A Importância Teológicada Historicidade de Adão |
|
Bruce A. Ware |
Primeiramente, a historicidade de Adão como o primeiro ser humano literal é ensinada e admitida em toda a Bíblia. A linguagem e as descrições de Adão em Gênesis 5.3-5 – número de anos que ele viveu depois do nascimento de Sete, o fato de que ele teve outros filhos e o número total de anos que ele viveu – são idênticos à linguagem e as descrições usadas a respeito de outros personagens históricos em Gênesis e em outras partes da Bíblia (cf. o resto de Gn 5; Gn 11.10-26; Gn 25.7-11; 1 Cr 1-9). O cronista inicia a sua extensa genealogia de Israel com “Adão”, que dá início a toda a raça humana. Jó contrasta a sua fraqueza diante de Deus com Adão, que encobriu a suas transgressões (Jo 31.33). Oseias compara a desobediência de Israel com Adão, que transgrediu a aliança com Deus (Os 6.7). Lucas alicerça a genealogia de Jesus no primeiro homem, Adão, o filho de Deus (Lc 3.38). Jesus entendeu Adão e Eva como pessoas humanas literais, criadas por Deus e, depois, unidas no primeiro casamento de um homem com uma mulher (Mt 19.4-6; Mc 19.6-9). As referências de Paulo a Adão como o primeiro ser humano em Romanos 5.12-18, 1 Coríntios 11.7-9. 1 Coríntios 15.21-22 e 2 Timóteo 2.13-14 são, inconfundivelmente, a respeito desta pessoa histórica que foi criada à imagem de Deus (1 Co 11.7), antes da mulher, que procedeu dele (1 Co 11.8; 1 Tm 2.13), e que pecou, trazendo o pecado e a morte para todos os seus descendentes (Rm 5.12-18; 1 Co 15.21-22). Por último, Judas 14 se refere à pessoa histórica de Enoque, o sétimo depois de Adão, que também seria entendido como histórico. Uma leitura atenta destes textos apoia a conclusão de que a própria Bíblia trata, repetidas vezes e sem exceção, Adão como uma pessoa histórica literal, o primeiro humano criado por Deus.
Em segundo lugar, a historicidade de Adão é teologicamente importante? Sim, ela é importante pela simples razão de que a teologia conectada com Adão é teologia arraigada na história e impossível de ser explicada sem essa história. Ou seja, há claramente uma conexão bíblica entre o Adão histórico e a teologia associada com ele, e a conexão é tal que a teologia depende dessa história e não existiria sem ela. Ou, dizendo-o em outras palavras, essa história gera a teologia. Como você não pode ter um filho sem uma mãe, também não pode ter esta teologia sem a história que a traz à existência.
Considere, por exemplo, algumas áreas cruciais da teologia associadas com a historicidade verdadeira e literal de Adão. Primeira, a criação do homem à imagem de Deus envolve a criação literal do primeiro ser humano à imagem de Deus, o ser humano que se torna, por assim dizer, a fonte de todos os outros seres humanos que são, igualmente, à imagem de Deus. Gênesis 5.3 faz a notável observação de que Adão, aos 130 anos de idade, “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete” (Gn 5.3). A linguagem neste versículo é, inconfundivelmente, a mesma de Gênesis 1.26. Embora a ordem das palavras “imagem” e “semelhança” esteja invertida, parece que tudo que se diz antes a respeito de o homem ser criado à imagem e semelhança de Deus é dito aqui, quando Sete é gerado à imagem e à semelhança de Adão (Gn 5.3). O paralelismo desta linguagem nos leva a concluir que Sete nasceu à imagem de Deus (o que ele realmente era, cf. Gn 9.6) somente porque nasceu à imagem e à semelhança de Adão. Sem a conexão histórica e literal, de fato, biológica, entre Adão e Sete, o status de imagem de Deus em relação a Sete não existiria. E, se isso era verdade quanto a Sete, é verdade também quanto a nós. Não somente a nossa identidade biológica remonta ao Adão histórico, mas também o nosso estado como seres criados à imagem de Deus remonta ao primeiro homem, o primeiro ser humano histórico, Adão.
Segunda, a queda do homem no pecado é um ensino teológico central fundamentado precisamente no que aconteceu na história. Paulo resumiu o argumento nestes termos: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1 Co 15.21-22). Considere quatro observações: (1) Adão trouxe a morte ao mundo (15.21a). (2) Todos os humanos que procedem de Adão estão sujeitos à morte (15.22a). (3) A reversão do pecado e da morte de Adão acontece na realidade histórica do triunfo de Cristo por meio de sua ressurreição dos mortos (15.21a). (4) Todos os humanos unidos a Cristo serão vivificados (15.22b). A realidade histórica da ressurreição de Cristo, pela qual os que estão em Cristo são ressuscitados para viverem para sempre, é correspondente, nesta passagem, à realidade histórica do pecado de Adão, que trouxe pecado e morte para todos em Adão. A linha histórica não pode ser cortada sem eliminar a teologia correspondente. O pecado original em Adão e a vida eterna em Cristo estão ligados intrínseca e necessariamente à história.
Terceira, nossa teologia de gênero e sexualidade está intrinsecamente ligada à criação do primeiro casal humano e à natureza da união conjugal designada por Deus para eles. Quando Jesus se referiu a Gênesis 2, e quando Paulo aludiu a aspectos de Gênesis 2 e 3, ambos entenderam Adão e Eva como pessoas históricas reais que exemplificavam a união vitalícia, em uma só carne, de macho e fêmea que Deus planejou e trouxe à existência. Por sua queda histórica, Adão e Eva apartaram-se do desígnio de Deus e produziram distorções pecaminosas tanto das relações de gênero como da sexualidade humana. Nossa teologia de gênero e sexualidade não é dissociada da história. Pelo contrário, o desígnio criado por Deus foi exemplificado, inicialmente, no primeiro homem e na primeira mulher originais. E tanto Jesus como Paulo se referiram a este desígnio trazido à existência por Deus e vivenciado realmente no Éden. De modo semelhante, as perversões do bom desígnio de Deus estão arraigadas na rebelião histórica contra Deus e contra seus caminhos que aconteceu na história, registrada para nós em Gênesis 3. Tanto neste como em outros assuntos, a teologia e a história estão entretecidas de tal modo que a historicidade de Adão é essencial à esta teologia. Esta teologia depende dessa história e não existiria sem ela.
___
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
A Soberana Graça de Deus e a Responsabilidade do Homem
N0 207
Sermão pregado no Domingo, 1º de Agosto de 1858
Por Charles Haddon Spurgeon
No Music Hall, Royal Surrey Garden, Londres.
“E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.”
