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As marcas de um cristão espiritual

Enquanto você me acompanha na mensagem desta noite, verá que a vida do cristão espiritual está em forte contraste com a do cristão carnal.

É uma vida de paz permanente

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27).

Ainda há o conflito na vida do cristão espiritual, já que o crescimento vem por meio da conquista no conflito. Mas há paz pela vitória consciente em Cristo. O cristão espiritual não continua na prática do pecado conhecido, obstinado; portanto, ele vive no desanuviado brilho solar da presença de Cristo. Sua comunhão com o Pai não é mutilada pela consciência corrosiva de mãos impuras, pela ferroada de uma consciência ferida ou pela condenação de um coração acusador. Portanto, ele desfruta de permanente paz, profunda alegria e descanso satisfatório no Senhor. Você tem isso?

É uma vida de vitória habitual

“Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.57).

Observe que não é dito “vitórias, mas “a vitória. A vitória da ressurreição é algo todo-inclusivo. Cristo, que lhe dá sempre vitória sobre um pecado, pode lhe dar a vitória sobre todo pecado. Ele, que guardou você do pecado por um momento, pode, com a mesma tranqüilidade, guardá-lo daquele mesmo pecado durante um dia ou um mês. A vitória sobre o pecado é um dom de Cristo que é nosso quando o reivindicamos.

“Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37).

Já seria muito maravilhoso se Ele tivesse dito apenas que éramos vencedores. Mas Ele declara que somos “mais que vencedores. Isso é vitória com um sinal de mais. Isso significa o suficiente e com sobra. Esse verso nos diz que não temos de viver na extremidade esfarrapada de uma vitória que temos de arrancar e lutar para guardar.

“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento.” (2Co 2.14).

Observe a palavra “sempre”. Essa vitória não é restringida a certas vezes, a certos lugares e circunstâncias. Deus diz que pode sempre fazer com que triunfemos em Cristo. Quase posso ouvir alguma pessoa neste público dizer: “É muito bom para você se colocar de pé aí e pregar que tal vitória é possível, mas você não conhece aquela pessoa intratável que tenho na minha família, com quem tenho de viver todo o tempo”. Não, não sei as circunstâncias da sua vida, mas Deus sabe e pôs a palavra “sempre” naquele verso. Você ousa aceitá-lo e crer que Deus pode fazê-lo sempre triunfar em Cristo?

As palavras “vitória habitual” foram cuidadosamente escolhidas. Por habitual quero dizer que a vitória é o hábito da vida do cristão. Isso não significa que o possuidor de tal vitória não é capaz de pecar, mas ele é capaz de não pecar. O pecado contínuo não será a prática de sua vida.

Qual é o verdadeiro e intrínseco significado de vitória? Bem, ela não significa o mero controle externo sobre a expressão do pecado, mas um tratamento definido com a disposição interior para pecar. A verdadeira vitória faz uma mudança nos recessos mais íntimos do espírito que transforma nossa disposição e atitude interiores bem como nosso feito e ato exteriores.

“A verdadeira vitória nunca o obriga a esconder o que está no interior.” Muitos de nós não chamamos o pecado de pecado. Naturalmente, somos obrigados a chamar alguma ofensa notória contra Deus ou contra o homem, que se torna mais ou menos pública, de pecado. Mas que tal aquele coisa negra e suja bem escondida no mais íntimo do espírito. Aquilo é pecado? Deus diz que é.

“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.6,10).

“Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2Co 7.1).

Vamos encarar alguns testes simples e ver se temos sido “purificados de toda a imundícia do espírito”. Você costumava perder a calma e dar lugar à irrupção violenta; agora há uma grande medida de controle externo, mas um grande resíduo de irritação interna e ressentimento secreto. Isso é vitória verdadeira? Alguém diz algo indelicado ou injusto a você; você não responde e externamente parece educado, mas intimamente está zangado, e diz consigo mesmo: “Gostaria de falar a ela um pouco do que penso!” Isso é libertação do pecado?

Uma menina de dezesseis anos veio a uma reunião certa vez, onde falávamos da vitória completa em Cristo. Ela vivia com uma tia intratável que era bastante afeita a repreender. A menina muitas vezes tentava a paciência da tia chegando tarde em casa ao voltar da escola. Quando repreendida por isso, sempre respondia. Ela voltou da reunião determinada a ser vitoriosa, tanto na volta da escola a tempo como na resposta, e disse isso à tia. A tia cética respondeu que acreditaria na vitória quando a visse.

Alguns dias depois, a menina se atrasou novamente. A tia insultuosamente disse: “Ah! esta é a sua vitória, não é?” Mas nenhuma palavra escapou dos lábios da menina. Você diz: “Que maravilhosa vitória!” Mas escute! Alguns dias depois, recebi uma carta exultante da menina, dizendo: “Oh! Senhorita Paxson, agora sei o significado da verdadeira vitória, já que quando minha tia me repreendeu não só não respondi, mas eu não quis fazê-lo.” Isso é vitória de fato.

As palavras vitória habitual foram cuidadosamente escolhidas. Por habitual quero dizer que a vitória é o hábito da vida do cristão. Isso não significa que o possuidor de tal vitória não é capaz de pecar, mas ele é capaz de não pecar. O pecado contínuo não será a prática de sua vida.

Alguém o ofendeu; você não retalia abertamente ou busca a vingança, mas no mais íntimo de seu coração deseja o infortúnio da pessoa e se alegra quando ele vem. Isso é ter um espírito correto?

Em uma conferência de verão na China, uma mulher veio buscando ajuda. Ela era infeliz e os outros em volta dela se tornavam infelizes. Havia falta de amor em seu coração; de fato, havia alguém a quem ela odiava. Ela era uma obreira cristã e, ao reconhecer a destruição que essa sensação operava em sua própria vida e na daquela outra pessoa, tentou obter vitórias graduais sobre isso. Tinha odiado até ver a outra pessoa, mas reconheceu finalmente a pecaminosidade disso. Assim, convidou a pessoa para jantar em sua casa, mas esperou que ela não viesse! Isso era vitória? Quando ela veio a mim, tinha alcançado o ponto onde estava “pronta para desculpar”, mas “nunca se esqueceria!” Isso era vitória? Então, ela obrigou a si mesma a dizer que “não odiaria”, mas “não poderia amar”. Isso era vitória? Não até que Deus, que é amor, verdadeiramente possuísse seu coração e a fizesse ter o tipo de vitória que é de Deus.

Possivelmente alguém aqui está dizendo: “Experimentei ocasionalmente essa libertação gloriosa de algum pecado que ataca, mas ela foi somente uma libertação passageira. Há realmente tal coisa aqui na terra como uma vitória habitual sobre todo pecado conhecido?” Deus diz que há.

“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).

“Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.2).

Na cruz do Calvário, Cristo morreu para nos libertar do pecado. Para tornar aquela vitória perfeita permanente, enviou o Espírito Santo para habitar e controlar. O homem carnal está sob o poder da lei do pecado. Ela opera em sua vida, conduzindo-o a maior parte do tempo sob seu domínio. Mas há a outra lei, uma lei mais elevada em operação no crente, e, quando se rende à força de seu poder, o homem espiritual é livrado da lei do pecado e da morte.

Aqui está sua vitória habitual sobre todo pecado conhecido. Você experimenta essa vitória?

É uma vida de constante crescimento na semelhança de Cristo

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18).

Não há nada estático na verdadeira experiência espiritual. O olhar para cima e o rosto descoberto devem captar e refletir algo da glória do Senhor. Com um conhecimento crescente Dele e uma comunhão que se torna mais profunda com Ele, deve haver uma crescente semelhança a Ele.

Em certa ocasião, eu viajava pelo rio de Iangtze, na China Central. Uma tempestade pesada acabara de passar, e o sol tinha saído brilhantemente detrás das barreiras de nuvens. Senti um impulso interior para sair para o convés, e o Senhor teve uma mensagem preciosa esperando por mim. A água do rio de Yangtze é muito turva. Mas, como subi na grade e dei uma olhada, não vi a água suja e amarela naquele dia, mas, em vez disso, vi o azul celeste e o branco felpudo do céu acima, e tudo tão perfeitamente refletido que de fato não pude acreditar que estava olhando para baixo em vez de para cima.

