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Gideão e o sinal do velo

Devemos pedir sinais para conhecer a vontade de Deus?

Conhecer a vontade de Deus por meio de sinais?

Gideão havia recebido uma clara missão da parte de Deus: “Vai nesta tua força e livrarás a Israel das mãos dos midianitas” (Jz 6.14-16). Para isso, Deus lhe havia dado uma dupla promessa: Ele mesmo estaria com Gideão e lhe daria a vitória. Além disso, com paciência e amor Deus havia preparado a Seu servo Gideão para essa grande missão. Lemos sobre isso nos versículos 17 a 32. Agora, no versículo 33, havia chegado o momento em que Gideão devia começar sua tarefa.

O momento oportuno para cumprir a missão

O próprio Deus mostrou o momento preciso em que Gideão deveria agir. Esse momento foi tornado claro por meio de três acontecimentos:

  1. Os inimigos se preparavam para um combate (v. 33). Gideão não necessitou esperar muito tempo para que se apresentasse a ocasião de cumprir sua tarefa. O próprio Deus a apresentou: os inimigos se reuniram no vale de Jezreel. Isso foi um sinal evidente para Gideão de que havia chegado o momento exato para cumprir a missão dada por Deus. Por acaso, ele devia ficar de braços cruzados, olhando como os midianitas atacavam o povo de Israel? De modo algum! Ele tinha a clara missão de vencer Midiã. Agora Gideão tinha de agir, pois Deus lhe havia ordenado isso.
  2. O Espírito de Deus veio sobre Gideão (v. 34). Se, por um lado, Deus apresenta a ocasião, por outro, também dá toda a força e os recursos necessários. Assim, a pessoa pode levar a cabo com fidelidade a missão que lhe é dada. Isso foi o que aconteceu com Gideão: o Espírito de Deus veio sobre ele, e, com esse poder, Gideão pôde dar o primeiro passo. O fato de o Espírito de Deus tê-lo habilitado deveria ter tornado muito evidente de que, agora, lhe competia pôr-se em marcha.
  3. Tocar a trombeta teve um resultado (v. 34). Com o poder do Espírito de Deus, Gideão tocou a trombeta e viu o resultado que isso gerou. Primeiro, os homens do entorno (os abiezritas) vieram a ele; a seguir, os de Manassés, Aser, Zebulom e Naftali fizeram o mesmo. De boa vontade, ouviram o chamamento da trombeta e se reuniram com Gideão. Isso também era uma obra de Deus claramente reconhecível.

Nessa cena, a trombeta representa a Palavra de Deus. Quando Deus dá o poder de Seu Espírito para uma missão, também opera por meio de Sua Palavra. Ela produzirá resultado nos corações e confirmará o servo do Senhor como instrumento por meio do qual Ele deseja operar. Gideão experimentou isso, e ocorre o mesmo em nosso tempo. Se um servo comunica no momento certo a mensagem apropriada da Palavra de Deus, o efeito se manifestará.

Esses três acontecimentos não eram suficientes para que Gideão, confiando na ajuda de Deus, executasse a missão que havia recebido do próprio Deus? Ainda precisava de mais confirmações?

Gideão pede um sinal

Compreendemos muito bem que Gideão estava temeroso frente a enorme superioridade de seus inimigos. Mas também constatamos que os sinais não lhe deram mais segurança. Depois de Deus ter-lhe respondido claramente à primeira solicitação de um sinal, Gideão pediu um segundo. Não se sentiu mais seguro com o primeiro sinal. Mesmo depois de ter visto os dois sinais, Gideão continuou assustado. Suas mãos só se fortaleceram quando Deus o socorreu (7.9-14). Somente depois disso Gideão adorou e pôde empreender o combate com valentia e força.

Sem julgar Gideão, vemos que não é necessário, nem sequer útil, pedir sinais. Deus se mostrou misericordioso para com Gideão. Não reprovou Seu servo em nada e lhe permitiu ver a realização de seus rogos. No primeiro sinal, não lhe deu apenas um pouco de água no velo, mas uma medida transbordante, uma taça cheia de água. E no segundo sinal, não lhe deu apenas um pouco de água sobre a terra, mas “sobre toda a terra havia orvalho” (6.40). Essa é a soberana graça de Deus, da qual somente podemos nos maravilhar; mas, ao mesmo tempo, não ignoremos o fato de que faltou a confiança e o poder da fé a Gideão. Estejamos seguros de que Deus quer nos guiar mediante Seu Espírito ao nos dar Sua paz em nosso coração para a decisão correta. Não devemos exigir nem pedir sinais; com isso não ganhamos nada no processo de decisão. Isso vale ainda mais para nós, [cristãos], porque temos o Espírito de Deus morando em nós, diferentemente de Gideão, que era um crente do Antigo Testamento. Seria um desprezo a Deus se nos deixássemos dirigir por sinais exteriores em vez de deixar que Seu Espírito trabalhe em nós.

Como Deus deixa Sua vontade clara para nós

Freqüentemente perguntamos qual é a vontade de Deus para nossa vida. Alguns cristãos se perguntam durante toda a vida qual tarefa Deus preparou para eles (Ef 2.10) Quem permanece nesse estado provavelmente continuará se perguntando isso até o leito de morte. Nesse caso, o tempo em que podia ter cumprido a vontade de Deus terá sido gasto infrutuosamente. Mas Deus põe muitas tarefas diante de nós. Se estivermos dispostos a cumpri-las, Ele nos ajudará a reconhecer a tarefa essencial que tem preparada para nós. Considerando a vida de Gideão, vamos resumir como Deus deixa Sua vontade clara.

