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Escolher com quem você vai casar é importante (RVD)

Meu marido e eu estávamos certa vez com um grupo de jovens. Havia três deles sentados em frente a nós durante uma refeição: dois meninos e uma menina. Um cara era um nerd com óculos. O outro era um estudante de faculdade com o cabelo um pouco menos moderno e sem óculos. A menina estava, obviamente, com este. Mas, enquanto o nerd estava ocupado servindo a todos no refeitório, raspando os pratos e o lixo, o estudante universitário ficou bravo com a menina por causa de um pequeno acidente e derramou suco vermelho sobre a jaqueta de couro e a camisa branca dela. Ela pegou o cara errado, mas o suco não pareceu fazê-la mudar de ideia. É bom que ela tenha algum temor da relação continuar e, especialmente, de terminar em casamento.

Então, meninas cristãs jovens e solteiras, ouçam: escolher com quem você vai casar é importante. Você pode pensar que a forma como ele trata você hoje não é tão ruim. Mas não vai ficar melhor depois do casamento. Você pode pensar que ele vai mudar. É possível, mas a maioria dos homens não muda. Você pode pensar que será capaz de ministrar a ele e de ajudá-lo. Possivelmente, mas, se você não pode agora, não vai conseguir depois, e vai se colocar em risco. Um marido deve liderar e cuidar de você, não depender de seu conselho sobre questões básicas de personalidade ou de comportamento.

A menos que alguém casado seja muito franco com você, você não conseguirá entender o quanto o marido vai ter impacto sobre todos os aspectos de sua vida. Depois da salvação, não há outro evento de longo prazo que vá mudar tantas áreas de sua vida tão profundamente. Aqui estão apenas algumas das maneiras como o casamento afetará sua vida.

1. Ele terá impacto sobre você espiritualmente. Se o cara não é cristão, pare agora mesmo. Você não pode colocar sob o mesmo jugo uma alma redimida e uma não regenerada, mesmo que ele pareça estar aberto a mudanças. Cristo comprou você com um preço, e não é uma opção trair aquele sangue dando o coração a alguém que não conhece e ama seu Senhor. Se o fizer, isso vai paralisar seu desenvolvimento espiritual, abrir uma série de tentações, reprimir sua vida de oração, tornar difícil o congregar-se e causar enorme conflito parental, se vocês tiverem filhos.

Se o cara é crente, ele é um crente forte? Será que ele vai liderá-la em oração, leitura da Bíblia, culto familiar e público? Ou você terá de se virar sozinha? Será que ele vai fazer do crescimento espiritual uma prioridade ou deixar que outras coisas venham em primeiro lugar? Será que ele vai lhe perguntar como vai sua alma a fim de ajudá-la a crescer em santidade e amor a Cristo ou vai deixar isso para seu pastor? Será que ele vai conduzir as crianças nesse aspecto ou você é quem vai ter de encabeçar isso? Na reunião da igreja, ele vai ajudar as crianças a sentarem-se direitinho, a orar, a encontrar o hino, ou você vai ser a pessoa que vai chamar a atenção para o que está acontecendo ao lado dele e ajudar a família a manter-se unida? Muitas mulheres casaram com homens espiritualmente imaturos, pensando que isso não era um grande problema ou que o homem mudaria, e elas estavam erradas. Hoje, elas carregam as cicatrizes.

A saúde de sua eternidade1 está em jogo. Pense cuidadosamente.

2. Ele terá impacto sobre você emocionalmente. Ele é o cara que você pensa que vai encorajá-la, amá-la, ser gentil com você e tentar compreendê-la ou será que ele vai querer sair com os amigos quando você estiver tendo uma noite difícil? Será que ele vai ouvir quando você estiver lutando com alguma coisa ou vai estar preocupado com o vídeo game? Será que ele vai ficar irritado quando você chorar ou ele vai lhe trazer lenço de papel e lhe dar um abraço? Será que ele vai entender que você, provavelmente, é mais terna do que ele, mais sensível a questões e comentários, ou ele é sempre sendo rude com seus sentimentos? Uma mulher estava lutando para amamentar seu bebê, acreditando que isso era o melhor para ela, mas era muito difícil. Em vez de dar apoio e encorajar, o marido fazia sons de mugido quando via a esposa envolvida nisso. Nós temos de nos livrar do complexo de princesa, mas temos necessidades emocionais. Qualquer cara que é indiferente a seus sentimentos e sua autoestima é egoísta e deve ser deixado sozinho.

Tenha cuidado: um marido pode prejudicar ou favorecer a saúde emocional.

3. Ele terá impacto sobre você fisicamente. Ele é o cara que vai suprir suas necessidades básicas? Ele vai ser capaz de abrigar, vestir e alimentar você? Em certo momento de nosso casamento, eu estava preocupada, pois não havia oportunidade de emprego. Meu marido me garantiu que ele trabalharia no McDonalds, cavaria valas, limparia cenas de atropelamento: o que fosse necessário para sustentar a família, independentemente de seus dons e treinamento. Esse é o tipo de atitude que você deseja. Um homem que não cuida da própria casa é pior do que o infiel (1Tm 5.8). Você pode ter de ajudar a aliviar o peso financeiro, mas, a menos que seu marido seja incapaz ou haja outra circunstância incomum, você não deveria ter de carregá-lo.

Esse homem irá cuidar de seu corpo ou abusar dele? Se ele lhe dá beliscões, pontapés, etc, quando estão namorando, fuja. É quase garantido que ele vai abusar de você depois do casamento, e as estatísticas mostram que isso será especialmente verdadeiro quando você estiver grávida. Será que ele vai cuidar e proteger seu corpo ou vai feri-lo? Há mulheres em igrejas por todo país que pensaram não ser nada demais soquinhos ou tapinhas (amigáveis) do namorado, e agora estão encobrindo os hematomas causados pelo marido.

Esse homem vai ser cuidadoso sexualmente com você? Será que ele vai honrar o leito conjugal com fidelidade física e mental a você ou vai flertar, alimentar seu vício em pornografia ou até mesmo deixá-la por outra mulher? Nem sempre é possível prever essas questões, mas, se as sementes ou práticas já estão lá, cuidado. Recentemente, vi um casal recém-casado cujo marido estava flertando abertamente com outra mulher. A menos que algo drástico aconteça, aquele casamento está indo para o desastre.

Será que ele vai ser suave e gentil com você na cama? Uma colega de trabalho descrente de minha irmã certa vez disse a ela que, depois de seu primeiro encontro sexual, ela teve dificuldade para andar por alguns dias porque seu namorado havia sido muito rude. Em outras palavras, ele não era altruísta o suficiente para cuidar do corpo da mulher a quem dizia amar.

Cuidado! Seu corpo precisa de cuidado e proteção.

4. Ele terá impacto sobre você mentalmente. O homem no qual você está pensando será uma fonte de preocupação ou vai ajudá-la a lidar com suas próprias preocupações? Ele vai incentivar seu desenvolvimento intelectual ou vai negligenciar isso? Ele vai valorizar suas opiniões e ouvir o que você está pensando ou vai ignorar seus pensamentos? Ele vai ajudá-la a cuidar das pressões de modo que sua mente não seja sobrecarregada ou vai deixar você lutar sozinha com esses problemas? Ele vai cuidar de você e ser gentil se você estiver enfrentando tensão mental ou vai ignorá-la? Eu sei de uma mulher que podia lidar fisicamente muito bem com a gravidez e o parto, mas a depressão pós-parto cobrou um alto preço em sua mente. O marido não deu atenção a isso e continuou a ter filhos, até que a esposa acabou em um sanatório.

Você pode pensar que o lado intelectual ou mental de um casamento é pequeno. É maior do que você pensa. Considere isso com seriedade.

5. Ele terá impacto sobre você relacionalmente. Como está seu relacionamento com sua mãe? E com seu pai? Você os ama? E seu namorado? Avance dez anos. Você diz a seu marido que sua mãe está vindo para o fim de semana. Ele fica animado? Desapontado? Com raiva? Faz piadas maldosas com os amigos? Claro, o marido deve vir em primeiro lugar em sua prioridade de relacionamentos, já que ambos deixaram pai e mãe e se uniram um ao outro. Mas os pais ainda são uma parte importante. Quaisquer que sejam os sentimentos negativos que ele tenha em relação a seus pais agora, provavelmente serão ampliados depois do casamento. O casamento irá ou fortalecer ou prejudicar – até mesmo destruir – seu relacionamento com seus pais. As pessoas que a conhecem melhor e mais a amam agora podem ser cortadas de sua vida por um marido que as odeia.

O mesmo ocorre com irmãs e amigas. Elas serão bem-vindas, em horários razoáveis, em sua casa? Será que o cara a quem você escolheu vai incentivá-la a ter relacionamentos saudáveis com outras mulheres ou vai ficar com ciúmes de amizades bíblicas normais? Ele vai ajudá-la a orientar mulheres mais jovens e a ser grata quando mulheres mais velhas a orientarem ou vai menosprezar isso?