Imediatamente, o Espírito Santo fez brilhar 2Coríntios 3.18 em minha mente e disse: “Em si mesma, você é tão pouco atraente como a água do rio de Yangtze, mas, quando todo o seu ser se torna centrado em Deus e toda sua vida se abre para Ele, a fim de que Sua glória brilhe sobre você e dentro de você, então, você será tão transformada em Sua imagem que os outros que a vêem verão não a você, mas a Cristo em você”.

Oh! Amigos, vocês e eu estamos refletindo como em um espelho a glória do Senhor?

O fruto do Espírito é a esfera completa e simétrica do caráter do Senhor Jesus Cristo, no qual não há nenhuma falta e nenhum excesso.

Mas deve haver uma progressão em nossa semelhança a Cristo – deve ser de glória em glória. A natureza espiritual está sempre buscando tocar e se apoderar daquilo que é espiritual a fim de que possa se tornar mais espiritual.

“Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15.2-5).

“Não dá fruto”, “dê fruto”, “dá mais fruto”, “dá muito fruto”. Essas frases não revelam diante de nós as potencialidades para a semelhança a Cristo disponíveis a todos os ramos da Videira? Elas também não nos mostram a progressão positiva “de glória em glória” que Deus espera ver em nós? Essas expressões são descritivas. Qual delas descreve você? Somente a “dá muito fruto” glorifica o Pai.

“Nisto é glorificado Meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis Meus discípulos” (Jo 15.8).

Mas qual é o fruto que Deus espera encontrar no ramo? Ele nos diz.

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” (Gl 5.22-23).

“O fruto do Espírito” é a esfera completa e simétrica do caráter do Senhor Jesus Cristo no qual não há nenhuma falta e nenhum excesso. Observe que não é frutos, como tantas vezes é citado erroneamente. Ele é apenas um cacho, e as nove graças são essenciais para revelar a beleza da verdadeira semelhança a Cristo. Mas quão freqüentemente vemos um grande coração de amor estragado pelo temperamento precipitado – há amor, mas não há autocontrole, temperança. Ou vemos uma pessoa de grande longanimidade, mas também de expressão facial muito triste. Há longanimidade, mas nenhuma alegria. Por outro lado, se vê um cristão muito alongado na , mas muito encurtado na bondade.

É uma vida de poder sobrenatural

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas, porque Eu vou para Meu Pai” (Jo 14.12).

Essas palavras foram ditas por Cristo a um grupo de homens iletrados. Um deles era um velho pescador queimado pelo sol, abatido pelo mau tempo e bruto. Ele seria facilmente reprovado em uma turma de colégio moderno e muito provavelmente não conseguiria passar nos exames de entrada em um seminário teológico dos dias de hoje. Mas pertenceu à companhia de crentes para a qual essa promessa foi dada e que um dia foi maravilhosamente cumprida em sua vida quando, mediante um sermão, ganhou seis vezes mais almas para o verdadeiro discipulado do que Jesus ganhou durante os três anos de Seu ministério público.

Em que consiste o poder de Pedro, e ele está disponível para você e para mim? Ele era o poder do charme pessoal? Da forma graciosa? Do intelecto gigantesco? Do discurso eloqüente? Do conhecimento sólido? Da vontade dominante? Apesar de ter havido muitas qualidades amáveis no velho pescador impulsivo, ansioso e amável, ainda assim nenhum delas pode ser levada em conta para o cumprimento tão esmagador da promessa de nosso Senhor nele. Deus claramente revela o segredo do poder de Pedro.

Mas recebereis a virtude [o poder] do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8).

O poder para fazer “as mesmas obras e mesmo maiores” não é o poder que reside em algo humano. Ao contrário, é o poder de Deus, o Espírito Santo que está completamente a nossa disposição quando nos rendemos totalmente a Ele.

O poder sobrenatural de Deus é manifestado em sua vida e obra hoje?

É uma vida de devotada separação

“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da fornicação” (1Ts 4.3).

“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26).

Cristo viveu uma vida de separação.

O homem espiritual toma Cristo como seu Exemplo, e determina andar como Ele andou. Cristo viveu uma vida de separação. Ele estava no mundo, mas não era dele. Ele teve contato muito próximo com o mundo, mas sem conformidade a ele ou com contágio dele. O homem espiritual aspira um caminho semelhante de separação. Ele possui a mesma relação com o mundo que Cristo tinha com ele, e o mundo terá a mesma atitude com respeito a ele que teve com respeito a Cristo. O cristão considerará os prazeres, perseguições, princípios e planos do mundo exatamente como Jesus Cristo os considerou. Ele não foi do mundo; por isso, o mundo O odiava e O perseguia. Assim ele tratará o cristão.

“Não são do mundo, como Eu do mundo não sou” (Jo 17.16).

“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas, porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a Minha palavra, também guardarão a vossa” (15.19,20).

Deus o chama para uma vida de “isolamento” espiritual e “separação” para que você seja mais completamente conformado à imagem de Seu Filho. Você respondeu ao chamamento de sair e ser separado?

É uma vida de agradável santidade

“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque Eu sou santo” (1Pd 1.15,16).

Todo cristão é chamado para uma vida santa. Mas muitos cristãos não querem ser santos. Eles podem querer ser espirituais, mas temem ser santos. Isso pode ser devido ao mau entendimento do que é santidade pelo ensino falso sobre o assunto.

O que, então, é santidade? Vamos primeiro dizer o que não é. Não é perfeita impecabilidade, nem erradicação da natureza pecadora, nem é ser sem defeito. Nem torna alguém isento da possibilidade de pecar nem retira a presença do pecado. A santidade bíblica não é ser sem defeito, mas é ser sem culpa à vista de Deus.

Devemos ser “conservados sem culpa [irrepreensíveis]” para Sua chegada, e seremos “[apresentados…] sem defeito” em Sua volta.

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).

“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória” (Jd 24).

Essa verdade me foi revelada com significado renovado há quatro anos, quando fui chamada para ordenar os pertences pessoais de uma amada e querida irmã que Deus tinha chamado para o lar. Entre as coisas que ela especialmente estimou foi encontrada uma carta escrita a ela quando eu tinha sete anos. Ela tinha ido me visitar; eu a amei e a perdi, e aquela carta era o amor de meu coração expresso em palavras. A carta não era de modo nenhum sem defeito, já que a arte de escrever era pobre, a gramática, incorreta e a ortografia, imperfeita; mas era sem culpa [irrepreensível] à vista de minha irmã, já que saiu de um coração de amor e foi a melhor carta que pude escrever. Para mim, uma mulher adulta, escrever a mesma carta hoje não seria sem culpa [irrepreensível], pois minha experiência na arte de escrever e meu conhecimento de gramática e ortografia são muito maiores.

A santidade é, então, um coração de amor puro por Deus. É Cristo, a nossa santificação, entronizado como a vida de nossa vida. É Cristo, o único Santo, em nós, vivendo, falando e caminhando.

Tal santidade é encantadora, já que expressa a calma santa de Deus refletida no rosto, a tranqüilidade santa de Deus manifestada na voz, a graciosidade santa de Deus expressa na conduta, e a fragrância santa de Deus que emana de toda a vida. É sua tal santidade encantadora?

Vamos nos curvar durante alguns momentos em silêncio.

Qual é a sua vida – a de um cristão carnal ou de um espiritual? Se não estiver vivendo habitualmente no plano mais alto, você agora determinará assim fazê-lo?

Salvar

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Comunhão com Deus

Como manter uma comunhão ininterrupta com Deus é a grande pergunta em muitos corações. Pois a nova vida espiritual, dada a nós quando recebemos o Senhor Jesus (Jo 1.12), só pode ser sustentada por comunhão constante com Deus, que é a sua fonte – assim como ocorre na esfera física: precisamos respirar uma vez e outra vez e ainda mais uma vez a fim de continuarmos vivendo.

Há muito que o bebê tem de aprender enquanto cresce, mas uma coisa antes de todas as demais ele deve fazer: deve respirar! Assim é com os filhos do Senhor: eles têm muito para aprender, e Ele tem muito para fazer no treinamento deles, mas, acima de todas as coisas, eles também devem respirar: respirar na nova vida, dia após dia, em comunhão com Ele. Eles devem, portanto, aprender como viver nessa viva união e comunicação com Ele, e Ele os conduzirá em outras questões de modo gentil, conforme forem capazes de suportar.

A palavra comunhão

O dicionário dá o significado da palavra comunhão como “conversa, intercâmbio de pensamento”, e descreve a comunhão como o ato de “consultar, conversar ou falar com outro”. Isto é o que a comunhão com Deus realmente significa: uma “consulta” incessante a Ele, uma abençoada conversa sobre todos os problemas e dificuldades que nos vêm em nossa peregrinação por este mundo mau de hoje.

