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Regeneração – o novo nascimento

Há duas coisas que são absolutamente essenciais para poder receber a salvação: a libertação da culpa e do castigo do pecado e a libertação do poder e da presença do pecado. Um se efetua na obra de reconciliação de Cristo, e o outro se realiza nas operações efetuadas do Espírito Santo. Um é o bendito resultado do que o Senhor Jesus fez para o povo de Deus, e o outro é a conseqüência gloriosa do que o Espírito Santo fez no povo de Deus. Um ocorre quando, depois de haver nascido como mendigo destituído, a fé toma posse de Cristo e, então, Deus o justifica de todas as coisas, e o pecador crente, receoso e penitente, recebe o perdão completo e gratuito. O outro sucede paulatinamente em diferentes etapas sob a divina bênção da regeneração, da santificação e da glorificação. Na regeneração, o pecado recebe sua ferida mortal ainda que não morra totalmente. Na santificação, mostra-se na alma regenerada a cova de corrupção que mora dentro dele e que lhe ensina a desprezar e odiar a si mesmo. Na glorificação, a alma e o corpo são libertados para sempre de todo vestígio e efeito do pecado.

A regeneração é absolutamente necessária para que uma alma entre no céu. Para poder amar as coisas espirituais, um homem tem de ser transformado espiritualmente. “E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2Ts 2.10). O homem natural pode ouvir estas coisas, porém não pode amá-las nem achar alegria nelas. Ninguém pode morar com Deus e estar feliz para sempre em Sua presença até que se tenha feito uma mudança radical nessa pessoa para realizar uma transformação do pecado à santidade; e essa mudança tem de se realizar aqui mesmo na terra.

Como alguém pode entrar no mundo de santidade inefável depois de haver passado toda sua vida em pecado (agradando-se dele)? Como poderá cantar o cântico do Cordeiro (Ap 15.3) se o coração não está sintonizado nele? Como poderá contemplar a grande majestade de Deus face a face se nem sequer houvera visto “pelo espelho na escuridão” com os olhos da fé? Tal como dóem os olhos de alguém quando sai a luz do sol do meio-dia depois de estar na escuridão, assim também será quando os inconversos contemplarem Aquele que é a luz. Em vez de querer tal visão, “todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (1.7). Sim, tão aterradora será sua angústia que clamarão aos montes e as rochas: “Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto Daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro” (6.16). Meu querido leitor, essa será sua experiência a menos que Deus regenere você.

O que ocorre na regeneração é o contrário do que ocorreu na queda. A pessoa que nasce de novo é restaurada a uma união e comunhão com Deus por meio de Cristo e a operação do Espírito Santo: o que estava morto espiritualmente antes agora está vivo espiritualmente (Jo 5.24). Tal como a morte espiritual veio pela entrada de um princípio mau no ser do homem, da mesma maneira se introduz um princípio bom na vida espiritual. Deus lhe comunica um princípio novo, tão real e tão potente como é o pecado. Agora lhe é dada a graça divina, e uma disposição santa se desenvolve em sua alma. Dá-se lhe um espírito diferente ao homem interior. Porém não se criam novas faculdades dentro dele, mas, melhor que isso, se enriquecem suas faculdades originais, e essas adquirem nobreza e poder.

Uma pessoa regenerada é uma nova criatura (2Co 5.17). Meu caro leitor, isso se aplica a sua vida? Que cada um de nós se examine na presença de Deus a respeito destas perguntas! Como está meu coração a respeito do pecado? Existe uma humilhação profunda e uma tristeza segundo Deus, agora que me consagrei? Existe de modo genuíno ódio contra o pecado? Tenho uma consciência imatura para que me perturbem essas coisas que o mundo denomina “pequenas”? Sinto-me humilde quando estou consciente do surgimento do orgulho e da minha vontade própria? Aborreço as minhas corrupções internas? Estão os meus desejos mortos para o mundo e vivos para Deus? Em que medito em meu tempo livre? Parecem-me os exercícios espirituais tempos de alegria e prazer ou incômodos como uma pesada carga? Posso dizer: “Quão doces são ao meu paladar as Tuas palavras! Mais do que o mel na minha boca (Sl 119.103)”? É a comunhão com Deus meu maior gozo? É a glória de Deus mais preciosa para mim do que tudo o que o mundo me oferece?

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Amor a Deus Bíblia Charles Spurgeon Citações Consolo Corrie Ten Boom Cristo Cruz Deus Encorajamento Gotas de orvalho Jessie Penn-Lewis Octavius Winslow Richard Sibbes Santidade Sofrimento Vida cristã

Gotas de orvalho (55)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Todas as bênçãos do Espírito nos foram dadas nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3), do lado celestial da cruz. Ele “nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (2.3). Porque você foi plantado na morte de Cristo, agora você é unido a Ele na vida Dele. Assim, não é somente “Cristo em você” como sua vida interior, mas “você em Cristo” como sua circunferência, seu meio ambiente, sua esfera. Se você vive na esfera de Cristo, as pessoas com as quais você tem contato se encontram com Ele, pois Ele está envolvendo você. Freqüentemente usamos a expressão “no Senhor”, mas será que sabemos o que ela significa? Em Cristo nos tornamos novas criaturas, as coisas velhas passam e tudo se faz novo; todas as coisas são de Deus. Nós nunca lutamos para entrar nessa vida abençoada nem a aprendemos por nossos próprios esforços. A verdade é que Cristo já concluiu a obra. Somos nós que precisamos cessar com nossos esforços próprios e esconder-nos Nele por fé, dizendo: “Daqui em diante eu estou em Cristo. Ele é meu esconderijo. Estou disposto a deixar as coisas velhas passarem, e a confiar Nele dia a dia para tornar novas todas as coisas”.

