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Indicações de sexta (2)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia!

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe seja útil para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.
É importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que ele ensina; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Disciplina Bíblica – Parte 1: Por que nossos filhos precisam dela?. Excelente texto escrito por uma mãe cristã.
  2. Jesus Cristo, sempre fiel. Um estudo breve sobre a fidelidade de nosso Senhor ao Pai, base de nossa confiança Nele.
  3. A soberana preservação das Escrituras. Por que podemos crer que temos hoje a Palavra de Deus inspirada uma vez que nenhum manuscrito original sobreviveu à ação do tempo?
  4. Examinai as Escrituras, sermão de Charles Spurgeon.

Mensagem que merece ser ouvida

A doutrina da depravação total.

Augustus Nicodemus, a partir de Êxodo 20 e de Romanos 7, apresenta a realidade de que o homem é um pecador incapaz de salvar a si mesmo.

Hino que merece ser ouvido

Tu és fiel, meu Deus

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (6)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Um homem nunca rejeita a Deus por causa de exigências intelectuais ou por falta de evidências, mas por causa de uma resistência moral.

(Ravi Zacharias)

O fundamento de todo verdadeiro conhecimento de Deus deve ser uma clara apreensão mental de suas perfeições como reveladas nas Escrituras. Não se pode confiar em, adorar ou servir a um Deus desconhecido.

(A. W. Pink)

A resposta à oraçāo é certa, se for sinceramente oferecida por intermédio de Jesus. O caráter do Senhor assegura-nos que Ele não deixará Seu povo; Sua relação como Pai e Esposo garante-nos Sua ajuda; Sua dádiva em Jesus é um penhor de toda coisa boa; e Sua firme promessa permanece: “Não temas, Eu te ajudarei.”

(Charles Spurgeon)

A quebra do frasco de alabastro e a unção do Senhor encheu a casa com o aroma, com o doce aroma. Todos podiam sentir o cheiro. Sempre que você encontrar alguém que tenha realmente sofrido, que tenha sido limitado, que tenha passado por situações pelo  Senhor, estando disposto a ser preso pelo Senhor, a estar satisfeito apenas com Ele e nada mais, imediatamente você sentirá o perfume. Haverá um aroma do Senhor. Algo foi esmagado, algo foi  quebrado, e há um resultante aroma de doçura.

(Watchman Nee)

Quando Deus se propõe a fazer uma grande misericórdia a Seu povo, a primeira coisa que faz é convidá-lo a orar.

(Matthew Henry)

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Gideão e o sinal do velo

Devemos pedir sinais para conhecer a vontade de Deus?

Conhecer a vontade de Deus por meio de sinais?

Gideão havia recebido uma clara missão da parte de Deus: “Vai nesta tua força e livrarás a Israel das mãos dos midianitas” (Jz 6.14-16). Para isso, Deus lhe havia dado uma dupla promessa: Ele mesmo estaria com Gideão e lhe daria a vitória. Além disso, com paciência e amor Deus havia preparado a Seu servo Gideão para essa grande missão. Lemos sobre isso nos versículos 17 a 32. Agora, no versículo 33, havia chegado o momento em que Gideão devia começar sua tarefa.

O momento oportuno para cumprir a missão

O próprio Deus mostrou o momento preciso em que Gideão deveria agir. Esse momento foi tornado claro por meio de três acontecimentos:

  1. Os inimigos se preparavam para um combate (v. 33). Gideão não necessitou esperar muito tempo para que se apresentasse a ocasião de cumprir sua tarefa. O próprio Deus a apresentou: os inimigos se reuniram no vale de Jezreel. Isso foi um sinal evidente para Gideão de que havia chegado o momento exato para cumprir a missão dada por Deus. Por acaso, ele devia ficar de braços cruzados, olhando como os midianitas atacavam o povo de Israel? De modo algum! Ele tinha a clara missão de vencer Midiã. Agora Gideão tinha de agir, pois Deus lhe havia ordenado isso.
  2. O Espírito de Deus veio sobre Gideão (v. 34). Se, por um lado, Deus apresenta a ocasião, por outro, também dá toda a força e os recursos necessários. Assim, a pessoa pode levar a cabo com fidelidade a missão que lhe é dada. Isso foi o que aconteceu com Gideão: o Espírito de Deus veio sobre ele, e, com esse poder, Gideão pôde dar o primeiro passo. O fato de o Espírito de Deus tê-lo habilitado deveria ter tornado muito evidente de que, agora, lhe competia pôr-se em marcha.
  3. Tocar a trombeta teve um resultado (v. 34). Com o poder do Espírito de Deus, Gideão tocou a trombeta e viu o resultado que isso gerou. Primeiro, os homens do entorno (os abiezritas) vieram a ele; a seguir, os de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali fizeram o mesmo. De boa vontade, ouviram o chamamento da trombeta e se reuniram com Gideão. Isso também era uma obra de Deus claramente reconhecível.

Nessa cena, a trombeta representa a Palavra de Deus. Quando Deus dá o poder de Seu Espírito para uma missão, também opera por meio de Sua Palavra. Ela produzirá resultado nos corações e confirmará o servo do Senhor como instrumento por meio do qual Ele deseja operar. Gideão experimentou isso, e ocorre o mesmo em nosso tempo. Se um servo comunica no momento certo a mensagem apropriada da Palavra de Deus, o efeito se manifestará.

Esses três acontecimentos não eram suficientes para que Gideão, confiando na ajuda de Deus, executasse a missão que havia recebido do próprio Deus? Ainda precisava de mais confirmações?

Gideão pede um sinal

Compreendemos muito bem que Gideão estava temeroso frente a enorme superioridade de seus inimigos. Mas também constatamos que os sinais não lhe deram mais segurança. Depois de Deus ter-lhe respondido claramente à primeira solicitação de um sinal, Gideão pediu um segundo. Não se sentiu mais seguro com o primeiro sinal. Mesmo depois de ter visto os dois sinais, Gideão continuou assustado. Suas mãos só se fortaleceram quando Deus o socorreu (7.9-14). Somente depois disso Gideão adorou e pôde empreender o combate com valentia e força.

Sem julgar Gideão, vemos que não é necessário, nem sequer útil, pedir sinais. Deus se mostrou misericordioso para com Gideão. Não reprovou Seu servo em nada e lhe permitiu ver a realização de seus rogos. No primeiro sinal, não lhe deu apenas um pouco de água no velo, mas uma medida transbordante, uma taça cheia de água. E no segundo sinal, não lhe deu apenas um pouco de água sobre a terra, mas “sobre toda a terra havia orvalho” (6.40). Essa é a soberana graça de Deus, da qual somente podemos nos maravilhar; mas, ao mesmo tempo, não ignoremos o fato de que faltou a confiança e o poder da fé a Gideão. Estejamos seguros de que Deus quer nos guiar mediante Seu Espírito ao nos dar Sua paz em nosso coração para a decisão correta. Não devemos exigir nem pedir sinais; com isso não ganhamos nada no processo de decisão. Isso vale ainda mais para nós, [cristãos], porque temos o Espírito de Deus morando em nós, diferentemente de Gideão, que era um crente do Antigo Testamento. Seria um desprezo a Deus se nos deixássemos dirigir por sinais exteriores em vez de deixar que Seu Espírito trabalhe em nós.