O profeta Amós escreveu: “Podem dois caminhar juntos a menos que combinem [ou, marquem um encontro]?” (Am 3.3).

Deus marca um encontro para se reunir com o pecador na cruz do Calvário, e a conversa deve começar lá. Por natureza estamos em inimizade com Deus, mas Deus estava em Cristo reconciliando o mundo com Ele mesmo, e a paz foi feita pelo sangue na Cruz de Jesus (Cl 1.20). Assim, tudo está claro do lado de Deus, e Ele lança um apelo a Seus inimigos e marca um encontro para reunir-se com eles no Calvário, o lugar da reconciliação.

Como o Senhor Jesus pode viver em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?

O lugar chamado Calvário

É aqui, à plena vista deste sacrifício maravilhoso do Filho de Deus (Hb 9.26), que Ele nos traz para o acordo Consigo mesmo. No início, são-nos mostrados nossos pecados pregados no madeiro com Seu Filho (1Pe 2.24), mas a salvação inclui muito mais do que isso. Devemos ser poupados de anos de lutas e fracassos se aprendemos de imediato, como aconteceu com os convertidos nos dias de Paulo, o apóstolo, que nós mesmos fomos mortos na morte de Cristo. O passado foi apagado, o pecador perdoado foi considerado crucificado com o Senhor crucificado, a partir dali unido a Ele e participando de Sua vida. Isso é de fato salvação! “Salvo por compartilhar de Sua vida” (Rm 5.10, Conybeare).

A vontade rendida

Para que essa salvação gloriosa seja percebida  em toda a profundidade de seu significado, é necessário que nos rendamos inteiramente a Deus (6.13). Como podemos ser libertados da escravidão do ego e do pecado, se retivermos alguma coisa para o ego? Como pode o Senhor Jesus habitar em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?

Nossa vontade é tudo o que realmente temos de dar para nosso querido Senhor. Ele faz toda a obra se nós apenas O deixamos ter o direito absoluto da direção. Não podemos nem nos salvar nem nos livrar de nossos pecados, nem do ego de forma alguma. Ele nos remiu na cruz do Calvário e fará a obra em nós, se dermos a Ele o controle total. Ele apenas nos pede decisivamente que nos coloquemos do lado Dele contra tudo em nós e em nossa vida do que Ele deve nos colocar em liberdade (2Co 6.14-18).

Em resumo, devemos entregar-nos irrevogavelmente a Suas mãos, para que Ele faça de nós o que Lhe agrada; por Sua graça deve resolutamente dizer: “Sim, Senhor”, para cada indicação de Sua vontade.

O Espírito de Cristo que em nós habita

Quando rendemos a Ele todo o nosso ser, o Espírito Santo toma posse do coração e o limpa de seus velhos desejos (At 15.9) e revela o Cristo vivo como o habitante do que se rende, vivendo no espírito do redimido filho de Deus por Seu Espírito, para que possamos contar daqui por diante com “a provisão do Espírito de Jesus” (Fp 1.19) para todas as nossas necessidades.

O caminhar em feliz conversação começou. O próprio Pai nos ama, porque amamos Seu Filho (Jo 16.27), e Ele conversa com Seus filhos, sussurrando: “Viverei neles e neles andarei” (2Co 6.16).

O ponto mais importante nesse abençoado caminhar com Jesus é que não deve haver nenhuma falha na comunhão.

Depois do primeiro “acordo” com Deus, há muito o que aprender, e não devemos ser desencorajados ou acovardados se não entendermos de imediato como andar com Ele fielmente.

Condições para a comunhão

Vamos ver algumas condições para a manutenção da comunhão.

1. Devemos cuidar para dar ao Senhor de fato os primeiros momentos do dia para consultá-Lo sobre nossa vida

O Senhor precisa de tempo para soprar a Sua vida em nós e falar conosco sobre Seus propósitos para nós como revelado em Sua Palavra.

O Senhor precisa de tempo para soprar Sua vida em nós e falar conosco sobre Seus propósitos para nós como revelados em Sua Palavra. Deixe que a primeira meia hora, ou uma hora, do dia, se isso for possível, seja uma real comunhão de coração.

Vamos entrar em Sua presença e sentar aos pés de nosso Pai, aproximando-nos Dele com coração verdadeiro na plena certeza de fé, pois podemos contar com o acesso imediato mediante o sangue precioso de Jesus (Hb 10.19,20), tendo “ousadia para entrar no santo dos santos” por meio Dele.

Tendo entrado na presença do Pai pela fé, abra a Palavra escrita e peça a seu Pai para falar-lhe por meio dela. Volte a sua porção para aquele dia e a leia, não tanto para estudá-la quanto para escutar o que Deus, o Senhor, lhe dirá por ela.

Fale com seu Pai sobre ela, peça-Lhe para revelar seu significado, que alerta ela tem para você. Que repreensão? Que ordem? Que consolação? Enquanto você lê Sua carta, responda a Ele dizendo-Lhe que obedecerá assim que souber como; que confiará Nele para cuidar de você, para guardá-lo durante o dia que está começando. Então, derrame o desejo de seu coração diante Dele, seu desejo profundo de conhecê-Lo melhor e de ser Seu filho obediente.

2. Devemos nos alimentar da comida celestial provida a nós na Palavra do Deus (Mt 4.4)

Há uma vasta diferença entre alimentar-nos espiritualmente da Palavra do Deus (Jr 15.16) e estudá-la com o intelecto. Muitos gastam todo o tempo buscando entender todas as “coisas difíceis de serem entendidas” (2Pe 3.16), ou alimentando a mente curiosa com todos os problemas que podem encontrar, para que sua alma fique de fato faminta em meio da abundância. No horário da manhã, devemos aprender a tomar nosso desjejum espiritual (Jó 23.12).

Lembre-se de que o Espírito Santo é o autor do Livro; portanto, antes de lê-lo, reconheça a presença do Autor, fale com Ele e peça-Lhe para abrir seus olhos a fim de ver coisas maravilhosas na lei Dele.

Podemos pensar na Bíblia como um depósito de comida armazenada para os filhos de Deus durante sua peregrinação na terra, e podemos conhecer a porção que Deus proveu para nossa refeição matinal pelas passagens que são claras e simples para nós, já que o Espírito Santo distribui a cada um segundo sua necessidade e capacidade. Vamos ser como criancinhas e tomar o alimento que é conveniente para nós. Ao chegarmos às “palavras difíceis”, deixemo-las de lado, pois elas fazem parte do alimento sólido (Hb .14), provido para nossas necessidades nos anos futuros, quando formos filhos de Deus plenamente amadurecidos.

Vamos procurar por Deus em Sua Palavra, mais do que por conhecimento sobre Ele, e Ele vai nos revelar a Si mesmo cada vez mais. Ele nos ensinará como estudar Sua Palavra a fim de ganharmos o conhecimento exato dela, mas, principalmente, o que é realmente nosso é somente aquilo que somos capazes de assimilar e viver na vida diária.

3. Devemos aprender a viver momento a momento

Como temos visto, a comunhão com Deus se parece muito com a respiração: só pode ser mantida apenas um momento de cada vez. Devemos recusar a olhar para trás ou para frente, por mais que o inimigo possa nos tentar a assim fazê-lo. Vãs remorsos do passado e temores vagos pelo futuro nos atormentarão a  mente o bastante para quebrar nossa comunhão com Deus.

A mente não pode estar ocupada com dois assuntos ao mesmo tempo; por isso, temos de confiar em nosso Senhor para nos guardar permanentemente, até mesmo inconscientemente, enquanto damos nossa atenção completamente a nosso dever em fazer todas as coisas a Seu modo (Cl 3.23).

Mas suponhamos que saibamos ter errado: não deveríamos consertá-lo?

“Comungar” significa consultar-se com o Senhor. Faça isto imediatamente! Dê todos os “erros” reais e até os aparentes imediatamente a Ele. Quando você expuser sua causa diante Dele, peça a Ele para lhe mostrar tudo que deseja que você faça, algum passo que você tenha de refazer.

Se Ele lhe mostrar algo acerca de outra pessoa com quem você tenha errado, Sua Palavra é clara: “Confessai as vossas culpas uns aos outros” (Tg 5.16; ver também Mt 5.23; 18.15).