(Romanos 10:20-21, ACF)
Sem dúvida, estas palavras referem-se principalmente à rejeição dos judeus e à escolha dos gentios. Os gentios eram um povo que não buscava a Deus, mas vivia em idolatria. Apesar disso, naqueles últimos tempos aprouve a Jeová enviar o Evangelho da Sua Graça a eles – enquanto aos judeus, os quais por muito tempo haviam desfrutado os privilégios da Palavra de Deus, foram repudiados por causa da sua rebelião e desobediência. Creio, no entanto, que embora este seja o principal objetivo das palavras do nosso texto, ainda, como diz Calvino, a verdade ensinada aqui é um tipo de fato universal. Como Deus escolheu o povo que não O conhecia, também tem escolhido, na abundância da sua graça, manifestar a Sua salvação aos homens que estão fora do caminho, enquanto, por outro lado, os que continuam perdidos após terem ouvido a Palavra, assim continuam devido ao seu pecado deliberado. Pois Deus o dia todo “estende as suas mãos a um povo rebelde e contradizente.”
A abordagem da Verdade não é uma linha reta, mas são duas. Ninguém nunca obterá uma visão correta do Evangelho até aprender como olhar para as duas linhas de uma vez. Em um livro sou ensinado a acreditar que o que semear, colherei. Em outro sou ensinado que, “assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.” Em um lugar vejo a Providência de Deus governando tudo. E ainda assim vejo – e não posso deixar de ver – que o homem age como lhe agrada e que Deus tem, em grande medida, deixado seus atos à mercê da própria vontade dele. Então, se eu fosse declarar que o homem é livre para agir de modo que não existe a Providência de Deus sobre suas ações, seria levado sobremodo para perto do Ateísmo. E se, por outro lado, eu fosse afirmar que Deus domina tanto todas as coisas, como se o homem não fosse livre o suficiente para ser considerado responsável, sou levado imediatamente ao Antinomianismo ou ao fatalismo! A predestinação por Deus e a responsabilidade do homem são dois fatos percebidos por poucos e considerados inconsistentes e contraditórios. Mas não o são! A culpa está na nossa própria débil capacidade de julgamento. Duas verdades de Deus não podem se contradizer. Se, então, uma parte ensina que tudo é pré-ordenado – é verdade. E se outra ensina que o homem é responsável por todas as suas ações – é verdade. E é minha insensatez que me leva a imaginar que duas verdades de Deus podem, alguma vez, se contradizer. Acredito que estas duas verdades nunca poderão ser fundidas sobre nenhuma bigorna humana, mas como uma estarão na eternidade! São duas linhas quase tão paralelas que a mente que as buscar muito longe nunca perceberá que convergem – mas de fato convergem e se encontrarão em algum lugar na eternidade, perto do trono de Deus de onde toda aVerdade emana!
Agora, esta manhã, eu estou a ponto de considerar as duas doutrinas. No versículo 20, aprendemos as Doutrinas da Graça Soberana: “E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam.” No versículo seguinte, temos a Doutrina da culpa do homem por rejeitar a Deus. “Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.”
I. Primeiro, então, a SOBERANIA DIVINA COMO EXEMPLIFICADA NA SALVAÇÃO. Se algum homem é salvo, assim o é pela Graça Divina e somente por ela. A razão da sua salvação não será encontrada nele, mas em Deus. Não somos salvos como resultado de algo que fazemos ou que desejamos – nossas ações e desejos são resultado da boa vontade de Deus e da obra da Sua graça em nossos corações! Nenhum pecador pode detê-Lo, isto é, não pode ir adiante dEle, não pode se antecipar a Ele. O Senhor vem primeiro na questão da salvação, antecede nossas convicções, desejos, medos e esperanças! Tudo o que é bom ou será bom em nós é precedido pela graça de Deus e é o resultado de uma ação divina em nós.
Agora, nesta manhã, falando de atos graciosos de salvação por Deus, noto primeiro que são totalmente imerecidos. Você constatará que as pessoas aqui mencionadas, sem dúvida, não mereceram a graça de Deus. Elas o encontraram, mas nunca O buscaram; Foi manifestado a elas, porém nunca perguntaram por Ele. Nunca houve nenhum homem salvo por merecimento! Perguntem para todos os santos de Deus e eles lhes dirão que sua vida pregressa foi desperdiçada em desejos da carne, que nos dias de sua ignorância se rebelaram contra Deus e se desviaram dos Seus caminhos; e então, quando foram convidados a voltar-se para Ele, desprezaram o convite e quando alertados, jogaram fora o alerta! Vão dizer-lhes que o fato de terem sido atraídos por Deus não foi resultado de qualquer mérito antes da conversão, porque alguns, longe de terem direito a algo, foram os mais terríveis entre os terríveis! Se jogaram no poço absoluto do pecado. Não se envergonharam de todas as coisas das quais sentiríamos vergonha se somente fossem mencionadas. Eram líderes do cartel do crime, príncipes na hierarquia do inimigo. E assim mesmo a Graça Soberana veio sobre eles e foram levados a conhecer o Senhor. Vão afirmar-lhes que não foi o resultado de algo primoroso em sua disposição, embora agora acreditem na existência de algo excelente implantado neles, ainda que nos dias da sua carne não puderam ver uma qualidade que não fosse corrompida em favor do serviço de Satanás! Perguntem-os se pensam que foram escolhidos como resultado da sua coragem e lhe dirão que não. Se alguma coragem havia neles, era deformada, pois esta se inclinava para o mal! Perguntem-os se foram escolhidos de Deus por causa das suas aptidões e lhe dirão que não; havia neles aptidões, porém as prostituíam ao serviço de Satanás! Perguntem-os se foram escolhidos devido à franqueza e à generosidade de seu temperamento e lhe revelarão que estes os levou a mergulhar tão mais profundamente no pecado do que do contrário teriam feito, pois eram “bons camaradas” de cada homem mal, prontos para beber e se juntar a todas as festanças que cruzassem seus caminhos.
Não havia neles nenhuma razão para que Deus usasse de misericórdia em seu favor. E se maravilharam porque Ele não os rejeitou no tempo de seus pecados, não excluiu seus nomes do Livro da Vida e não os arrastou para dentro do abismo onde queima o fogo que irá devorar os ímpios! Mas alguns têm afirmado que Deus escolhe o Seu povo porque prevê que após elegê-los farão isto ou aquilo, e outras tantas ações meritórias e excelentes. Recorra novamente ao povo de Deus e lhes revelarão que desde sua conversão têm tido muitas razões para chorar. Embora possam alegrar-se com a boa obra que Deus começou em suas vidas, muitas vezes tremem com medo de que a obra possa não ser de Deus. Irão dizer-lhe que se às vezes abundam na fé, ainda há tempos em que superabundam na incredulidade! Se às vezes estão cheios de obras de santidade, ainda existem momentos em que choram profusamente por considerar que estes mesmos atos de santidade foram manchados pelo pecado! O cristão irá dizer-lhe que chora profusamente. Sente que há imundície mesmo nos melhores desejos – que precisa pedir perdão a Deus por suas próprias orações – pois existe pecado no meio de suas súplicas e que precisa de aspergir mesmo suas melhores ofertas com o sangue expiatório, porque nunca é capaz de trazê-las sem mancha ou defeito. Você pode recorrer ao mais iluminado dos santos, ao homem cuja presença em meio à sociedade retrata a presença de um anjo e ele assegurará ainda sentir vergonha de si mesmo. “Ah”, ele dirá, “você pode me elogiar, mas eu não posso elogiar a mim mesmo. Pode falar bem de mim, me aplaudir, mas se conhecesse meu coração, enxergaria razões suficientes para me considerar um pobre pecador salvo pela graça, destituído de motivos para se gloriar e constrangido a inclinar sua cabeça e confessar suas iniquidades perante Deus.” A graça é, portanto, totalmente imerecida.