Como Deus deixa Sua vontade clara para nós

Freqüentemente perguntamos qual é a vontade de Deus para nossa vida. Alguns cristãos se perguntam durante toda a vida qual tarefa Deus preparou para eles (Ef 2.10) Quem permanece nesse estado provavelmente continuará se perguntando isso até o leito de morte. Nesse caso, o tempo em que podia ter cumprido a vontade de Deus terá sido gasto infrutuosamente. Mas Deus põe muitas tarefas diante de nós. Se estivermos dispostos a cumpri-las, Ele nos ajudará a reconhecer a tarefa essencial que tem preparada para nós. Considerando a vida de Gideão, vamos resumir como Deus deixa Sua vontade clara.

  1. Deus havia preparado Gideão para uma missão. Gideão conhecia os pensamentos de Deus com respeito a seu povo (Jz 6.13) e usava toda a sua energia para obter alimento (v. 11). Se nos ocuparmos com a Palavra de Deus, conheceremos os caminhos que Deus quer ensinar aos Seus e encontraremos no Senhor Jesus, o verdadeiro trigo, o alimento para a nova vida. Isso propiciará crescimento espiritual e nos preparará para conhecer cada vez mais a vontade de Deus para nossa vida.
  2. Deus falou a Gideão por meio de Seu anjo, ensinou-lhe a tarefa que deveria realizar e lhe mostrou os recursos para cumpri-la (vv. 14-16). Do mesmo modo, Deus falará conosco, por meio de Sua Palavra e de Seus servos, a fim de mostrar-nos o que deseja para nossa vida.
  3. Deus encontrou Gideão e lhe deu Sua paz (vv. 23,24). Essa paz (ou tranqüilidade) na comunhão com Deus lhe permitiu reconhecer a vontade específica de Deus e cumpri-la. Para nós também essa paz na comunhão com Deus é decisiva. “Desejo verdadeiramente cumprir a vontade de Deus?”
  4. Gideão recebeu uma tarefa para desempenhar diretamente em seu entorno, na casa de seu pai (v. 25). Cumpriu essa tarefa com fidelidade, ainda que tivesse medo dos homens. Em nossa caso também, esse é o caminho para progredir em reconhecer a vontade de Deus. Ele nos mostra coisa em nossa vida e em nosso entorno o que podemos fazer para Ele. Também nos mostra as coisas que devemos pôr em ordem para Lhe podermos ser úteis. Se estamos dispostos a obedecer a Deus nessas coisas, então, continuaremos crescendo espiritualmente e reconheceremos Sua vontade em outras situações da vida.
  5. Deus dirigiu a situação de maneira que os inimigos se reuniram. Assim, ficou claro para Gideão que havia chegado o momento e a necessidade de cumprir a tarefa. Deus também proporcionará situações assim em nossa vida.
  6. O Espírito de Deus veio sobre Gideão. Também a nós Deus quer igualmente guiar por Seu Espírito. O Espírito Santo, que hoje vive permanentemente em cada crente, nos mostra os pensamentos de Deus, nos ajuda a entender a Bíblia, a Palavra de Deus, opera em nós e nos guia passo a passo. Estamos dispostos a tirar todos os obstáculos para ser cheios Dele (Ef 5.18)?
  7. Por fim, Gideão tocou a trombeta e viu que, por meio disso, o povo se reuniu. Em sentido figurado, experimentou que a Palavra de Deus opera. Em nossa vida, também experimentamos – se lemos a Palavra de Deus e a aplicamos – como operar essa Palavra, a saber, em nossa própria vida e em nosso entorno.

Esses são alguns dos meios pelos quais Deus, por princípio, quer nos mostrar Sua vontade hoje. Temos notado que, por um lado, é importante estar preparados para reconhecer a vontade de Deus e, por outro, que há indicações concretas pelas quais distinguimos o bom caminho e o momento apropriado.

Para conhecer a vontade de Deus, não existe uma receita-padrão nem nos chegará diretamente uma voz ou uma carta do céu1. Os sinais exteriores, quando se manifestam, só são úteis em casos muito raros. É o que vemos no caso de Gideão e o velo. Sem dúvida, ainda hoje podemos experimentar que Deus nos mostra claramente Sua vontade se Lhe pedimos francamente e se temos a atitude correta em relação a Ele.

(Ch. Rosenthal, de Folge mir nach, 7/2014)

Conhecer a vontade de Deus

É muito natural para cada crente buscar e conhecer a vontade do Senhor. Sem essa ajuda e segurança interior, o cristão se sente perdido. Por isso, é para Ele uma verdadeira necessidade conhecer a vontade do Senhor antes de agir. Essa é a teoria. Lamentavelmente, a prática, com muita freqüência, é diferente.

No entanto, é de grande importância não fazer nada sem a dependência de nosso Deus. Dois versículos da Bíblia mostram isso: “Para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). “Nós também […] não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da Sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-Lhe em tudo” (Cl 1.9,10).

Os pontos a seguir foram compilados por vários jovens após uma reunião compartilhada com eles.

Algumas condições

  1. Estar sinceramente disposto a obedecer à vontade de Deus, mesmo quando preferiríamos que ela fosse diferente. “Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus” (Jo 7.17).
  2. Uma atitude dependente de Deus.
  3. Estar disposto a esperar até que haja clareza. “Aquele que crer não se apresse” (Is 28.16).

Alguns impedimentos

  1. A decisão já havia sido tomada e pedimos a Deus que nos dirija. “E Ele lhes cumpriu o seu desejo” (Sl 106.15).
  2. Falta de fé. “Peça […] com fé, em nada duvidando; porque o que duvida […] Não pense […] que receberá do Senhor alguma coisa” (Tg 1.5-7).
  3. Motivos impuros. “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4.3).
  4. Falsas expectativas. “Nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel” (Lc 24.21).
  5. Impaciência. Leia 1Samuel 13.8-11.
  6. Falta de comunhão com Deus por causa de um pecado não julgado. Leia Provérbios 28.9; Salmo 66.18.
  7. Relacionamento desordenado com irmãos na fé. “Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão” (Mt 5.23,24; Mc 11.25).
  8. Comportamento incorreto do marido no matrimônio. Leia 1Pedro 3.7.

Alguns auxílios

  1. O Espírito Santo
  2. Buscar a vontade de Deus em Sua Palavra, a Bíblia (com constância e perseverança).
  3. Orar sinceramente para ser dirigido e guiado, também nos pormenores da vida cotidiana.
  4. O conselho de irmãos espirituais (ainda que não digam sempre o que se quer ouvir).
  5. O conselho dos pais.
  6. As circunstâncias se desenrolam de maneira positiva? “Uma porta grande e eficaz se me abriu” (1Co 16.9).
  7. A paz interior na decisão.
  8. A oração de outros irmãos espirituais pelo assunto. Leia Daniel 2.17,18.