Isto é sempre necessário para não quebrar a comunhão: uma consciência livre de ofensa para com o homem bem como para com Deus (At 24.16)! Se nenhuma luz especial for dada, deixe todo o assunto com seu Senhor; Ele promete que “Sua glória [presença] será a tua recompensa” (Is 58.8). Ele pode organizar e endireitar tudo que está atrás de você bem como as coisas tortas diante de você. O passado e o futuro estão sob o Seu controle.

4. Devemos estar atentos em não ter nenhuma quebra na comunhão

Se estivermos de fato na caminhada com Deus, veremos que o abençoado Espírito nos faz cada vez mais sensíveis a qualquer brecha nessa santa amizade. Quando estamos conscientes de um fracasso real, devemos voar imediatamente para o trono da graça e nos lançar pela fé na presença de nosso Deus Pai (ver Hb 10.19,20), tendo assegurado o acesso por causa do sangue precioso de Jesus. Oh, precisamos entender mais e mais que viemos a Jesus, o Mediador, e ao sangue da aspersão que fala eternamente por nós no céu (12.22-24)! Somente Seu sangue nos dá a entrada à presença do Pai, não nossa experiência, não nossa obediência, nada, nada a não ser o sangue precioso.

5. Devemos tratar rapidamente com a falha

Não é fácil ir imediatamente a Deus quando conscientes de termos falhado. De fato, a batalha se volta mais sobre este ponto, pois, assim que vamos, somos salvos no próprio ir. O diabo, nossa consciência, nossa vergonha e nosso remorso combinam-se para nos manter longe. Temos um sentimento de que deveríamos primeiro ser “miseráveis” durante algumas horas! Parece tão presunçoso levar o pecado à luz, ousar correr para Deus imediatamente; e, contudo, se nós retardarmos, sabemos que uma queda é apenas a precursora de muitas. O pecado será a mesma coisa horrível e pior três horas mais tarde.

O caminho da vitória na hora da derrota é levantar imediatamente e ir ao Pai, dizendo: “Pai, pequei”, sabendo que está escrito: “E Eu disse: Depois que fizer tudo isto, voltará para Mim […] Somente reconhece a tua iniqüidade […]” (Jr 3.7,13).

É da confissão franca e imediata a Deus que o diabo procura nos afastar e, como não conhecemos bem nosso Pai nos primeiros dias, muitas vezes ele tem sucesso e ficamos afastados de Deus; até em amarga tristeza somos conduzidos para trás.

Veja aquele pobre jovem! Ele havia caído na lama e suas roupas estavam imundas. Talvez tenha sentado na lama e dito: “Eu jamais conseguirei me erguer e manter minhas vestes brancas!”

Não, filhinho do Pai, o desânimo e o lamento só aumentam seu pecado. Levante-se e volte para seu Pai, clamando pelo  sangue precioso, pois “quando ainda estava longe, o seu pai o viu, e, movido de íntima compaixão, correndo, lançou-se ao pescoço e o beijou” (Lc 15.20).

Devemos, contudo, nesse ponto, enfatizar que a transgressão e a restauração constantes não são o objetivo de Deus para os Seus remidos.

O Senhor é capaz de nos guardar de tropeçar.

6. Devemos esperar não cair

Não devemos esperar cair muitas vezes no mesmo pecado, pois o Senhor vivo (Hb 7.25) é capaz de nos guardar de tropeçar (Jd 24). Uma quebra na comunhão mostra que a alma está fora do poder guardador de Deus, e, quando ela vai ao Senhor para restauração, deve esperar diante Dele para saber a causa de sua transgressão: provavelmente algum passo fora da vontade de Deus, pois somente no caminho de Sua vontade Deus se compromete a guardar-nos.

Está escrito: “Se andarmos na luz, como Ele está na luz […] o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos limpa de todo o pecado” (1Jo 1.7). À parte da confissão definida, quando estamos conscientes do fracasso definido, precisamos da aplicação contínua do sangue precioso para manter a comunhão límpida com Deus (1Pe 1.2), e podemos contar com isso se andarmos na luz. Isso está explicado em João 3.21: “Quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (ver tb. Ef 5.3).

O sangue de Jesus limpa (gr., continua a limpar) se incessantemente vivermos sob o holofote de Deus, desejando sinceramente que Ele teste (1Ts 2.4) nossa vida, já que toda a obra é feita por Ele e Nele para Sua glória.

Mas e se estivermos conscientes de que há algo bloqueando a comunhão e não soubermos a causa?

Mais uma vez, o remédio é consultar o Senhor. Vá uma vez mais ao trono da graça e peça à Fiel Testemunha (Ap 3.14) para dizer-lhe a verdade e mostrar-lhe o que está errado. Confie que o bendito Espírito irá aplicar o sangue da aspersão, e, enquanto você aguarda, se nada específico é trazido a sua mente, deixe tudo com Deus e siga em calma confiança e descanse sob o sangue purificador. Cuide para não ficar morbidamente ocupado consigo mesmo, pois isso é introspecção, e, se você voltar-se para si mesmo, perderá a comunhão com o Senhor.

Alguém pode dizer: “Sim, eu volto imediatamente a Deus quando estou consciente de ter falhado, e confesso, mas não há a imediata restauração da paz e a consciência da comunhão”. Pode haver uma ou duas razões para isso.

  1. Não conhecemos suficientemente a eficácia do sangue precioso para trazer-nos a certeza da paz. É mesmo possível que possamos, inconscientemente, estar confiando mais em nossa confissão do que na operação de Deus pelo Espírito Santo. Não é a confissão, mas a aplicação do sangue purificador pelo Espírito Santo que restaura imediatamente a comunhão quebrada com Deus. A confissão do pecado é o lado humano, a condição necessária para Deus cumprir Sua parte de perdão e purificação.
  2. Quando pecamos contra o Senhor, e O buscamos para o perdão, devemos nos deixar humildemente em Sua mão para que Ele nos trate como achar apropriado. Ele conhece nosso caráter, e para alguns de nós poderia parecer que o pecado não é tão excessivamente pecaminoso se Ele rapidamente restaurasse o gozo de nossa salvação (Sl 51.12). Pode até ser possível que confessemos nosso fracasso com a tristeza pela perda da alegria, e não com a tristeza por causar dor a Ele. Ele precisa ensinar a Seus filhos quão pecaminoso é o pecado, e fazê-los entender quanto Ele é ofendido (Ef 4.30), muito embora o sangue precioso nos limpe e estejamos novamente em comunhão com Ele (ver Mq 7.7-9).

7. Devemos andar em obediência direta à luz

Se devemos andar em comunhão com o Senhor, é razoável que Ele espere que obedeçamos à toda luz que Ele nos dá, e podemos tomar Dele o espírito de obediência para nos capacitar a obedecer (Ez 36.27). “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo 1.14), Ele disse a Seus discípulos, e a amizade com Jesus deve significar que nos alegramos em cumprir cada desejo Dele.

Se andarmos em obediência no que é de nosso conhecimento, podemos certamente confiar que o fiel Senhor nos parará no momento em que nos vê perto de dar um passo incorreto (Is 30.21). Deve ser dito, como regra, que a marca de andar no caminho da vontade de Deus é um profundo descanso de coração.

É melhor nunca agir quando estivermos em qualquer condição agitada ou apressada da mente; por isso, temos de cultivar a tranqüilidade de espírito e a consciência da presença do Espírito de nosso invisível Amigo.

8. Devemos nos lembrar que a tentação não é pecado

O adversário faz disso sua ocupação para cortar a comunicação entre a alma e o Senhor. Ele ajusta suas táticas àquele que está atacando e atormenta as almas sensíveis procurando mantê-las em constante condenação (veja suas razões em 1Jo 3.21,22) a uma suposta desobediência ou falta de rendição. Se algum passo de obediência é sugerido, e a alma recuar, o maligno de imediato dirá: “Não está rendida!”

O remédio para isso é, mais uma vez, o mesmo: consultar-se com o Senhor.

Enfrente todas as acusações de falta de rendição pela entrega definitiva ao Senhor do ponto específico em questão. Diga-Lhe que Ele sabe que você vai obedecer se puder ter certeza de Sua vontade, e, então, descanse na fidelidade de seu Deus Pai para tornar claro o caminho para você. Ele não espera que Seu filho obedeça sem conhecimento claro da mente do Pai. Sempre que há uma dúvida, é sempre bom submeter o assunto a Deus e esperar, certo de que Ele se encarrega disso.