Mais uma vez, a graça de Deus é soberana. Isto significa que Deus tem direito absoluto de dispensá-la como Lhe agrada. Não tem a obrigação de dá-la a ninguém, e se escolher concedê-la a um e não a outro, Sua resposta é: “Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia.” Então, quero que observe como está ilustrada no texto a Soberania da Graça Divina – “Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam.” Imagine se Deus fosse esperar que o homem o buscasse seriamente para poder concedê-la? Imagine se Ele, do mais alto dos céus, dissesse: “Tenho misericórdias, mas deixarei o homem só e quando delas necessitar e então se empenhar em me buscar com todo seu coração, dia e noite, com lágrimas, sacrifícios e súplicas, o abençoarei – mas não o farei antes disso.” Mas amados, Deus não diz tais coisas! Sim, é verdade que Ele abençoa aqueles que clamam por Ele, porém os abençoa antes de clamarem, porque Deus mesmo colocou esses clamores em seus lábios! Seus desejos não provêm deles, mas de boas sementes lançadas pelo Senhor no solo de seus corações. Deus salva homens que não O buscam! Oh, quantas maravilhas! É mesmo ato de misericórdia quando Ele salva quem o busca, mas não é esta misericórdia ainda mais gloriosa quando Deus mesmo salva os que não o buscam? Considere a parábola da ovelha perdida. Não diz assim: “Certo homem tinha cem ovelhas e uma delas se perdeu. Permaneceu em casa esperando e veja – a ovelha retornou. Ele a recebeu com alegria e disse aos seus amigos que se regozijassem pois a ovelha perdida havia retornado.” Não. Ele saiu a buscá-la porque nunca teria voltado por conta própria. Teria vagado cada vez mais distante. Ele saiu a buscá-la. Através das montanhas da dificuldade e dos vales do desalento, perseguiu seus passos errantes e a recuperou. Não a conduziu por esse caminho, não a liderou, mas a carregou ao longo dele, e quando a trouxe de volta para casa não disse: “A ovelha retornou”, mas “Encontrei a ovelha que se havia perdido.” Deus busca o homem primeiro, e não ao contrário! E se alguém o busca hoje é porque Ele o buscou primeiro! Se alguém o deseja, saiba que Ele o desejou primeiro; sua busca e desejos sinceros não provêm da sua salvação, mas dos efeitos da graça previamente concedida a você.
“Bem”, alguém argumenta, “eu poderia ter pensado que, embora o Salvador não exija uma busca sincera e constante, suspiros e gemidos por Ele, ainda assim desejaria e demandaria que todo homem deva clamar pela Graça antes de recebê-la”. Amados, de fato esta situação parece natural e Deus a concederá aos que por ela clamarem. No entanto, observem no texto que Ele foi manifestado “aos que por Ele não perguntaram.” Ou seja, o Senhor nos concede Graça antes de pedirmos por ela! A única razão pela qual qualquer homem começa a orar é porque a Graça derramada anteriormente em seu coração o levou a isto. Lembro-me que quando me converti, eu era um Arminiano completo. Pensei que eu mesmo havia começado a boa obra e costumava me sentar e pensar: “Bem, busquei o Senhor por quatro anos antes de encontrá-lo”, e acho que comecei a me elogiar porque havia clamado por Ele insistentemente em meio a muito desânimo! Mas um dia me ocorreu um pensamento: “O que me levou a buscar a Deus?”, e num instante a resposta veio de minha alma: “Por quê? Por que Ele me conduziu a isto! Primeiro deve ter me mostrado minha necessidade Dele, senão eu nunca O teria buscado! Deve ter me mostrado Sua preciosidade, ou eu nunca teria achado que vale a pena buscá-Lo.” Então de uma vez enxerguei com a maior clareza possível as Doutrinas da Graça. DEUS deve começar! A natureza nunca poderá se sobrepujar. Coloca-se água em um reservatório e ela o encherá até um dado limite, mas nunca passará disto sozinha. Então, não está na natureza humana o buscar a Deus. Esta é depravada, logo, deve haver uma pressão excepcional do Espírito Santo sobre o coração para inicialmente nos levar a pedir por misericórdia. Mas veja, não percebemos nada disto durante a operação do Espírito! Clamamos como se fossemos responsáveis por desejarmos o Senhor e O buscamos como se o Espírito Santo não existisse; e embora não saibamos, deve existir um movimento prévio do Espírito em direção ao nosso coração antes de existir um movimento em nosso coração em direção a Ele.
“Nenhum pecador pode estar com o Senhor de antemão,
Sua Graça é mais soberana, mais rica e mais livre.”
Deixe-me dar um exemplo. Vê aquele homem montado em um cavalo cercado por seus soldados? Como está orgulhoso! Com quão consciente dignidade dali exerce controle! O que tens aí contigo, senhor? O que são essas expedições que entesouras com tanto apreço? “Oh, senhor, o que tenho em minhas mãos irá afligir a Igreja de Deus em Damasco. Arrastarei os membros, homens e mulheres, para a sinagoga. Açoitá-los-ei e forçá-los-ei a blasfemarem. E tenho esta comissão do sumo sacerdote de levá-los à força à Jerusalém para matá-los.” “Saulo! Saulo! Não tem amor por Cristo?” “Amor por Ele? Não! Quando apedrejaram Estevão, me encarreguei das roupas das testemunhas e tive prazer em fazê-lo. Como gostaria de ter participado da crucificação do seu mestre, pois os odeio profundamente e contra eles expiro ameaças e massacres.” O que você afirma deste homem? Se ele for salvo, não irá admitir que alguma soberania divina o converteu? Olhe para o pobre Pilatos, quanta esperança havia nele. Queria salvar o Mestre, porém temeu e tremeu. Se tivéssemos tido a chance, teríamos dito: “Senhor, salve Pilatos porque ele não quer matar Jesus e se esforça para livrá-lo. Mas mate o sanguinário Saulo – ele é o líder absoluto dos pecadores.” “Não”, exclama Deus, “farei com os meus como me for aprazível.” ”Os céus se abrem e o brilho da glória desce mais luminosa que o sol do meio-dia! Impressionado com a luz, Saulo cai no chão e uma Voz se dirigindo a ele é ouvida: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.” Ele se levanta. Deus aparece para ele:“Veja, porque és para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios.” Não é esta Soberania – Graça Soberana – desprovida de qualquer busca prévia? Deus foi achado por aquele que não o havia buscado! Se manifestou ao que não havia perguntado por Ele. Alguns dirão que aquilo foi um milagre, mas é um que se repete todos os dias da semana!