Perguntas de auto-análise

  1. É permitido? “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm” (1Co 10.23).
  2. É útil? (V. 23, primeira parte.)
  3. Edifica? (V. 23, segunda parte.)
  4. Serve para o bem de meu próximo? “Ninguém busque o proveito próprio; antes, cada um o que é de outro” (vv. 24,33).
  5. Posso dar graças a Deus por isso? “Eu com graça participo […]” (v. 30).
  6. É para a glória de Deus? “Fazei tudo para glória de Deus” (v. 33).
  7. Sou uma pedra de tropeço, motivo de escândalo? “Não deis escândalo” (v. 32).
  8. Nisso sou um imitador do Senhor Jesus e de Paulo? “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (11.1).

(De Folge mir nach, 06/1996)

Nota

1Sobre isso, diz Augustus Nicodemus: “Quer ouvir Deus? Leia a Bíblia. Quer ouvir Deus audivelmente? Leia a Bíblia em voz alta.” (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 05-06/2015, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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O prêmio do trono (Jessie Penn-Lewis)

Quem participará do trono no céu com Cristo?

“Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3.21).

Essas palavras foram ditas diretamente pelo Cristo ascenso e descrevem o galardão clímax para todos os que preenchem as condições para obtê-lo. Muitos podem se perguntar por que devemos seguir no conflito e na guerra incensantes com as forças do mal. É para o prêmio do trono. Em suas mensagens para as igrejas, o Senhor considera claramente expõe todo o incentivo do galardão. Os escritos de Paulo estão cheios de referência ao galardão a todos que preencherem as condições.

Cristo ainda não está sentado em Seu trono. Em Sua ascensão, Deus Lhe disse: “Assenta-Te à Minha destra até que…” (Hb 1.13). Ele está sentado “à destra da Majestade nas alturas” (v. 3; 8.1; At 2.34,35; Hb 10.12; 12.2), à espera do momento em que terá Seu trono, com aqueles que estão para compartilhá-lo com Ele.

O trono é para os vencedores! Isso é possível? Eles irão compartilhar o trono do Filho de Deus? Podemos ver agora por que, conforme atravessamos os dias finais dessa era, deve haver um conflito tão terrível e por que o príncipe das trevas vai desafiar cada filho de Deus que quer vencer. É o teste final e o treinamento de todos os que irão partilhar do trono, e governar e reinar com Cristo.

Agora, qual é o trono que aguarda nosso Senhor ascenso? É o trono milenar de reinar e governar os reinos do mundo. Depois que esse trono Lhe é dado, a voz do céu diz: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11.15). Esse trono Deus prometeu a Ele quando, voltando nas eras da eternidade, Ele foi constituído “herdeiro de tudo” (Hb 1.2). Isso foi prenunciado em Daniel 7:13,14.

O trono é para os vencedores!

Após isso, o trono milenar de Cristo deve ser compartilhado com outros em certas condições, por oferta do próprio Cristo. “ Eu lhe concederei que se assente Comigo”. Paulo se refere a esses herdeiros em seu desvendar da obra do Espírito Santo em Romanos 8. “Co-herdeiros com Cristo […] se é certo que com Ele padecemos” (v. 17). Isso é prenunciado em Daniel 7.22-27, onde lemos: “Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. O fato de que o trono vindouro de Cristo será compartilhado por vencedores, que são constituídos pelo Pai para serem co-herdeiros com Ele, que foi constituído “herdeiro de todas as coisas”, é, portanto, bastante clara.

Vislumbres encontram-se, também, no tempo futuro, quando Cristo e aqueles que partilharão o trono com Ele reinarão. Paulo disse: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? […] Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1Co 6.2,3). Quais anjos? Certamente, não os que não caíram. A explicação é encontrada em 2Pedro 2.4: “Anjos que pecaram […] reservados para o juízo”. Esses anjos caídos – Satanás e sua hierarquia de poderes do mal – serão julgados por aqueles que reinarão com Cristo em Seu trono. Em breve, os que são vencedores – aqueles que venceram o mundo e Satanás – serão os juízes das hostes caídas do mal, quando esses vencedores forem glorificados com Cristo em Seu trono.

A obtenção do prêmio dessa “soberana vocação”, partilhar do trono com Cristo, foi o incentivo que instou Paulo para considerar todas as coisas como perda para obtê-lo e estar desejoso de ser feito conforme à morte de Cristo como o principal meio para atingir esse fim (Fp 3.10-14), pois cada crente que atinge o prêmio do trono segue pelo caminho nos passos do Senhor ascenso. “Para conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição […] sendo feito conforme à Sua morte, para ver se, de alguma maneira, posso chegar à ressurreição dentre os mortos”, escreveu Paulo. Em grego, isso significa a ressurreição “para fora de entre os mortos”. Um pouco depois, neste mesmo capítulo, Paulo diz: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (v. 14).

O que está em jogo para cada crente na presente guerra com Satanás é a coroa e o trono milenares.

Note a palavra “se” que Paulo usa: “Para ver se, de alguma maneira, posso chegar […]”. “Se”. Paulo estava perfeitamente seguro de sua salvação eterna como um dom gratuito de Deus por meio da obra consumada de Cristo. Romanos 4.4; 6.23 e muitas outras passagens deixam isso claro, mas ele seguidamente se refere a um galardão [prêmio, recompensa] do qual ainda não podia ter certeza, a menos que se esforçasse a preencher as condições para obtê-lo. Em Romanos 8.17, o mesmo se entra novamente em conexão com o mesmo assunto: “Co-herdeiros de Cristo, se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” Seremos “co-herdeiros de Cristo” e seremos “glorificado” com Ele, quando Lhe for dado o trono milenar de visivelmente governar sobre os reinos do mundo, se estivermos dispostos para o caminho que Ele trilhou. Ele obteve a vida eterna como um dom gratuito para todos os que crêem Nele; mas, para Seu novo governo sobre o mundo, quando este for retomado da mão do inimigo, Ele deve ter aqueles que já passaram pelo mesmo caminho de serem aperfeiçoados pelas aflições (Hb 2.10) que Lhe deu o trono.

O que está em jogo, portanto, para cada crente na presente guerra com Satanás, a qual deve se intensificar conforme a era se conclui, é a coroa e o trono milenares. A pergunta para cada um é: como manter toda a vitória espiritual já obtida, para que não percamos a coroa? Pois devemos esperar que Satanás vá desafiar cada um que ele vê se mover em direção ao trono, onde, com Cristo, esse vencedor vai julgar anjos. Em breve, Satanás tentará ganhar os futuros juízes das hostes malignas das trevas quando tentar ganhar e impedir aqueles que, como Paulo, avançam para o alvo.