Não sacrifique muitos bons relacionamentos por causa de um cara que não valoriza as pessoas que amam você.

Então, o que seu namorado fará depois de pronunciar os votos? Porque essa é apenas uma amostra das maneiras pelas quais um marido pode abençoar ou amaldiçoar a esposa. Os efeitos são de longo alcance, de longa duração, tanto os maravilhosos como os difíceis. É verdade que não há homens perfeitos lá fora. Mas há caras muito bons. E é melhor estar solteira a vida toda do que se casar com alguém que vai tornar sua vida um fardo. O celibato pode ser uma boa escolha. O casamento com a pessoa errada é um pesadelo. Eu estava no estacionamento de uma igreja em que o pastor teve de chamar a polícia para proteger uma mulher do marido que estava tentando impedi-la de adorar e de estar com a família. Foi muito feio.

Não esteja tão desesperada para casar a ponto de fazer de seu casamento uma tristeza. Se você está em um casamento infeliz, existem maneiras de obter ajuda. Mas, se não é casada, não se coloque nessa situação. Não se case com alguém cuja liderança você não pode seguir. Não se case com alguém que não busque amar você como Cristo amou a igreja. Case com alguém que conhece e demonstra o amor de Cristo.

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1A autora não parece crer que se pode perder a salvação. Assim, essa frase faz pensar que, pelo fato de ser casada com um homem que não a ajuda espiritualmente, a mulher deixará de experimentar muitos benefícios espirituais aqui, o que lhe dará uma herança eterna menos rica.

 

(Autor: RVD. Traduzido por Francisco Nunes de It Matters Whom You Marry. Original aqui. O texto pode ser usado e distribuído livremente, desde que não seja alterado, com a indicação de autoria, fonte e tradução. Proibido seu uso com fins comerciais.)

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Nossa vida de oração (G. Setzer)

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.” (Efésios 6.18)

Neste capítulo de Efésios, a partir do versículo 10, o tema é “toda a armadura de Deus”, da qual o cristão necessita para poder estar firme contra os ataques do diabo. Paulo usa a imagem de uma armadura romana tal como era usada pelos soldados de sua época. Ele menciona a oração como ponto fulminante, e nisso ele vai muito além da mera imagem.

No versículo 18, o apóstolo utiliza quatro vezes a palavra “todo” ou equivalente, mostrando-nos quatro ensinamentos precisos para nossa vida de oração. Elas tem relação com o tempo da oração, com os tipos de oração, com a perseverança em oração e com os motivos de oração.

O tempo da oração

“Orando em todo o tempo”.
Aqui somos exortados a orar em todo o tempo, ou seja, não somente nos momentos habituais, de manhã ou à noite, ou quando estamos em grandes dificuldades ou diante de decisões importantes. A oração deveria caracterizar nossa vida cotidiana.

O apóstolo Paulo fazia isso real em sua vida de fé. Por exemplo, em 2Tessalonicenses, indica que ele mesmo e seus colaboradores davam graças e oravam sempre por aqueles cristãos (1.3,11), e, na primeira carta, diz: “Orando abundantemente dia e noite” (3.10).

Tipos de oração

“Com toda a oração e súplica no Espírito”.
De acordo com as circunstâncias e com o que o Espírito diz a nosso coração, podemos nos dedicar a diferentes tipos de oração. Não pedimos apenas por coisa específicas para nós mesmos e para os demais de acordo com as necessidades que conhecemos, mas também suplicamos, intercedemos, combatemos, louvamos e exaltamos a Deus e confessamos nossas falhas.
O apóstolo Paulo sabia dar graças a Deus (Rm 1,8), bendizê-Lo (2Co 1.3), dar-Lhe glória (Ef 3.21), intercedia por cristãos individualmente (2Tm 1.3) ou coletivamente (Cl 1.9-11).

A perseverança em oração

“Vigiando nisto com toda a perseverança e súplica”.
Não devemos nos descuidar da oração, mas perseverar nela, e com “toda a perseverança”. O Senhor animava Seus discípulos a “orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1).

O apóstolo Paulo nos dá um exemplo notável. Tendo ouvido da fé e do amor dos efésios, não cessava de dar graças por eles e de lembrar deles em suas orações (Ef 1.15,16). O mesmo ocorria com relação aos cristãos de Colossos, dos quais havia ouvido por Epafras: não cessava de orar por eles e de pedir que fossem “cheios do conhecimento da sua [de Deus] vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1.9).

Os motivos de oração

“Por todos os santos.”
Apresentamos a Deus as necessidades específicas que conhecemos e que Ele põe em nosso coração. No entanto, o apóstolo nos convida a orar por todos os cristãos, não somente por nossos parentes, amigos ou aqueles a quem conhecemos. Não podemos exluir nenhum cristão do alcance de nossa oração; deve haver um lugar para cada um deles em nosso coração.

O apóstolo acrescenta: “E por mim“.

Os obreiros do SEnhor sentem a necessidade das orações dos crentes a seu favor, para sutentá-los em seu serviço e em suas circunstâncias, freqüentemente adversas.

Considerando as epístolas de Paulo, vemos que ele punha em prática o que nos exorta a fazer, aqui em Efésios. Sua vida de oração era abundante. Orava intensamente pelos crentes de Roma, de Éfeso, de Corinto, de Colossos e de muitos outros lugares. A cada dia, sua grande preocupação era com todas as igrejas (2Co 11.28) e, desse peso no coração, resultavam numerosas orações.

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(Autoria: G. Setzer. Traduzido por Francisco Nunes da revista Creced, mayo-junio, n. 3/2013, publicada por Ediciones Bíblicas, Perroy, Suíça. O texto pode ser usado e distribuído livremente, desde que não alterado, com a indicação de autoria, fonte e tradução. Proibido seu uso com fins comerciais.)

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Sete marcas de um falso mestre (Tim Challies)

Nada enriquece mais o inferno do que falsos mestres.  Ninguém tem maior alegria em atrair as pessoas para longe da verdade, levando-as ao erro. Falsos mestres tem estado presentes em todas as eras da história humana; eles tem sempre sido uma praga e sempre estiveram no ramo da falsificação da verdade. Enquanto suas circunstâncias podem mudar, seus métodos permanecem constantes. Aqui estão sete marcas dos falsos mestres.

1. Falsos mestres são bajuladores dos homens. O que eles ensinam é para agradar mais aos ouvidos do que beneficiar o coração. Eles fazem cócegas nos ouvidos de seus seguidores com lisonjas e, enquanto isso, tratam coisas santas com esperteza e negligência ao invés de reverência e temor. Isso contrasta bruscamente com um verdadeiro mestre da Palavra que sabe que é responsável perante Deus e que, por isso, anseia mais agradar a Deus do que aos homens. Como Paulo diria, “pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração” (1 Tessalonicenses 2.4).

2. Falsos mestres guardam suas críticas mais severas aos servos mais fiéis de Deus. Falsos mestres criticam aqueles que ensinam a verdade e guardam suas críticas mais acentuadas para aqueles que se apóiam com firmeza no que é verdadeiro. Nós vemos isso em muitos lugares na Bíblia, como quando Corá e seus amigos se levantaram contra Moisés e Arão (Números 16.3) e quando o ministério de Paulo estava ameaçado e minado pelos críticos que diziam que, enquanto suas palavras eram fortes, ele mesmo era fraco e sem importância (2 Coríntios 10.10). Vemos isso mais notavelmente nos ataques viciosos das autoridades religiosas contra Jesus. Falsos mestres continuam a repreender e menosprezar servos fiéis de Deus hoje. Entretanto, como Agostinho declarou, “Aquele que prontamente calunia meu bom nome, prontamente aumenta a meu galardão”

3. Falsos mestres ensinam sua própria sabedoria e visão. Isso certamente era verdade nos dias de Jeremias quando Deus disse “Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam” (Jeremias 14.14). E, hoje também, falsos mestres ensinam a loucura dos meros homens ao invés de ensinarem a mais profunda e rica sabedoria de Deus. Paulo sabia: “pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4.3).

4. Falsos mestres deixam passar o que é de suma importância e, ao contrário, se focam nos pequenos detalhes. Jesus diagnosticou essa tendência nos falsos mestres de seu tempo, advertindo-os, “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” (Mateus 23.23). Falsos mestres colocam uma grande ênfase na sua aderência aos pequenos comandos mesmo quando ignoram os grandes. Paulo advertiu Timóteo daquele que “é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas,  altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro” (1 Timóteo 6.4-5).