Uma vez conheci um homem que não ia à casa de Deus por muito tempo. E num domingo de manhã, tendo ido ao mercado comprar dois patos para seu jantar, aconteceu de ver a casa de Deus aberta quando passava. “Bem”, pensou ele, “vou observar o que estes companheiros estão fazendo.” Ele entrou. O hino que cantavam prendeu sua atenção. Ouviu o sermão, esqueceu-se dos patos, descobriu seu próprio caráter – foi para casa e se pôs de joelhos perante o Senhor – e após certo tempo aprouve a Deus dar-lhe alegria e paz em crer! Para começar, aquele homem não tinha nada em si mesmo, nada que levasse alguém a imaginar que um dia ele poderia ser salvo! Mas simplesmente porque Deus quis assim, o homem foi alcançado com o sopro eficaz da Graça e levado a Jesus Cristo! No entanto, nós mesmos somos os melhores exemplos desta situação! Até hoje me assombro pois Deus nunca deveria ter me escolhido. Não consigo entender. E a minha única resposta para a pergunta é: “Sim, ó Pai, porque assim pareceu bem aos teus olhos.”
Creio que agora anunciei a Doutrina de maneira bem clara. Deixe-me apenas dizer algumas palavras sobre ela. Algumas pessoas têm bastante medo desta verdade de Deus. Dizem: “É verdade, ouso dizer, mas mesmo assim você não deveria pregá-la para uma assembleia heterogênea. É muito confortável para o povo de Deus, mas deve ser manejada com cuidado e não deve ser pregada publicamente.” Muito bem, senhor, permito que resolva este assunto com meu Mestre. Ele me deu este grande livro para pregar, e não posso fazer uso de nenhuma outra fonte! Se Ele colocou algo na Bíblia que você considera inadequado, vá e reclame com Ele e não comigo. Sou um simples servo e se o que prego é ofensivo, não posso fazer nada. Se eu envio meu servo com uma mensagem e ele a entrega fielmente, não merece ser repreendido. Coloque a culpa em mim, e não em meu servo. Então eu digo: culpe meu Mestre porque eu somente proclamo Sua mensagem. “Não”, diz alguém, “não é para ser pregada.” Sim, é para ser pregada. Toda a Palavra de Deus é inspirada e útil para algum bom propósito. A Bíblia não ensina assim? Deixe-me dizer-lhes a razão pela qual muitas das nossas igrejas estão em declínio: é simplesmente porque esta Doutrina não tem sido pregada. Onde quer que ela tenha sido defendida, sempre foi “Abaixo o Papismo.” Os primeiros reformadores sustentaram esta doutrina e a pregaram. Bem disse um doutor da Igreja da Inglaterra a alguns críticos: “Olhem para o Lutero de vocês. Não o consideram o mestre da Igreja da Inglaterra? O que Calvino e outros reformadores ensinaram pode ser encontrado em seu Livro sobre a liberdade da vontade.”[1] Além disso, podemos indicar-lhes uma série de ministros desde o início até agora. Falemos da sucessão apostólica! O homem que prega as Doutrinas da Graça é de fato um sucessor dos apóstolos! Não podemos traçar nossa genealogia através de toda uma linhagem de homens como Newton, Whitefield, Owen e Bunyan diretamente até chegarmos a Calvino, Lutero e Zwinglio? Deles então podemos voltar a Savonarola, Jerônimo de Praga, a Huss e então de volta a Agostinho, o pregador mais poderoso do cristianismo. E de Santo Agostinho até Paulo é somente um passo! Não precisamos sentir vergonha da nossa linhagem. Embora os Calvinistas agora sejam considerados heterodoxos, somos e sempre deveremos ser ortodoxos. É a antiga doutrina! Vão e comprem qualquer livro puritano e veja se conseguem encontrar nele o Arminianismo! Pesquisem todas as bancas de livros e veja se podem encontrar algum manuscrito antigo que possua algo diferente da Doutrina da Livre Graça de Deus. Permitam que esta seja trazida para nutrir a mente dos homens e desaparecerão as falsas doutrinas da penitência, confissão e do pagamento pelos seus pecados!
Se a graça é livre e soberana nas mãos de Deus, a doutrina do clericalismo não se sustenta! A compra e venda de indulgências e coisas afins também não! São levados pelos quatro ventos dos céus e a eficácia das boas obras é reduzida em pedacinhos como Dagom diante da arca do Senhor! “Bem”, alguém comenta, “Gosto da Doutrina. Todavia, existem muito poucos que pregam-na e os que o fazem são muito elevados.” É bem provável, mas me importo pouco com o que dizem de mim. Tem muito pouca importância o que os homens falam a seu respeito. Suponha que o considerem “excitado, nervoso”- isto não o torna perverso, certo? Imagine que o julguem um antinomiano – isto não o torna um deles! No entanto, devo confessar que há alguns homens que pregam esta doutrina causando dez vezes mais mal do que bem porque não pregam sobre a próxima sobre a qual vou falar, e que é igualmente verdadeira! Possuem a primeira para ser a vela, mas não esta última para ser o lastro. Podem pregar sobre um lado da moeda, mas não sobre o outro. Podem concordar com a alta Doutrina, porém não falarão sobre a Palavra em sua totalidade. Tais homens caricaturam a Bíblia! Deixem-me comentar aqui o costume de certo grupo de hiper-calvinistas de chamar de “Calvinistas Híbridos” aqueles entre nós que ensinam que é dever do homem se arrepender e crer. Se vocês escutarem alguém dentre eles falar desta maneira, deem-nos meus mais respeitosos elogios e perguntem-nos se já leram os trabalhos de Calvino em suas vidas. Não que eu me importe com o que Calvino disse ou não disse, mas perguntem-nos se algum dia leram suas publicações. E se disserem “Não”, como provavelmente o farão porque existem 48 extensos volumes, digam-nos que o homem a quem chamam um “Calvinista Híbrido”, embora não tenha lido a totalidade dos volumes, já leu uma boa parte deles e conhece sua essência. E sabe que prega substancialmente o mesmo que Calvino, que toda doutrina sobre a qual ensina pode ser encontrada nos Comentários de João Calvino a respeito de uma ou outra parte das escrituras. Somos calvinistas verdadeiros! No entanto, este reformador não é ninguém para nós. Jesus Cristo e ele crucificado e a Bíblia tradicional são nossos pilares. Amados, aceitemos a escritura em sua totalidade! Se encontrarmos alta doutrina, que assim permaneça! Se for baixa doutrina, que permaneça também![2] Lancemos mão somente de padrões proporcionados pela Bíblia!