A tentação não é pecado. Alguém utilmente definiu a verdadeira transgressão como o sim da vontade à tentação. Se a vontade imediatamente rejeita qualquer sugestão maligna, o tentador foi frustrado em seu ataque, embora mesmo nessa situação seja mais seguro buscar de imediato que o Espírito Santo aplique o sangue de Cristo – tão delicada é a comunhão com Deus.

É da maior importância que aprendamos a viver na vontade, e não no campo de nossos sentimentos. A vontade é o ego, a verdadeira pessoa, e é mediante o poder central da vontade que Deus nos controla.

Em todos os ataques da tentação, seja ela súbita ou aguçada, mantenha a calma. Mesmo que multidões de pensamentos terríveis sejam derramadas por  sua mente, volte-se de pronto para seu Senhor, e silenciosamente estabeleça diante Dele sua atitude com respeito a todas essas coisas. “Vou escolhê-las ou recusá-las?” “Eu as rejeito!”; então, graças a Deus!, é vitória; o inimigo é posto em fuga.

Por fim, não vamos desonrar nosso Senhor pensando que toda coisa desagradável deve ser Sua vontade. Se estivermos realmente rendidos a Ele, procurando fazer Sua vontade e andando com Ele em comunhão e obediência, tanto quanto pudermos, experimentaremos o que Ele disse: “É Deus que opera em vós tanto o querer como o efetuar” (Fp 2.13). “Porei as Minhas leis em seus corações, e lhes escreverei em suas mentes” (Hb 10.16).

Contanto que em nossa vontade estejamos firmemente decididos a obedecer a Ele, e confiamos a Ele cada momento para nos impedir da busca própria e da auto-indulgência em todas as formas, podemos confiar Nele para inclinar o nosso coração para guardar Sua lei.

Assim, comprovaremos realmente que Seus mandamentos não são penosos e veremos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” (2Co 13.14).

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A. W. Pink Evangelho Pecado Salvação Santidade

Regeneração – o novo nascimento

Há duas coisas que são absolutamente essenciais para poder receber a salvação: a libertação da culpa e do castigo do pecado e a libertação do poder e da presença do pecado. Um se efetua na obra de reconciliação de Cristo, e o outro se realiza nas operações efetuadas do Espírito Santo. Um é o bendito resultado do que o Senhor Jesus fez para o povo de Deus, e o outro é a conseqüência gloriosa do que o Espírito Santo fez no povo de Deus. Um ocorre quando, depois de haver nascido como mendigo destituído, a fé toma posse de Cristo e, então, Deus o justifica de todas as coisas, e o pecador crente, receoso e penitente, recebe o perdão completo e gratuito. O outro sucede paulatinamente em diferentes etapas sob a divina bênção da regeneração, da santificação e da glorificação. Na regeneração, o pecado recebe sua ferida mortal ainda que não morra totalmente. Na santificação, mostra-se na alma regenerada a cova de corrupção que mora dentro dele e que lhe ensina a desprezar e odiar a si mesmo. Na glorificação, a alma e o corpo são libertados para sempre de todo vestígio e efeito do pecado.

A regeneração é absolutamente necessária para que uma alma entre no céu. Para poder amar as coisas espirituais, um homem tem de ser transformado espiritualmente. “E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2Ts 2.10). O homem natural pode ouvir estas coisas, porém não pode amá-las nem achar alegria nelas. Ninguém pode morar com Deus e estar feliz para sempre em Sua presença até que se tenha feito uma mudança radical nessa pessoa para realizar uma transformação do pecado à santidade; e essa mudança tem de se realizar aqui mesmo na terra.

Como alguém pode entrar no mundo de santidade inefável depois de haver passado toda sua vida em pecado (agradando-se dele)? Como poderá cantar o cântico do Cordeiro (Ap 15.3) se o coração não está sintonizado nele? Como poderá contemplar a grande majestade de Deus face a face se nem sequer houvera visto “pelo espelho na escuridão” com os olhos da fé? Tal como dóem os olhos de alguém quando sai a luz do sol do meio-dia depois de estar na escuridão, assim também será quando os inconversos contemplarem Aquele que é a luz. Em vez de querer tal visão, “todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (1.7). Sim, tão aterradora será sua angústia que clamarão aos montes e as rochas: “Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto Daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro” (6.16). Meu querido leitor, essa será sua experiência a menos que Deus regenere você.

O que ocorre na regeneração é o contrário do que ocorreu na queda. A pessoa que nasce de novo é restaurada a uma união e comunhão com Deus por meio de Cristo e a operação do Espírito Santo: o que estava morto espiritualmente antes agora está vivo espiritualmente (Jo 5.24). Tal como a morte espiritual veio pela entrada de um princípio mau no ser do homem, da mesma maneira se introduz um princípio bom na vida espiritual. Deus lhe comunica um princípio novo, tão real e tão potente como é o pecado. Agora lhe é dada a graça divina, e uma disposição santa se desenvolve em sua alma. Dá-se lhe um espírito diferente ao homem interior. Porém não se criam novas faculdades dentro dele, mas, melhor que isso, se enriquecem suas faculdades originais, e essas adquirem nobreza e poder.

Uma pessoa regenerada é uma nova criatura (2Co 5.17). Meu caro leitor, isso se aplica a sua vida? Que cada um de nós se examine na presença de Deus a respeito destas perguntas! Como está meu coração a respeito do pecado? Existe uma humilhação profunda e uma tristeza segundo Deus, agora que me consagrei? Existe de modo genuíno ódio contra o pecado? Tenho uma consciência imatura para que me perturbem essas coisas que o mundo denomina “pequenas”? Sinto-me humilde quando estou consciente do surgimento do orgulho e da minha vontade própria? Aborreço as minhas corrupções internas? Estão os meus desejos mortos para o mundo e vivos para Deus? Em que medito em meu tempo livre? Parecem-me os exercícios espirituais tempos de alegria e prazer ou incômodos como uma pesada carga? Posso dizer: “Quão doces são ao meu paladar as Tuas palavras! Mais do que o mel na minha boca (Sl 119.103)”? É a comunhão com Deus meu maior gozo? É a glória de Deus mais preciosa para mim do que tudo o que o mundo me oferece?

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Amor a Deus Bíblia Charles Spurgeon Citações Consolo Corrie Ten Boom Cristo Cruz Deus Encorajamento Gotas de orvalho Jessie Penn-Lewis Octavius Winslow Richard Sibbes Santidade Sofrimento Vida cristã

Gotas de orvalho (55)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Todas as bênçãos do Espírito nos foram dadas nas regiões celestiais em Cristo (Ef 1.3), do lado celestial da cruz. Ele “nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (2.3). Porque você foi plantado na morte de Cristo, agora você é unido a Ele na vida Dele. Assim, não é somente “Cristo em você” como sua vida interior, mas “você em Cristo” como sua circunferência, seu meio ambiente, sua esfera. Se você vive na esfera de Cristo, as pessoas com as quais você tem contato se encontram com Ele, pois Ele está envolvendo você. Freqüentemente usamos a expressão “no Senhor”, mas será que sabemos o que ela significa? Em Cristo nos tornamos novas criaturas, as coisas velhas passam e tudo se faz novo; todas as coisas são de Deus. Nós nunca lutamos para entrar nessa vida abençoada nem a aprendemos por nossos próprios esforços. A verdade é que Cristo já concluiu a obra. Somos nós que precisamos cessar com nossos esforços próprios e esconder-nos Nele por fé, dizendo: “Daqui em diante eu estou em Cristo. Ele é meu esconderijo. Estou disposto a deixar as coisas velhas passarem, e a confiar Nele dia a dia para tornar novas todas as coisas”.

(Jessie Penn-Lewis)

A melhor ferramenta de Deus em nossa vida é a ferramenta do sofrimento.

(Corrie ten Boom)

A oração é o pulsar da alma renovada, e a constância desse pulsar é o teste e a medida da vida espiritual.

(Octavius Winslow)

Deus pode encontrar sentido em uma oração confusa.

(Richard Sibbes)

Agora, eu concentro todas as minhas orações em uma, que é esta: que eu morra para mim mesmo e viva somente para Cristo.

(Charles H. Spurgeon)

É teu amigo aquele que te impulsiona para que estejas mais perto de Deus.

(Abraham Kuyper)

As Escrituras nos ensinam a melhor maneira de viver, a maneira mais nobre de sofrer e o modo mais confortável de morrer.