  1. Deus havia preparado Gideão para uma missão. Gideão conhecia os pensamentos de Deus com respeito a seu povo (Jz 6.13) e usava toda a sua energia para obter alimento (v. 11). Se nos ocuparmos com a Palavra de Deus, conheceremos os caminhos que Deus quer ensinar aos Seus e encontraremos no Senhor Jesus, o verdadeiro trigo, o alimento para a nova vida. Isso propiciará crescimento espiritual e nos preparará para conhecer cada vez mais a vontade de Deus para nossa vida.
  2. Deus falou a Gideão por meio de Seu anjo, ensinou-lhe a tarefa que deveria realizar e lhe mostrou os recursos para cumpri-la (vv. 14-16). Do mesmo modo, Deus falará conosco, por meio de Sua Palavra e de Seus servos, a fim de mostrar-nos o que deseja para nossa vida.
  3. Deus encontrou Gideão e lhe deu Sua paz (vv. 23,24). Essa paz (ou tranqüilidade) na comunhão com Deus lhe permitiu reconhecer a vontade específica de Deus e cumpri-la. Para nós também essa paz na comunhão com Deus é decisiva. “Desejo verdadeiramente cumprir a vontade de Deus?”
  4. Gideão recebeu uma tarefa para desempenhar diretamente em seu entorno, na casa de seu pai (v. 25). Cumpriu essa tarefa com fidelidade, ainda que tivesse medo dos homens. Em nossa caso também, esse é o caminho para progredir em reconhecer a vontade de Deus. Ele nos mostra coisa em nossa vida e em nosso entorno o que podemos fazer para Ele. Também nos mostra as coisas que devemos pôr em ordem para Lhe podermos ser úteis. Se estamos dispostos a obedecer a Deus nessas coisas, então, continuaremos crescendo espiritualmente e reconheceremos Sua vontade em outras situações da vida.
  5. Deus dirigiu a situação de maneira que os inimigos se reuniram. Assim, ficou claro para Gideão que havia chegado o momento e a necessidade de cumprir a tarefa. Deus também proporcionará situações assim em nossa vida.
  6. O Espírito de Deus veio sobre Gideão. Também a nós Deus quer igualmente guiar por Seu Espírito. O Espírito Santo, que hoje vive permanentemente em cada crente, nos mostra os pensamentos de Deus, nos ajuda a entender a Bíblia, a Palavra de Deus, opera em nós e nos guia passo a passo. Estamos dispostos a tirar todos os obstáculos para ser cheios Dele (Ef 5.18)?
  7. Por fim, Gideão tocou a trombeta e viu que, por meio disso, o povo se reuniu. Em sentido figurado, experimentou que a Palavra de Deus opera. Em nossa vida, também experimentamos – se lemos a Palavra de Deus e a aplicamos – como operar essa Palavra, a saber, em nossa própria vida e em nosso entorno.

Esses são alguns dos meios pelos quais Deus, por princípio, quer nos mostrar Sua vontade hoje. Temos notado que, por um lado, é importante estar preparados para reconhecer a vontade de Deus e, por outro, que há indicações concretas pelas quais distinguimos o bom caminho e o momento apropriado.

Para conhecer a vontade de Deus, não existe uma receita-padrão nem nos chegará diretamente uma voz ou uma carta do céu1. Os sinais exteriores, quando se manifestam, só são úteis em casos muito raros. É o que vemos no caso de Gideão e o velo. Sem dúvida, ainda hoje podemos experimentar que Deus nos mostra claramente Sua vontade se Lhe pedimos francamente e se temos a atitude correta em relação a Ele.

(Ch. Rosenthal, de Folge mir nach, 7/2014)

Conhecer a vontade de Deus

É muito natural para cada crente buscar e conhecer a vontade do Senhor. Sem essa ajuda e segurança interior, o cristão se sente perdido. Por isso, é para Ele uma verdadeira necessidade conhecer a vontade do Senhor antes de agir. Essa é a teoria. Lamentavelmente, a prática, com muita freqüência, é diferente.

No entanto, é de grande importância não fazer nada sem a dependência de nosso Deus. Dois versículos da Bíblia mostram isso: “Para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). “Nós também […] não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da Sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-Lhe em tudo” (Cl 1.9,10).

Os pontos a seguir foram compilados por vários jovens após uma reunião compartilhada com eles.

Algumas condições

  1. Estar sinceramente disposto a obedecer à vontade de Deus, mesmo quando preferiríamos que ela fosse diferente. “Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus” (Jo 7.17).
  2. Uma atitude dependente de Deus.
  3. Estar disposto a esperar até que haja clareza. “Aquele que crer não se apresse” (Is 28.16).

Alguns impedimentos

  1. A decisão já havia sido tomada e pedimos a Deus que nos dirija. “E Ele lhes cumpriu o seu desejo” (Sl 106.15).
  2. Falta de fé. “Peça […] com fé, em nada duvidando; porque o que duvida […] Não pense […] que receberá do Senhor alguma coisa” (Tg 1.5-7).
  3. Motivos impuros. “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites” (Tg 4.3).
  4. Falsas expectativas. “Nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel” (Lc 24.21).
  5. Impaciência. Leia 1Samuel 13.8-11.
  6. Falta de comunhão com Deus por causa de um pecado não julgado. Leia Provérbios 28.9; Salmo 66.18.
  7. Relacionamento desordenado com irmãos na fé. “Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão” (Mt 5.23,24; Mc 11.25).
  8. Comportamento incorreto do marido no matrimônio. Leia 1Pedro 3.7.

Alguns auxílios

  1. O Espírito Santo
  2. Buscar a vontade de Deus em Sua Palavra, a Bíblia (com constância e perseverança).
  3. Orar sinceramente para ser dirigido e guiado, também nos pormenores da vida cotidiana.
  4. O conselho de irmãos espirituais (ainda que não digam sempre o que se quer ouvir).
  5. O conselho dos pais.
  6. As circunstâncias se desenrolam de maneira positiva? “Uma porta grande e eficaz se me abriu” (1Co 16.9).
  7. A paz interior na decisão.
  8. A oração de outros irmãos espirituais pelo assunto. Leia Daniel 2.17,18.