5. Falsos mestres obscurecem sua falsa doutrina por trás de um discurso eloquente e do que parece ser uma lógica impressionante. Assim como uma prostituta se pinta e se perfuma para parecer mais atraente e sedutora, o falso mestre esconde sua blasfêmia e doutrina perigosa atrás de argumentos poderosos e de um uso eloquente da linguagem. Ele oferece aos seus ouvintes o equivalente espiritual a uma pílula venenosa revestida de ouro; embora possa parecer bonita e valiosa, permanece sendo mortal.

6. Falsos mestres estão mais preocupados em ganhar os outros para a sua opinião do que em ajudá-los e melhorá-los. Esse é outro diagnóstico de Jesus quando ele refletiu sobre as normas religiosas dos seus dias. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!” (Mateus 23.15). Falsos mestres não estão em última instância no ramo de melhorar vidas e salvar almas, mas no ramo de convencer mentes e ganhar seguidores.

7. Falsos mestres exploram seus seguidores. Pedro avisa acerca desse perigo, dizendo: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (1 Pedro 2.1-3). O falso mestre explora aqueles que o seguem porque eles são gananciosos e desejam as riquezas desse mundo. Sendo essa uma verdade, eles sempre ensinarão princípios que satisfazem a carne. Falsos mestres estão preocupados com os bens deles, não com o seu bem; querem servir a si mesmos mais do que aos perdidos; estão satisfeitos em Satanás ter a sua alma contanto que eles possam ter as suas coisas.

Traduzido por Kimberly Anastacio | iPródigo.com | Original aqui

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

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Bíblia Criação Estudo bíblico

Sobre a encarnação: evitando heresia e buscando humildade (Mike Riccardi)

Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. (Filipenses 2.5-7)

A frase “Ele se esvaziou de si mesmo” é destacada entre as várias questões nesta passagem que tem levado muitos estudantes das Escrituras a tropeçarem nas mais infelizes maneiras. Muitos teólogos têm se perguntado: “Do que Cristo se esvaziou?” E, infelizmente, as respostas para essa pergunta quase sempre apontam que Cristo de alguma forma se esvaziou da sua divindade – que de alguma maneira ele deixou de ser plenamente Deus na sua encarnação. Alguns acreditam que Cristo se esvaziou na sua igualdade essencial com Deus, de tal forma que durante a encarnação ele era verdadeiramente homem, mas limitado na sua divindade em um grau que ele não era nada além de um homem. Outros acreditam que Cristo manteve seus “atributos essenciais” da divindade, como santidade e graça, mas abriu mão do que eles chamam de seus “atributos relativos”, como onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade. Esses são exemplos do que é chamado de “teologia kenótica” (da palavra kenóō, do Grego, traduzida como “se esvaziou” no verso 7).

Evitando a Teologia Kenótica

Não só é impossível, por definição, para o eterno, auto-existente, imortal e imutável Deus deixar de existir como Deus, mas também o Novo Testamento nos leva a rejeitar qualquer tipo de teologia kenótica. No tempo dele aqui na Terra, o Senhor Jesus nunca deixou de ser plenamente Deus ou deixou de ser igual, em essência, com o Pai. Ao longo do seu ministério Ele só reafirmou essas coisas. Ele disse aos judeus, simples como pode ser dito: “Eu e o Pai somos Um” (João 10.30). E os judeus entenderam a mensagem, porque eles pegaram pedras para mata-lo por blasfêmia: “Você, sendo homem, se fez como Deus!”. E  o próprio Jesus afirmava isso por todos os lugares. Ele diz a Filipe, “se viu a mim, você viu o Pai” (Joao 14.9). Mesmo como homem, o Filho tem autoridade sobre toda carne (Joao 17.2). Quando Tomé se curva diante dele em João 20.28 e o confessa como Senhor e Deus, Jesus aceita aquela adoração. E claro, no Monte da Transfiguração, a divindade de Jesus é revelada de forma visível, quando ele se desfaz do véu da humanidade, como ele era, e deixa sua essência da Glória Divina interior brilhar (Mateus 17.2). Assim, Cristo não esvazia a si mesmo de sua divindade. Ele não renuncia seus atributos divinos.

Um esvaziamento por adição

Então do que ele se esvaziou? Bom, primeiro nós temos que entender corretamente o termo kenóō. Embora o verbo signifique “esvaziar”, por todo lado no Novo Testamento é usado em um sentido metafórico. No uso do Novo Testamento, kenóō não significa “derramar”, como se Jesus tivesse colocando alguma coisa para fora de si mesmo. Existe outra palavra grega, ekchéo, que é usada nesse sentido (ver Lucas 22.20; João 2.15; Tito 3.6). Ao invés disso, kenóō significa “invalidar”, “anular”, “tornar sem efeito”. Paulo usa nesse sentido em Romanos 4.14, quando diz, “Para aqueles que são da Lei são herdeiros, fé é feita inválida e a promessa é anulada.”  Nesse texto, ninguém pergunta “do que a fé se esvaziou?”. Claramente, a ideia é que, se a justiça pode vir pela lei, a fé seria anulada, ela não daria em nada. Sendo assim “do que Cristo se esvaziou?” é a pergunta errada. Cristo esvaziou a si mesmo – Ele se anulou a si mesmo. Ele tornou a si mesmo sem nenhum efeito. A versão King James adota essa ideia em sua tradução. Ela diz que Cristo “fez-se sem reputação.” A NIV também fica com essa ideia, e traduz: Ele “se fez nada”.

A palavra seguinte nos diz como ele se fez nada: “… [Ele] se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens”. Cristo se fez sem nenhum efeito ao assumir a natureza humana em sua encarnação. Este é um esvaziamento por adição. É uma subtração por adição.

O Senhor se torna escravo

Nós podemos ter dificuldades para entender a gravidade desse esvaziamento porque já estamos aqui embaixo. Mas precisamos lembrar do que ele abriu mão. O Criador do Universo, o possuidor de toda majestade divina, o Senhor e Mestre tomou a forma de um servo.  E é surpreendente ler sobre o que significava ser um escravo no primeiro Século. Peter O’Brien diz: “Escravidão apontava para a extrema privação dos direitos de alguém”. Gerald Hawthorne escreve que um escravo é “ a pessoa sem vantagens, que não possui direitos ou privilégios, para o expresso propósito de se colocar a serviço de todos”. E para ter uma boa ideia, Walter Hansen diz, “Um escravo tem a mais baixa posição; ele é impotente; ele não tem direitos. Ele não tem glória, nem honra, só vergonha”.

Apesar de todas as analogias passarem longe da realidade, um livro de Mark Twain, O Príncipe e o Mendigo, talvez ajude a ilustrar. O Príncipe e o Mendigo é uma história sobre Edward, filho do Rei Henrique VIII, que temporariamente trocou de lugar com Tom, um rapaz pobre de Londres. Os garotos trocam as roupas. Tom vai para Corte Real e o Príncipe Edward vai para casa de Tom e tenta lidar com pai bêbado e abusivo de Tom, junto com outras misérias da vida de mendicância. Mas, durante esse tempo, o jovem príncipe não entregou sua identidade. De fato ele ainda era o Príncipe de Gales, e poderia ter exercido seu poder como tal em qualquer momento que ele quisesse. Mas sua realeza, que ele tinha total posse por todo o tempo, não poderia ser totalmente expressada enquanto ele escolhesse se submeter à vida como um miserável.

Da mesma forma, mesmo colocando sobre si a natureza de um escravo, Cristo possuía totalmente Sua natureza, atributos e prerrogativas divinas. Mas pelo objetivo de se tornar verdadeiramente humano – para ser feito como seus irmãos em todas as coisas, no objetivo de ser misericordioso e fiel sumo sacerdote (Hebreus 2.17) – Ele não expressou totalmente sua natureza, atributos e prerrogativas divinas. Eles foram velados. Houve certos momentos que ele as expressou, como quando leu a mente das pessoas (Mateus 9.4) e operou milagres divinos. Mas o Príncipe se submeteu voluntariamente à vida de um Mendigo. Ele não era o que ele era na glória do Céu. Ele agora era totalmente humano. Não apenas colocou um disfarce humano; era humano no seu sentido mais amplo. Mas não era nem um pouco menos do que totalmente Deus ao mesmo tempo.

Da Teologia para a Doxologia

O problema da kenosis e das complexidades da Cristologia ensinadas em Filipenses 2, mesmo que intelectualmente estimulantes, não estão na Bíblia porque Paulo decidiu que os Filipenses precisavam de um sermão sobre a união hipostática. Essa teologia sublime quer nos elevar à exaltada doxologia. Esta doutrina gloriosa deve nos colocar de joelhos em adoração.