(Jessie Penn-Lewis)

A melhor ferramenta de Deus em nossa vida é a ferramenta do sofrimento.

(Corrie ten Boom)

A oração é o pulsar da alma renovada, e a constância desse pulsar é o teste e a medida da vida espiritual.

(Octavius Winslow)

Deus pode encontrar sentido em uma oração confusa.

(Richard Sibbes)

Agora, eu concentro todas as minhas orações em uma, que é esta: que eu morra para mim mesmo e viva somente para Cristo.

(Charles H. Spurgeon)

É teu amigo aquele que te impulsiona para que estejas mais perto de Deus.

(Abraham Kuyper)

As Escrituras nos ensinam a melhor maneira de viver, a maneira mais nobre de sofrer e o modo mais confortável de morrer.

(John Flavel)

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Citações Deus Encorajamento Pecado Salvação Santidade Vida cristã Watchman Nee

Deus está satisfeito!

É a santidade de Deus, a justiça de Deus, que exige que uma vida sem pecado seja dada em favor do homem. Há vida no sangue, e aquele sangue tem de ser derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o sangue seja apresentado com o fim de satisfazer a Sua própria justiça, e é Ele quem diz: “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós” (Êx 12.13). O Sangue de Cristo satisfaz Deus inteiramente.

Desejo agora dizer uma palavra a respeito disto a meus irmãos mais novos no Senhor, porque é neste caso que muitas vezes caímos em dificuldade. Em nossa condição de descrentes, podemos não ter sido absolutamente molestados por nossa consciência, até que a Palavra de Deus começou a nos despertar. Nossa consciência estava morta, e aqueles que têm consciência morta certamente não têm qualquer préstimo para Deus. Mas, mais tarde, quando cremos, nossa consciência pode se tornar extremamente sensível, e isso pode vir a ser real problema para nós. O sentimento de pecado e de culpa pode se tornar tão grande, tão terrível, que quase nos paralisa porque nos faz perder de vista a verdadeira eficácia do sangue. Parece-nos que nossos pecados são tão reais, e algumas vezes algum pecado em particular pode atribular-nos tantas vezes, que chegamos ao ponto de imaginá-los maiores do que o sangue de Cristo.

Ora, nosso mal reside em estarmos procurando sentir seu valor e estimar, subjetivamente, o que o sangue é para nós. Não podemos fazê-lo. O sangue não opera desta forma. Destina-se, primeiramente, a ser visto por Deus. Então, temos de aceitar a avaliação que Deus faz dele. Ao fazê-lo, acharemos nossa própria estimativa. Se, em lugar disso, procuramos avaliá-lo, por meio do que sentimos, não alcançaremos nada e permanecemos em trevas. Pelo contrário, é questão de fé na Palavra de Deus. Temos de crer que o sangue é precioso para Deus porque Ele assim o diz (1Pd 1.18,19). Se Deus pode aceitar o sangue como pagamento por nossos pecados e como preço de nossa redenção, então, podemos ter certeza de que o débito foi pago. Se Deus está satisfeito com o sangue, logo, deve ser aceitável o sangue. Nossa estimativa dele é somente de acordo com a avaliação de Deus — nem mais nem menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não deve ser menos.

Lembremo-nos de que Deus é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o sangue de Cristo é aceitável a Seus olhos e que O satisfez inteiramente.

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Gotas de orvalho (52)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Nosso pai foi Adão; nosso avô, o pó; nosso bisavô, o nada.

(William Jenkyn)

Se me contentar em ser nada, não posso ficar ofendido. E, quando for realmente humilde e reconhecer que não passo de um verme, não me queixarei de ser pisado.

(Robert C. Chapman)

Eu me confio totalmente [a Cristo,] a Ele que se dispôs a salvar-me, que sabia como realizar Seu propósito e tinha poder para desempenhar-se da tarefa. Ele tanto me buscou como me chamou por Sua graça.

(Bernard de Clairvaux)

Os santos [os cristãos], por melhor que sejam, não passam de estranhos quando comparados ao peso e à preciosidade da doçura incomparável de Cristo.

(Samuel Rutherford)

Ele, que é o Pão da vida, iniciou Seu ministério tendo fome. Ele, que é a Água da vida, terminou Seu ministério tendo sede. Cristo teve fome como homem e alimentou os famintos como Deus. Ele se sentiu cansado; contudo, é nosso descanso. Pagou tributo; no entanto, é o Rei. Foi chamado de demônio, mas lança fora nossos demônios. Orou; contudo, ouve nossas orações. Chorou, e enxuga nossas lágrimas. Foi vendido por trinta moedas de prata, e redime o mundo. Foi levado como ovelha para o matadouro, e é o Bom pastor. Cristo morreu e deu Sua vida, e, por ter morrido, destruiu a morte.