Perguntas de auto-análise

  1. É permitido? “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm” (1Co 10.23).
  2. É útil? (V. 23, primeira parte.)
  3. Edifica? (V. 23, segunda parte.)
  4. Serve para o bem de meu próximo? “Ninguém busque o proveito próprio; antes, cada um o que é de outro” (vv. 24,33).
  5. Posso dar graças a Deus por isso? “Eu com graça participo […]” (v. 30).
  6. É para a glória de Deus? “Fazei tudo para glória de Deus” (v. 33).
  7. Sou uma pedra de tropeço, motivo de escândalo? “Não deis escândalo” (v. 32).
  8. Nisso sou um imitador do Senhor Jesus e de Paulo? “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (11.1).

(De Folge mir nach, 06/1996)

Nota

1Sobre isso, diz Augustus Nicodemus: “Quer ouvir Deus? Leia a Bíblia. Quer ouvir Deus audivelmente? Leia a Bíblia em voz alta.” (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 05-06/2015, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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“No horto com Ele”

Você esteve com Ele no horto? E depois, negou-O?

Quando Moisés se aproximou da sarça ardente, ouviu a voz de Deus que dizia: “Tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êx 3.5). Quanto mais o horto [jardim] do Getsêmani é para nós uma terra santa, da qual só podemos nos aproximar até certa distância, com toda reverência e adoração!

Às margens do Jordão, Jesus, olhando para ele, disse a Seu futuro discípulo: “Tu és Simão […] tu serás […] Pedro” (Jo 1.42). E, desde aquela pesca miraculosa, durante a qual reconheceu ser um pecador, Simão, transformado em Pedro, seguiu a Jesus (Lc 5.8-11).

“Como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Jesus ia lavar os pés de Seus discípulos, mas Pedro se opôs a isso. Então, Jesus teve de dizer-lhe: “O que Eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois. […] Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo. […] Não podes agora seguir-me” (vv. 7,8,36). Pedro não estava disposto a reconhecer sua ignorância nem sua incapacidade: “Por que não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida” (v. 37), disse ele.

Jesus “saiu com os Seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto” (18.1). Tal como havia feito no momento da ressurreição da filha de Jairo e no monte da transfiguração, Ele tomou Consigo apenas três discípulos: Pedro, Tiago e João. Naquela noite, com certeza eles lembraram do quarto onde a jovem havia sido devolvida a seus pais ou da montanha onde Moisés e Elias haviam falado com o Senhor Jesus acerca da morte que ia sofrer a seguir em Jerusalém. Desta vez, porém, não era o poder de ressurreição nem a visão da glória futura que estava diante dos três discípulos, mas um homem afligido e angustiado: “Minha alma está profundamente triste até a morte” (Mc 14.32,33). Jesus lhes pediu que vigiassem e orassem; enquanto isso, Ele “apartou-se deles cerca de um tiro de pedra” (Lc 22.41), ou seja, a distância da qual um pastor pode lançar uma pedra até a ovelha que se desgarra, para fazê-la voltar ao rebanho.

Era a noite da Páscoa; havia, portanto, lua cheia. Sob sua luz, os discípulos puderam distinguir seu Mestre de joelhos, orando. Depois, dormiram. Como antes, no Moriá, o Pai e o Filho estavam a sós (cf. Gn 22).

Não obstante, o Espírito de Deus desejou fazer-nos entrar, mesmo que só um pouquinho, na angústia do combate que a alma do Salvador teve que sofrer nessa hora suprema. Primeiramente, Ele pediu ao Pai: “Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres” (Mt 26.39). Depois de ter voltado aos discípulos e encontrá-los dormindo, afastou-se uma vez mais e orou de novo: “Pai Meu, se este cálice não pode passar de Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade” (v. 42). A seguir, voltou aos Seus, que continuavam dormindo, mas não lhes disse nada. Orou pela terceira vez, pronunciando as mesmas palavras.

Pedro havia sido despertado pela voz que dizia: “Simão, dormes? Não podes vigiar uma hora?” (Mc 14.37). Mas voltou a dormir. Depois da terceira oração, Jesus lhes disse: “Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores” (v. 41). O único momento em que Pedro poderia ter vigiado junto a seu Mestre no horto havia sido desperdiçado para sempre.

Podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Um instante depois, o Getsêmani foi invadido por Judas à frente de “grande multidão com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo” (Mt 26.47). Pedro viu o traidor beijar Jesus. Ouviu a voz amada dizer com tristeza a Judas: “Amigo, a que vieste?” (v. 50). Querendo livrar seu Mestre, o discípulo desembainhou sua espada e cortou a orelha de Malco, um servo do sumo sacerdote. Por isso, recebeu a repreensão do Salvador, que, em seguida, tocou a orelha do escravo e a curou (Jo 18.10,11; Lc 22.50,51).

A partir de então, Pedrou seguiu ao Senhor Jesus de longe. Foi introduzido no palácio do sumo sacerdote por João, a quem conheciam (Jo 18.16). Que outra coisa ele podia fazer senão aquecer-se ao lado dos empregados, próximo do fogo que haviam preparado? E ali, um escravo, parente de Malco, perguntou a Pedro: “Não te vi eu no horto com Ele?” (v. 26).

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo.

Satanás havia pedido que lhe fosse permitido cirandar os discípulos (Lc 22.31). O Senhor havia orado por eles, especialmente por Pedro, que sua fé não desfalecesse. Apesar disso, nesse momento decisivo, todas as lembranças do horto haviam desaparecido da memória de Pedro. Ele só pensava em si mesmo, e negou seu Mestre três vezes.

Especialmente durante o culto e a celebração da Ceia, memorial da morte do Senhor, podemos ter estado “no horto com Ele” e, apesar disso, pouco depois, esquecê-Lo e até mesmo negá-Lo.

Não confiemos em nossas próprias forças! O Senhor disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14.38).