Precisamos  nos maravilhar com a humildade do Senhor Jesus, antes mesmo dele se tornar homem. Deus, o Filho, contemplou todas as riquezas da sua glória antes da encarnação, e no entanto, submissamente escolheu assumir a natureza humana e a fraqueza da carne humana para viver e morrer como um escravo de todos. Na linguagem de Filipenses 2.3-4, ele não fazia nada por egoísmo, mas considerando os outros como mais importantes do que a si mesmo. Ele não estava simplesmente à procura de seus próprios interesses, mas dos interesses de outros. Jesus poderia ter se apegado à Sua igualdade com o Pai? Claro. Como Deus eterno, Ele tinha todo o direito de fazê-lo. Mas por causa de sua obediência amorosa ao seu Pai, seu prazer na vontade do Pai, e do seu amor pelos pecadores, ele considerou esses abençoados privilégios como algo a ser entregue.

Da Doxologia para Obediência

E da mesma forma, no meio de um conflito com um irmão ou irmã em Cristo, ou com um membro da família, ou mesmo com um cônjuge – embora possamos estar certos sobre alguma coisa, e termos um bom argumento, nós podemos pensar sobre o Único que já teve o direito de fazer valer os seus direitos e não o fez, e podemos considerar o outro como mais importante do que nós mesmos, e dar preferência à honra do outro (Romanos 12.10) em nome da unidade. Você vê? Nossa doxologia – nossa adoração e admiração por Cristo por Sua humildade – deve se traduzir em obediência fiel. Deve “haver em nós a mesma atitude que houve em Cristo Jesus”, e nos humilharmos.

Calvino disse: “Ele abriu mão do seu direito: tudo o que é exigido de nós é que não nos assumamos além do que devemos”. Aquele que sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder se submeteu a ser mantido pelo amamentar de uma jovem hebreia solteira.

Se o Filho de Deus desceu até esse ponto, a qual o nível de humildade você vai se recusar a descer?

Traduzido por Débora Batista | iPródigo.com | Original aqui

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

(Fonte)

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Citações Humildade

Humildade (Jerry Bridges)

Embora não tenha ficado surpreso com a primazia do amor no ensinamento do Novo Testamento, fui surpreendido pelas cerca de quarenta referências à humildade, tanto no uso da própria palavra quanto no conceito, e na óbvia importância dada a essa virtude tanto por Jesus quanto pelos apóstolos. No entanto, quão pouca atenção a maioria de nós dá a crescer em humildade. O traço oposto à humildade é, sem dúvida, o orgulho, e não há orgulho maior do que o da justiça própria, o sentir-nos bem com respeito a nossa aparência religiosa e olhar os outros com superioridade.

(Fonte; Tradução: Francisco Nunes)

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Sermão para o clero (John Wesley)

Trechos

Não deveria um ministro ter, primeiramente, uma boa compreensão, uma apreensão clara, um julgamento sadio e uma capacidade de argumentar com um pouco de competência? […] Não seria determinado conhecimento (a metafísica) chamado de a segunda parte da lógica, se não tão necessário como [a própria lógica], ainda assim altamente apropriado? Não deveria um ministro se familiarizar ao menos com os fundamentos gerais da filosofia natural?

1) Como alguém que se esforça para explicar a Escritura a outras pessoas, tenho o conhecimento necessário para que ela possa ser luz nos caminhos das pessoas?… Estou familiarizado com as várias partes da Escritura; com todas as partes do Antigo Testamento e do Novo Testamento? Ao ouvir qualquer texto, conheço o seu contexto e os seus paralelos?… Conheço a construção gramatical dos quatro evangelhos, de Atos, das epístolas; tenho domínio sobre o sentido espiritual (bem como o literal) do que leio?…Conheço as objeções que judeus, deístas, papistas, socinianos e todos os outros sectários fazem às passagens das Escrituras, ou a partir delas?… Estou preparado para oferecer respostas satisfatórias a cada uma dessas objeções?

2) Conheço grego e hebraico? De outra forma, como poderei (como faz todo ministro) não somente explicar os livros que estão escritos nessas línguas, mas também defendê-los contra todos os oponentes? Estou à mercê de cada pessoa que conhece, ou pelo menos pretende conhecer o original?…Entendo a linguagem do Novo Testamento? Tenho domínio sobre ela? Se não quantos anos gastei na escola? Quantos anos na universidade? E o que fiz durante esses anos todos? Não deveria ficar coberto de vergonha?

3) Conheço meu próprio ofício? Tenho considerado profundamente diante de Deus o meu próprio caráter?O que significa ser um embaixador de Cristo, um enviado do Rei dos céus?

4) Conheço o suficiente da história profana de modo a confirmar e ilustrar a sagrada? Estou familiarizado com os costumes antigos dos judeus e de outras nações mencionadas na Escritura? …Sou suficientemente (se não mais) versado em geografia, de modo a conhecer a situação e dar alguma explicação de todos os lugares consideráveis mencionados nela?

5) Conheço suficientemente as ciências? Fui capaz de penetrar em sua lógica? Se não, provavelmente não irei muito longe, a não ser tropeçar em seu umbral… ou, ao contrário, minha estúpida indolência e preguiça me fizeram crer naquilo que tolos e cavalheiros simplórios afirmam: “que a lógica não serve para nada?” – Ela é boa pelo menos… para fazer as pessoas falarem menos – ao lhes mostrar qual é, e qual não é, o ponto de uma discussão; e quão extremamente difícil é provar qualquer coisa. Conheço metafísica; se não conheço a profundidade dos eruditos – as sutilezas de Duns Scotus ou Tomás de Aquino – pelo menos sei os primeiros rudimentos, os princípios gerais dessa útil ciência? Fui capaz de conhecer o suficiente dela, de modo que isso clareie minha própria apreensão e classifique minhas ideias em categorias apropriadas; de modo que isso me capacite a ler, com fluência e prazer, além do proveito, as obras do Dr. Henry Moore, “A Busca da Verdadede – de Malenbranche”, “A Demonstração do Ser e dos Atributos de DEUS – do Dr. Clark?” Compreendo a filosofia natural? Tenho alguma bagagem de conhecimento matemático?… Se não avencei assim, se ainda sou um noviço, que é que eu tenho feito desde os tempos em que saí da escola?

6) Estou familiarizado com os Pais da Igreja, aqueles veneráveis homens que viverem aqueles tempos, aqueles primeiros dias? Li e reli os restos dourados de Clemente de Roma, de Inácio de Antioquia, Policarpo, dei uma lida, pelo menos rápida nos trabalhos de Justino Mártir, Tertuliano, Orígenes, Clemente de Alexandria e de Cipriano?

7) Tenho conhecimento adequado do mundo? Tenho estudado as pessoas (bem como os livros), e observado seus temperamentos, máximas e costumes? […] Esforço-me para não ser rude ou mal-educado…sou afável e cortês para com todas as pessoas? Se sou deficiente mesmo nas capacidades mais básicas, não deveria me arrepender frequentemente dessa falta? Quão frequentemente…tenho sido menos útil do que eu poderia ter sido!

“A idéia que Wesley faz de um pastor é notável: um cavalheiro qualificado nas Escrituras e familiarizado com a história, a filosofia e a ciência de seus dias. Como ficam os pastores que se formam em nossos seminários quando comparados a esse modelo?” (J. P. Moreland & William Lane Craig, in Filosofia e cosmovisão cristã. Editora Vida Nova, 2008; pág. 19)

(Fonte; fonte; texto completo)

Sou contra a idéia de clero, por entender que ela não é bíblica. Não reconheço o clero instituído, os títulos distribuídos, auto-atribuídos, votados… Reconheço, sim, irmãos que sejam chamados pelo Senhor para exercer funções na igreja, entre estas a de pregar (ministrar) a Palavra, a de pastorear os irmãos, a de presidir a assembléia, etc. Para estes irmãos chamados, considero oportuníssimo e necessário o sermão de Wesley. Na verdade, ele se aplica a todos os cristãos. Não somos chamados a colocar o cérebro, os pensamentos, a avaliação crítica de lado (como o exigem as seitas em geral), mas a usá-las ao máximo para compreender a fé e saber como apresentá-la. Nenhum cristão, alegando ser espiritual, tem desculpa para ser mentalmente preguiçoso, vazio, raso, despreparado.

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Eficácia no testemunho (Charles Malik)

Por uma maior eficácia no testemunho de Jesus Cristo, bem como em favor de Sua causa, os evangélicos não podem se dar ao luxo de continuar vivendo na periferia da existência intelectual responsável.

Uma entrevista com ele:

Para saber mais sobre Malik, clique aqui.

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Carta de amor a uma lésbica (Jackie Hill)

Jackie Hill

Querida ______,

Apenas quero que você saiba que eu entendo.

Entendo como é estar apaixonada por uma mulher. Querer nada mais do que estar com ela para sempre. Sentindo como se o universo tivesse pregado uma peça sem graça em seu coração ao permitir que você caísse nas mãos de uma criatura que se parece exatamente como você.