Agora, considere a qualificação para a obtenção do prêmio do trono. O Senhor ascenso a apresenta nas palavras: “Ao que vencer lhe concederei” – um presente pessoal – “que se assente Comigo” – uma partilha pessoal com Ele – “no Meu trono” – o próprio trono de Cristo aberta ao vencedor – “assim como Eu venci.” Aqui, a qualificação e o caminho são apresentados de modo claro.

Observe mais uma vez que, na fase de qualificação para o prêmio, cada crente deve permanecer sozinho. Ele será dado “ao que vencer”. Cada futuro governante com Cristo deve ser preparado e formado individualmente, e seu meio ambiente e os ataques de Satanás sobre ele serão especialmente permitida e pesados por Cristo (1Co 10.13) a fim de trazer os resultados desejados. Cada herdeiro de uma vasta propriedade deve ser cuidadosamente treinado de acordo com suas capacidades e esfera [em que irá atuar] (Gl 4.1,2). Pode haver somente um colocado pelo Cabeça da Igreja “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13), mas ele deve vencer, ou perderá sua coroa. Ele não deve olhar para outro a fim de vencer com ele, pois “um só leva o prêmio” (1Co 9.24). Ele, sozinho, deve sozinho se qualificar para o trono, graças a uma fé desenvolvida por meio da provação (1Pe 1.7) e triunfar sobre Satanás por causa do Espírito de Deus nele como o poder capacitador.

Vamos olhar por um momento para Apocalipse 12.1-12 e ver a última hora dos crentes sendo preparados para compartilhar o trono milenar. O versículo 5 descreve os vencedores preparados para o trono destinado, com Cristo vencendo e sentando-se com Seu Pai em Seu trono. Aqui vemos a atitude do dragão em relação às almas que venceram, que vão compartilhar o trono com Cristo e participar com Ele em Sua obra de julgar o mundo e os anjos caídos. (Ver também 2.26,27.) Encontramos, na hora da crise, o “grande dragão vermelho” erguido e pronto para devorar os vencedores, à medida que surgem na esfera entre a terra e o céu, na estrada ascensional ao trono, unindo-se ao Senhor conquistador, para compartilhar com Ele o exercício final do julgamento do Calvário sobre o inimigo.

Os que serão vencedores estão em direto conflito pessoal com Satanás agora.

Note, também, que o conflito no céu, entre o arcanjo Miguel e seus exércitos de luz contra Satanás e seus anjos caídos, aparentemente ocorre durante a transladação dos que vão participar do trono. E isso resulta na expulsão do acusador. “Ele [Satanás] foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”; e, em seguida, o que tem a visão ouviu “uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegad[o] […] o reino do nosso Deus e o poder do Seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (12.9,10). A parte dos vencedores no conflito é mostrada no versículo 11. Eles estão em direto conflito pessoal com Satanás agora, não só com suas obras, pois “eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”.

A partir deste ponto, vamos dar uma olhada do futuro e, em Apocalipse 17.14, ver Cristo e os vencedores com Ele, o Herdeiro e os co-herdeiros, realizando o julgamento. Em Apocalipse 17, Cristo está realizando coisas terríveis sobre Seus inimigos; “estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos e fiéis”. Os santos hão de julgar o mundo, os santos hão de participar na execução do juízo. Eles vão comparecer perante o tribunal, primeiro para eles mesmos serem julgados (2Co 5.10), e, em seguida, eles, a quem é dado compartilhar o trono de Cristo, os “chamados, e eleitos e fiéis”, vão estar com Ele no Seu trato com o mundo.

Você pode dizer: “Desde que comecei a testemunhar da derrota de Satanás no Calvário e a orar contra ele, ele tem-me atacado.” Isso é porque ele vê o prêmio diante de você. Ele está atacando aqueles que julgarão os anjos caídos, caso obtenham o prêmio do trono. Será que você não guardar firmemente sua coroa (Ap 3.11)? Como você faz isso? Apenas com um objetivo inabalável e constante de, a qualquer preço, ser fiel a Cristo e à luz que Ele lhe deu. Diga a si mesmo: “O Senhor está me treinando para o trono.” Diga de novo e de novo: “Maior é Aquele que está em mim do que aquele que está no mundo.” “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Em cada pequena área de conflito haverá ganho. Por isso, Paulo disse: “Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

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“O vencedor é manifestamente aquele que persevera até o fim; ele não o faz só por um tempo […] eles vão tomar parte na primeira ressurreição. Eles vão comer do maná escondido; isto é, eles vão ser secretamente sustentados […] A eles será concedida capacidade de governar; assim, serão semelhantes a Cristo, pois só quando alguém conquista ou governa a si próprio está qualificado para governar os outros. […] O vencedor será uma coluna no templo de Deus. Se você tem sido alguém que se dispersa, que se abateu e não edificou, não pode ser estabelecido no templo de Deus Você vai reinar com Cristo! Se sofre, você terá o privilégio de estar na Soberania com Ele, e uma herança gloriosa aguarda aqueles que desistiram da herança terrena […] porque eles herdarão todas as coisas. Que o Senhor nos faça vencedores!”
(Jesse Sayer, D.D.)

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(Traduzido por Francisco Nunes de “The Prize of the Throne”, de Jessie Penn-Lewis. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Indicações de sexta (1)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia!

Felizmente, há muito material cristão excelente na internet. E, claro, é impossível trazer tudo aqui para o Campos de Boaz. Por isso, decidimos começar esta nova seção: as Indicações de sexta. Toda sexta-feira, vamos apresentar aqui uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe seja útil para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.

Artigos que merecem ser lidos

1. Caracaterísticas da esposa em que o marido confia, à luz de Provérbios 31. Texto para maridos, a fim de reconhecerem o presente de Deus que receberam, e para esposas, para que busquem a graça a fim de viverem segundo o padrão de Deus.

2. A luta de uma ex-lésbica com seus impulsos sexuais. Útil para toda pessoa que sofre, de algum modo, com pecados relativos ao sexo. E também para quem precisa ajudar pessoas nessa situação.

3. O Espírito Santo na família, de Andrew Murray. Como conduzir a família ao Senhor, na dependência do Espírito? Texto que todos os pais cristãos deveriam ler.

4. O vale dos ossos secos. Comentário sobre a visão de Ezequiel e sua aplicação à história de Israel.

Mensagem que merece ser ouvida

Cristo é Deus?

Hino que merece ser ouvido

You are mine

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Supremo conforto (R. C. Sproul Jr.)

O Senhor carregou a coroa de espinhos para nos salvar. Agora, Ele tem a coroa de Rei para julgar o mundo

A decisão na última sexta-feira [25.6.15] da Suprema Corte [dos Estados Unidos], embora não tenha sido exatamente uma surpresa, é angustiante, desencorajadora e repugnante. Mesmo o defensor mais inflexível dos chamados “direitos dos homossexuais” deveria, pelo menos, afirmar que a decisão é fundamentalmente falha, impulsionado por um embuste judicial, e, por qualquer leitura sã da Constituição, inconstitucional. No entanto, a decisão foi tomada.