(John Flavel)

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Citações Deus Encorajamento Pecado Salvação Santidade Vida cristã Watchman Nee

Deus está satisfeito!

É a santidade de Deus, a justiça de Deus, que exige que uma vida sem pecado seja dada em favor do homem. Há vida no sangue, e aquele sangue tem de ser derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o sangue seja apresentado com o fim de satisfazer a Sua própria justiça, e é Ele quem diz: “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós” (Êx 12.13). O Sangue de Cristo satisfaz Deus inteiramente.

Desejo agora dizer uma palavra a respeito disto a meus irmãos mais novos no Senhor, porque é neste caso que muitas vezes caímos em dificuldade. Em nossa condição de descrentes, podemos não ter sido absolutamente molestados por nossa consciência, até que a Palavra de Deus começou a nos despertar. Nossa consciência estava morta, e aqueles que têm consciência morta certamente não têm qualquer préstimo para Deus. Mas, mais tarde, quando cremos, nossa consciência pode se tornar extremamente sensível, e isso pode vir a ser real problema para nós. O sentimento de pecado e de culpa pode se tornar tão grande, tão terrível, que quase nos paralisa porque nos faz perder de vista a verdadeira eficácia do sangue. Parece-nos que nossos pecados são tão reais, e algumas vezes algum pecado em particular pode atribular-nos tantas vezes, que chegamos ao ponto de imaginá-los maiores do que o sangue de Cristo.

Ora, nosso mal reside em estarmos procurando sentir seu valor e estimar, subjetivamente, o que o sangue é para nós. Não podemos fazê-lo. O sangue não opera desta forma. Destina-se, primeiramente, a ser visto por Deus. Então, temos de aceitar a avaliação que Deus faz dele. Ao fazê-lo, acharemos nossa própria estimativa. Se, em lugar disso, procuramos avaliá-lo, por meio do que sentimos, não alcançaremos nada e permanecemos em trevas. Pelo contrário, é questão de fé na Palavra de Deus. Temos de crer que o sangue é precioso para Deus porque Ele assim o diz (1Pd 1.18,19). Se Deus pode aceitar o sangue como pagamento por nossos pecados e como preço de nossa redenção, então, podemos ter certeza de que o débito foi pago. Se Deus está satisfeito com o sangue, logo, deve ser aceitável o sangue. Nossa estimativa dele é somente de acordo com a avaliação de Deus — nem mais nem menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não deve ser menos.

Lembremo-nos de que Deus é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o sangue de Cristo é aceitável a Seus olhos e que O satisfez inteiramente.

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Gotas de orvalho (52)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Nosso pai foi Adão; nosso avô, o pó; nosso bisavô, o nada.

(William Jenkyn)

Se me contentar em ser nada, não posso ficar ofendido. E, quando for realmente humilde e reconhecer que não passo de um verme, não me queixarei de ser pisado.

(Robert C. Chapman)

Eu me confio totalmente [a Cristo,] a Ele que se dispôs a salvar-me, que sabia como realizar Seu propósito e tinha poder para desempenhar-se da tarefa. Ele tanto me buscou como me chamou por Sua graça.

(Bernard de Clairvaux)

Os santos [os cristãos], por melhor que sejam, não passam de estranhos quando comparados ao peso e à preciosidade da doçura incomparável de Cristo.

(Samuel Rutherford)

Ele, que é o Pão da vida, iniciou Seu ministério tendo fome. Ele, que é a Água da vida, terminou Seu ministério tendo sede. Cristo teve fome como homem e alimentou os famintos como Deus. Ele se sentiu cansado; contudo, é nosso descanso. Pagou tributo; no entanto, é o Rei. Foi chamado de demônio, mas lança fora nossos demônios. Orou; contudo, ouve nossas orações. Chorou, e enxuga nossas lágrimas. Foi vendido por trinta moedas de prata, e redime o mundo. Foi levado como ovelha para o matadouro, e é o Bom pastor. Cristo morreu e deu Sua vida, e, por ter morrido, destruiu a morte.

(Autor desconhecido)

Nunca pense que Deus precisa de um homem com qualidades como você. É você quem precisa de Deus.

(Henry Vögel)

Existe algo sob o sol
que quer meu coração ganhar.
Longe de mim, seja o que for!
Tu tão-somente reinarás.
Meu coração se há de livrar
da terra, e em Ti repousará.

(Gerhard Tersteegen)

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Amor a Deus Citações Evangelho George Müller Gotas de orvalho Martinho Lutero Pecado Santidade Vários

Gotas de orvalho (50)

Cedo de manhã, o orvalho do céu!

Um pequeno feixe da vontade de Deus está sempre atado a cada hora.

(F. W. Faber)

Aquele que crê no Senhor não se preocupa com o amanhã, mas labuta alegremente com o coração sereno.

(Martinho Lutero)

Antes que nosso conhecimento possa ser de muito proveito para outros, deve tornar-se um canal de comunhão secreta entre nossa própria alma e Deus.

(Robert C. Chapman)

A fé são os pés que nos levam a Jesus. Pés aleijados ainda são pés. Aquele que vem vagarosamente, de alguma forma vem.

(George Müller)

Aqueles que apreciam a graça com mais profundidade não continuam no pecado. Além disso, o medo produz a obediência dos escravos; o amor gera a obediência dos filhos.

(J. W. Sanderson Jr.)

Devemos nos aproximar da Palavra de Deus não apenas com fé e com amor, mas com o desejo de obedecer.

(Ruth Paxon)

O evangelho tem de ser antagonista a tudo o que é contrário a Deus.

(C. A. Fox)

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Citações Consolo Cristo Encorajamento Gotas de orvalho Humildade João Calvino Matthew Henry Mundo Oração Pecado Repreensão Santidade Thomas Watson

Gotas de orvalho (48)

Orvalho dos céus para começar cada dia da semana

O homem nunca alcança um conhecimento claro de si mesmo a não ser que primeiro eleve os olhos para o rosto de Deus e, então, venha de contemplá-Lo para examinar a si mesmo.

(João Calvino)

Nada é mais contrário a uma esperança celestial do que um coração mundano.

(William Gurnall)

As orações e súplicas que Cristo ofereceu, com fortes clamores e lágrimas, são um claro exemplo não só sobre orar, mas para sermos fervorosos e importunos em oração. Quantas orações secas, quão poucas as molhadas de lágrimas, nós oferecemos a Deus!

(Matthew Henry)

A fé habita em um coração quebrantado. “O pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!” (Mc 9.24). A verdadeira fé está sempre em um coração ferido pelo pecado. A fé salvadora sempre cresce em um coração humilhado pelo pecado, em um olho que chora e em uma lacrimosa consciência.

(Thomas Watson)

A terra não tem preocupação que o céu não possa curar.

(Thomas Moore)

Já não está na moda sofrer por amor de Deus e carregar a cruz por Ele, pois a diligência e a real seriedade, que por acaso eram encontradas no homem, foram extintas e se tornaram frias. E agora ninguém mais está disposto a sofrer angústia por causa de Deus.

(Johannes Tauler)

O mais santo dos homens precisa ser preservado dos piores pecados, pois está conscientes de que pode cair na mais profunda cova da iniqüidade se Deus retiver Sua misericórdia.

(George Lawson)

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Gotas de orvalho (46)

Orvalho dos céus para começar cada dia da semana

A santidade do homem é hoje sua maior alegria e, no céu, a maior alegria do homem será sua perfeita santidade.

(Thomas Brooks)

Caminhar no Espírito exige que vivamos na Palavra de Deus como o peixe vive no mar.

(A. W. Tozer)

O arrependimento não é apenas a maneira de começarmos a vida cristã. O arrependimento é a vida cristã.

(David Powlison)

Muitos pais e esposos cristãos pensam que cumprem com o dever que Deus lhes determinou porque provêem para as necessidades materiais de sua família. Isso não é suficiente! Se nossa esposa e nossos filhos fossem unicamente corpos materiais, então faria sentido que provêssemos apenas para suas necessidades materiais. Mas eles não são apenas corpo; têm alma eterna. O bem-estar espiritual deles também deve ser atendido.

(Jason Helopoulos)

Os pregadores que se recusam a falar do pecado não têm base para esperar que o Espírito de Deus trabalhe com eles para levar os homens a Cristo.

(Paul Washer)

A milhões de pessoas que professam ser cristãs e se chamam de cristãs o apóstolo Paulo não chamaria de cristãs de modo algum.