(G. André)

O Senhor queria confiar a Pedro um trabalho importante depois de Sua ressurreição; mas, para que pudesse cumpri-lo, Pedro tinha de aprender a conhecer-se e a perder toda confiança em si mesmo. Apesar de seu zelo e de seu grande amor, todo o poder de que necessitava para seu trabalho tinha de vir do Senhor. Ele devia ter-se dado conta disso quando Jesus o advertiu, mas não entendeu assim e teve de passar por uma lição dolorosa. Uma vez que a aprendeu, Pedro pôde ser útil a seus irmãos. Pôde fortalecê-los, mostrando-lhes, por experiência própria, que, ainda que tivessem as melhores intenções, alguém só pode estar no serviço de Cristo e fazer frente ao poder do inimigo se desconfia completamente de si mesmo. É preciso buscar a força e a sabedoria do Senhor.

(Extraído de Pregações Simples – Lucas, de S. Prod’hom)

 

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 04/2015, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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A eterna segurança do crente (W. P. Clarke)

Eternamente seguros nas mãos do Pai

Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.

Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.

A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!

Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.

Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.

Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!

A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).

Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.

Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).

Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.

Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.

Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).

No tribunal de Cristo receberemos galardão ou disciplina

Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.

Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.

Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).

Notas

1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)

2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)

3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)

4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.

5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Constante prontidão (Sarah Foulkes)

Prontidão constante para a volta do Senhor

A hora não avisada do retorno de nosso Senhor torna imperativa a constante prontidão.

Como um profeta predizendo Seu próprio advento, nosso Senhor dá a Seus discípulos advertências enfáticas e incisivos alertas para a prontidão vigilante (Mt 24; 25). Vigiai […] para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.36,37). Falando como alguém com autoridade, nosso Senhor começa e termina esse solene alerta sobre Sua vinda com a ordem simples e explícita para vigiar!

Cristãos que estão realmente se preparando para a vinda iminente do Senhor estão vivendo hoje na atitude sempre vigilante de coração, de vida e de conduta que brota de um constante e predominante objetivo: poderem ser considerados dignos de escapar do julgamento de ira que virá rapidamente no fim desta era.

Lucas 21.34-36 torna surpreendente e evidente que a transladação é um escape do julgamento. Muitos estão dando como certo que estão prontos para fugir. Quão presunçosa é sua suposição quando contrastada com o exemplo na Escritura apresentado por Paulo! Em antecipação, ele escreve aos filipenses: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus […] Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.12,14).

Paulo viveu sua experiência cristã diária como um homem em uma corrida com o propósito em vista de ganhar o prêmio. Na corrida, ele se despojou de si mesmo por causa da coroa reservada para todos os que venceram e viveram piedosamente em Cristo Jesus (Ap 12.11). Assim, Paulo pôde dizer: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo” (2Co 2.14). Para que pudesse ser um vencedor e não uma vítima de suas circunstâncias, Paulo colocou coração e alma em sua experiência cristã. Ele forçou cada nervo, dispôs cada músculo para alcançar aquilo para o que Cristo o havia ganho. Não muito tempo antes de partir, ele evidentemente atingiu a soberana vocação de Deus em Cristo, pois disse: “O tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2Tm 4.6-8). Que certeza arrebatadora Paulo tinha! E ela pode ser nossa, se nós, como Paulo, buscarmos as superações que nos fazem mais do que vencedores sobre o mundo, a carne e Satanás.

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão.

Enoque foi trasladado porque tinha o testemunho de que agradara a Deus. “A inclinação da carne [ou mente carnal] é inimizade contra Deus” (Rm 8.7). Podemos, portanto, esperar andar com Deus e agradá-Lo enquanto temos qualquer carnalidade, liberdade da carne, mundanismo em nós? “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais […] Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” (1Co 3.1,3).

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão. Todo o ensino, toda a pregação, toda a atividade que anula o aviso solene do Senhor a Seu povo de que deve cuidar de si mesmo e vigiar e orar sempre tornam o povo perigosamente desavisado. Essa é a razão pela qual muitos cristãos hoje estão caminhando despreocupadamente, como se estivessem indo a um piquenique, quando, como uma questão de fato, estamos na própria hora da vinda e do julgamento começar em Seu Santuário. O arrebatamento em si é um sinal do julgamento sobre aqueles que foram deixados. Daí, toda a estratégia de Satanás é impedir a vigilância e a atitude de alerta que o Senhor tão solenemente aconselhou.

E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro […] Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.39-42).

Tem sido dito que a única diferença entre os que o Senhor toma na transladação e os que são deixados para os últimos julgamentos sobre Terra é a diferença de prontidão vigilante. Em seus últimos discursos, nosso Senhor procurou despertar com exortações a vigilância do discípulo não-vigilante, o o pai de família roubado e o mordomo infiel (caps. 24 e 25).

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (25.13). Cristo sempre ressaltou muito a necessidade de estarmos sempre prontos. “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor […] Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!” (Lc 12.35-37).

Estamos às portas da volta de Cristo. Cada tique-taque do relógio nos aproxima disso. A escuridão da meia-noite da terra está espalhando. A vinda do Noivo está próxima. Então, Sua noiva está se aprontando. O espírito do anticristo está espalhado pelo mundo. A grande tribulação está lançando suas sombras diante de nós. Cristãos, olhem para cima! Estejam imediatamente prontos, vigilantes, atentos. “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.11,12).

Um movimento espiritual quase imperceptível está operando no coração de todos os verdadeiros crentes que separam o ouro da escória, o real do irreal, o precioso do vil, o joio do trigo. Ele vem como um silêncio sagrado sobre a alma, a sombra da Presença que se aproxima.

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso.

Cristo está vindo! Esteja pronto para quando Ele vier. Separe-se da indulgência do mundo. Desembarace-se de sua imersão nos negócios dessa vida. Vigie e ore sempre! Um cristão carnal não pode ser vigilante. Nós só podemos vigiar se nos mantivermos despertados espiritualmente. A palavra vigiar significa ser espiritualmente despertado, estar em alerta constante. “Eu dormia, mas o meu coração velava. E eis a voz do meu amado que está batendo: ‘Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite’” (Ct 5.2).