Como os governos estaduais e locais devem responder é uma questão importante. Como as igrejas locais e a Igreja como tal deve responder é uma questão importante. Mas hoje eu gostaria de fazer algumas sugestões para os cristãos. O que devemos fazer? A mesma coisa que fazemos todos os dias.

Em primeiro lugar, arrependam-se. O julgamento começa com a casa de Deus (1Pd 4.17) – e não se engane: isso é julgamento de Deus. Assim, é sábio e prudente sempre, em tempos de providência difícil, examinar-nos o coração e arrepender-nos. Alguns, é claro, vão insistir em que nos arrependamos por não sermos suficientemente amorosos com aqueles que abraçam paixões não-naturais. E eles estariam certos. Mas, antes de inclinar a cabeça, precisamos entender melhor o que significa amar aqueles que abraçam pecado grave e hediondo. Significa chamá-los ao arrependimento e proclamar a garantia de que o sangue de Cristo cobre todos os pecados daqueles em Cristo. Aceitação do pecado é ódio contra os pecadores. A pressão cultural para fazer exatamente isso só vai aumentar. Será que vamos amar nossos inimigos o suficiente para chamá-los ao arrependimento ou vamos curar suas feridas levemente com palavras suaves que pavimentam o caminho para o inferno?

Em segundo lugar, creiam no evangelho. Uma das razões pelas quais tendemos a ceder à pressão cultural é que almejamos aprovação cultural. Crer no evangelho, no entanto, lembra-nos primeiro de que somos muito piores do que meros odiadores homofóbicos. Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos. Suas acusações em tom estridente devem ser abafadas por nossos simples clamores: “Senhor, sê propício a mim, pecador”.

Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos.

Crer no evangelho, no entanto, também nos lembra que já temos a aprovação do Único que realmente importa, e que isso nunca pode ser tirado. Por causa da vida perfeita, da morte expiatória e da ressurreição justificadora de nosso Senhor, somos os amados filhos adotivos1 do Deus Altíssimo. O que é um pouco de escárnio cultural ou mesmo uma grande quantidade de perseguição efetiva à luz disso? Tudo o que temos que realmente importa já está oculto com Ele nos lugares celestiais.

Crer no evangelho, por sua vez, lembra-nos de que Ele não está apenas nos lugares celestiais, mas, tendo ascendido, lá Ele se assenta em Seu trono. Nosso Salvador não é apenas nosso Rei, mas a Ele foi dado todo o poder no céu e na terra. Nada do que aconteceu está fora de Seu controle. A Suprema Corte [dos Estados Unidos] pode ter uma vez mais revogado a Constituição, mas Satanás não apreendeu o trono de Jesus. Isso, também, por mais horrível que seja, é parte integrante do perfeito plano divino para trazer todas as coisas à sujeição, para esmagar nossos ídolos e para lavar todas as nossas máculas e manchas. Não importando o que os tribunais digam sobre o casamento, na corte celestial, o verdadeiro Supremo Juiz nos diz que somos Sua noiva e que Ele nunca deixará ou nos abandonará.

Por fim, crer no evangelho significa crer que Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos. A Suprema Corte não é o mais alto nível de apelação, e sua injustiça um dia se moldará à justiça. Este não é o fim.

Eu, como a maioria de vocês, estou hoje afligido, desanimado e enojado. Mas também sou, todos os dias, regenerado, redimido, refeito. E obrigado a me arrepender e a crer no evangelho.

 

Nota

1 Apesar de ser esta a opinião geral entre os cristãos, de que somos filhos adotivos de Deus, este tradutor se alinha com aqueles estudiosos que entendem sermos filhos legítimos de Deus, de acordo com Jo 1.12,13, que diz claramente que aqueles que creram nasceram de Deus. (N. do T.)

(Traduzido por Francisco Nunes de “Supreme Comfort”, de R. C. Sproul Jr. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Citações Gotas de orvalho

Gotas de orvalho (5)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Você e eu, como cristãos, temos de vigiar nosso comportamento, não só perante o mundo, mas mesmo em secreto.

(T. Austin-Sparks)

Fora da vontade de Deus, não há nada que eu queira. Dentro da vontade de Deus, não há nada que eu tema.

(A. W. Tozer)

As maiores expressões do amor e da ira de Deus se encontram na cruz de Jesus Cristo.

(Steven Lawson)

Estou cansado da música que faz jovens pularem em vez de dobrarem os joelhos.

(David Wilkerson)

Deus não teme pedir aos Seus que suportem provações, se essa for a melhor maneira de Seus propósitos serem cumpridos.

(Larry Christenson)

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“No horto com Ele”

Você esteve com Ele no horto? E depois, negou-O?

Quando Moisés se aproximou da sarça ardente, ouviu a voz de Deus que dizia: “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êx 3.5). Quanto mais o horto [jardim] do Getsêmani é para nós uma terra santa, da qual só podemos nos aproximar até certa distância, com toda reverência e adoração!

Às margens do Jordão, Jesus, olhando para ele, disse a Seu futuro discípulo: “Tu és Simão […] tu serás […] Pedro” (Jo 1.42). E, desde aquela pesca miraculosa, durante a qual reconheceu ser um pecador, Simão, transformado em Pedro, seguiu a Jesus (Lc 5.8-11).

“Como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Jesus ia lavar os pés de Seus discípulos, mas Pedro se opôs a isso. Então, Jesus teve de dizer-lhe: “O que Eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. […] Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo. […] Não podes agora seguir-me” (vv. 7,8,36). Pedro não estava disposto a reconhecer sua ignorância nem sua incapacidade: “Por que não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida” (v. 37), disse ele.

Jesus “saiu com os Seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto” (18.1). Tal como havia feito no momento da ressurreição da filha de Jairo e no monte da transfiguração, Ele tomou Consigo apenas três discípulos: Pedro, Tiago e João. Naquela noite, com certeza eles lembraram do quarto onde a jovem havia sido devolvida a seus pais ou da montanha onde Moisés e Elias haviam falado com o Senhor Jesus acerca da morte que ia sofrer a seguir em Jerusalém. Desta vez, porém, não era o poder de ressurreição nem a visão da glória futura que estava diante dos três discípulos, mas um homem afligido e angustiado: “Minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.32,33). Jesus lhes pediu que vigiassem e orassem; enquanto isso, Ele “apartou-se deles cerca de um tiro de pedra” (Lc 22.41), ou seja, a distância da qual um pastor pode lançar uma pedra até a ovelha que se desgarra, para fazê-la voltar ao rebanho.

Era a noite da Páscoa; havia, portanto, lua cheia. Sob sua luz, os discípulos puderam distinguir seu Mestre de joelhos, orando. Depois, dormiram. Como antes, no Moriá, o Pai e o Filho estavam a sós (cf. Gn 22).