(J. C. Ryle)

Lembre-se: nenhum homem tem tempo para orar. Todo homem tem de tirar tempo de outras coisas que são valiosas para entender quão necessário é o tempo da oração.

(Oswald Chambers)

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A. W. Pink Citações Gotas de orvalho John MacArthur John Nelson Darby John Piper Martin Lloyd-Jones Pecado Richard Sibbes Salvação Santidade Thomas Watson

Gotas de Orvalho (40)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Se você não deseja santidade, não vejo que tenha qualquer direito de pensar que é cristão.

(Martyn Lloyd-Jones)

É difícil ver como o cristianismo pode ter um efeito positivo na sociedade, se não pode transformar sua própria casa.

(John F. MacArthur Jr.)

É possível falar de amor pelos homens de tal maneira que Deus sai de cena. É possível começar a justificar sua vida unicamente na base do quão “bom” você é para os homens. E, gradualmente, a diferença entre um cristão e a falsa ética humanista desaparece. Não porque o humanismo tornou-se centrado em Deus, mas porque o cristão tornou-se o centro de tudo.

(John Piper)

Satanás ofereceu a Adão um fruto, e Adão perdeu o paraíso. Por isso, em todas as tentações considere não o que ele oferece , mas o que você vai perder.

(Richard Sibbes)

Ah, que alegria é ter nada, ser nada e ver nada além de um Cristo vivo em glória e não se importar com nada além de Seus interesses aqui na terra!

(John Nelson Darby)

Não perguntamos: “Cristo é seu Salvador?”, mas: “Ele é real e verdadeiramente seu Senhor?” Se Ele não for seu Senhor, então, com a mais absoluta certeza, Ele não é seu Salvador.

(A.W. Pink)

É bom desmascarar nossos pecados, para que eles não nos desmascarem.

(Thomas Watson)

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Disciplina G. H. Lang Santidade

Filhos primogênitos

Os pontos da história de Esaú a serem considerados são:

Esaú, por ser o filho primogênito, obteve por direito de nascimento os privilégios antes descritos como pertencentes ao primogênito. Ele não teve de conquistá-los ou comprá-los. Eles foram unidos a ele por nascimento, de acordo com a vontade de Deus. Entretanto, era sua obrigação retê-los. Esaú, porém, os considerou de tão pequeno valor que logo os negociou, trocando-os por uma gratificação passageira ao paladar. Não se tratava de dificuldade em obter qualquer outro tipo de alimento, pois ele havia chegado ao acampamento. O fato, como registrado por Deus, foi que ele desprezou o seu direito de primogenitura. Embora mais tarde, estando arrependido de sua estupidez, Esaú constatou ser impossível reverter seu próprio ato, ou mudar a mente de seu pai, no tocante a assegurar a benção mais rica que acompanhava a posse dos direitos da primogenitura.

Acreditamos ser simplesmente impossível que Esaú seja oferecido como advertência para o falso professo da fé, que não está realmente em Cristo Jesus. Isso porque Esaú era filho legitimo de Isque, e não um bastardo ou estrangeiro. Ele obteve legalmente os direitos do primogênito, não sendo um falso reclamante. Mesmo depois da perda desses direitos, seu pai o abençoou tão plenamente quanto possível, embora não lhe pudesse restituir a prioridade que ele próprio havia lançado fora. Ele não perdeu aquelas coisas que teriam feito dele uma possível representação de alguém finalmente perdido, isto é, a vida ou a filiação. Mas ele perdeu sua dignidade superior e seus privilégios.

Nenhuma dessas condições é preenchida numa pessoa não-regenerada, a despeito de quão razoável e contínua seja sua declaração de ser cristã. Pessoas assim não são filhos de Deus de modo nenhum; não serão de maneira nenhuma abençoados, e sim reprovados, não possuindo, ou melhor, não tendo possuído a vida eterna, mas sendo “filhos da ira, como os demais”. Os dois casos são totalmente diferentes; porém, o caso de Esaú mais precisamente corresponde aos genuínos cristãos caso, a que ele é aqui aplicado. “Tendo cuidado de que ninguém […]”, diz a Escritura, “seja devasso ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura”. E depois, num parágrafo diretamente ligado por uma partícula àquela advertência, é acrescentada a seguinte declaração: “Mas chegastes  [vós que sois assim advertidos] […] à universal assembléia, à igreja dos primogênitos” (Hb 12.15,16,22,23). De modo que a advertência é dada àqueles que possuem direitos semelhantes na família e na esfera celestiais. A esses pode ela ter tal força. Advertir alguém contra a perda de algo que não possui é uma futilidade, que não nos atrevemos a atribuir ao Espirito do Senhor.

Mas verdadeiros crentes, nascidos de Deus e chamados para Seu reino e glória, preenchem os fatos no caso de Esaú. Tais pessoas são verdadeiramente filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus, primogênitos de Sua família e possuem os direitos da primogenitura. Eles não têm de ganhá-los, comprá-los ou conquistá-los. Esses direitos são, em sua totalidade, um direito da primogenitura pela graça soberana do Senhor. Mas os filhos têm de valorizá-los e conservá-los, e são advertidos com respeito à perda deles. Sua filiação é inalienável e sua vida eterna não é passível de perda, não sendo depositada e guardada por eles, por sua conta e risco, mas “oculta juntamente com Cristo em Deus” (Cl 3.3). Se os cristãos estiverem certos de que tudo, tudo está garantido, grande será o perigo de permitir um descuido sutil de coração. Porém, se a retenção destes altos privilégios foi condicionada a nosso caminhar, forte é a motivação para avançarmos até a perfeição.

A perda dos direitos da primogenitura é mais indicada e enfatizada na história de Rúben. Sendo o filho primogênito de Jacó, essa honra era dele; mas, por se submeter aos desejos sensuais não naturais, lhe foi tirada (1Cr 5.1) e foi dada, quanto ao território, aos filhos de José, o qual recebeu em seus filhos a porção dobrada; a soberania coube à tribo de Judá na pessoa de Davi e seus filhos, incluindo o Messias; e o sacerdócio, a Levi. Isso estava na mente do escritor quando ele especificou em nossa passagem o pecado de fornicação?

Todavia, Rúben permaneceu na família e foi abençoado em medida; mas, ao mostrar que os direitos em questão uma vez perdidos não podem ser recuperados, deve-se lembrar que, nos dias do reino vindouro, a situação ocasionada pelo mal comportamento de Rúben será mantida: o Rei virá da casa de Judá, o sacerdócio em Israel será da família de Zadoque, o levita (Ez 48.11) e Efraim e Manassés possuirão a porção dobrada. Essas coisas Rúben perdeu para sempre, ainda que permanecendo na casa de Israel e partilhando de uma porção, sendo essa comum, e não de grau especial. Todas essas coisas são vistas comparando-se as declarações finais e proféticas de Jacó (Gn 49.1-4) e as de Moisés (Dt 33.6); pois, Jacó declarou que a dignidade do primogênito com sua posição de superioridade e poder pertencia a Rúben; todavia não seria dele nem nos últimos dias. Moisés garantiu vida para a tribo e nada mais: “Viva Rúben e não morra; e não sejam poucos os seus homens”.

A transferência do direito da primogenitura também é mostrado em 1Crônicas 26.10. No início desse capítulo nos é relatado um acontecimento ocorrido na família levita, trazendo a lição para nós, que somos chamados ao serviço celeste, tipificado pelo serviço no tabernáculo.

O principal tema dessa passagem em Hebreus, e na verdade de toda a carta, é resumido nas palavras de 12.28: “Recebendo um reino”. O assunto em questão é esse, e não a segurança da salvação em relação à perdição eterna. A epístola pressupõe que o benefício da salvação eterna está seguro desde o início aos considerados “santos irmãos participantes da vocação celestial” (3.1). Portanto, sendo essa chamada um privilégio pela graça de Deus em Cristo, não devemos “nos desviar Daquele que dos céus nos adverte”; isto é, Aquele que nos adverte com histórias como a de Esaú e de outros, pois, existindo no final um tremor, removamos todas as coisas abaláveis, para que somente as inabaláveis e eternas permaneçam.

Para a glória do soberano no reino, iniciando-se no milênio e prosseguindo eternamente, é que somos chamados. Devemos, então, pela graça de Deus, servir de maneira aceitável ao Deus da graça, esforçando-nos por Ele e cumprindo toda a Sua vontade, não em vaidade carnal, como se pouco importasse como vivemos e servimos, mas com “reverência e santo temor, porque o nosso Deus é fogo consumidor”, como muitos de Seu povo tem presenciado.