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Um rápido e cegante refulgir, e o vigilante vai estar com o Senhor. O não-vigilante, de acordo com as próprias palavras de nosso Senhor, não vai escapar dos últimos julgamentos sobre a terra (Lc 21.34-36).

O espírito do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27). Em Sua parábola das virgens, nosso Senhor revela que haverá um reavivamento de preparar as lâmpadas às vésperas de Sua volta. Quanto tempo leva para preparar-se uma lâmpada? O sábio só tem tempo para preparar sua lâmpada, não para enchê-la, antes que a porta seja fechada. Encher exige constante e vigilante preparação do coração, da vida e dos lábios a fim de fazer-nos e manter-nos prontos para encontrar e saudar o Amado de nossa alma quando Ele, todo glorioso, vier para receber os “aceitos no Amado”.

Um não-abandonado pecado conhecido, uma ordem conhecida desobedecida, uma conhecida verdade não-crida, uma parte da vida conscientemente não-submetida, e nós estamos em perigo. As últimas sombras estão caindo sobre o mundo e, portanto, em sua vida. No entanto, você não está pronto. Mas há tempo para alcançar a vitória antes do sol se por. Seu Juiz vindouro é seu Salvador hoje” (The Midnight Cry).


(Traduzido por Francisco Nunes de “Constant Readiness”. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Corações quebrantados (E. A. Bremicker)

A dor do coração quebrantado: só o Senhor a conhece e pode curar

O coração quebrantado do pecador (Lc 7.36-38)

A cena transcorre na casa de Simão, o fariseu. Um homem que se considerava justo havia convidado Jesus para uma refeição. No entanto, o acontecimento central dessa cena não é o encontro do Senhor Jesus com seu hóspede, mas o que Ele tem com uma mulher que não havia sido convidada, uma pecadora notória. Ela havia ouvido sobre o Senhor Jesus e venho ao lugar onde Ele se encontrava. Sofrendo por sua culpa, aproveitou a ocasião para descarregar o peso que tinha sobre seu coração. Empurrada por sua angústia interior e atraída pela graça do Senhor, veio à casa do fariseu, pôs-se aos pés de Jesus e chorou.

Suas lágrimas davam mostra de sua coração quebrantado. Reconheceu que era pecadora, foi sensível às riquezas da benignidade de Deus e se deixou levar ao arrependimento por essa benignidade que se revelou em Jesus (cf. Rm 2.4). O Salvador não deixou esse coração quebrantado sem resposta. Todo aquele que vem a Ele dessa maneira experimenta ter o coração curado. A mulher escutou as palavras benfazejas: “Os teus pecados te são perdoados. […] A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.48,50).

Todo pecador tem necessidade disto: do perdão e da paz. E obtém isso pela fé. Ainda hoje, o Senhor deseja curar o coração ferido dos que vivem sem Deus e sem perspectiva. O caminho que essa mulher tomou é ainda hoje o único caminho pelo qual se pode obter o perdão e a paz. Todos os demais são caminhos de erro que não conduzem à salvação. Aquele que vem ao Senhor consciente de sua culpa e de seus pecados, e crê Nele e em Sua obra redentora, recebe Suas palavras: “Vai-te em paz!”

O coração quebrantado dos crentes provados (Lc 7.11-15)

Com o coração oprimido pela tristeza, uma viúva conduzia seu filho único à tumba. Uma angústia indizível, e provavelmente numerosas perguntas sem resposta, enchiam seu coração. Mas diante dos muros da cidade de Naim, a vida veio ao encontro da morte. O cortejo fúnebre teve de se deter quando o Autor da vida se aproximou.

Com um olhar cheio de amor, o Senhor viu o que havia no coração quebrantado dessa mãe, e foi comovido por uma profunda simpatia. “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela.” A angústia da mulher não O deixou indiferente. “E disse-lhe: Não chores” (v. 13). Foi uma palavra de consolo para o coração ferido dela.

O Senhor Jesus nos compreende quando passamos por dificuldades, quando estamos enfermos, quando estamos abatidos e temos o coração oprimido.

Depois, Jesus se revelou como o Senhor da vida e da morte. Ele tocou o esquife, e todos os que estavam ali puderam ouvir Suas palavras: “Jovem, a ti te digo: levanta-te!” (v. 14). A morte devia soltar sua presa. O coração quebrantado da mãe foi curado, seu filho lhe foi devolvido.

Em um mundo onde tudo passa, a sombra da morte plana sobre cada um e é inevitável. O mundo é o “vale da sombra da morte”. Mas precisamente a esse mundo nosso Senhor e Salvador veio. Ele mesmo experimentou o que é viver aqui; soube o que significa a perda de um ser amado. Diante da tumba de Seu amigo Lázaro também verteu lágrimas.

Por isso, Ele nos compreende quando passamos por dificuldades, quando estamos enfermos, quando estamos abatidos e temos o coração oprimido. É uma grande coisa saber que nosso Senhor tem o poder para ajudar-nos. Mas não é apenas isso: Ele nos faz desfrutar primeiro de Sua simpatia, nos ama, entra em nossas circunstância e nos consola: “Não chores!” Pode secar as lágrimas e curar os corações quebrantados.

O Mestre trabalha de maneira divinamente perfeita. Primeiro, seca as lágrimas; depois, traz a libertação. Nós, talvez, tivéssemos agido de maneira inversa. Mas o Senhor quer que aprendamos primeiro a conhecer a doçura de Suas compaixões e depois Seu poder que dá o socorro. Em Sua sabedoria, Ele mesmo decide quando e como nos ajudará. Deixemo-Lhe trabalhar. O certo é que Ele cura os corações quebrantados e fecha as feridas; Ele quer que Sua paz encha nosso coração e nos sustenha em nossas circunstâncias difíceis.