Eu também era lésbica. Tinha atração pelo mesmo sexo desde os cinco anos de idade. À medida que eu crescia, esses sentimentos nunca diminuiram. Apenas cresceram. Eu me via tendo quedas pelas minhas melhores amigas, mas tinha muita vergonha para admitir para elas – e muito menos para mim.

Aos 17 anos finalmente tomei a decisão de ir atrás desses desejos. Envolvi-me em um relacionamento com uma jovem que se tornou a minha “primeira”. Na primeira vez que nos beijamos pareceu extremamente natural, como se esse sentimento fosse tudo que eu sempre quis. Depois dela veio outra mulher, e depois outra. Ambos os relacionamentos foram bastante sérios, cada um levou mais de um ano. Curti esses relacionamentos e amei muito essas mulheres. E cheguei ao ponto de desejar renunciar a tudo, inclusive a minha alma, para desfrutar do amor delas na terra.

Em Outubro de 2008, aos 19 anos, minha superficial realidade foi sacudida por um amor mais profundo – um vindo de fora, um sobre o qual eu já tinha escutado antes, mas nunca tinha experimentado. Pela primeira vez, estava convencida do meu pecado de uma maneira que me fez considerar tudo aquilo que eu amava (idolatrava), e suas consequências. Olhei para a minha vida e vi que eu havia estado apaixonada por tudo, exceto por Deus, e que essas decisões iriam, em última instância, ser a minha morte, eternamente. Meus olhos foram abertos, e comecei a acreditar em tudo o que Deus diz em sua palavra. Comecei a crer que aquilo que ele fala sobre pecado, morte e inferno era completamente verdadeiro.

E surpreendentemente, ao mesmo tempo em que a penalidade pelo meu pecado se tornava verdadeira para mim, assim foi com a preciosidade da cruz. Uma visão do Filho de Deus crucificado, suportando a ira que eu merecia, e uma tumba vazia mostrando o poder dele sobre a morte – todas as coisas que antes eu tinha ouvido sem nenhum interesse se tornaram a mais gloriosa revelação de um amor tangível.

Depois de perceber tudo o que eu teria que abrir mão, eu disse a Deus: “Não posso deixar essas coisas e pessoas pelas minhas próprias forças. Eu as amo demais. Mas eu sei que você é bom e forte o suficiente para me ajudar”.

Agora, com 23 anos, posso dizer com toda a honestidade que Deus fez exatamente isso. Ele me ajudou a amá-lo mais do que qualquer outra coisa.

Mas por que estou te contando isso? Eu te dei um vislumbre da minha história porque quero que você entenda que eu entendo. Mas também quero que você saiba que eu também entendo como é estar apaixonada pelo Criador do universo. Querer nada mais do que estar com ele para sempre. Sentir sua graça, a melhor notícia já anunciada para a humanidade. Ver seu perdão, ao ponto dele pegar um coração tão perverso em suas mãos de misericórdia.

Mas com isso em mente, estamos em uma cultura em que histórias como a minha parecem impossíveis ou hilárias, dependendo de quem está ouvindo. A homosexualidade está em todo lugar – da música à TV, até mesmos nos esportes. Se você acreditar em tudo o que a sociedade tem a dizer sobre homosexualidade, você chegaria à conclusão de que é completamente normal, de certa forma até mesmo admirável. Mas isso está longe da verdade. Deus nos diz que a homosexualidade é pecaminosa, abominável e antinatural (Levítico 18.22, 20.13; Romanos 1.18-32, 1 Coríntios 6.9-11; 1 Timóteo 1.8-10). Mas se tivermos que ser honestos, às vezes a atração homosexual pode parecer natural para mim.

Não acho que estou exagerando ao dizer que esse talvez seja seu dilema também. Você vê o que Deus diz sobre homosexualidade, mas o seu coração não pronuncia os mesmos sentimentos. A palavra de Deus diz que é pecaminoso; seu coração diz que se sente bem. A palavra de Deus diz que é abominável; seu coração diz que é agradável. A palavra de Deus diz que é antinatural; seu coração diz que é totalmente normal. Você percebe que há uma clara divisória entre aquilo que a palavra de Deus diz e o que o seu coração sente?

Então em qual voz você deve acreditar?

Houve um tempo em minha caminhada com Cristo onde experimentei muitas tentações para voltar ao lesbianismo. Essas tentações me fizeram duvidar da palavra de Deus. Minhas tentações e desejos começaram a se tornar mais reais do que a verdade da Bíblia. Enquanto eu orava e meditava nessas coisas, Deus colocou essa impressão no meu coração: “Jackie, você precisa crer que minha palavra é verdade mesmo quando ela contradiz a maneira como você se sente”. Uau! É isso! Ou eu creio na palavra dele ou creio em meus próprios sentimentos. Ou olho para ele para encontrar o prazer que minha alma anseia ou busco o prazer em coisas menores. Ou ando em obediência àquilo que ele falou ou rejeito a verdade dele como se fosse uma mentira.

A luta com a homosexualidade é uma batalha de fé. Deus é minha alegria? Ele é bom o suficiente? Ou ainda estou olhando para cisternas rachadas para matar a sede que somente ele pode satisfazer? Essa é a batalha. Essa é a batalha para mim, e para você.

A escolha é sua, minha amiga. Oro para que você coloque sua fé em Cristo e fuja das mentiras da nossa sociedade que coincidem com as vozes do seu coração – um coração que a Escritura diz que é corrupto e enganoso (Jeremias 17.9). Ao invés disso, corra para Jesus.

Você foi feita para ele (Romanos 11.36). Ele é, em última análise, tudo o que você precisa! Ele é bom e sábio (Salmos 145.9). Ele é a fonte de todo conforto (2 Coríntios 1.3). Ele é gentil e paciente (2 Pedro 3.9). Ele é reto e fiel (Salmos 33.4). Ele é santo e justo (1 João 1.9). Ele é o nosso verdadeiro Rei (Salmos 47.7). Ele é o nosso Salvador (Judas 1.25). E ele está te convidando para ser não apenas serva dele, mas também sua amiga. Se amor eterno é o que você está procurando em algum outro lugar, você está perseguindo o vento, procurando o que você nunca irá encontrar, lentamente sendo destruida pela sua busca.

Mas em Jesus, há plenitude de alegria. Em Jesus, há um relacionamento que vale tudo, porque ele é tudo. Corra para ele.

Traduzido por Alex Daher | iPródigo.com | Original aqui

 

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Estudo bíblico Família Francisco Nunes

Um pensamento solto sobre Davi

Hoje fui levado a pensar no fim da vida de Davi, conforme o registro de 1Reis.

O último versículo do livro anterior, 2Samuel, fala de algo glorioso: “E edificou ali Davi ao SENHOR um altar, e ofereceu holocaustos, e ofertas pacíficas. Assim o SENHOR se aplacou para com a terra e cessou aquele castigo de sobre Israel”. Sem dúvida, é uma bela cena. Davi, arrependido de ter ordenado o censo do reino, arrependido por seu erro ter resultado na morte de setenta mil homens do povo, oferece holocaustos ao Senhor na eira de Araúna, que agora lhe pertence, pois ele não ofereceria ao Senhor, seu Deus, holocaustos que não lhe custassem nada (2Sm 24.20).

É uma bela cena para nossa visão das coisas espirituais: temos arrependimento, holocausto, louvor, perdão de Deus… Mas falta algo, não só nessa cena como em muitas outras da vida de Davi: sua família. Davi, mais uma vez, está desacompanhado de sua família: nem uma esposa (havia tantas que podiam estar com ele…), nem um filho (dos tantos…). Por quê?

O resumo de tudo é: Davi foi um fracasso como pai, como marido, como chefe de família. Como este é uma consideração rápida sobre ele, não há como aprofundar isso. Mas basta ler a história do rei de Israel, especialmente depois de 2Samuel 11: o adultério com Bate-Seba trouxe conseqüências, especialmente sobre sua família, da qual a espada nunca se apartou (12.10). Isso significaria que haveria guerras, lutas, desencontros, intrigas, mortes dentro da família, mas isso não explica a omissão de Davi como pai e como marido. Os capítulos 13 a 15 exemplificam isso vergonhosamente: sua omissão no caso de estupro de sua filha Tamar por Amnom, meio-irmão dela (portanto, filho de Davi), sua incapacidade de lidar com a rebelião de Absalão, preferindo fugir covardemente a enfrentá-lo e pô-lo em seu lugar.

E foi esse Davi, o solitário homem cheio de esposas e de filhos, que adorou a Deus na eira de Araúna. Linda cena, mas… vazia. O rei está acompanhado apenas de seus escravos (24.20). Somente os servos ouviram aquela declaração, sobre o preço dos holocaustos, mas nenhum filho, nenhuma esposa. Nenhum deles teve oportunidade de ouvir este princípio tão importante acerca do dar-se ao Senhor, do ser totalmente Dele em Seu serviço. O pai de muitos filhos não tem filhos. O marido de muitas esposas não tem esposa. Só escravos: pessoas que apenas obedecem, que não precisam aprender ou praticar nada. Só seguir seu dono.

