do sofrimento, uma indisposição para pagar o preço e sofrer dor e perda, então, haverá pobreza, morte, superficialidade e vazio que nada nos dará para ministrarmos aos filhos de Deus. “Que a morte nunca cesse de operar em mim, para que a vida também nunca cesse de fluir para os outros.”[1]

Qual é a explicação para a superficialidade e pobreza tão marcantes no ministério nestes dias? É porque os ministros mesmos experimentaram muito pouco. Eles deram um jeito de escapar da cruz sempre que Deus a ofereceu ou designou a eles. Sempre existe um meio de escape, outro caminho cujo preço não seja tão alto, um caminho inferior e não o caminho da cruz. Quão raros e poucos são os realmente ricos espiritualmente. E por quê? Porque seus sofrimentos não foram abundantes.

Os arranjos de Deus são perfeitos. Ele sabe que tipo de sofrimento cada um precisa: se é físico, material, mental ou espiritual. Quando Deus em Sua sabedoria os faz chegar a nós, porque vê que precisamos deles, regozijemo-nos e procuremos ver o Senhor neles. Vamos aceitá-los com alegria, reconhecendo que somos totalmente fracos e incapacitados para eles, mas que Ele é graciosamente capaz. Ele realmente é, e, na circunstância, nós O encontramos em Sua plenitude e suficiência. Conhecemos a Deus de forma real porque O encontramos fazendo em nós e por nós o que não podemos fazer. Assim somos capacitados a ministrá-Lo em vida aos outros, a edificar o Corpo, a espalhar vida – Sua vida – onde quer que formos. Sempre que a morte estiver realmente operando em nós, então, e só então, é que a vida pode verdadeiramente fluir para os outros.

O Quebrantamento Produz o Ministério

Isaque representa aquele que tinha tudo por meio dos dons. Observe que tudo o que recebeu veio do seu pai. Era algo objetivo para ele, algo fora dele. Até mesmo quando Isaque abençoou os filhos, ele ficou bastante confuso, pois estava quase cego e confundiu os rapazes. Não foi assim com Jacó, pois este havia sido quebrado e realmente foi espatifado pelo Senhor; e o Espírito de Deus trabalhou interiormente a própria vida de Deus nele, até que ele disse: “A Tua salvação espero, ó Senhor!” (Gn 49.18). Quando abençoou seus filhos, ou melhor, os filhos de José, Jacó sabia exatamente o que estava fazendo. Ele o fez com inteligência. Ele disse: “Eu sei meu filho, eu o sei” (Gn 48.19). Jacó tinha luz, Jacó tinha revelação, porque havia sido quebrado.

Muitos perguntam: “Por que muitos servos bastante usados por Deus falham ou terminam sendo colocados de lado, isto é, não são mais usados por Ele? Quem pode dizer que Deus já os havia usado? e se Ele usou, foi apenas concedendo dons. Deus, em Seu direito soberano, escolheu alguém para lhe conceder um dom temporário, para ser usado por Ele durante algum tempo, porque o homem não era interiormente digno de qualquer outro ministério.

“Temos porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Co 4.7). O Senhor nos conduz através de provas de fogo, as quais não poderíamos suportar nem por elas passar, situações em que não seríamos vitoriosos e nas quais seríamos terminados; todavia, é exatamente aí que descobrimos que aquilo que é precioso em nosso interior funciona. Por causa daquilo que é precioso dentro do vaso, por causa da vida de Cristo no interior de nós seguimos até o fim. Somos vitoriosos onde não poderíamos ser. Levamos no corpo o morrer de Jesus e, consequentemente, a vida de Jesus se torna manifesta.

Você só pode ajudar as pessoas na proporção em que você mesmo tenha sofrido. Quando maior o preço pago, mais você pode ajudar os outros; quanto menor o preço, menos você pode ajudar os outros. À medida em que você passa por provas de fogo, teste, aflições, perseguições e conflitos, e à medida em que você permite ao Espírito Santo operar o morrer de Jesus em você, a vida, a vida de Cristo, fluirá para os outros.