Não obstante, o Espírito de Deus desejou fazer-nos entrar, mesmo que só um pouquinho, na angústia do combate que a alma do Salvador teve que sofrer nessa hora suprema. Primeiramente, Ele pediu ao Pai: “Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26.39). Depois de ter voltado aos discípulos e encontrá-los dormindo, afastou-se uma vez mais e orou de novo: “Pai Meu, se este cálice não pode passar de Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade” (v. 42). A seguir, voltou aos Seus, que continuavam dormindo, mas não lhes disse nada. Orou pela terceira vez, pronunciando as mesmas palavras.

Pedro havia sido despertado pela voz que dizia: “Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora?” (Mc 14.37). Mas voltou a dormir. Depois da terceira oração, Jesus lhes disse: “Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores” (v. 41). O único momento em que Pedro poderia ter vigiado junto a seu Mestre no horto havia sido desperdiçado para sempre.

Podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Um instante depois, o Getsêmani foi invadido por Judas à frente de “grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo” (Mt 26.47). Pedro viu o traidor beijar Jesus. Ouviu a voz amada dizer com tristeza a Judas: “Amigo, a que vieste?” (v. 50). Querendo livrar seu Mestre, o discípulo desembainhou sua espada e cortou a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote. Por isso, recebeu a repreensão do Salvador, que, em seguida, tocou a orelha do escravo e a curou (Jo 18.10,11; Lc 22.50,51).

A partir de então, Pedrou seguiu ao Senhor Jesus de longe. Foi introduzido no palácio do sumo sacerdote por João, a quem conheciam (Jo 18.16). Que outra coisa ele podia fazer senão aquecer-se ao lado dos empregados, próximo do fogo que haviam preparado? E ali, um escravo, parente de Malco, perguntou a Pedro: “Não te vi eu no horto com Ele?” (v. 26).

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo.

Satanás havia pedido que lhe fosse permitido cirandar os discípulos (Lc 22.31). O Senhor havia orado por eles, especialmente por Pedro, que sua fé não desfalecesse. Apesar disso, nesse momento decisivo, todas as lembranças do horto haviam desaparecido da memória de Pedro. Ele só pensava em si mesmo, e negou seu Mestre três vezes.

Especialmente durante o culto e a celebração da Ceia, memorial da morte do Senhor, podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Não confiemos em nossas próprias forças! O Senhor disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14.38).

(G. André)

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo. Apesar de seu zelo e de seu grande amor, todo o poder de que necessitava para seu trabalho tinha de vir do Senhor. Ele devia ter-se dado conta disso quando Jesus o advertiu, mas não entendeu assim e teve de passar por uma lição dolorosa. Uma vez que a aprendeu, Pedro pôde ser útil a seus irmãos. Pôde fortalecê-los, mostrando-lhes, por experiência própria, que, ainda que tivessem as melhores intenções, alguém só pode estar no serviço de Cristo e fazer frente ao poder do inimigo se desconfia completamente de si mesmo. É preciso buscar a força e a sabedoria do Senhor.

(Extraído de Pregações Simples – Lucas, de S. Prod’hom)

 

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 04/2015, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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A perigosa decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos (John MacArthur)

A Suprema Corte dos Estados Unidos está apressando a ira de Deus sobre a nação

Prezado homem do seminário,

O mais alto tribunal em nosso país estabeleceu um acórdão. As manchetes proclamam que uma pequena maioria de juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos considera a liberdade de orientação sexual um direito para todos os americanos. Essa troca de um conjunto de valores em favor de outro não é uma surpresa para nós, que já sabemos que o deus deste século cegou a mente daqueles que não crêem (2Co 4.4). O dia 26 de junho de 2015 permanece como um marco significativo na demonstração americana desta realidade antiga.

Nenhum tribunal humano tem autoridade para redefinir o casamento.

Nos próximos dias, é esperado que você, como pastor, forneça comentários e conforto para seu rebanho. Esse é um momento crítico para os pastores, e fica como mais um lembrete de porque uma formação adequada é crucial.

Estou escrevendo esta mensagem curta como um pastor para outro. Os meios de comunicação estão apressando-se com as atualizações, e não preciso ajudar com minha voz para a briga geral. Em vez disso, quero ajudá-lo a pastorear sua igreja nesse momento confuso. Além dos artigos úteis em Preaching and Preachers Blog (Blog Pregação e Pregadores), também quero comunicar os pensamentos abaixo, que, espero, vá ajudar você a considerar a questão de uma maneira bíblica.

    1. Nenhum tribunal humano tem autoridade para redefinir o casamento, e o veredito de ontem [dia 26] não muda a realidade ordenada por Deus com relação ao casamento. Deus não foi derrotado com essa decisão, e todo casamento será julgado, no último dia, de acordo com os fundamentos bíblicos. Nada irá prevalecer contra Ele (Pv 21.30) e nada vai impedir o avanço de Seu Reino (Dn 4.35).
    2. A Palavra de Deus pronunciou julgamento sobre qualquer nação que queira reclassificar mal como bem, escuridão como luz e amargo como doce (Is 5.20). Como nação, os Estados Unidos continuam a colocar-se na mira do juízo [divino]. Como proclamador da verdade, você é responsável por nunca ajustar-se a essas questões. Você deve se manter firme em todos os aspectos.
    3. Essa decisão prova que [nós, cristãos] estamos claramente em minoria e somos um povo separado (1Pe 2.9-11; Tt 2.14). Como escrevi no livro Why Government Can’t Save You (Por que o governo não pode salvar você), os padrões que moldaram a cultura ocidental e a sociedade americana deram lugar ao ateísmo prático e ao relativismo moral. Essa decisão simplesmente acelerou a velocidade do declínio. Um país não consegue ir além da moralidade de seus cidadãos, e a maioria dos americanos não têm uma cosmovisão bíblica.
    4. A liberdade religiosa não é prometida na Bíblia. Nos Estados Unidos, a igreja de Jesus Cristo tem desfrutado de uma liberdade sem precedentes. Isso está mudando, e o novo normal pode incluir a perseguição do que é novo para nós. Nunca houve um momento mais importante para os homens talentosos ajudarem a liderar a igreja por manejar competentemente a espada do Espírito (Ef 6.17).
    5. O casamento não é o campo de batalha final, e nossos inimigos não são os homens e mulheres que procuram destruí-lo (2Co 10.4). O campo de batalha é o evangelho. Tenha cuidado para não substituir paciência, amor e oração por amargura, ódio e política. Enquanto você guia cuidadosamente seu rebanho em torno das armadilhas perigosas à frente, lembre-o do poder indomável do perdão por meio da cruz de Cristo.
    6. Romanos 1 identifica claramente a evidência a ira de Deus sobre uma nação: a imoralidade sexual seguida pela imoralidade homossexual culminando em uma disposição mental reprovável. Essa etapa mais recente nos lembra que a ira de Deus virá plenamente. Vemos agora mentes reprováveis em todos os níveis de liderança: no Supremo Tribunal Federal, na presidência, nos gabinetes, na legislatura, na imprensa e na cultura. Se nosso diagnóstico está alinhado com Romanos 1, então, também devemos seguir a prescrição encontrada em Romanos 1: não nos envergonharmos do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação! Nesse dia, é nosso dever e nosso chamamento divinos fortalecer a igreja, as famílias e o testemunho do evangelho por dissipar o absurdo pragmático que distrai a igreja de sua missão dada por Deus. Homossexuais, como todos os outros pecadores, precisam ser avisados do juízo eterno iminente e da amorosa oferta de perdão, graça e vida nova mediante o arrependimento e a fé no Senhor Jesus Cristo.