Na página seguinte da Bíblia está 1Reis, que inicia dizendo: “Sendo, pois, o rei Davi já velho, e entrado em dias, cobriam-no de roupas, porém não se aquecia” (1.1). Do holocausto à velhice, do sacrifício ao frio, das ofertas ao não se aquecer. O que aconteceu nesse meio tempo? Segundo esse registro, nada. Nada da importante. Nenhum fato digno de nota. Agora há um rei velho, decrépito, cheio de roupas, que não se aquece. A cena deveria ser patética: um velho entrouxado de roupas, cercado de roupas, e tremendo de frio, batendo queixo.

É comum os velhos sentirem mais frio. Lembro-me de meu pai, antes de partir para o Senhor, sempre com seu casacão ou com seu pala de lã, com frio. Mas a cena de Davi era patética por ele ser o rei, uma figura imponente, que deveria inspirar respeito e admiração, e por estar cheio de roupas, exageradamente vestido.

Então, seus escravos tiveram uma idéia:

“Disseram-lhe os seus servos: Busquem para o rei meu senhor uma moça virgem, que esteja perante o rei, e tenha cuidado dele; e durma no seu seio, para que o rei meu senhor se aqueça. E buscaram por todos os termos de Israel uma moça formosa, e acharam a Abisague, sunamita; e a trouxeram ao rei. E era a moça sobremaneira formosa; e tinha cuidado do rei, e o servia; porém o rei não a conheceu” (vv. 2-4).

Quantas coisas há a se considerar nesses poucos versículos!

1. De onde os escravos tiraram essa idéia? Uma mulher que aquece mais que banhos quentes ou lareira ou aquecimento no quarto? Seria isso decorrência da fama de mulherengo de Davi, de sua lascívia, até agora, incontrolável? Seria esta a impressão final que Davi, o da eira de Araúna, passava a seus escravos: “Só uma mulher resolve meu problema”?

2. Por que os escravos se preocuparam com isso, não uma das tantas esposas ou um dos tantos filhos? Onde estão elas? Onde estão eles? Ninguém se preocupa com Davi? A preocupação deles é apenas com o reino (como se vê nos versículos seguintes). O que Davi fez para ser assim desprezado, deixado de lado, no fim da vida. É um velho! Merecia um pouco de atenção. Merecia? Não estaria ele colhendo o que semeou na família: desinteresse, omissão, ausência, destempero emocional…? Um velho friorento entregue pela família às idéias sem pé nem cabeça de seus escravos, que uma vez o viram apresentar holocaustos, mas muitas vezes o viram com mulheres, muitas e variadas.

3. Se a intenção era mesmo apenas encontrar um cobertor humano para Davi, por que procurar “por todos os termos de Israel uma moça formosa” (v. 3)? Ela vai aquecer Davi por ser formosa? Ela não precisava ter outras habilidades para resolver a constante hipotermia do rei? Ou seria mais um enfeite do palácio de Davi como eram as outras esposas? Troféus expostos para ressaltar a virilidade de Davi? E escolheram uma “moça sobremaneira formosa” (v. 4). Uma modelo, uma miss, uma “uau!”. Era preciso mesmo isso? Parece-me apenas um conceito mundano, caído, de que beleza é o principal.

Não são muitos seduzidos (com trocadilho) por essa idéia? Não é imposto, a homens e a mulheres, um padrão, um conceito de beleza? Não são tantas as jovens escravizadas pela anorexia das modelos, pelo raquitismo das que desfilam nas passarelas? Não são tantas as mães que moldam suas filhas desde muito pequenas no padrão adulto de beleza artificial: maquilagem, roupas, erotismo precoce, músicas idiotas sobre “com quem será…”? Não são tantos os jovens cristãos atraídos pela falsa aparência exterior, ignorando a piedade, o “incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1Pe 3.4)?

Voltemos a Davi.

O que me assombrou pela primeira vez, como se a tinta da página ainda estivesse secando, nessa antiga passagem foi a ausência da família. “Davi, o que você fez com sua família?” Agora, o velho Davi tem nos braços uma mulher linda – imagino que a mais linda que ele já viu –, mas ele é velho e friorento. E a Bíblia registra, talvez como um louvor a ele, mas, ao mesmo tempo, para envergonhar sua virilidade, sua fama de conquistador: “Porém o rei não a conheceu” (1Rs 1.4).

Ah, se fosse em outros tempos! Davi, que não respeitou a mulher do próximo, ao preço de matá-lo para ficar com ela, que a fez deitar-se com ele (provavelmente usando sua autoridade imperial sobre os súditos), não teria deixado passar incólume uma moça sobremaneira formosa. Mas agora ele está velho e friorento. Seu corpo está impotente. Sexo, que nunca o satisfez, agora não o satisfaz mais. Mulheres, que eram sua busca, seu alvo, sua certeza de satisfação, agora de nada lhe servem. Ele só queria um banho quente permanente.

Há um detalhe curioso: a Bíblia não registra que Abisague, a tal moça linda, conseguiu aquecer o rei. Diz apenas que ela o servia e cuidava dele (vv. 4, 15). Trocava suas roupas? Trocava-lhe as fraldas geriátricas? Levava-o para o banho? Dava comida na boca? A pergunta surge de novo: “Davi, o que você fez de sua família? Por que nenhuma esposa cuida de você? Por que nenhum de seus filhos cuida de você? Em que você se tornou aos olhos de sua família, Davi? O que sua família se tornou a seus olhos, Davi?” Davi parece sentir-se indigno de pedir o socorro a qualquer de suas esposas ou de seus filhos. É minha inferência, minha leitura do quadro todo. Davi foi rei, com a dignidade real, até o fim, mas, em algum lugar do passado, ele perdeu a dignidade como marido e pai. Agora, está com frio.

Ainda há mais. Por causa da preocupação com o reino, não com o rei, Bate-Seba (sim, aquela com quem ele adulterara e cujo marido ele mandou matar) vai a Davi interceder por Salomão (filho legítimo do casal, pois gerado depois de Davi ter casado com ela). Mas a cena é… desagradável, na falta de outro adjetivo: “E foi Bate-Seba ao rei na sua câmara; e o rei era muito velho; e Abisague, a sunamita, servia ao rei” (v. 15).

Imagine a cena toda: aquele homem havia adulterado com a mulher e matado o marido (honesto, leal, decente, patriótico) dela. Depois, por culpa de seu pecado, o primeiro filho deles morre. Talvez ela tenha pensado que, dada a loucura toda feita em nome do amor (da lascívia é mais exato), Davi a trataria como única, como a preferida, como a especial. Que nada! Em pouco tempo, por onde vai passando, Davi coleciona mais e mais mulheres. Bate-Seba era apenas mais uma, importante, talvez, por ser a mãe de Salomão, o futuro rei. Aquele homem agora é um velho, mas ainda está no comando. Bate-Seba não tem opção: tem de ir a ele. Ao chegar lá, o vê com Abisague, a mulher linda que o serve. Bate-Seba agora é idosa, enrugada; não é mais a mulher bonita que, ao se banhar, atraiu o rei com sua beleza nua. Talvez tivesse sido tão bonita quanto Abisague. Agora é velha e Davi é velho. E seu marido está, mais uma vez, com outra mulher.

E ela não se dirige ao marido: ela fala com o rei, com seu senhor (vv. 16-20). Ela não é a esposa: é a serva (v. 17), não mãe do filho, já que o filho, um servo, é filho apenas do rei (vv. 17, 19).

Com certeza, algumas dessas expressões são justificadas pela cultura palaciana, pelo protocolo real. No entanto, a cena toda é vazia de relacionamentos de amor, de laços de família, de ternura. (Compare com o relacionamento entre Jacó e José.) Davi é um rei só, só numa numerosa família, abandonado por aqueles a quem abandonou.

Por isso, o maravilhoso e incomparável rei Davi termina a vida em um versículo: “E Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi” (2.10). Ninguém o pranteou, ninguém sentiu falta dele, nenhuma esposa de luto, nenhum filho entristecido. Davi morreu. E ponto.

Ao ler 1Reis e pensar nisso tudo, vieram-me ao coração pensamentos assustadores: “Quem vai cuidar de mim em minha velhice? Quem fará questão de cuidar de mim? O que semeio hoje em minha família? Que colheita vou ter?” O princípio é imutável: colhemos exclusivamente o que semeamos. Davi semeou solidão, omissão, abandono, desinteresse; colheu frio e tremedeira nos braços de uma linda estranha (e nem ela foi chorar sua morte).

O que eu semeio?
O que você semeia?