[1] Palavras de despedida do irmão Nee, quando seu navio partiu de Xangai para a Inglaterra em 1938 (N.E. em inglês)

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Vida cristã Watchman Nee

O quebrantamento e a disciplina (Watchman Nee)

Para o homem exterior ser quebrantado, é imperativo uma plena consagração. Mesmo assim, devemos entender que este ato de crise por si só, não resolverá a totalidade do nosso problema no serviço. A consagração é meramente uma expressão da nossa disposição para estar nas mãos de Deus, e pode ocorrer em apenas uns poucos minutos. Não pense que Deus pode acabar Seus tratos conosco neste tempo tão curto. Embora estejamos dispostos a oferecer-nos completamente a Deus, estamos apenas no começo da estrada espiritual. É como entrar pelo portão. Depois da consagração, deve haver a disciplina do Espírito Santo para nos tornar em vasos dignos para o uso do Mestre. Sem consagração, o Espírito Santo encontra dificuldade em nos disciplinar. Mesmo assim, a consagração não pode servir como substituto da Sua disciplina.

Aqui, pois, há uma distinção vital: nossa consagração somente pode ser de acordo com a medida do nosso discernimento espiritual e da nossa compreensão, mas o Espírito Santo disciplina de acordo com Suas próprias luzes. Realmente não sabemos o quanto a nossa consagração envolve. Nossa luz é tão limitada que, quando nos parece que está no seu auge, aos olhos de Deus é negra como breu. A exigência excede a tudo quanto temos a possibilidade de consagrar – pelo menos, no nosso entendimento limitado. A disciplina do Espírito Santo, por outro lado, nos é medida conforme nossa necessidade vista na própria luz de Deus. Ele conhece nossa necessidade especial e, portanto, pelo Seu Espírito, ordena nossas circunstâncias de tal maneira que leva a efeito o quebramento do homem exterior. Veja até que ponto a disciplina do Espírito Santo transcende nossa consagração.

Visto que o Espírito Santo opera conforme a luz de Deus, Sua disciplina é eficiente e completa. Freqüentemente estranhamos as coisas que nos acontecem, mas, se fôssemos deixados por conta própria, poderíamos enganar-nos com a melhor das nossas escolhas. A disciplina que Ele ordena transcende nosso entendimento. Quão freqüentemente somos apanhados despreparados e concluímos que, decerto, uma coisa tão drástica não é nossa necessidade. Muitas vezes, Sua disciplina desce sobre nós repentinamente, sem recebermos aviso prévio! Talvez insistamos que estamos vivendo “na luz”, mas o Espírito Santo está tratando conosco de acordo com a luz de Deus. A partir do momento em que O recebemos, Ele tem ordenado nossas circunstâncias para nosso proveito de acordo com Seu conhecimento de nós.

A operação do Espírito Santo em nossas vidas tem seu lado positivo bem como negativo – ou seja, há tanto um lado construtivo quanto um destrutivo. Depois de nascermos de novo, o Espírito Santo habita em nós, mas nosso homem exterior mui freqüentemente O priva de Sua liberdade. É como procurar andar com um par de sapatos do tamanho errado. Porque nosso homem exterior e o interior estão em desacordo entre si, Deus tem de empregar quaisquer meios de considera eficaz em demolir qualquer fortaleza sobre a qual nosso homem interior não tem controle algum.

Não é mediante o fornecimento de graça ao homem interior que o homem interior que o Espírito Santo quebranta o exterior. É lógico que Deus quer que o homem interior seja forte, mas Sue método é utilizar meios externos para diminuir nosso homem exterior. Seria quase impossível para o homem interior realizar isto, visto que, os dois são tão diferentes quanto à sua natureza que dificilmente podem causar qualquer ferida um ao outro. A natureza do homem exterior e a das coisas externas são semelhantes. Desta maneira, o primeiro pode ser facilmente afetado por estas últimas. As coisas externas podem ferir os homem exterior muito dolorosamente. É assim que Deus usa coisas externas para tratar do nosso homem exterior.

Você se lembra que a Bíblia diz que dois pardais são vendidos por um asse (Mt 10:29) e que cinco pardais são vendidos por dois asses (Lc. 12:6). O preço certamente é barato, e o quinto pardal é oferecido de graça. Mesmo assim, “nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos da cabeça estão todos contados” (Mt 10:29, 30). Não somente cada cabelo é contado, como também é numerado. Podemos, portanto, ter certeza de que todas as nossas circunstâncias são ordenadas por Deus. Nada é acidental.