II. Passemos agora ao segundo ponto. “Agora veja,” comenta meu hiper amigo, “ele vai se contradizer.” Não, meu Amigo, não vou! Vou contradizer você! O segundo ponto é a RESPONSABILIDADE DO HOMEM. “Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.” Então, esse povo que Deus abandonou havia sido cortejado, buscado, suplicado que fosse salvo. Mas se recusaram e uma vez que não foram salvos, o abandono foi o resultado de sua desobediência e oposição. Este fato é claramente encontrado no texto. Quando Deus envia os profetas a Israel e estende Suas mãos, qual Seu propósito? Por que desejava que o povo se voltasse para Ele? Ora, para serem salvos! “Não”, alguém diz, ”era para que recebessem misericórdias temporárias.” Não é assim, meu Amigo! O verso anterior diz respeito às misericórdias espirituais e este também, pois se referem à mesma coisa. Então, foi Deus sincero em sua oferta? Ele perdoa o homem ousado o suficiente para dizer que não! Sem dúvida o Senhor é sincero em todas as suas ações – enviou Seus profetas e rogou ao povo de Israel que se apegassem às coisas espirituais, mas se recusaram. E embora estendesse Suas mãos durante todo o dia, ainda assim permaneceram “um povo rebelde e contradizente”, e não receberam Seu amor. E sujaram as mãos com o próprio sangue!
Deixe-me agora observar o cortejo de Deus e suas características. Em primeiro lugar, era o cortejo mais amoroso do mundo! Pecadores perdidos que se encontram ao som do evangelho não estão perdidos por falta do mais carinhoso dos convites. Deus diz que estendeu Suas mãos. Vocês sabem o que isto significa. Têm visto filhos desobedientes que não se voltam para seus pais. O pai estende suas mãos e diz: “Venham para mim, meus filhos, venhas, estou pronto a perdoar-lhes.” A lágrima está em seus olhos e seu coração se move de compaixão enquanto exclama: “Venham, venham.” Deus diz que Ele mesmo fez isto – “Ele estendeu as Suas mãos.” E assim tem agido com alguns de vocês, os quais se não são salvos hoje, são indesculpáveis, pois Deus lhes estendeu Suas mãos e disse: “Venham, venham.” Vocês têm estado ao som do evangelho por um longo tempo e têm sido fiel, eu creio, e têm chorado! Seu pastor não se esqueceu de orar por suas almas em secreto ou de chorar por vocês quando nenhum olho estava posto sobre ele, o qual tem lutado para convencê-lo como um embaixador de Deus! O Senhor é testemunha das vezes que estive neste púlpito e não poderia ter rogado com mais força por minha própria vida do que roguei pelas suas! Em nome de Jesus tenho clamado: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” Tenho chorado por vocês como fez o Salvador e usado Suas palavras em Seu nome: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” E vocês sabem que suas consciências têm sido tocadas com frequência, que vocês têm sido movidos, não puderam resistir. Deus foi tão gentil com vocês, convidou-os com tanto amor através da Palavra, ajudou-os com tanta mansidão através da Sua providência e Suas mãos estavam estendidas e vocês puderam ouvir Sua voz falando em seus ouvidos: “Vinde então, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.”
Vocês O têm ouvido clamar: “Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas.” Vocês O têm ouvido falar com todo o amor do coração de um pai: ”Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Oh, Deus implora para que o homem seja salvo e hoje Ele diz a cada um de vocês: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados. Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos Exércitos, considerai os vossos caminhos.” E com amor Divino Ele o corteja como um pai corteja seu filho, estendendo Suas mãos e clamando: “Tornai-vos para mim, tornai-vos para mim.” “Não,” diz um doutrinário, “Deus nunca convida todos os homens a tornarem-se para Ele, mas somente alguns indivíduos.” Pare, senhor! Isto é tudo o que você sabe. Nunca leu sobre a parábola aonde é dito: “Meus bois e cevados já estão mortos, e tudo já está pronto; vinde às bodas.” E os que foram convidados não quiseram ir. E nunca leu que todos começaram a dar desculpas e foram punidos porque não aceitaram o convite? Então se os convites não são feitos para todos, mas somente para quem iria aceitá-lo, como esta parábola pode ser real? A verdade é que os bois e cevados estão mortos, o jantar preparado e o trompete ressoa: “Todos os que têm sede, vinde e comei, vinde e bebei.”Aqui está a distribuição das provisões, a total suficiência – o convite é de graça – é grande e sem limitação! “E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” E este convite é expresso com palavras mansas: “Vinde a mim, filho meu, vinde a mim.” “Todo o dia estendi as minhas mãos.”
E note de novo, este convite era muito frequente. As palavras “todo o dia” podem ser traduzidas por “diariamente.” “Diariamente estendi as minhas mãos.” Pecador, Deus não o chamou uma vez para ir e então deixá-lo só, mas todos os dias tem estado com você! Todos os dias a consciência fala com você. Todos os dias a providência o adverte e todo dia do Senhor a palavra de Deus o corteja! Oh, quantas contas alguns de vocês terão de prestar no tribunal de Deus! Não posso agora entender o seu caráter, mas sei que alguns julgamentos serão terríveis no final. Deus tem cortejado você durante todo o dia. Desde o seu primeiro amanhecer, ele o corteja através de sua mãe e ela costumava a juntar suas mãozinhas e ensiná-lo a dizer:
“Gentil Jesus, manso e humilde
Olhe para esta criancinha,
Compadeça-se da minha singeleza
Permita-me correr para o Senhor.”
E durante sua infância Deus ainda estava estendendo as mãos em sua direção! Como sua professora da escola dominical empenhou-se em trazê-lo ao Salvador! Quão frequentemente seu jovem coração foi influenciado. No entanto, você deixou tudo isto de lado a ainda permanece intocado! Quantas vezes sua mãe lhe falou e seu pai o advertiu? E você se esqueceu das orações em seu quarto quando estava doente, quando sua mãe beijava sua testa queimando de febre, ajoelhava-se e pedia a Deus que poupasse sua vida e então orava mais: “Senhor, salve a alma do meu menino!” Lembre-se da Bíblia que ela te deu quando você começou seu aprendizado e a oração que escreveu naquela capa amarela. Quando ela o presenteou, talvez você não o soubesse, mas deve saber agora o quanto ela desejou seu novo nascimento em Cristo Jesus! Como ela o acompanhou com suas orações e como ela suplicou ao Deus dela por você! E com certeza você ainda não se esqueceu de quantos domingos e sermões desperdiçou e quantas vezes foi avisado! Todo ano escutava pelo menos 104 sermões e alguns de vocês mais, e ainda permanecem como sempre foram!
Porém pecadores, escutar pregações é algo terrível a não ser que abençoe suas almas. Se Deus continua estendendo Sua mão todos os dias, durante todo o dia, será difícil quando você for justamente condenado não somente por suas brechas na Lei, mas por sua rejeição voluntária ao Evangelho! É provável que o Senhor continue estendendo Suas mãos até que seus cabelos fiquem grisalhos, ainda convidando-o continuamente – e talvez quando estiver beirando a morte Ele ainda dirá: “Vinde a mim, vinde a mim.” Se porém você ainda insistir em endurecer seu coração, se ainda rejeitar Jesus, eu imploro-lhe que não permita que nada o faça imaginar que continuará sem punição! Oh, eu tremo algumas vezes quando penso naquela classe de ministros os quais dizem aos pecadores que não são culpados por não buscarem o Salvador! Como serão considerados inocentes no Grande Dia do Senhor, eu não sei. Parece-me algo terrível o fato destes pastores estarem embalando pobres almas no sono enganoso por dizer-lhes que não é sua obrigação buscar a Cristo e arrepender-se – mas que podem comportar-se como desejarem a este respeito e quando perecerem não terão culpa a mais por terem ouvido a Palavra. Meu Mestre não disse isto! Lembre-se como Ele disse: “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.” Jesus não falou assim quando se dirigiu à Corazim e Betsaida – Ele afirmou: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.” Não era como Paulo pregava. Ele não afirmava que não havia culpa em desprezar a cruz. Escute uma vez mais as palavras do apóstolo: “Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram.”