Ninguém tem o poder de trazer os mortos de volta à vida, mas o Senhor quer usar-nos para ajudar as outras pessoas. Quando encontrarmos pessoas que têm o coração quebrantado, busquemos ajudá-las no mesmo espírito que o Senhor o fez.

O coração quebrantado do crente caído (Lc 22.54-62)

Uma cena totalmente diferente se abre agora diante de nós. Homens maus, inimigos do Senhor Jesus, o conduziram ao pátio do sumo sacerdote. Pedro O seguia à distância. Pouco tempo antes, ele havia declarado, muito seguro de si mesmo, estar disposto a morrer por seu Mestre. Mas agora, uma distância entre ele e o Senhor está estabelecida. Ele entrou no pátio da casa onde se encontrava Jesus, mas se sentou entre os inimigos de seu Mestre e se aquecia ao fogo. O que aconteceu? A tentação não perdeu por esperar. Uma criada lhe dirigiu a palavra, e o medo o invadiu. Com insistência, se desassociou Daquele sobre quem se concentrava o ódio de todos. “Não O conheço” (v. 57).

Somos melhores que Pedro? Com certeza, não. Por acaso, não temos negado o Senhor em situações muito mais insignificantes? Na escola, no trabalho, entre os vizinhos? Um pouco de distância interior em relação ao Senhor basta para que caiamos diante da menor tentação.

O Senhor também não nos abandonará. Seu amor não muda.

E Jesus? Tinha tempo de pensar em Seu discípulo? Aquilo que O fazia sofrer poderia reter toda a Sua atenção, mas… maravilhoso Salvador! Seu coração estava ocupado com Pedro. Ele sabia de antemão o que ia acontecer, e esta negação O afetou profundamente, mas Ele não deixou Seu discípulo de lado. “E, virando-se o Senhor, olhou para Pedro” (v. 61). Essa olhada entristecida e, ao mesmo tempo, cheia de amor foi como uma flecha que alcançou o coração de Pedro e o quebrantou. Esse homem corajoso e enérgico saiu e chorou amargamente sua falha.

O Senhor também não nos abandonará. Com Seu olhar de amor, sempre se dedica a pôr-nos na luz a fim de alcançar nosso coração. Seu amor não muda. Ele não só quer sacudir-nos e fazer-nos compreender onde falhamos, mas quer também curar-nos. Na manhã da ressurreição, Ele encontrou Pedro e falou-lhe ao coração. Pouco depois, reabilitou-o diante dos demais discípulos. Este é sempre o objetivo do Senhor: Ele quer fazer-nos voltar a uma feliz comunhão com Ele e fazer de nós servos úteis para Ele.

O coração quebrantado do Salvador

Não podemos terminar essas breves considerações sobre corações humanos quebrantados sem pensar no coração Daquele que, justamente no Evangelho de Lucas, é-nos apresentado como o “Filho do Homem”.

Seus sentimentos se descrevem profeticamente em Salmos: “Afrontas me quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei” (69.20). Havia curado os corações quebrantados, mas no caminho da cruz esteve sozinho com Seus próprios sofrimentos. Sempre esteve presente quando alguém necessitou de ajuda. Manifestou Sua simpatia aos que estavam consumidos de dor. Mas no momento em que Ele mesmo passou pela mais vasta angústia, o coração dos demais se fechou para Ele.

Ele havia semeado apenas amor, e na maioria das vezes colheu uma amarga hostilidade. Até mesmo reprovavam Sua confiança em Seu Deus. E Seus discípulos? O Senhor não esperava o consolo da parte dele? Haviam fugido. Jesus devia seguir esse caminho doloroso inteiramente só.

O salmo 22 expressa Seus sentimentos quando estava na cruz: “Como água Me derramei, e todos os Meus ossos se desconjuntaram; o Meu coração é como cera, derreteu-se no meio das Minhas entranhas” (v. 14).

Quem de nós poderia sondar o que foi, naquele momento, a angústia do Salvador? A Ele sejam eternamente o louvor e as ações de graças!

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(Traduzido por Francisco Nunes de “Corazones quebrantados”, da revista Creced 3/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Conselho aos pais (2)

O fundamento: um casal em unidade

O fundamento da família cristã

“Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma […] E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” (Dt 11.18,19).

Um casal em que ambos cônjuges têm um coração e uma consciência profundamente arraigados na Palavra de Deus constitui o fundamento de uma família cristã. Dessa maneira, os filhos aprenderão a conhecer o amor de Deus e a salvação pela fé em Jesus Cristo. Os pais devem ser exemplos da maneira como Deus atua. É o sentido desta instrução: “Atai-as [as palavras de Deus] por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos” (v. 18). Para os filhos, a diferença entre o que os pais dizem e o que fazem é o maior dos obstáculos para conhecerem o caminho de Deus.

A marca da Palavra de Deus deve ser vista na família, tanto no interior quanto no exterior.

O ensino de nossos filhos não se limita simplesmente ao que ouvem na reunião da igreja ou durante a leitura da Bíblia em família – ele deve ser parte integrante de nossas conversas. Em nossas conversas, freqüentemente separamos as coisas espirituais das não espirituais. Em decorrência disso, nossos filhos se tornam “bilíngües”, falam dois idiomas: o do mundo e o do cristianismo. Desse modo, não relacionam a Palavra de Deus com sua vida diária.

A marca da Palavra de Deus deve ser vista na família, tanto no interior quanto no exterior, tanto nos umbrais da casa quanto nas portas (v. 20). Fazemos muitos esforços para mostrar a face cristã da família aos demais, mas, quando a imagem exterior não corresponde à realidade interior, os filhos, quando saírem, tenderão a abandonar sua identidade cristã usada em casa. No entanto, se os pais se ocuparem de seus “umbrais” e de suas “portas”, os filhos crescerão formando seu caráter pessoal com a Palavra de Deus. Não apenas o manifestarão no mundo, mas também serão capazes de transmiti-lo a seus próprios filhos.