A providência de Deus é de acordo com Seu conhecimento das nossas necessidades, e tem em mira o despedaçar do nosso homem exterior. Sabendo que uma certa coisa externa nos afetará assim, Ele dispõe a situação a fim de nos fazer encontrar com ela uma vez, duas vezes, e talvez até mais vezes. Você não percebe que todos os eventos da sua vida durante os últimos cincos anos ou dez anos foram ordenados por Deus para sua educação? Se você murmurou e se queixou, você estava ignorando a disciplina do Espírito Santo. Lembre-se de que tudo quanto nos acontece é medido pela mão de Deus para nosso bem supremo. Embora, provavelmente não seja o que escolheríamos, Deus sabe o que é melhor para nós. Onde estaríamos nós hoje, se Deus não tivesse nos disciplinado assim por meio de ordenar nossas circunstâncias? É exatamente isto que nos conserva puros, andando nos Seus caminhos. Como são estultos aqueles que têm murmurações na sua boca e rebelião no seu coração diante das próprias coisas que o Espírito Santo lhe distribuiu sob medida para seu próprio bem.

Tão logo somos salvos, o Espírito Santo começa a distribuir disciplina; mas não pode agir livremente até que nossa consagração seja completa. Depois da pessoa ser salva mas ainda não consagrada, e enquanto ainda ama a si mesma mais do que a Deus, o Espírito Santo, mesmo assim, está operando para trazê-la sob controle e quebrantar seu homem exterior, afim de que, Ele possa operar sem impedimento.

Finalmente, vem um momento em que você percebe que não pode viver por si só e para si mesmo. Na luz vaga que você possui, você vem para Deus e diz: “Consagro-me a Ti. Quer venha a vida, quer venha a morte, entrego-me nas Tuas mãos” Isto fortalecerá a obra do Espírito Santo na sua vida. Nisto acha-se a importância da consagração: deixa o Espírito Santo operar sem restrição. Não ache estranho, portanto, quando muitas coisas inesperadas lhe acontecem depois da sua consagração.

Você disse ao Senhor: “Senhor! Faz o que achas melhor na minha vida.” Agora, depois de você ter-se colocado assim incondicionalmente nas Suas mãos, o Espírito Santo pode operar livremente em você. Para resolver de todo o coração que seguirá ao Senhor, você deve prestar bastante atenção à obra disciplinar do Espírito Santo.
O Maior Meio de Graça
Deus tem outorgado Sua graça a nós desde o dia em que fomos salvos. As maneiras pelas quais podemos receber graça da parte de Deus são chamadas os “meios de graça.” A oração e o escutar uma mensagem são dois exemplos, porque através destes meios, podemos aproximar-nos de Deus e receber graça. Este termo descritivo: “os meios de graça,” tem sido universalmente aceitos pela Igreja no decurso dos séculos. Recebemos graça através das reuniões, das mensagens, das orações, e assim por diante. Mas decerto o maior meio de graça que não podemos nos dar ao luxo de negligenciar, é disciplina do Espírito Santo. Nada pode ser comparado com este meio de graça – nem as mensagens, nem a meditação nem o louvor. Entre todos os meios de graça dados por Deus, parece que este é o mais importante.

Seguir a história deste meio de graça pode mostrar-nos quão longe já andamos com o Senhor. O que experimentamos diariamente, no lar ou na escola ou na fábrica ou na estrada, é ordenado pelo Espírito Santo para nosso máximo benefício. Se não tiramos proveito deste maior meio de graça, sofremos uma perda terrível. Nenhum dos outros meios pode substituí-lo, por mais preciosos que sejam. As mensagens nos alimentam, a oração nos restaura, a Palavra de Deus nos refrigera, e ajudar aos outros libera nosso espírito. Mas se nosso homem exterior permanecer forte, damos a todos aqueles que entram em contato conosco, a impressão de sermos mistos e impuros. As pessoas reconhecerão nosso zelo mas também nossos motivos mistos, nosso amor para com o Senhor, mas também nosso amor para conosco. Sentem que somos um irmão precioso, porém difícil, pois nosso homem exterior não foi quebrantado. Não nos esqueçamos que embora sejamos edificados através de mensagens, da oração, e da Bíblia, o maior meio de edificação é a disciplina do Espírito Santo.