Pecador, no Grande Dia do Senhor você deverá prestar contas por cada advertência que recebeu, por cada vez que leu a Bíblia, sim, e por cada vez que negligenciou sua leitura; por cada domingo quando a casa de Deus estava aberta e você negligenciou tirar proveito da oportunidade de ouvir a palavra de Deus e por cada vez que a ouviu e não a escutou! Vocês que são ouvintes desatentos estão jogando lenha na sua própria fogueira eterna! Vocês que ouvem e se esquecem imediatamente, ou ouvem de maneira frívola, estão cavando sua própria cova! Lembrem-se, só você será culpado por sua própria condenação no Último Grande Dia, ninguém mais. Deus não será responsável. “Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus – e este é um grande juramento – não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva.” Deus tem feito muito por você! Ele enviou-lhe Seu Evangelho! Você não nasceu numa terra pagã. Ele lhe deu o Livro dos Livros e uma consciência iluminada. Se você perecer ao som do ministério, perecerá de maneira mais temerosa e terrível do que se estivesse em qualquer outro lugar!
Esta doutrina é tão bíblica quanto a outra. Você me pede para conciliar as duas. Respondo que elas não precisam de conciliação! Nunca tentei fazê-lo para mim mesmo por que nunca pude ver alguma discrepância. A discussão envolve ninharias, picuinhas, não posso responder nada. Ambas são genuínas! Não existem duas verdades inconsistentes entre si e o que podemos fazer é crer nas duas. Na primeira, o santo faz a maior parte. Deixe-o louvar a livre e soberana graça de Deus e abençoar Seu nome! Na segunda, o pecador faz a maior parte. Oh pecador, humilhe-se sob a poderosa mão do Senhor! Pense o quanto Ele tem demonstrado Seu amor por você convidando-o a voltar-se para Ele. Pense o quanto você tem desprezado Sua palavra e rejeitado Sua misericórdia! Pense como tem ignorado cada convite e seguido seu caminho de rebelião contra o Deus de amor e quantas vezes tem transgredido os mandamentos Daquele que o amou.
Como concluirei então? Minha primeira exortação será para os cristãos. Queridos amigos, rogo-lhes que não se rendam a nenhum sistema de fé à parte da Palavra de Deus. A Bíblia, e somente a Bíblia, é a religião dos protestantes. Sou o sucessor do grande e venerado Dr. Gill, cuja teologia é quase universalmente recebida entre as igrejas calvinistas mais maduras. Mas embora eu venere sua memória e creia nos seus ensinamentos, ele ainda não é meu Mestre. O que você encontra nas escrituras é para acreditar e receber! Nunca tema uma doutrina e, acima de tudo, nunca tema um nome. Alguém comentou comigo outro dia que achava que a verdade de Deus encontra-se em algum lugar entre estes dois extremos. Foi correta sua intenção, mas creio que ele estava errado. Não acredito que a verdade de Deus esteja entre dois extremos, mas nos dois! Quando se trata de pregar a salvação, creio que quanto mais profundo o homem possa ir, melhor. A razão pela qual alguém é salvo é Graça, Graça, Graça! E neste ponto, quanto mais minúcias, melhor. Mas quando a questão é porque o homem está condenado, então o Arminianismo está muito mais certo que o Antinomianismo. Não me importo com denominações ou partidos – e sou tão profundo quanto Willian Huntingdon[3] quando se trata da salvação – mas me pergunte sobre condenação e lhe darei uma resposta bem diferente. Não peço aplauso pela graça de Deus. Prego a Bíblia como ela é. Erramos quando o Calvinista começa a interferir na questão da condenação e interfere na justiça de Deus – ou quando o Arminiano nega a Doutrina da Graça.
Minha segunda exortação é: Pecadores, peço a cada pessoa não convertida e ímpia nesta manhã que repudie qualquer forma e estilo de desculpa que o diabo possa incutir em vocês a respeito de sua inconversibilidade. Lembrem-se que nenhum ensino no mundo pode desculpá-los de serem inimigos de Deus por praticarem o que é mau. Quando clamamos por sua reconciliação com o Senhor é porque sabemos que nunca estarão em seu próprio lugar até que isto aconteça. O Senhor Deus os fez. É certo que vocês o desobedeçam? Ele os alimenta todos os dias. Como pode sua insistente insubordinação estar correta? Lembrem-se: quando os céus estiverem em chamas, quando Cristo voltar para julgar o mundo com justiça e seu povo com equidade, não poderão lançar mão de nenhuma justificativa válida neste Último Grande Dia. Se você tentar argumentar: “Senhor, nunca ouvi a Palavra”, a resposta Dele seria: “Sim, a escutou claramente.” “Mas Senhor, minha vontade era má.” “Por sua boca o condenarei. Você conhecia sua vontade detestável e o condeno por ela. “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz porque as suas obras eram más.” “Mas Senhor”, alguns dirão, “eu não era predestinado.” “O que você tinha com isto? Agiu de acordo com sua vontade quando se rebelou. Não se voltou para Mim e agora o destruirei para sempre. Descumpriu a Minha Lei – sua culpa está sobre sua cabeça.” Se um pecador pudesse dizer no Último Grande Dia; “Senhor, não poderia ter sido salvo de qualquer modo”, seu tormento no inferno seria atenuado por este pensamento. Isto se encaixaria, porém, no mais extremo limite – “Sabia do seu dever e não o cumpriu, pisou em tudo o que era santo, se descuidou do Salvador e como escapará se negligenciar tão grande salvação?”
Então, quanto a mim – alguns de vocês podem ir embora e afirmar que fui antinomiano na primeira parte do sermão e Arminiano no final. Não me importo! Imploro que pesquisem a Bíblia por si mesmos, quanto à Lei e ao Testemunho. Se não falo de acordo com Sua Palavra, é porque não há luz em mim. Prontifico-me a passar pelo teste. Não tenham nada a ver comigo onde não tenho nada a ver com Cristo! Onde me desassocio da palavra de Deus, lancem fora minhas palavras – mas se o que digo é ensinamento de Deus, incumbo-lhes, por Aquele que me enviou, de considerar estas coisas e de voltar-se para o Senhor com todo seu coração.