(Autor desconhecido)

Nunca pense que Deus precisa de um homem com qualidades como você. É você quem precisa de Deus.

(Henry Vögel)

Existe algo sob o sol
que quer meu coração ganhar.
Longe de mim, seja o que for!
Tu tão-somente reinarás.
Meu coração se há de livrar
da terra, e em Ti repousará.

(Gerhard Tersteegen)

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Gotas de orvalho (50)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Um pequeno feixe da vontade de Deus está sempre atado a cada hora.

(F. W. Faber)

Aquele que crê no Senhor não se preocupa com o amanhã, mas labuta alegremente com o coração sereno.

(Martinho Lutero)

Antes que nosso conhecimento possa ser de muito proveito para outros, deve tornar-se um canal de comunhão secreta entre nossa própria alma e Deus.

(Robert C. Chapman)

A fé são os pés que nos levam a Jesus. Pés aleijados ainda são pés. Aquele que vem vagarosamente, de alguma forma vem.

(George Müller)

Aqueles que apreciam a graça com mais profundidade não continuam no pecado. Além disso, o medo produz a obediência dos escravos; o amor gera a obediência dos filhos.

(J. W. Sanderson Jr.)

Devemos nos aproximar da Palavra de Deus não apenas com fé e com amor, mas com o desejo de obedecer.

(Ruth Paxon)

O evangelho tem de ser antagonista a tudo o que é contrário a Deus.

(C. A. Fox)

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Citações Consolo Cristo Encorajamento Gotas de orvalho Humildade João Calvino Matthew Henry Mundo Oração Pecado Repreensão Santidade Thomas Watson

Gotas de orvalho (48)

Orvalho dos céus para começar cada dia da semana

O homem nunca alcança um conhecimento claro de si mesmo a não ser que primeiro eleve os olhos para o rosto de Deus e, então, venha de contemplá-Lo para examinar a si mesmo.

(João Calvino)

Nada é mais contrário a uma esperança celestial do que um coração mundano.

(William Gurnall)

As orações e súplicas que Cristo ofereceu, com fortes clamores e lágrimas, são um claro exemplo não só sobre orar, mas para sermos fervorosos e importunos em oração. Quantas orações secas, quão poucas as molhadas de lágrimas, nós oferecemos a Deus!

(Matthew Henry)

A fé habita em um coração quebrantado. “O pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!” (Mc 9.24). A verdadeira fé está sempre em um coração ferido pelo pecado. A fé salvadora sempre cresce em um coração humilhado pelo pecado, em um olho que chora e em uma lacrimosa consciência.

(Thomas Watson)

A terra não tem preocupação que o céu não possa curar.

(Thomas Moore)

Já não está na moda sofrer por amor de Deus e carregar a cruz por Ele, pois a diligência e a real seriedade, que por acaso eram encontradas no homem, foram extintas e se tornaram frias. E agora ninguém mais está disposto a sofrer angústia por causa de Deus.

(Johannes Tauler)

O mais santo dos homens precisa ser preservado dos piores pecados, pois está conscientes de que pode cair na mais profunda cova da iniqüidade se Deus retiver Sua misericórdia.

(George Lawson)

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Gotas de orvalho (46)

Orvalho dos céus para começar cada dia da semana

A santidade do homem é hoje sua maior alegria e, no céu, a maior alegria do homem será sua perfeita santidade.

(Thomas Brooks)

Caminhar no Espírito exige que vivamos na Palavra de Deus como o peixe vive no mar.

(A. W. Tozer)

O arrependimento não é apenas a maneira de começarmos a vida cristã. O arrependimento é a vida cristã.

(David Powlison)

Muitos pais e esposos cristãos pensam que cumprem com o dever que Deus lhes determinou porque provêem para as necessidades materiais de sua família. Isso não é suficiente! Se nossa esposa e nossos filhos fossem unicamente corpos materiais, então faria sentido que provêssemos apenas para suas necessidades materiais. Mas eles não são apenas corpo; têm alma eterna. O bem-estar espiritual deles também deve ser atendido.

(Jason Helopoulos)

Os pregadores que se recusam a falar do pecado não têm base para esperar que o Espírito de Deus trabalhe com eles para levar os homens a Cristo.

(Paul Washer)

A milhões de pessoas que professam ser cristãs e se chamam de cristãs o apóstolo Paulo não chamaria de cristãs de modo algum.

(J. C. Ryle)

Lembre-se: nenhum homem tem tempo para orar. Todo homem tem de tirar tempo de outras coisas que são valiosas para entender quão necessário é o tempo da oração.

(Oswald Chambers)

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A. W. Pink Citações Gotas de orvalho John MacArthur John Nelson Darby John Piper Martin Lloyd-Jones Pecado Richard Sibbes Salvação Santidade Thomas Watson

Gotas de Orvalho (40)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Se você não deseja santidade, não vejo que tenha qualquer direito de pensar que é cristão.