A partir de então deve haver, da nossa parte, uma consagração completa de modo que devemos submeter-nos àquilo que o Espírito Santo ordena. Semelhante submissão traz bênçãos para nós. Se ao invés disto, disputamos com Deus e seguimos nossas próprias inclinações, perdermos o caminho da Sua bênção. Uma vez que reconhecemos que todas as providências de Deus são para nosso máximo proveito – até mesmo coisas que nos são desagradáveis – e estamos dispostos a aceitar estas coisas como medidas disciplinares da parte d’Ele, veremos como o Espírito Santo fará uso de todas estas coisas ao lidar conosco.

Tratamentos de Vários Tipos

Sejam quais forem as coisas ás quais você está ligado, Deus tratará delas uma após a outra. Nem sequer trivialidades tais como as vestes, o comer e o beber podem escapar à mão cuidadosa do Espírito Santo. Ele não negligenciará uma só área na sua vida. Você pode até mesmo ignorar sua afinidade por uma certa coisa, mas Ele sabe, e tratará dela de modo muitíssimo eficiente. Até que venha o dia em que todas estas coisas são destruídas, você não conhece a liberdade perfeita. Nestes tratamentos, você pode finalmente reconhecer a eficiência do Espírito Santo. Coisas há muito esquecidas, são trazidas à mente pelo Senhor. As obras de Deus são perfeitas, e nada menos do que a perfeição pode satisfazer a Ele. Deus não pode parar no meio do caminho. Às vezes, tratará com você através d’outras pessoas, planejando para você ficar junto com uma pessoa com quem está zangado, ou a quem despreza, ou de quem tem ciúmes; ou, muito freqüentemente, é através daqueles que você ama. Antes disto, você não sabia quão impuro e misturado você era, mas depois você reconhece quanto “lixo” havia em você. Você pensava que era totalmente do Senhor, mas, depois de receber a disciplina do Espírito Santo, começa a reconhecer os efeitos de longo alcance que as coisas externas tinham sobre você.

Além disto, a mão de Deus pode tocar na vida dos nossos pensamentos. Descobrimos que nossos pensamentos são confusos, independentes, descontrolados. Fingimos ter mais sabedoria do que outros. É então que o Senhor nos deixa colidir com um muro ou espatifar-nos até o pó – tudo para nos mostrar que não devemos ter a ousadia de usar nossos pensamentos desordenadamente. Uma vez que tenhamos sido iluminados nisto, temeremos nossos próprios pensamentos como o fogo. Da maneira como se recolhe a mão imediatamente diante a chama, assim nós também nos recolheremos instantaneamente quando encontramos nossos pensamentos descontrolados. Lembraremos a nós mesmos: “Não é assim que devo pensar; estou com medo de seguir meus próprios pensamentos.”

Além disto, Deus assim disporá nossas circunstâncias de modo que possa lidar com nossas emoções. Algumas pessoas são extremamente emotivas. Quando estão jubilosas, não podem se conter; quando estão deprimidas, não podem ser consoladas. A totalidade da vida delas gira em torno das suas emoções, e seu júbilo resulta em dissipação, e sua depressão em inatividade. Como Deus retifica esta situação? Coloca-as em situações em que não ousam ser demasiadamente felizes quando estiverem jubilosas, nem demasiadamente tristes quando estiverem deprimidas. Somente podem depender da graça de Deus e viver pela Sua misericórdia, não pelas suas emoções instáveis.

Embora sejam bem comuns as dificuldades com os pensamentos e emoções, a dificuldade maior e mais prevalecente é com a vontade. Nossas emoções são desregradas por nossa vontade não foi tratada. A raiz está em nossa vontade. A mesma coisa diz respeito a nossos pensamentos. Talvez posamos pronunciar com a boca as palavras: “Não se faça a minha vontade, e, sim, a tua,” mas quantas vezes realmente deixamos o Senhor assumir o controle quando as coisas acontecem? Quanto menos você conhece a si mesmo, tanto mais facilmente pronuncia tais palavras. Quanto menos iluminado você está, tanto mais fácil a submissão a Deus parece ser. Aquele que fala com facilidade barata comprovou que nunca pagou o preço.