[1] seu Livro sobre a liberdade da vontade: provável referência ao artigo X dos 39 Artigos da Religião da Igreja da Inglaterra, sobre o livre arbítrio (Confira https://www.dropbox.com/s/nwakukcizywv6ac/artigos.pdf)
[2] Doutrina Alta, Doutrina Baixa: referência a consideração dos mistérios de Deus “altos” e daquilo que é comum “baixo” (nota do revisor)
[3] William Huntington (2 de fevereiro de 1745 – 1 de Julho de 1813) foi um pregador inglês conhecido por pregar que a ”lei moral” era desnecessária. Huntington foi um calvinista crente na dupla predestinação. (Wikipédia)
_____________________________________________
ORE PARA QUE O ESPIRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA TRAZER UM CONHECIMENTO SALFÍVICO DE JESUS CRISTO E PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA
FONTE: Traduzido de http://www.spurgeongems.org/vols4-6/chs207.pdf
Todo direito de tradução protegido por lei internacional
Sermão nº 207 — Volume 2 do The New Park Street Pulpit,
Tradução: Adriana Braga Misiara Silva Rodrigues
Revisão: Armando Marcos
Capa: Victor Silva
Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo crucificado.
Projeto de tradução de sermões, devocionais e livros do pregador batista reformado Charles Haddon Spurgeon (1834-1892) para glória de Deus em Cristo Jesus, pelo poder do Espírito Santo, para edificação da Igreja e salvação e conversão de incrédulos de seus pecados.
Você tem permissão de livre uso desse material, e é incentivado a distribuí-lo, desde que sem alteração do conteúdo, em parte ou em todo, em qualquer formato: em blogs e sites, ou distribuidores, pede-se somente que cite o site “Projeto Spurgeon” como fonte, bem como o link do site www.projetospurgeon.com.br. Caso você tenha encontrado esse arquivo em sites de downloads de livros, não se preocupe se é legal ou ilegal, nosso material é para livre uso para divulgação de Cristo e do Evangelho, por qualquer meio adquirido, exceto por venda. É vedada a venda desse material |
(Fonte)
A Igreja (Stephen Kaung)
O que é a igreja? A igreja é o lugar onde o nome do Senhor é colocado. Você lembra que o Senhor Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles?” (Mt 18.20). Essa é a explicação mais simples daquilo que a igreja é. A igreja é o lugar onde o nome do Senhor é o centro. Na igreja, as pessoas estão reunidas, mas não em seu próprio nome, nem em qualquer outro nome, senão no nome do Senhor Jesus. Isso é a igreja. Deus chamou pessoas de toda tribo, de toda língua, de todo povo e de toda nação e as colocou juntas no nome do Senhor Jesus. Nesse lugar você encontra a igreja.
O que significa “estar reunidos no nome do Senhor”? Isso quer dizer que essas pessoas tomam sobre si o nome do Senhor. Creio que a ilustração mais simples disso acha-se no casamento. Quando uma moça casa-se com um rapaz, ela toma sobre si o nome dele. Ela junta-se àquele homem e eles se tornam um só. Portanto, quando pessoas estão reunidas no nome do Senhor Jesus, isso significa que elas deixaram de lado o próprio nome, deixaram de lado a si próprias e se submeteram voluntariamente ao nome do Senhor. Elas tomam o nome do Senhor Jesus como seu próprio nome e permitem que Ele seja sua Cabeça. Essas pessoas permitem que o nome do Senhor seja colocado sobre elas, que Sua autoridade seja conhecida nelas, que Seu trono seja estabelecido nelas.
Irmãos, o trono de Deus não é estabelecido apenas no coração de cada um de nós, mas também no meio de Seu povo. Precisamos que esse trono onde Cristo se assenta seja estabelecido na vida de cada um de nós. Normalmente nós sentamos em nosso próprio trono e governamos nossa vida. Contudo, se pertencemos ao Senhor e sabemos o que significa a salvação, então, temos de descer de nosso próprio trono e entronizar a Cristo. Ele deve estar no trono de cada um de nós, pois somos chamados por Seu nome. Isso também é verdade no sentido corporativo. Quando o povo de Deus se reúne, o que ali se estabelece é o trono do Senhor Jesus. Sua autoridade é então conhecida. Não há autoridade senão a autoridade do Senhor Jesus, e isso é o que constitui a Igreja.
(Extraído do livro Havendo Deus Falado – volume 3, Edições Tesouro Aberto)
Lutero achava essencial que o preparo de sermões incluísse a leitura diligente da Bíblia. Entendia ele que se quisesse pregar bem, teria de conhecer profundamente as Escrituras. Cada uma de suas exposições bíblicas refletia horas concentradas de leitura cuidadosa da Palavra. Thomas Harwood Pattison observa que: “O seu amor pela Escritura fez de Lutero um grande pregador bíblico. O próprio Lutero tinha fome de conhecer mais as Escrituras, como alguém a quem por muito tempo tivesse sido negado o alimento necessário”.[1] E o historiador Jaroslav Pelikan, diz: “Ele estava de tal maneira saturado pela linguagem e pelo pensamento da Bíblia que muitas vezes a citava sem estar consciente disso”.[2] Em palavras simples, Lutero devorava o texto bíblico com voraz apetite.
Continuamente, Lutero lutava com as palavras dos escritores bíblicos. Refletindo sobre suas muitas horas gastas examinando as Escrituras, ele disse:
Quando jovem, eu me familiarizei com a Bíblia. Ao lê-la vez após vez, passei a conhecer o caminho em meio a ela. Só depois disso é que consultei escritores [de livros a respeito da Bíblia]. Mas finalmente, tive de tirá-los todos de minha vista e lutar com a própria Bíblia. É melhor ver com os próprios olhos do que com olhos de outros.[3]
Em outro lugar ele escreveu: “Já há alguns anos, eu tenho lido a Bíblia inteira duas vezes no ano. Se você imagina a Bíblia como uma poderosa árvore, e cada palavrinha um pequeno galho, eu sacudi cada um desses galhos porque queria saber o que era e o que significava”.[4] Essa leitura implacável da Bíblia foi uma das principais ocupações de sua vida.
Lutero sabia que os pregadores seriam tentados a evitar a Escritura procurando os comentários, mas asseverou que a Escritura tem de ser a leitura principal. Acautelou: “A Bíblia estará enterrada sob uma massa de literatura a respeito da Bíblia, negligenciando o próprio texto”.[5] Lutero consultava muitos comentários, mas jamais negligenciou a leitura diligente da Escritura.
Lutero temia que até mesmo a leitura dos pais da igreja pudesse substituir a verdadeira leitura da Bíblia. “A leitura dos santos pais deverá ser só por curto tempo, para que por meio deles sejamos conduzidos às Sagradas Escrituras”.[6] O perigo, dizia ele, é que um homem gaste tanto tempo lendo os pais que “nunca chegue a ler as Escrituras”.[7] Lutero ainda afirmava: “Somos como homens que sempre estudam os sinaleiros e nunca viajam pela estrada. Os queridos pais desejavam que, por seus escritos, fôssemos conduzidos às Escrituras, mas nós os empregamos para nos afastar das Escrituras”.[8] Para Lutero, tinha de haver um influxo total das Escrituras antes que pudesse haver um transbordar da verdade bíblica na pregação.