 

(J. P. Trotzer. Traduzido por Francisco Nunes de “El fundamento de una familia cristiana”, da revista Creced 3/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Antes do inverno

Inverno na prisão

“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade […] Procura vir antes do inverno” (2Tm 4.13,21).

Preso pela segunda vez em Roma, como um criminoso comum, na prisão Mamertina, uma prisão úmida e sombria, de acordo com a história, onde ninguém podia sequer ficar em pé, o apóstolo Paulo, que tanto havia proclamado o evangelho por todo o império, percorrendo caminhos, rios e desertos, havia chegado ao final de sua vida: “O tempo da minha partida está próximo” (v. 6).

Um após o outro, os companheiros de antes, com exceção de Lucas, haviam partido; uns, é verdade, para o serviço do evangelho; outros, como Demas, por terem amado “o presente século” (v. 10). Eu sua defesa, ninguém esteve a seu lado, todos o abandonaram. Paulo, sendo pregador, apóstolo e mestre dos gentios, havia cumprido seu serviço perfeitamente, combatendo o bom combate e guardando a fé. Paulo havia se alegrado muito vendo a assembléia em Roma, cujos irmãos, anos antes, o haviam animado (At 28.15). Agora ninguém parecia se preocupar com este pobre e velho prisioneiro, que não tinha com que se proteger do frio que estava por chegar. Precisou pedir que lhe trouxessem sua velha capa, que estava na longínqua Trôade. Na verdade, “o inverno” já havia chegado.

Apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração.

E esta súplica se repete: a Timóteo, ele pede: “Procura vir ter comigo depressa […] Procura vir antes do inverno” (vs. 9,21). Em breve, os carrascos conduziriam o condenado ao suplício. Teria ele antes a ocasião e o consolo de ver seu “filho” Timóteo?

Muitos servos do Senhor que estão entre nós chegaram a uma idade avançada. Para eles, o “inverno” chegou; as forças declinaram, a resistência física falta, freqüentemente seus pensamentos se anuviam. Seguramente, eles também desejam que os mais jovens vão vê-los. Ficarão muito gratos por ter amigos que, sem esquecer as necessidades materiais, pensem principalmente naqueles que poderiam alegrar seu coração. Então, esses irmãos em Cristo serão para eles como um raio de luz em circunstâncias muitas vezes sombrias.

Mas, apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração. Alexandre lhe havia causado “muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras” (v. 14). Em seu processo, todos os abandonaram; “mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me […] o Senhor me livrará” (vv. 17,18). “Acabei a carreira […] A coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (vv. 7,8). Do caminho para Damasco até a prisão em Roma, o Senhor havia sido para ele o Amigo fiel que tantas vezes o havia animado: em Corinto, onde chegou com temor e tremor (At 18.9,10); em Jerusalém, na noite em que foi preso (23.11); durante a tempestade em alto mar (27.23-25), quando os passageiros haviam perdido toda a esperança de salvação. Havia chegado “o inverno” com seus tantos sofrimentos. Paulo estava desprovido de tudo, mas, uma vez mais, o Senhor se manteve a seu lado.

Que mensagem deixaria para seu jovem amigo Timóteo, a quem talvez nem sequer voltaria a ver? Uma última palavra, um último desejo: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito” (2Tm 4.22). Timóteo, por sua vez, também teria de sofrer e cumprir plenamente seu serviço, e onde acharia forças senão naquele que era o conteúdo da visão de seu pai espiritual? Por isso, Paulo disse não apenas “o Senhor seja contigo”, mas “com teu espírito”, o qual tão facilmente poderia desfalecer e abandonar a fé.

Não ocorre o mesmo conosco hoje? Se aqueles que nos guiaram durante nossa infância e juventude partirem, um após o outro, se a tarefa que está diante de nós, com as numerosas necessidades, for pesada, se dificuldades reais aparecerem por todos os lados, a mesma promessa permanece: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito”.

(G. A.)

Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego.

A carreira final

O amado apóstolo nos dá uma comovedora idéia das condições finais de seu combate e de sua carreira: a prisão, o frio, a nudez (1Co 4.11; 2Co 11.27; em 2Tm 4.13 pede sua capa), a maldade e a oposição dos homens (vv. 14,15), seu comparecimento diante de César Nero e a ausência de todos os amigos (v. 16). Esses haviam se dispersado, e Demas o havia abandonado. Não é possível fazer parte do grupo dos que amam “o presente século” [este mundo] (v. 10) e também ser dos que amam a vinda do Senhor (v. 8). A epístola termina mencionando o supremo recurso em um tempo de ruína: a graça. Era a saudação do apóstolo (1.2) e também sua despedida (v. 22). Que essa graça esteja com cada um de nós.

(J. K.)

O serviço

O que é o serviço? É ter parte no ministério de amor de Cristo.

Uma vida interior com Deus é o único meio para viver em público por Ele. Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego. Tenho muito temor de que se manifeste um grande ativismo quando há pouco comunhão com o Senhor.
Todo verdadeiro serviço deve resultar do conhecimento do próprio Cristo.

(John Nelson Darby)

 

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 10/2014, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito.)

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Como orar?

Aprender a orar

“Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus; e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento” (1Jo 3.21,22).

A Palavra de Deus contém numerosas exortações concernentes à oração, mas nós as escutamos? Nós as colocamos em prática? E, se o fazemos, por que tiramos tão pouco proveito dela? Seguramente, todos temos experimentado algumas vezes que, depois de orar, erguemo-nos sem gozo no coração, com os mesmos sentimentos de antes. Se isso tem acontecido, é porque não sabemos orar. Talvez o tenhamos feito por rotina, rapidamente, sem tomarmos consciência da presença de Deus.

Como podemos remediar essa situação tão ruim para nosso progresso espiritual? Para saber como, é preciso conhecer as condições para a oração cristã. Aqui falarei de apenas três, que me parecem muito importantes.