Somente quando somos tratados por Deus é que realmente vemos quão endurecidos somos e quão dispostos a termos nossa própria opinião. Deus precisa tratar conosco para tornar nossa vontade terna e dócil. Pessoas resolutas estão convictas de que seus sentimentos, modos e julgamentos sempre estão certos. Considere como Paulo recebeu esta graça registrada em Filipenses: “Não confiamos na carne” (3:3). Nós, também, devemos ser levados por Deus a uma situação em que não ousamos confiar em nosso próprio julgamento. Deus permitirá que cometamos engano após engano até compreendermos que este será nosso padrão para o futuro, também. Realmente precisamos da graça do Senhor. Freqüentemente o Senhor permite que ceifemos conseqüências sérias dos nossos julgamentos.

Finalmente, você ficará tão aflito com seus fracassos que dirá: “Temo meus próprios julgamentos assim como temo o fogo do inferno. Senhor, tendo a cometer enganos. A não ser que Tu sejas misericordioso comigo, a não ser que Tu me apóies, a não ser que Tu me detenhas com Tua mão, errarei mais uma vez”. Este é o começo da destruição do homem exterior: quando você já não ousa confiar em si mesmo. Suas opiniões usualmente lhe vêm facilmente até que tenha sido tratado por Deus repetidas vezes e tenha sofrido muitos fracassos. Então, você se rende e diz: “Deus, não ouso pensar, não ouso decidir.” Esta é a disciplina do Espírito Santo: quando todos os tipos de coisas e todos os tipos de pessoas estão fazendo pressões de todas a direções.

Não pense que haverá qualquer relaxamento desta lição! Muitas vezes, o fornecimento da palavra de Deus pode estar em falta, ou outro meio de graça pode ser insuficiente, mas este meio de graça especial – a disciplina do Espírito Santo – sempre está conosco. Você pode dizer que não tem oportunidade de escutar a Sua palavra e ser suprido por ela mas isto nunca acontecerá no caso da disciplina do Espírito Santo. Dia após dia, Ele está planejando amplas oportunidades para você aprender.

Uma vez que você se rende a Deus, esta disciplina satisfará sua necessidade muito mais do que o fornecimento da Sua palavra. Não é apenas para os cultos, os habilidosos, os dotados; não, é o caminho para todo filho de Deus. O fornecimento da palavra de Deus, o poder da oração, a comunhão dos crentes – nenhuma destas coisas pode substituir a disciplina do Espírito Santo. È porque você precisa não somente ser edificado; precisa também ser quebrantado, de ser livrado de todas as numerosas coisas na sua vida que não podem ser levadas para a eternidade.

A Cruz em Operação

A cruz é mais do que uma doutrina; deve ser posta em prática. Não pense que o caminho para a humildade é lembrando-nos constantemente que não devemos ser orgulhosos. Devemos ser feridos uma vez após outra – ainda que chegue a vinte vezes – até que nos rendamos e já não somos orgulhosos. Nunca suponhamos que isto se realiza meramente por meio de seguir o ensino de um determinado irmão. Não, é porque nosso orgulho tem sido quebrado através do tratamento por Deus.

Mediante a operação da cruz, aprenderemos a depender da graça de Deus, não da nossa memória. Quer lembremos, quer não, permanece o fato de que Ele está realizando uma obra que é fidedigna e duradoura. Anteriormente, o homem exterior e o interior não podiam ficar de mãos dadas; mas agora o homem exterior espera meigamente, com temor e tremor diante de Deus.

Cada um de nós tem necessidade desta disciplina da parte do Senhor. Ao passarmos em revista a história do nosso passado, não podemos deixar de ver a mão de Deus lidando com a independência, o orgulho, e o egoísmo do nosso homem exterior. Descobrimos o significado das coisas que nos aconteceram.

A Liberação do Espírito, Watchman Nee

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