(Martyn Lloyd-Jones)

É difícil ver como o cristianismo pode ter um efeito positivo na sociedade, se não pode transformar sua própria casa.

(John F. MacArthur Jr.)

É possível falar de amor pelos homens de tal maneira que Deus sai de cena. É possível começar a justificar sua vida unicamente na base do quão “bom” você é para os homens. E, gradualmente, a diferença entre um cristão e a falsa ética humanista desaparece. Não porque o humanismo tornou-se centrado em Deus, mas porque o cristão tornou-se o centro de tudo.

(John Piper)

Satanás ofereceu a Adão um fruto, e Adão perdeu o paraíso. Por isso, em todas as tentações considere não o que ele oferece , mas o que você vai perder.

(Richard Sibbes)

Ah, que alegria é ter nada, ser nada e ver nada além de um Cristo vivo em glória e não se importar com nada além de Seus interesses aqui na terra!

(John Nelson Darby)

Não perguntamos: “Cristo é seu Salvador?”, mas: “Ele é real e verdadeiramente seu Senhor?” Se Ele não for seu Senhor, então, com a mais absoluta certeza, Ele não é seu Salvador.

(A.W. Pink)

É bom desmascarar nossos pecados, para que eles não nos desmascarem.

(Thomas Watson)

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Disciplina G. H. Lang Santidade

Filhos primogênitos

Os pontos da história de Esaú a serem considerados são:

Esaú, por ser o filho primogênito, obteve por direito de nascimento os privilégios antes descritos como pertencentes ao primogênito. Ele não teve de conquistá-los ou comprá-los. Eles foram unidos a ele por nascimento, de acordo com a vontade de Deus. Entretanto, era sua obrigação retê-los. Esaú, porém, os considerou de tão pequeno valor que logo os negociou, trocando-os por uma gratificação passageira ao paladar. Não se tratava de dificuldade em obter qualquer outro tipo de alimento, pois ele havia chegado ao acampamento. O fato, como registrado por Deus, foi que ele desprezou o seu direito de primogenitura. Embora mais tarde, estando arrependido de sua estupidez, Esaú constatou ser impossível reverter seu próprio ato, ou mudar a mente de seu pai, no tocante a assegurar a benção mais rica que acompanhava a posse dos direitos da primogenitura.

Acreditamos ser simplesmente impossível que Esaú seja oferecido como advertência para o falso professo da fé, que não está realmente em Cristo Jesus. Isso porque Esaú era filho legitimo de Isque, e não um bastardo ou estrangeiro. Ele obteve legalmente os direitos do primogênito, não sendo um falso reclamante. Mesmo depois da perda desses direitos, seu pai o abençoou tão plenamente quanto possível, embora não lhe pudesse restituir a prioridade que ele próprio havia lançado fora. Ele não perdeu aquelas coisas que teriam feito dele uma possível representação de alguém finalmente perdido, isto é, a vida ou a filiação. Mas ele perdeu sua dignidade superior e seus privilégios.

Nenhuma dessas condições é preenchida numa pessoa não-regenerada, a despeito de quão razoável e contínua seja sua declaração de ser cristã. Pessoas assim não são filhos de Deus de modo nenhum; não serão de maneira nenhuma abençoados, e sim reprovados, não possuindo, ou melhor, não tendo possuído a vida eterna, mas sendo “filhos da ira, como os demais”. Os dois casos são totalmente diferentes; porém, o caso de Esaú mais precisamente corresponde aos genuínos cristãos caso, a que ele é aqui aplicado. “Tendo cuidado de que ninguém […]”, diz a Escritura, “seja devasso ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura”. E depois, num parágrafo diretamente ligado por uma partícula àquela advertência, é acrescentada a seguinte declaração: “Mas chegastes  [vós que sois assim advertidos] […] à universal assembléia, à igreja dos primogênitos” (Hb 12.15,16,22,23). De modo que a advertência é dada àqueles que possuem direitos semelhantes na família e na esfera celestiais. A esses pode ela ter tal força. Advertir alguém contra a perda de algo que não possui é uma futilidade, que não nos atrevemos a atribuir ao Espirito do Senhor.

Mas verdadeiros crentes, nascidos de Deus e chamados para Seu reino e glória, preenchem os fatos no caso de Esaú. Tais pessoas são verdadeiramente filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, primogênitos de Sua família e possuem os direitos da primogenitura. Eles não têm de ganhá-los, comprá-los ou conquistá-los. Esses direitos são, em sua totalidade, um direito da primogenitura pela graça soberana do Senhor. Mas os filhos têm de valorizá-los e conservá-los, e são advertidos com respeito à perda deles. Sua filiação é inalienável e sua vida eterna não é passível de perda, não sendo depositada e guardada por eles, por sua conta e risco, mas “oculta juntamente com Cristo em Deus” (Cl 3.3). Se os cristãos estiverem certos de que tudo, tudo está garantido, grande será o perigo de permitir um descuido sutil de coração. Porém, se a retenção destes altos privilégios foi condicionada a nosso caminhar, forte é a motivação para avançarmos até a perfeição.