Ele testemunhou a negligência da leitura bíblica pessoal da parte de muitos no ministério, e Lutero lamentou: “Alguns pastores e pregadores são preguiçosos e não servem para nada. Dependem de… livros para conseguir produzir um sermão. Não oram, não estudam, não leem, não examinam as Escrituras. Não são nada senão papagaios e gralhas que aprenderam a repetir sem entendimento”.[9] Desprezar a leitura pessoal do texto bíblico, Lutero cria, era ser subdesenvolvido no púlpito.
Considerava sua obrigação labutar diariamente na Bíblia. Quanto a isso Lutero declarou: “Somente a Escritura é nossa vinha em que todos devemos lutar e laborar”.[10] Os pregadores não devem nunca se desviar para outros campo, porém, manter-se imersos na Escritura. Ele disse: “O chamado é vigiar, estudar, estar atento para a leitura”.[11] Isso, ele sentia, era o primeiro dever do pregador.
Lutero via o poder da pregação como ligado diretamente ao compromisso do pregador com a Palavra de Deus: “O melhor pregador é aquele que melhor conhece a Bíblia; que a guarda não só na memória como também na mente; que entende seu verdadeiro significado, e o trata com efetividade”.[12] Noutras palavras, um conhecimento profundo do texto prepara o homem para se tornar grande força no púlpito, Disse ele: “Aquele que conhece bem o texto da Escritura é teólogo distinto”.[13] Essa saturação bíblica era característica de Lutero, e impactou profundamente os seus sermões.
[1] T. Harwood Pattison, The History of Christian Preaching (Philadelphia: American Baptist Publication Society, 1903), 135.
[2] Jaroslav Pelikan, Luther’s Works, Companion Volume: Luther the Expositor (St. Louis: Concordia, 1959), 49.
[3] Lutero, Luther’s Works, Vol 54, 361
[4] Ibid., 165.
[5]Ibid., 361
[6] Martinho Lutero, Works of Martin Luther: With Introductions and Notes, Vol 2 (Philadelphia: A. J. Holman Co., 1915), 151.
[7] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.
[8] Ibid.
[9] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Vol 53 (Weimar: Hermann Bohlaaus Nachfolger, 1883), 218, conforme citado em What Luther Says, 1110.
[10] Lutero, Luther’s Works, Vol 44, 205.
[11] LUTERO, D Martin Luthers Werke, Vol 53, as cited in Meuser, Luther the Preacher, 40–41.
[12] KERR, John, Lectures on the History of Preaching (New York: A.C. Armstrong & Son, 1889), 154–155.
[13] Martinho Lutero, D Martin Luthers Werke, Tischreden IV, 4567 (Weimar: H. Böhlau, 1912–1921), conforme citado em What Luther Says, 1355.
Em Cristo (Burk Parsons)
Repetitio mater studiorum est. “A repetição é a mãe de todo aprendizado.” O apóstolo Paulo entendeu isso. Sob a inspiração e a superintendência do Espírito Santo, Paulo constantemente repetia as verdades fundamentais da doutrina bíblica, e ele fazia isso não apenas dentro de cada uma de suas epístolas, mas às vezes dentro da mesma frase. O mais claro exemplo disso é encontrado na epístola de Paulo aos efésios. Conforme ele desenrola o glorioso mistério de nossa salvação, Paulo reitera a frase “em Cristo” ou “nele” continuamente ao longo do primeiro capítulo, e quase dez vezes nos versos 3 a 14, que é uma longa frase na língua original. Há muitos anos, enquanto eu pregava em Efésios 1, expliquei à nossa congregação que se eles fossem lembrar de apenas uma verdade de nosso estudo de Efésios, que fosse a frase “em Cristo”, que é uma maneira curta de se lembrar de um dos mais fundamentais aspectos da salvação — nossa união com Cristo.
A união do crente com Cristo há tempos vem sido uma doutrina negligenciada em muitas igrejas, embora seja uma doutrina central da Escritura. A Palavra de Deus nos ensina que somos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo e que somos unidos com Cristo pela graça justificadora de Deus através da nossa fé somente por causa da morte expiatória de Cristo somente (João 15:4-7; 1 Coríntios 15:22; 2 Coríntios 12:2; Gálatas 3:28; Efésios 1:4, 2:10; Filipenses 3:9; 1 Tessalonicenses 4:16; 1 João 4:13). A natureza dessa união não é apenas que estamos em Cristo, mas que ele está em nós (João 6:56; Romanos 8:10; 2 Coríntios 13:5; Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27). As implicações teológicas de nossa união com Cristo são espantosas, e é o próprio Cristo quem nos ensinou que elas são. Em João 15, Jesus disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (v. 5). Na raiz de nossa santificação está nossa união com Cristo. Como ramos, nós damos frutos precisamente porque estamos unidos a Cristo, a videira, e estamos conectados à videira por causa da obra de Deus Pai, que é “o agricultor” (15:1). Além disso, em sua oração sumo-sacerdotal, Jesus expressou a profunda união que ele tem com os crentes, dizendo: “… eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (17:23). Nesta gloriosa oração, jesus revela a absoluta majestade desta doutrina quando expressa que nossa união com ele — o eterno Logos, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Divindade, Deus conosco — tem a direta implicação que, em Cristo, o pai nos ama como ele ama seu Filho unigênito. E visto que estamos unidos com Cristo, estamos unidos com ele em sua morte e, portanto, também seremos unidos com ele em sua ressurreição (Romanos 6:5).
Defesa da fé
O cristianismo tem sido, com sucesso, atacado e marginalizado… porque aqueles que professam a fé são incapazes de defendê-la do ataque, mesmo que os argumentos dos adversários sejam profundamente falhos.
(William Wilberforce)
Esta semana, entre muitos bons artigos e sítios da internet que encontrei, destaco estes dois.
O primeiro, com o excelente nome de “Uma palavrinha sobre o palavrão”, trata do uso de palavras chulas e obscenas por parte de cristãos. O assunto é sério, pois os defensores de tal linguagem ignoram as claras orientações bíblicas sobre o assunto e justificam-se convicta e iradamente. Ao final do artigo, há a indicação de vários outros, que também devem ser lidos.
O segundo é para quem gosta de livros, e estes de graça. Baixe todos! 😀
Que o Senhor o abençoe com paz!
Introdução à Cosmovisão Reformada: Anotações quase aleatórias (1)
D.A. Carson – O Deus que Não Destrói Rebeldes [O Deus Presente 2/14]
Investigacão sobre a mente humana segundo os princípios do senso comum: lançamento de livro
O reino milenar (em inglês): série de artigos sobre este importante tópico da escatologia, ora desconhecido, ora mal interpretado pelos cristãos contemporâneos
Cosmovisão cristã
Sem dúvida, uma das grandes dificuldades do cristão é: “Como devo viver no mundo?” Em outras palavras, como praticar o “estar no mundo, mas não ser do mundo” (Jo 17)? A resposta para isso é ter uma clara e bíblica cosmovisão cristã. As palestras de Héber Campos Jr. esclarecem o assunto. Ouça e pratique.