Em última análise, sua maior contribuição para seu povo será a de mostrar paciência e uma confiança inabalável na soberania de Deus, no senhorio de Jesus Cristo e na autoridade das Escrituras. Volte os olhos para o Salvador, e lembre seu povo de que, quando Ele voltar, tudo será colocado no lugar.

Estamos orando por sua firme proclamação da verdade e por seu posicionamento inegociável por Cristo.

 

(Traduzido por Francisco Nunes de “An Open Letter to TMS Alumni”. Esta é uma carta aberta de John MacArthur para os alunos do The Master’s Seminary (O Seminário do Mestre), o qual é “comprometido em equipar homens para uma vida inteira de serviço na igreja para a glória de Cristo”. O nome ao artigo foi dado pelo tradutor. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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A eterna segurança do crente (W. P. Clarke)

Eternamente seguros nas mãos do Pai

Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.

Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.

A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!

Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.

Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.

Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!

A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).

Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.

Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).

Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.

Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.

Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).

No tribunal de Cristo receberemos galardão ou disciplina

Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.

Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.

Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).

Notas

1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)

2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)

3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)

4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.

5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Citações Gotas de orvalho Vários

Gotas de orvalho (4)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

Uma vida santa é, em si mesma, um poder maravilhoso, e suprirá muitas deficiências. É, de fato, o melhor sermão que o melhor homem pode pregar. Tomemos a resolução de que teremos toda a pureza que se possa ter. Que obteremos toda a santidade que se possa alcançar. E que toda a semelhança com Cristo que seja possível neste mundo de pecado, por certo haverá em nós, mediante a obra do Espírito de Deus.

(Charles H. Spurgeon)

Jesus sempre dá a você exatamente o que você precisa, e Ele sabe melhor do que você exatamente o que é.

(Timothy Keller)

Nada pode ser mais irracional e absurdo do que uma criatura pecadora contender com seu Criador.

(James Smith)

Foi bom o conselho que alguém me deu: “Nunca deixe sair de sua mente os pensamentos sobre um Cristo crucificado”. Deixe-os serem sua comida e sua bebida dentro de você; deixe-os serem sua doçura e consolação, seu mel e seu desejo, sua leitura e sua meditação, sua vida, morte e ressurreição.

(Thomas Brooks)

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Tribulação não é julgamento (D. M. Panton)

Os amigos de Jó não entendiam que tribulação não é julgamento

Uma lição que é terrivelmente urgente que todos nós aprendamos hoje é uma lição para a qual não só existe um livro inteiro da Bíblia dedicado a ela, Jó, mas que esse livro foi, supostamente, o primeiro da Bíblia a ser escrito. Em um desafio de Deus a Satanás, e no desafio de Satanás em resposta a Deus, o Altíssimo seleciona um homem, um dos maiores patriarcas na aurora do mundo, a fim de resumir para sempre um único fato: que um filho de Deus, do mais elevado caráter, pode sofrer perda indescritível – propriedades, família, saúde, tudo dizimado exatamente como um ataque aéreo pode fazê-lo – e isso não ser nenhum julgamento sobre o pecado em caráter ou serviço, mas simplesmente ser o plano profundo do Altíssimo servindo a propósitos de que esse filho de Deus é totalmente ignorante.

Um homem perfeito

O livro se inicia com uma definição de Jó dada pelo próprio Deus. “Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele” – o Senhor escolheu o caráter mais elevado que podia ser encontrado, então, sobre a terra –, “homem íntegro e reto”. Homem íntegro, perfeito no sentido bíblico: não sem pecado, mas totalmente maduro, não um botão, mas uma flor plenamente desabrochada – “temente a Deus e que se desvia do mal” (1.8). Deus, então, entrega Jó ao poder1 de Satanás, impedindo-o de matar o homem, e as aflições caem como relâmpagos. Rapidamente, sua riqueza desaparece, seus filhos e filhas são eliminados e, em seguida, uma doença desagradável destrói seu corpo. Jó instantaneamente se torna um dos homens que mais tristemente sofre na Bíblia, exceto os do martírio2.

Fé em agonia

Agora nós encaramos, como Satanás fez e foi planejado que fizesse, a reação de um fiel servo de Deus à infinita tristeza. Após o esmagamento de sua casa e de seus entes queridos, Jó exclama: “O Senhor deu e o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor” (v. 21). A fé repousa, não sobre o que Deus faz neste momento ou naquele, mas no que Ele é: Deus é amor; e a fé de ouro de Jó triunfa sobre todas as trevas, o mistério e a morte. Assim, Jeová desafia Satanás desafia: “Observaste o meu servo Jó? […] Ainda retém a sua sinceridade [integridade], havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa” (2.3). No final, Jó tinha perdido todas as coisas que Satanás dissera serem o único fundamento de sua lealdade a Deus; mas, mesmo com aquela perda, sua lealdade a Deus permaneceu um halo dourado em volta da testa do homem doente. E isso é mais maravilhoso porque, tanto quanto sabemos, Jó não tinha tais revelações claras como nós temos. “Nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas” (2Co 4.17,18). “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

Permissão

No entanto, ao mesmo tempo, Jó é para sempre um alerta para nós. Fundamentalmente, ele nunca vacilou em sua confiança em Deus, como é belamente provado quando sua esposa disse: “Amaldiçoa a Deus e morre”, e ele respondeu: “Receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.9,10). No entanto, ele afundou em um pessimismo por se ressentir amargamente de suas aflições. “Ele consome ao perfeito e ao ímpio” (9.22). Nunca brilhou para Jó que a enormidade de seus infortúnios revelava a estimativa que Deus havia colocado sobre a força de seu caráter. Era como Paulo disse: “Não veio sobre vós tentação, senão humana [ou seja, que um homem pode suportar]; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis” (1Co 10.13). Assim, todas as palavras de Jó de desgosto e desespero nunca precisariam ter cruzado seus lábios de acordo com a estimativa divina sobre seu caráter. “Jó nunca poderia ter apresentado uma paciência [perseverança] que soa ao longo dos séculos, até nós ouvirmos falar dela, se ele não tivesse conhecido aflição extraordinária” (C. H. Spurgeon).