A perda dos direitos da primogenitura é mais indicada e enfatizada na história de Rúben. Sendo o filho primogênito de Jacó, essa honra era dele; mas, por se submeter aos desejos sensuais não naturais, lhe foi tirada (1Cr 5.1) e foi dada, quanto ao território, aos filhos de José, o qual recebeu em seus filhos a porção dobrada; a soberania coube à tribo de Judá na pessoa de Davi e seus filhos, incluindo o Messias; e o sacerdócio, a Levi. Isso estava na mente do escritor quando ele especificou em nossa passagem o pecado de fornicação?

Todavia, Rúben permaneceu na família e foi abençoado em medida; mas, ao mostrar que os direitos em questão uma vez perdidos não podem ser recuperados, deve-se lembrar que, nos dias do reino vindouro, a situação ocasionada pelo mal comportamento de Rúben será mantida: o Rei virá da casa de Judá, o sacerdócio em Israel será da família de Zadoque, o levita (Ez 48.11) e Efraim e Manassés possuirão a porção dobrada. Essas coisas Rúben perdeu para sempre, ainda que permanecendo na casa de Israel e partilhando de uma porção, sendo essa comum, e não de grau especial. Todas essas coisas são vistas comparando-se as declarações finais e proféticas de Jacó (Gn 49.1-4) e as de Moisés (Dt 33.6); pois, Jacó declarou que a dignidade do primogênito com sua posição de superioridade e poder pertencia a Rúben; todavia não seria dele nem nos últimos dias. Moisés garantiu vida para a tribo e nada mais: “Viva Rúben e não morra; e não sejam poucos os seus homens”.

A transferência do direito da primogenitura também é mostrado em 1Crônicas 26.10. No início desse capítulo nos é relatado um acontecimento ocorrido na família levita, trazendo a lição para nós, que somos chamados ao serviço celeste, tipificado pelo serviço no tabernáculo.

O principal tema dessa passagem em Hebreus, e na verdade de toda a carta, é resumido nas palavras de 12.28: “Recebendo um reino”. O assunto em questão é esse, e não a segurança da salvação em relação à perdição eterna. A epístola pressupõe que o benefício da salvação eterna está seguro desde o início aos considerados “santos irmãos participantes da vocação celestial” (3.1). Portanto, sendo essa chamada um privilégio pela graça de Deus em Cristo, não devemos “nos desviar Daquele que dos céus nos adverte”; isto é, Aquele que nos adverte com histórias como a de Esaú e de outros, pois, existindo no final um tremor, removamos todas as coisas abaláveis, para que somente as inabaláveis e eternas permaneçam.

Para a glória do soberano no reino, iniciando-se no milênio e prosseguindo eternamente, é que somos chamados. Devemos, então, pela graça de Deus, servir de maneira aceitável ao Deus da graça, esforçando-nos por Ele e cumprindo toda a Sua vontade, não em vaidade carnal, como se pouco importasse como vivemos e servimos, mas com “reverência e santo temor, porque o nosso Deus é fogo consumidor”, como muitos de Seu povo tem presenciado.

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Disciplina Escatologia Salvação Santidade Segunda vinda

O direito de primogenitura pode ser perdido (A. L. Chitwood)

Existem dois exemplos clássicos na Palavra de Deus concernentes à perda dos direitos pertencentes ao primogênito: um se encontra na história de Esaú e outro, na de Rúben.

Rúben e o direito de primogenitura

Rúben, o primogênito de Jacó estava para herdar o direito da primogenitura. Mas, por causa de um grave pecado cometido, Rúben perdeu esse direito. O pecado de Rúben que resultou na perda de seus direitos foi uma impropriedade sexual de tal natureza que desonrou e envergonhou o pai: “Foi Rúben e se deitou com Bila, concubina de seu pai” (Gn 35.22).

O que Rúben perdeu, perdeu para sempre.

Por causa desse pecado, anos mais tarde, quando Jacó chamou a sua presença os doze filhos, pouco tempo antes de sua morte, para relatar o que deveria acontecer a eles “nos últimos dias”, Rúben ouviu as seguintes palavras: “Rúben, tu és o meu primogênito, minha força, e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a águia, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito de teu pai e o profanaste; subiste à minha cama” (49.3,4). A tribo de Rúben, como Jacó profetizou, não se sobressaiu. De sua tribo não veio juiz, rei ou profeta. O que Rúben perdeu, perdeu para sempre. Mas ele mesmo permaneceu como filho de Jacó e foi abençoado em certa medida, mas não como primogênito.

O direito da primogenitura de Rúben foi dividido entre três de seus irmãos. O reino foi outorgado a Judá; o serviço sacerdotal, a Levi; e a porção dobrada foi concedida a José. A tribo de Judá tornou-se a linhagem real; a tribo de Levi, a linhagem sacerdotal; e a tribo de José recebeu a porção dobrada por intermédio de seus dois filhos, Efraim e Manassés, os quais receberam a herança (1Cr 5,1,2).