Ainda é tempo de iniciar uma nova semeadura.

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© Campos de Boaz 2013.

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Casamento

O evangelho e o casamento (im)perfeito (Winston Hottman)

De acordo com o dicionário, perfeccionismo pode ser definido assim:

Uma disposição para considerar qualquer coisa aquém da perfeição como inaceitável; especialmente o estabelecimento de objetivos absurdamente exigentes acompanhado por uma disposição para considerar o fracasso de alcançá-los como inaceitáveis e um sinal de falta de valor pessoal.

Apesar da necessidade de um pouco mais de nuance, essa descrição serve como uma boa definição. O perfeccionismo não parece ser muita coisa para a maioria das pessoas, e mesmo nós cristãos tendemos a vê-lo como um pecado “respeitável”. A simples verdade é que o perfeccionismo, como qualquer outro pecado, é uma demonstração aberta de orgulho humano. E que fique claro uma coisa: eu sou um perfeccionista.

Sendo cristão, meu tipo de perfeccionismo pode ser um pouco mais sutil por algumas vezes se disfarça de atitude piedosa. Mas mesmo quando o perfeccionismo parece ser direcionado a uma vida piedosa, ele é orgulhoso porque cria uma expectativa para agora do que Deus prometeu realizar apenas no futuro. O perfeccionismo desconsidera a promessa de Deus de nos fazer quem um dia seremos ao tentar, por nossas próprias forças, alcançar o alvo dessa promessa no presente, e por colocar nós mesmos como os juízes supremos de nosso desempenho.

Dependendo de quão bem nós estamos indo aos nossos próprios olhos, o perfeccionismo pode se manifestar em uma variedade de respostas negativas: sentimentos de autodepreciação, preocupação desmedida com a opinião das outras pessoas, medo paralisante, impaciência ou senso de superioridade.

Por mais que eu reconheça minhas tendências perfeccionistas há algum tempo, e esteja confiante de que Deus está me transformando, a verdade é que eu tendo a descontar essa disposição nos meus relacionamentos, e não menos no meu casamento.

O Casamento Perfeito?

Como ávido leitor, eu investi nos anos que precederam meu casamento muito tempo na leitura de livros cristãos sobre casamento e masculinidade. Pude observar muitas verdades e muitos conselhos sábios, mas conforme crescia meu entendimento sobre o que deve ser um casamento, o que era um desejo parcialmente sincero de glorificar a Deus se tornou uma expectativa egocêntrica e irreal. E isso levou ao pensamento de que, se eu tentasse o suficiente, eu poderia alcançar o padrão bíblico de um marido piedoso, ou pelo menos chegaria bem perto. Por sua vez, isso levou à demanda por uma esposa que fosse exatamente o que Deus diz que uma esposa deva ser, e um casamento que representasse perfeitamente a imagem bíblica dessa união.

Mas quando se trata de lutar contra o perfeccionismo no casamento, eu sei que não estou sozinho. Tenho conversado com muitos irmãos cristãos, solteiros e casados, que vivem sob ideias utópicas do que seus casamentos serão ou deveriam ser. Alguns desses passaram anos em uma busca arrogante por potenciais cônjuges à procura daquele par “perfeito” enquanto outros lutam em busca de paciência e contentamento quando seus casamentos não alcançam o padrão que havia sido idealizado.

E enquanto ser solteiro pode muitas vezes acomodar uma autoconsciência inflada de espiritualidade, o casamento garante que as imperfeições de alguém serão expostas, como rapidamente eu descobri quando me casei. Não importa quão bom seja nosso casamento, como o relacionamento mais íntimo que pode haver entre dois seres humanos, ele funciona como um holofote sobre nossos corações, nos possibilitando ver de perto nosso egoísmo na perspectiva da outra pessoa. Ele nos expõe. E, consequentemente, isso é uma forma de demolir nossa pretensa autoconfiança. Vem à tona de forma clara e pessoal a noção por vezes abstrata da depravação humana, nos mostrando a profundidade de nosso egocentrismo. E por mais que todos os princípios certos possam ajudar bastante, eventualmente temos que lidar com a realidade de nossa fraqueza e da fraqueza da pessoa com quem entramos no sagrado pacto matrimonial.

Em outras palavras, Deus está usando meu casamento para destruir meu orgulho.

O Poder do Evangelho

Enquanto princípios, passos e práticas dos conselheiros cristãos a respeito do casamento são muitas vezes úteis e corretos, o evangelho é a verdade mais central em qualquer casamento. Assim como o resto de nossas vidas, é a mensagem da redenção de Deus em Cristo e nossa restauração nele que nos torna possível entender, processar e responder de forma apropriada aos fracassos em nossos casamentos. Isso nos afasta tanto da arrogância pecaminosa que ignora a profundeza de nosso pecado quanto da vergonha pecaminosa que se recusa a aceitar o perdão e as promessas de Deus para nós e para nossos casamentos. No evangelho nós percebemos que, de fato, nossos casamentos serão cauterizados, manchados e bagunçados pelos nossos esforços, mas que nosso Pai está trabalhando em nossos casamentos, através do Espírito, para realizar algo belo ao nos restaurar e restaurar nossos cônjuges à dignidade e glória da imagem do Filho, Jesus Cristo.

Como um recém-casado, eu não tenho nada de novo para propor em termos de aconselhamento matrimonial. Mas se alguém me pedisse conselhos, é isso que eu diria: está tudo bem em aceitar que nem tudo está bem. Complacência? Não. Preguiça? Não. Mas consciência honesta de que você e seu cônjuge são indivíduos pecadores e imperfeitos que, no presente, nunca alcançarão um padrão perfeito, ou até mesmo quase perfeito, de casamento? Sim. E confiança na fidelidade de um todo-poderoso e gracioso Deus que prometeu fazer de nosso casamento o tipo de relacionamento que comunica o amor de Jesus por sua noiva mesmo quando a realidade presente de nossos casamentos parece longe disso? Sim. A questão é em quem você coloca sua esperança e confiança. Parafraseando as palavras do apóstolo Paulo, nossas orações deveriam ser:

Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória em nossos casamentos, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!

Traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com | Original aqui

 

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Estudo bíblico

Pena de morte: o que a Bíblia diz? (Ewerton B. Tokashiki)

(via Bereianos)

A impunidade aumenta a criminalidade. Isto é um fato! Será que as nossas leis são suficientemente duras a ponto de corrigirem, ou inibirem a desordem social? Seria a pena de morte uma punição justa e até necessária em nosso contexto brasileiro? Este é um assunto polêmico que apresenta dificuldades, e algumas questões precisam ser levantadas e respondidas em nosso estudo sobre o assunto. Primeiro, a Bíblia proíbe, ordena ou autoriza a pena de morte? Segundo, a pena de morte seria justamente aplicável e promoveria a segurança em nosso contexto social? E terceiro, quem seria responsável pelo julgamento e aplicação da pena capital?
 
A proposta desta lição é de estudarmos o tema, assumindo que a Bíblia nem ordena, nem proíbe a pena capital, mas a permite como dispositivo punitivo caso o nosso país decida adotá-lo, e que ela amenizaria a criminalidade em nossa sociedade.
 
Esclarecendo o fundamento
 
A Bíblia, como nossa única regra de fé e prática proíbe, ordena ou autoriza a pena de morte? Mesmo numa leitura superficial do Antigo Testamento encontraremos a ordenança de matar pessoas seguindo alguns critérios da lei civil de Israel entregue por Deus a Moisés. Não há proibição contra a pena de morte na antiga Aliança. Encontramos no Antigo Testamento o 6º mandamento “não matarás”. Todavia, esta lei não significava a proibição de toda morte como sentença penal. Pode-se perceber que a palavra hebraica rasah traduzida por “matar”, não expressa a força e significado do verbo original, seria melhor vertê-la por “não assassinarás”. Assim, deve-se considerar que a proibição do 6º mandamento é contra o assassinato, ou a vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo governo instituído por Deus.
 
O Catecismo Maior de Westminster quanto à significação do 6º mandamento esclarece que a sua proibição envolve “Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento? Resposta: Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras, a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém. (At 16.28; Gn 9.6; Nm 35.31,33; Hb 11.32-34; Êx 22.2; Mt 25.42,43; Mt 5.22; 1 Jo 3.15; Pv 14.30; Rm 12.19; Tg 4.1; Mt 6.31,34; Lc 21.34; Êx 20.9.10; 1 Pe 4.3,4; Pv 15.1; Pv 12.18; Is 3.15; Nm 35.16; Pv 28.17).”[1] Assim, desde o suicídio, o assassinato, a guerra justa, a defesa pessoal, a negligência da segurança, sentimentos maus, palavras ferinas, a intemperança e a agressão física são todos aspectos implícitos ordenados ou proibidos no 6º mandamento.
 