Culpa

Chegamos agora ao coração do problema no erro gigantesco (embora muito natural) feito pelos amigos de Jó. [Para eles], toda a pressão daqueles sofrimentos pessoais tinham apenas uma explicação: culpa pessoal. “Sabe, pois, que Deus exige de ti”, disse Zofar, “menos do que merece a tua iniqüidade” (11.6). No entanto, ao final, Jeová diz: “Não falastes de mim o que era reto” (42.7). O princípio pelo qual eles contenderam, que o pecado traz julgamento sobre os servos de Deus, é absolutamente verdadeiro e se aplica a inúmeros crentes. Porém, o enorme erro que eles cometeram, que é igualmente perigo para nós nesses dias em que crescente tribulação se aproxima, é que o sofrimento é, necessariamente, julgamento3. Ao longo de sua fala, Jó nunca hesitou por um momento em afirmar sua integridade, pois sabia que ela era um fato; contudo, seus amigos nunca especificaram com exatidão um único pecado em sua vida passada, nem sequer tentaram fazê-lo, enquanto atribuíam todo o sofrimento dele a uma vida tão pecadora que merecia esse julgamento esmagador4.

Deus

O próprio Jeová agora intervém nesse tremendo drama; e responde a Jó com uma palavra apenas: Deus. Na mais maravilhosa descrição da criação já dada, Ele desafia Jó: “Onde estavas tu quando Eu fundava a terra? […] Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus jubilavam?” (38.4,7). Você é competente para criticar Deus? Nossa profunda ignorância das maravilhas da criação e, portanto, dos planos e propósitos insondáveis ainda mais maravilhosas que repousam, invisíveis, por trás da criação, faz todo o julgamento das ações de Deus nada menos do que um absurdo. Deus reina em meio à confusão, ao terror e à morte tão completamente como quando tudo está em perfeita ordem. Mesmo quando Jeová estava falando a Jó, a causa de seu sofrimento ainda era totalmente desconhecida para o patriarca: Jó era totalmente ignorante do drama do qual ele era a figura central e o ator principal. Menos ainda poderia ele saber que, visto por céu e inferno, esse drama, registrada no livro de abertura da Bíblia5, era provar para sempre que um filho de Deus, despojado de tudo, pode ser como o ouro purificado pelo fogo.

Penitência

Então, agora conhecemos a reação de Jó. Embora fosse “perfeito”, na medida em que os seres humanos podem ser, ele exigiu uma experiência espiritual nova. Repetidamente, e de modo quase desafiador, Jó tinha pedido ao Altíssimo que lhe concedesse uma entrevista, na qual ele poderia pleitear sua causa. Agora que ele está cara a cara com Deus, exclama: “Relatei o que não entendia […] Com o ouvir de meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos” (42.3,5). Por fim, brilhou para Jó que suas aflições era apenas um dos pensamentos primorosamente planejados de Deus, assim como Ele tinha feito a maravilhosa beleza da criação. Agora ele viu Deus em tudo, e que essa visão resolve todos os problemas. E uma revelação muito mais profunda de si mesmo acompanha a visão celestial. “Por isso”, Jó exclama, “me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (v. 6). O desespero com que ele conheceu o mistério do Senhor ao lidar com ele e a maldição sobre o dia de seu nascimento revelaram a esse nobre servo de Deus o que Paulo tinha aprendido: “Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18.). E, assim, a própria tragédia de sua agonia completava a santidade do santo de Deus.

Recompensa

Por fim, chegamos ao que é sempre o objetivo de Deus: “E o Senhor virou o cativeiro de Jó […] e o Senhor acrescentou em dobro a tudo quanto Jó antes possuía” (42.10,12)6. Jó não tinha sido alguém que ensinava que só deve buscar a Deus quando tudo está bem, mas um fiel seguidor de seu Senhor, a despeito da catástrofe terrível, assim confundindo Satanás completamente; e, apesar de sua paixão e dos discursos precipitados de desespero, ele não tinha perdido o favor de Deus, e agora tinha confessado e abandonado seu pecado. Nas palavras do apóstolo Tiago: “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso [compassivo]” (5.11). O resumo que Deus dá a Jó, séculos depois, está em Ezequiel: “Quando uma terra pecar contra mim […] ainda que estivessem no meio dela estes três homens: Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas a sua alma” (14.14). Então, aqui, no primeiro livro da Bíblia, toda a doutrina do galardão desponta. Como nosso Senhor a expressa, embora muito mais amplamente do que uma recompensa em dobro: “Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos ou campos, por amor de Mim” – Jó tinha perdido tudo por amor a Deus, na divina controvérsia com Satanás – “e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos e campos, com perseguições, e no século futuro a vida eterna7” (Mc 10.29,30) –, na glória do reino8.

 


(Traduzido por Francisco Nunes de “Tribulation that is not judgment”, de D. M. Panton, M. A. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

1Ele se encaixa apropriadamente a nosso próprio dia, em que nos lembramos de que, ao passo que o poder original de Satanás é descrito como dunamis, um poder inerente (Lc 10.19), desde o Calvário, quando seu poder foi paralisado (Hb 2.14), ele é exousia, uma autoridade puramente concedida (Ef 2.2; At 26.18). (N. do A.)

2O autor não quer significar que os mártires ou mesmo Jó estavam tristes por sofrer (talvez, em alguma medida, isso possa ser dito de Jó), mas que seu sofrimento inspirava tristeza em quem os via (veja o exemplo dos amigos de Jó). (N. do T.)

3Embora essa inculpabilidade possa ser aplicada aos convertidos durante a Grande Tribulação, ela não se aplica aos cristãos que entraram nela, uma vez que estes, se dignos, teriam escapado (Lc 21.36; Ap 3.10). (N. do A.)

4Eles justamente manchado críticas de coração partido de Jó da Providência, mas este pecado foi após o desastre, e, portanto, não poderia ser causa do mesmo.]

5Não no sentido de ser o primeiro que o leitor encontra na Bíblia, mas o primeiro escrito, como o autor já afirmou no primeiro parágrafo do texto. (N. do T.)

6É belo notar que seus filhos e filhas também foram exatamente em dobro, na medida em que os cinco anteriores ainda eram dele, embora no Paraíso (isto é, no Hades/Sheol) com seu Senhor. (N. do A.)

7A palavra grega aionios, traduzida por “eterna”, também pode ser traduzida como “duradoura pelas eras”, se o contexto assim o indica, como nesse versículo. A vida deve seguir a morte e a ressurreição. Portanto, Jó deve ser ressuscitado ao tempo da “primeira ressurreição” a fim de ser capacitado a desfrutar a vida na era por vir” (Ap 20.6). E assim está escrito: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida minha pele [isto é, depois da minha morte], contudo ainda em minha carne [isto é, em meu corpo ressuscitado], verei Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e meus olhos, e não outros, O contemplarão [isto é, sobre a terra, na era vindoura, depois da ressurreição dos justos]” (Jó 19.25-27). (N. do E.)

8É intensamente proveitoso notar que na aurora da Bíblia, o drama se encerra sobre a terra de modo que todo pecado tem apenas um perdão: sacrifício de sangue. Jeová diz a Elifaz: “A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos […] oferecei holocaustos por vós” (Jó 42.7). Ira e sangue: o sangue do Cordeiro é o único refúgio para o qual, se não-salvos, podemos fugir da ira vindoura. (N. do A.)

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