Durante o milênio, a condição criada pelo pecado de Rúben irá permanecer. O rei será da casa de Judá (Ap 5.5), o sacerdote, da família de Zadoque, o levita (Ez 44.15,16; 48.11), e a porção dobrada será possuída pela casa de José graças a Efraim e Manassés (Ez 47.13; 48.4,5).

Esaú e o direito de primogenitura

O direito da primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para sempre.

Esaú, assim como Rúben, perdeu seu direito de primogenitura. Na história de Esaú, toda a herança foi para seu irmão mais novo, Jacó. Esaú perdeu o direito de primogenitura para satisfazer a um prazer da carne. Ele vendeu seus privilégios a Jacó por um simples prato de lentilhas (Gn 25.27-34).

Visto que o direito da primogenitura havia sido prometido a Jacó (v. 23), alguns duvidam que Esaú realmente o possuíra. Entretanto, Esaú não foi apenas um pretendente a ele. No original grego, a palavra “vendeu” encontrada em Hebreus 12.16 implica que o objeto vendido pertencia somente a Esaú, e que ele estava perfeitamente cônscio de suas ações quando vendeu o direito de primogenitura a Jacó.

Em Gênesis 25.34 lemos que Esaú “desprezou” seu direito de primogenitura. No grego, na versão Septuaginta do Antigo Testamento, a palavra “desprezou” significa que Esaú considerou como insignificante e uma ninharia o direito de primogenitura. Ele o julgou de pouco valor e o vendeu convicto de que estava vendendo algo sem valor real. Só mais tarde, muito mais tarde, foi que Esaú verificou o valor do que havia vendido. Como na história de Rúben, a perda de seu direito a primogenitura não afetou sua filiação, mas alterou para sempre sua posição como primogênito de Isaque.

Após Jacó ter sido abençoado como primogênito da família, Esaú, aparentemente pela primeira vez, considerou o valor do que havia perdido. Tentou reaver esse direito, mas a Escritura relata que ele “não achou lugar de arrependimento”. Após conscientizar-se do valor do direito de primogenitura e do que havia ocorrido, implorou a Isaque, seu pai, para que mudasse sua decisão e o abençoasse também. Esaú clamou a Isaque: “Acaso tens uma única bênção, meu pai?” E nos é relatado que “Esaú levantou a voz e chorou” (27.38).

A palavra “arrependimento” significa mudar a mente de alguém. Esaú esforçou-se para mudar a decisão do pai, mas ele “não achou lugar para arrependimento”, isto é, não encontrou lugar para uma mudança de mente. A American Standard Version of the Bible (1901 ed.) tem provavelmente a tradução mais acurada de Hebreus 12.17 do que as encontradas em outras versões. Esse versículo na American Standard Version diz: “Sabeis que mais tarde, quando desejou herdar a bênção, foi rejeitado; não encontrou lugar para a mudança de mente de seu pai, embora se esforçasse com lágrimas”. Isaque não podia mudar a decisão que havia tomado. O direito da primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para sempre.

Os cristãos e o direito de primogenitura

Os cristãos naquele dia, levantarão a voz e chorarão ao se conscientizar do que foi perdido, conforme aconteceu com Esaú na tipologia.

Existe na mente de muitos cristãos a idéia de que, após alguém crer no Senhor Jesus como Salvador, não importa a maneira como conduz a vida, porque todos os cristãos irão ser herdeiros com o Filho quando Ele receber o reino. Nada poderia estar tão distante da verdade. Reinar com Cristo depende de nossa identificação com Ele, compartilhando Sua rejeição e vergonha nos dias atuais. Se todos os cristãos devem governar e reinar com Cristo em Seu reino, o que quer dizer a Escritura ao declarar: “Se perseverarmos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, Ele por Sua vez nos negará” (2Tm 2.12)? Se o cristão vive uma vida indisciplinada, segundo a natureza carnal (tipificada pela atitude de Esaú com relação ao direito de primogenitura), e não segundo a natureza espiritual (tipificada pela atitude de Jacó com relação ao direito de primogenitura), e falha em se ocupar até a vinda do Senhor (Lc 19.12,13), ou falha em usar o talento ou a mina confiada a ele pelo Senhor (Mt 25.14-30; Lc 19.15-24), esse cristão será desqualificado para ocupar um lugar no reino do Senhor.

Todo cristão é um primogênito de Deus aguardando a plena filiação e a herança pertencentes ao primogênito (Rm 8.16-23,29; Hb 2.10; 12.23). A plena filiação e a herança são futuras e podem ser perdidas, sendo uma intimamente relacionada com a outra. O parentesco do cristão com o Pai, como filho primogênito aguardando a plena filiação, não pode ser perdido, mas o parentesco como filho primogênito maduro e a participação dos direitos pertencentes ao primogênito podem ser perdidos. Conforme o registro de Esaú e Rúben, uma vez que ocorra, os direitos pertencentes ao primogênito não podem ser recuperados.