Lemos algumas vezes no Antigo Testamento a ordenança de executar pessoas, famílias, ou os habitantes de Canaã (Êx 21:23-24; Js 7:1-26; Dt 21:18-21). A pena de morte foi socialmente sancionada por Deus nos casos de “assassinato premeditado (Êx 21:12-14); sequestro (Êx 21:16; Dt 24:7); adultério (Lv 20:10-21; Dt 22:22); incesto (Lv 20:11-12, 14); bestialidade (Êx 22:19; Lv 20:15-16); desobediência aos pais (Dt 17:12; 21:18-21); ferir ou amaldiçoar os pais (Êx 21:15; Lv 20:9; Pv 20:20; Mt 15:4; Mc 7:10); falsas profecias (Dt 13:1-10); blasfêmia (Lv 24:11-14; 16:23); profanação do sábado (Êx 35:2; Nm 15:32-36); e sacrifícios aos falsos deuses (Êx 22:20).”[2] A intenção da pena de morte no Antigo Testamento era de frear pecados sociais de um povo que viveu mais de 400 anos como escravo, influenciado pela cultura pecaminosa egípcia e sem uma referência clara da justiça divina. Deus ordenou a pena de morte na Lei, porque Ele é o soberano sobre tudo e sempre justo juiz em punir.
 
O processo e a aplicação da pena não era arbitrária, mas criteriosamente estabelecida por Deus. D.W. Van Ness escreve que “lendo o AT revela que se aplicavam proteções evidenciais e processuais para abordar casos que mereceriam a pena de morte. Estas medidas incluem a proporcionalidade (Êx 21:23-35); a certeza da culpa estabelecida por duas testemunhas (Dt 17:6; Nm 35:30); a intencionalidade (Nm 35:22-24); as provisões processuais incluíam as cidades refúgio que protegiam o acusado até o momento do seu julgamento (Nm 35); a responsabilidade individual (Dt 24:16); a justiça do procedimento legal, independentemente do status econômico do acusado dentro da comunidade (Êx 23:6-7); e, a limitação da hora de se aplicar a pena de morte (Ez 33:11).”[3] Aqui vemos Deus estabelecendo a ordem e a sua santidade e justiça no meio do seu povo. Ao matar ou causar dano grave o assassino perderia o direito à vida. Moisés declarou que “quem ferir o outro, de modo que este morra, também será morto” (Êx 21:12), e este é o mesmo princípio básico para a aplicação da pena de morte anteriormente ordenado por Deus à Noé após o dilúvio (Gn 9:6).
 
A lei civil e cerimonial entregue a Israel não é válida para hoje, embora o princípio moral, ou a lei moral tem a sua continuidade no Novo Testamento. Isso significa que não podemos interpretar as ordens de execução como estão no Antigo Testamento e aplicá-las literalmente hoje. As leis civis regularam Israel enquanto nação teocrática, e as leis cerimoniais tiveram validade até a morte de Cristo. Mas, a lei moral que são os Dez Mandamentos tem plena validade para hoje. Assim, os juristas brasileiros poderiam, como no passado o fizeram, se valer dos princípios absolutos da Escritura Sagrada para formular as doutrinas penais, decidindo por um sistema judiciário por princípios bíblicos e menos antropocêntrico. O princípio moral para se criar uma lei que exija a morte do criminoso é atual, e teria autorização tanto no Antigo Testamento, como no Novo Testamento.
 
No Novo Testamento a pena de morte continua como uma prática comum, no entanto, aplicada pelo império romano e não mais pelos juízes de Israel. O Sinédrio de Jerusalém participava do processo de condenação levantando as provas, fazendo a denúncia e entregando o criminoso às autoridades romanas para a sentença final e execução do criminoso. A partir daí dentro da hierarquia do governo romano, desde a administração municipal até o governador da província, se fosse um nativo julgado a sentença terminaria na opinião do governador. Se o réu fosse cidadão romano poderia recorrer à última instância apelando a César, ou seja, seria julgado pela república, ou pelo próprio imperador. Por exemplo, Jesus valida a pena de morte, com a sua própria morte (At 2:22-24; At 4:26-30), bem como Paulo, em Rm 13:1-5, fala do uso da espada pelo magistrado em punir com morte, e ele mesmo durante o seu julgamento se sujeita à pena capital, caso a merecesse (At 25:8-11). Sabemos pelos relatos históricos que o apóstolo foi executado sob a ordem do imperador Nero. Segundo a tradição todos os apóstolos, com exceção de João, foram executados. A pena de morte produziu os mártires da Igreja, e o seu sangue foi a semente missionária para a expansão do Cristianismo primitivo.
 
Não há na Escritura Sagrada qualquer proibição ou oposição à pena de morte. Entretanto, ela não exige o seu uso incondicional. A Bíblia autoriza a pena capital, caso algum país queira aprová-la, e sanciona a sua aplicação como legítima diante de Deus.
Conclusão
 
Concluímos que a Bíblia nem ordena, nem proíbe a pena capital, mas a permite como dispositivo punitivo caso o nosso país decida adotá-lo. Assim, podemos protestar a seu favor, caso entendamos que seja necessário a aplicação de penas mais rígidas, como a pena de morte em nossos tribunais.
 
A pena de morte promove a vida de quem quer viver. O “não matarás” é uma advertência para quem não quer se tornar um assassino. Isto significa que se o indivíduo matou, perdeu o direito de viver. A autoridade instituída por Deus tem o dever de proteger com a espada, e com este mesmo instrumento punir o criminoso impedindo-o de ser uma possível ameaça aos cidadãos de bem.
 
A pena capital não é algo realizado por vingança familiar, nem sem critérios objetivos da gravidade do crime em que se dará a condenação. A sentença será dada pelo Estado, um juiz especializado, leis específicas, e sobre um crime doloso e hediondo em que envolve assassinato ou a desonra com dano irreparável do indivíduo, como por exemplo, o estupro.
 
Talvez, alguém seja contra a pena de morte no Brasil argumentando que sempre é possível um inocente morrer injustamente. De fato, este é a melhor objeção à pena capital. Todavia, a resposta a este argumento é satisfatoriamente dada por Gordon H. Clark quando ele questiona “a pena de morte é inviável pela possibilidade de erro judiciário ou o erro do judiciário deve ser minimizado ao máximo? A continuidade de crimes deve ser garantida por lei?”[4] O sistema legal brasileiro deve ser aperfeiçoado e corrigido e não afrouxar as penas por ter falhas.
 
Três motivos deveriam nos levar a considerar como necessária a aplicabilidade da pena de morte em nosso sistema judiciário. Primeiro, a influência geral, ou seja, a teoria de que quando uma pessoa é castigada outros criminosos em potencial estariam menos dispostos a cometer os mesmos crimes. Segundo, a influência específica, que é a teoria de que o criminoso castigado não cometerá mais crimes estando morto. E terceiro, a retribuição legal, isto é, a teoria de que o crime exige um castigo com uma pena que lhe seja proporcional. A pena de morte supre perfeitamente a estas exigências. Quando o Estado não castiga o criminoso com uma punição equivalente ao seu crime, ele penaliza a vítima, protege o criminoso, e fomenta a insegurança na sociedade.
Perguntas para reflexão:
 
1. Se um ladrão entrasse em sua casa, estuprasse e matasse os seus familiares, seria uma pena suficientemente justa a sentença de alguns anos de prisão?
2. Aceitando que o Estado como autoridade é instituído por Deus (Rm 13:1-7) e que ele é portador de espada, isto é, instrumento de pena de morte “pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal” (Rm 13:4b), ele não se torna injusto ao negar-se executar a pena capital sobre os que a merecem?
3. Se existisse a aplicação da pena de morte em nosso sistema penal seria possível que houvesse menos grupos de extermínios, execução por parte da polícia, vinganças entre famílias e outros efeitos colaterais causados pela omissão e impunidade?
 
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NOTAS:
[1] Catecismo Maior de Westminster pergunta/resposta 136.
[2] Hans Ulrich Reifler, A ética dos dez mandamentos (São Paulo, Edições Vida Nova, 1992), p. 116.
[3] D.W. Van Ness, “pena capital” in: David J. Atkinson, org., Diccionario de Ética Cristiana y Teologia Pastoral (Barcelona, CLIE, 2004), pp. 894-896.
[4] Gordon H. Clark, “pena de morte” in: Carl F.H. Henry, org., Dicionário de ética cristã (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2007), p. 441.

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Observação: Concordo com a exposição geral do autor. No entanto, não uso como argumento a favor da pena de morte em alguns casos (como pedofilia) a possibilidade de que ela diminua a criminalidade. Não é essa sua função. A pena de morte tem o objetivo de fazer justiça ao que foi vítima de um crime hediondo, já que nenhuma outra pena pode fazer com que ele “pague” sua dívida com a sociedade.

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