Clique aqui para ver o primeiro artigo desta série.

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Disciplina Escatologia Salvação Santidade Segunda vinda

O direito de primogenitura pode ser perdido (A. L. Chitwood)

Existem dois exemplos clássicos na Palavra de Deus concernentes à perda dos direitos pertencentes ao primogênito: um se encontra na história de Esaú e outro, na de Rúben.

Rúben e o direito de primogenitura

Rúben, o primogênito de Jacó estava para herdar o direito da primogenitura. Mas, por causa de um grave pecado cometido, Rúben perdeu esse direito. O pecado de Rúben que resultou na perda de seus direitos foi uma impropriedade sexual de tal natureza que desonrou e envergonhou o pai: “Foi Rúben e se deitou com Bila, concubina de seu pai” (Gn 35.22).

O que Rúben perdeu, perdeu para sempre.

Por causa desse pecado, anos mais tarde, quando Jacó chamou a sua presença os doze filhos, pouco tempo antes de sua morte, para relatar o que deveria acontecer a eles “nos últimos dias”, Rúben ouviu as seguintes palavras: “Rúben, tu és o meu primogênito, minha força, e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a águia, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito de teu pai e o profanaste; subiste à minha cama” (49.3,4). A tribo de Rúben, como Jacó profetizou, não se sobressaiu. De sua tribo não veio juiz, rei ou profeta. O que Rúben perdeu, perdeu para sempre. Mas ele mesmo permaneceu como filho de Jacó e foi abençoado em certa medida, mas não como primogênito.

O direito da primogenitura de Rúben foi dividido entre três de seus irmãos. O reino foi outorgado a Judá; o serviço sacerdotal, a Levi; e a porção dobrada foi concedida a José. A tribo de Judá tornou-se a linhagem real; a tribo de Levi, a linhagem sacerdotal; e a tribo de José recebeu a porção dobrada por intermédio de seus dois filhos, Efraim e Manassés, os quais receberam a herança (1Cr 5,1,2).

Durante o milênio, a condição criada pelo pecado de Rúben irá permanecer. O rei será da casa de Judá (Ap 5.5), o sacerdote, da família de Zadoque, o levita (Ez 44.15,16; 48.11), e a porção dobrada será possuída pela casa de José graças a Efraim e Manassés (Ez 47.13; 48.4,5).

Esaú e o direito de primogenitura

O direito da primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para sempre.

Esaú, assim como Rúben, perdeu seu direito de primogenitura. Na história de Esaú, toda a herança foi para seu irmão mais novo, Jacó. Esaú perdeu o direito de primogenitura para satisfazer a um prazer da carne. Ele vendeu seus privilégios a Jacó por um simples prato de lentilhas (Gn 25.27-34).

Visto que o direito da primogenitura havia sido prometido a Jacó (v. 23), alguns duvidam que Esaú realmente o possuíra. Entretanto, Esaú não foi apenas um pretendente a ele. No original grego, a palavra “vendeu” encontrada em Hebreus 12.16 implica que o objeto vendido pertencia somente a Esaú, e que ele estava perfeitamente cônscio de suas ações quando vendeu o direito de primogenitura a Jacó.

Em Gênesis 25.34 lemos que Esaú “desprezou” seu direito de primogenitura. No grego, na versão Septuaginta do Antigo Testamento, a palavra “desprezou” significa que Esaú considerou como insignificante e uma ninharia o direito de primogenitura. Ele o julgou de pouco valor e o vendeu convicto de que estava vendendo algo sem valor real. Só mais tarde, muito mais tarde, foi que Esaú verificou o valor do que havia vendido. Como na história de Rúben, a perda de seu direito a primogenitura não afetou sua filiação, mas alterou para sempre sua posição como primogênito de Isaque.

Após Jacó ter sido abençoado como primogênito da família, Esaú, aparentemente pela primeira vez, considerou o valor do que havia perdido. Tentou reaver esse direito, mas a Escritura relata que ele “não achou lugar de arrependimento”. Após conscientizar-se do valor do direito de primogenitura e do que havia ocorrido, implorou a Isaque, seu pai, para que mudasse sua decisão e o abençoasse também. Esaú clamou a Isaque: “Acaso tens uma única bênção, meu pai?” E nos é relatado que “Esaú levantou a voz e chorou” (27.38).

A palavra “arrependimento” significa mudar a mente de alguém. Esaú esforçou-se para mudar a decisão do pai, mas ele “não achou lugar para arrependimento”, isto é, não encontrou lugar para uma mudança de mente. A American Standard Version of the Bible (1901 ed.) tem provavelmente a tradução mais acurada de Hebreus 12.17 do que as encontradas em outras versões. Esse versículo na American Standard Version diz: “Sabeis que mais tarde, quando desejou herdar a bênção, foi rejeitado; não encontrou lugar para a mudança de mente de seu pai, embora se esforçasse com lágrimas”. Isaque não podia mudar a decisão que havia tomado. O direito da primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para sempre.

Os cristãos e o direito de primogenitura

Os cristãos naquele dia, levantarão a voz e chorarão ao se conscientizar do que foi perdido, conforme aconteceu com Esaú na tipologia.

Existe na mente de muitos cristãos a idéia de que, após alguém crer no Senhor Jesus como Salvador, não importa a maneira como conduz a vida, porque todos os cristãos irão ser herdeiros com o Filho quando Ele receber o reino. Nada poderia estar tão distante da verdade. Reinar com Cristo depende de nossa identificação com Ele, compartilhando Sua rejeição e vergonha nos dias atuais. Se todos os cristãos devem governar e reinar com Cristo em Seu reino, o que quer dizer a Escritura ao declarar: “Se perseverarmos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, Ele por Sua vez nos negará” (2Tm 2.12)? Se o cristão vive uma vida indisciplinada, segundo a natureza carnal (tipificada pela atitude de Esaú com relação ao direito de primogenitura), e não segundo a natureza espiritual (tipificada pela atitude de Jacó com relação ao direito de primogenitura), e falha em se ocupar até a vinda do Senhor (Lc 19.12,13), ou falha em usar o talento ou a mina confiada a ele pelo Senhor (Mt 25.14-30; Lc 19.15-24), esse cristão será desqualificado para ocupar um lugar no reino do Senhor.

Todo cristão é um primogênito de Deus aguardando a plena filiação e a herança pertencentes ao primogênito (Rm 8.16-23,29; Hb 2.10; 12.23). A plena filiação e a herança são futuras e podem ser perdidas, sendo uma intimamente relacionada com a outra. O parentesco do cristão com o Pai, como filho primogênito aguardando a plena filiação, não pode ser perdido, mas o parentesco como filho primogênito maduro e a participação dos direitos pertencentes ao primogênito podem ser perdidos. Conforme o registro de Esaú e Rúben, uma vez que ocorra, os direitos pertencentes ao primogênito não podem ser recuperados.

Naquele dia, quando estivermos de pé perante o Tribunal de Cristo, serão encontradas duas classes de cristãos: os que conservaram seus direitos como primogênitos e os que perderam esses direitos

Os cristãos que conservarem os direitos da primogenitura os exercitarão como “co-herdeiros” com o Filho no reino. Porém, os cristãos que os perderem se encontrarão na mesma posição de Esaú e Rúben se encontraram, buscando a perda dos direitos da primogenitura pertencentes ao primogênito. Esses cristãos buscarão lugar de arrependimento, isto é, tentarão mudar a mente do Juiz no sentido de abençoá-los juntamente com os outros que não perderam os direitos pertencentes ao primogênito. Todavia, não encontrarão lugar para mudança de mente. Será tarde demais. O direito da primogenitura terá sido perdido. A bênção com respeito à herança que aguarda os filhos primogênitos maduros de Deus será perdida, e os que a perdem não ocuparão nenhuma posição entre os “reis e sacerdotes” que reinam sobre a terra com o Filho. Os cristãos naquele dia levantarão a voz e chorarão ao se conscientizar do que foi perdido, conforme aconteceu com Esaú na tipologia.

“Venho sem demora; conserva o que tens para que ninguém tome a sua coroa” (Ap 3.11).

Clique aqui para ver o primeiro artigo desta série.


(Fonte: extinta revista A Palavra Profética (set-out/1987) – Nº 3. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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