Naquele dia, quando estivermos de pé perante o Tribunal de Cristo, serão encontradas duas classes de cristãos: os que conservaram seus direitos como primogênitos e os que perderam esses direitos

Os cristãos que conservarem os direitos da primogenitura os exercitarão como “co-herdeiros” com o Filho no reino. Porém, os cristãos que os perderem se encontrarão na mesma posição de Esaú e Rúben se encontraram, buscando a perda dos direitos da primogenitura pertencentes ao primogênito. Esses cristãos buscarão lugar de arrependimento, isto é, tentarão mudar a mente do Juiz no sentido de abençoá-los juntamente com os outros que não perderam os direitos pertencentes ao primogênito. Todavia, não encontrarão lugar para mudança de mente. Será tarde demais. O direito da primogenitura terá sido perdido. A bênção com respeito à herança que aguarda os filhos primogênitos maduros de Deus será perdida, e os que a perdem não ocuparão nenhuma posição entre os “reis e sacerdotes” que reinam sobre a terra com o Filho. Os cristãos naquele dia levantarão a voz e chorarão ao se conscientizar do que foi perdido, conforme aconteceu com Esaú na tipologia.

“Venho sem demora; conserva o que tens para que ninguém tome a sua coroa” (Ap 3.11).

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(Fonte: extinta revista A Palavra Profética (set-out/1987) – Nº 3. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Privilégios desperdiçados

É realmente elevada a posição conferida na salvação do Novo Testamento; todavia, embora sendo profunda, pode vir a ser ruína. Portanto, em toda vida cristã sadia, deve-se acrescentar seriedade à alegria, à gratidão a responsabilidade, à confiança o zêlo. Por esta razão existem tantas advertências em Hebreus. Uma das mais impressionantes é aquela que se refere a Esaú (Hb 12.16,17).

Esaú era o primogênito de Isaque. O escritor desta carta está chamando a atenção dos leitores para os seus privilégios, responsabilidades e perigos, referindo-se à conduta de Esaú e seus resultados.

Os primeiros leitores de Hebreus conheciam bem, sendo judeus por nascimento, quais eram os privilégios do filho primogênito. O termo é usado no Novo Testamento como figura da alta posição de honra dos membros da igreja de Cristo, na verdade de Cristo mesmo. No contexto de Hebreus 12 a plena posse e o desfrutar do privilégio celestial do primogênito é equivalente ao prêmio do vencedor na corrida, quando o corredor na arena da fé alcançará o alvo glorioso.

Preeminentemente e de modo singular, Cristo é Quem é o Primogênito. Esta Sua glória irradia na revelação do Novo Testamento de forma tríplice:

  1. Ele é o “Primogênito de toda a criação” (Cl 1.15). Esta é a Sua posição de honra vista do passado, Cristo, sendo o “Primogênito” desde o início, como “Filho” antes e acima de todas as criaturas.
  2. Ele é o “Primogênito dentre os mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5). Esta é a Sua posição de honra no presente, a qual Ele mantém como o Ressurreto, Aquele que possui a “preeminência” como “Cabeça” do Seu corpo, a igreja.
  3. Ele é o “Primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29). Esta será Sua posição de honra no futuro eterno quando Ele será revelado como glorificado o Redentor dos Seus redimidos glorificados (Hb 1.6)

Desse modo o testemunho do Novo Testamento no tocante a Cristo como o Primogênito refere-se a todos os três períodos de tempo durante todo o curso da história da salvação. Ele é mostrado ao mesmo tempo na mais alta posição em todas as esferas da revelação Divina: no reino da criação, no reino da redenção e no reino da perfeição. De qualquer lado que O contemplarmos, Cristo é o Primogênito.

Além disso, o termo “primogênito” é usado para expressar a posição especial da Igreja na graça. Por isso a carta aos Hebreus depois de falar do “direito da primogenitura” de Esaú, e tendo tirado dela certas conclusões para os leitores do Novo Testamento, acrescenta apenas algumas sentenças: “Mas tendes chegado … à Igreja dos Primogênitos inscritos nos céus” (Hb 12.22,23). E Tiago diz: “Segundo a Sua própria vontade, Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das Suas criaturas” (Tg 1.18).

A ênfase principal jaz não tanto na ordem do nascimento com respeito ao tempo, mas antes, à posição e dignidade. De outra forma seria impossível falar de um homem “se tornando o primogênito” (algo que acontece no Antigo Testamento) muito tempo depois do seu nascimento: “Ele me invocará dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra” (Sl 89.26-27). E o reverso não seria possível para alguém que, do ponto de vista do tempo, nasceu como primogênito, mas perdeu este direito de primogenitura numa ocasião posterior sob determinadas circunstâncias: “Quanto aos filhos de Rúben, o primogênito de Israel (pois ele era o primogênito, mas, por ter profanado o leito de seu pai, deu-se a primogenitura aos filhos de José, filho de Israel; de modo que, na genealogia, não foi contado como primogênito. Judá, na verdade, foi poderoso entre seus irmãos, e dele veio o príncipe; porém, o direito da primogenitura foi de José)” (Rúben – 1Cron 5.1,2); “Nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por uma refeição (prato de lentilhas), vendeu o seu direito de primogenitura” (Esaú – Hb 12.16,17).

O fato de que a idéia essencial de ser o “primogênito” está na prioridade da posição e não no acidente do nascimento, pode ser visto também nessa passagem: “De Hosa, dos filhos de Merari, foram filhos: Sinrim, a quem o pai constituiu chefe, ainda que não era o primogênito” (1Cron 26.10). Aqui nos é dito que numa certa família de Levitas um dos filhos, de nome Sinri, era o chefe, pois, “embora não fosse o primogênito, contudo seu pai o constituiu chefe”. A mesma verdade é a força de Colossenses 1.15. Ali Paulo diz que Cristo é “o Primogênito de toda a criação”; não que Ele tenha sido o primeiro a nascer no tempo declarando que Ele teve um princípio, mas sim que Ele tem a preeminência como Governador de todo o universo.

O grande perigo

Sem dúvida, o direito de primogenitura não é idêntico à filiação. Esaú permaneceu sendo filho de Isaque mesmo depois de ter sido rejeitado com respeito a herdar a benção da primogenitura. Na verdade, ele recebeu, a despeito da sua grande falha, uma espécie de segunda benção (Gn 27.38,40b; Hb 11.20). O relacionamento de vida para os primogenitura do Novo Testamento com o Pai celestial permanece e nunca será dissolvido, pois já passaram da morte para a vida (I Jo 3.14). Porém, num sentido espiritual, poderão passar por experiência semelhante à de Esaú.

A despeito de todas as riquezas podemos viver em pobreza espiritual. Nenhum fluir das abundâncias celestiais será evidente. Riqueza alguma interior resplandecerá para o exterior. Nenhuma alegria feliz da redenção se manifestará. Embora filhos de eterna alegria, podem viver tristes e deprimidos e, ao invés de desfrutar prazer e deleite em nosso bendito Senhor podemos olhar para trás cheios de anseio para as alegrias vãs e os bens deste mundo.

A despeito da posição sacerdotal podemos deixar de viver uma vida sacerdotal de oração! Pode não haver coração e mente de sacerdote. Nenhuma súplica amorosa! Nenhuma adoração sacerdotal de Deus em espírito e em verdade! E finalmente:

A despeito da nossa elevada e nobre chamada podemos viver praticamente como escravos. Toda mentalidade terrena é escravidão. Todo esforço pecaminoso para ganhar dinheiro ou bens terrenos faz do “rei” um “mendigo”. Qualquer preocupação é indigna de um rei. Todo o temor do homem é indigno de um filho do grande Pai e Soberano Celestial. Toda sensibilidade demasiada e o sentimento fácil de ser ferido e ofendido é mesquinho. É lamentável e primitivo. Na verdade, todo o serviço do pecado faz praticamente daquele que é designado para ser um governador, um servo rebaixado, e o pecado que na realidade está vencido, atua como se fosse o vencedor e como tal age como regente e tirano, quando na verdade o cristão é que deveria ser o vencedor.

Assim o crente embora pertencendo à igreja dos primogênitos, pode praticamente rejeitar seu direito de primogenitura. Ao invés de riquezas, pobreza interior; ao invés de separação, prática sacerdotal, separação de Deus; ao invés de reinado, real escravidão!

O grave erro

Esaú vivia por coisas visíveis e trocou por elas coisas espirituais; Esaú vivia por prazeres humanos e negociou as bençãos dadas por Deus; Esaú vivia sem disciplina e auto-controle e trocou sua posição de autoridade e honra; Esaú desprezou a promessa e oferta de dignidade que Deus lhe ofereceu e trouxe vergonha sobre si (Gn 27.37); Ele viveu para o seu próprio Ego e assim negociou a suprema vocação da sua família; ele viveu para o presente e trocou sua nobre comissão para o futuro; ele viveu para o momento transitório e deu em troca dele tesouros eternos.

Meu leitor, leia as sentenças acima outra vez e pergunte a si mesmo se não pode haver um reflexo da sua própria atitude e prática espiritual. Portanto, preste atenção à advertência desta passagem em Hebreus! Muita coisa está colocada na balança: ganho eterno glorioso ou perda irrecuperável. Naquele momento desastroso Esaú, às custas do futuro, escolheu o prazer do presente. Assim ele experimentou em sua própria vida o princípio da palavra do Senhor: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á” (Jo 12.25). “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mt 16.26).

Por isso Paulo diz: “E também se um atleta lutar nos jogos públicos, não será coroado se não lutar legitimamente” (2Tim 2.5). O que significa “lutar legitimamente”, isto é, segundo as normas dos jogos? Significa transgredir as regras do jogo por algum truque para ganhar uma vitória fácil. Ele pode tentar encurtar a extensão da corrida fazendo atalhos. Do mesmo modo muitos hoje desejam ser cristãos reais, mas evitam o calor da batalha fazendo compromisso aqui e ali. Eles desejam atingir o alvo, mas pensam poder alcançá-lo pagando um preço mais baixo. Não nos enganemos neste assunto! Cristo Senhor espera nossa total devoção. Fora com todos os compromissos! Fora com todas as tentativas de tornar o caminho estreito um pouco mais largo e transitável! O Senhor busca o nosso coração por inteiroDe outro modo Ele não pode usar nosso serviço e não coroará os nossos esforços. A fim de conquistar a coroa eterna precisamos oferecer toda a nossa vida.

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