Ter presente a grandeza e a santidade de Deus

A primeira condição consiste em saber a quem nos dirigimos. Nos países monárquicos, quando um súdito tem a honra de falar com seu rei, ele o faz com respeito, pesando cada uma de suas palavras, sem esquecer por nenhum instante diante de quem se encontra.

Com muito mais razão, quando orarmos, lembremos que Aquele a quem temos o privilégio de nos dirigirmos é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. É aquele que criou o universo, no qual a Terra, que nos parece tão grande, não é nada mais que um grão de pó. Lembremo-nos também de que diante Dele os serafins exclamam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3). Em resumo, concentremo-nos em Sua grandeza e santidade; assim, evitaremos distrair-nos ou agir com leviandade em Sua presença.

Se nos deixamos guiar pelo Espírito e se, mediante a Palavra de Deus, aprendemos a conhecer Seus pensamentos, saberemos orar como Ele quer

Julgar-nos

A segunda condição é saber julgar-nos a nós mesmos. O grande obstáculo que nos priva da comunhão com o Senhor é a carne, o “velho homem” que está em nós. Sem uma comunhão profunda não pode haver orações verdadeiras. Comecemos, pois, confessando ao Senhor tudo o que naquele momento nos separa Dele: aquela cobiça que nos mancha, aquele pensamento orgulhoso, aquela atitude egoísta ou colérica, assim como as faltas que nos parecem insignificantes. Confessemos tudo isso a Ele. Façamos um juízo severo sobre nós, com uma sincera humildade, profundamente compenetrados de nossa miséria natural e de que não somos nada diante Dele, que é tão grande e santo. Então, a comunhão se estabelecerá entre nossa alma e Deus. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9). Com efeito, ao Deus Todo-poderoso e santo nós também conhecemos como Pai, um Pai cheio de amor e de misericórdia.

Deus se revela por meio da Bíblia

A terceira condição consiste em acompanhar a oração com a leitura de uma passagem da Palavra de Deus. Nas Escrituras, Deus se revela a nós. Portanto, nós a lemos no momento de orar para que Seu Espírito nos encha e possamos conhecer Sua vontade. Há muitos cristãos que oram mal porque oram com uma disposição de coração puramente humana, ou porque o fazem como certos místicos em êxtase, que a consideram como uma influência divina. Tais orações não são segundo Deus. “Também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26). Se nos deixamos guiar pelo Espírito e se, mediante a Palavra de Deus, aprendemos a conhecer Seus pensamentos, saberemos orar como Ele quer. Somente Lhe pediremos o que Ele queira nos dar, tendo sido despojados de nossa própria vontade e estando inteiramente submissos à Dele, que é santa, qualquer que ela seja. “Se vós estiverdes [permanecerdes] em mim, e as minhas palavras estiverem [permanecerem] em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7).

Se essas três condições essenciais se cumprirem todas as vezes em que nos dirigirmos a Deus, nossas orações serão eficazes, nossa vida estará cheia de gozo, de certeza, e nosso testemunho poderá ser uma bênção para os que nos rodeiam. Porque o fato de alegrar-nos verdadeiramente da comunhão com o Senhor produz um efeito em nossa vida cotidiana. “Reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4.13) – isto foi dito de Pedro e João. Que seja realidade também para cada um de nós.

(Ch. F.)

“As vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.6,7).

“Esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” (1Jo 5.14,15).

Essas passagens nos lembram primeiramente aquele em quem cremos (2Tm 1.12). Nossa fé se apoia nas promessas. Mas o valor de uma promessa está ligado à natureza de quem a fez. Pedro fala de “grandíssimas e preciosas promessas” (2Pe 1.4), pois é um grande Deus quem as fez, e elas têm Cristo como garantia, precioso para o coração de Deus e do crente.

A vontade divina – boa, agradável e perfeita – molda nosso entendimento e nos conduz a fazer petições sábias, de modo que possam ser ouvidas por Deus. Entre os versículos 14 e 15 de 1João 5 é possível que transcorra certo tempo, apropriado para exercer a paciência da fé. Mas a fé tem o privilégio de considerar a coisa pedida como já outorgada. Os verbos nos versículos estão no presente: desde o momento em que a petição foi apresentada, sabemos que temos as coisas que pedimos.

(J. K.)

(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 09/2014, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito.)

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Devoção

Devoção demanda entrega total

A devoção se caracteriza pelo fato de não estar condicionada à necessidade, como a obediência. Ela é o resultado de um impulso do coração, do centro das inclinações e dos motivos profundos. Não é a resposta a um mandamento, e se encontra acima de toda forma de subordinação, quer seja a vontade de outra pessoa ou a obrigação que se deriva de um relacionamento.

A devoção de Cristo

“Cristo […] pelo Espírito eterno se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9.14). Eis aqui a expressão da maravilhosa devoção que fez Cristo agir voluntariamente e que revelou, assim, o motivo profundo de Seu coração: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu” (Sl 40.8).

Essa maneira espontânea de nosso Senhor agir, seguindo o movimento de Seu próprio coração, é o pensamento dominante do Evangelho de João. Encontramos ali a obra da cruz sob o caráter do holocausto. “Por isto o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou” (Jo 10.17,18). A morte do Senhor era necessária para nossa salvação, ambas são inseparáveis; mas o motivo específico do Evangelho de João é a devoção do Senhor. O holocausto evoca o que Deus encontrou na morte do Senhor, esse “cheiro suave” (Ef 5.2) que somente Ele podia apreciar e que, de uma maneira muito especial, respondia a Seu amor.

João 10 registra o restante do que o Senhor disse: “Tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de Meu Pai” (v. 18). Em virtude de Sua divindade, o Senhor era completamente livre com respeito à morte e à ressurreição, mas não fez nada de sua própria autoridade. Por isso, fala de um “mandamento”. Mas Seu ato de devoção se cumpria no perfeito acordo de Seu coração com o do Pai. Foi isso que o caracterizou em Sua vida de homem na terra.

A devoção de três valentes

Davi havia sido ungido rei, mas ainda não havia subido ao trono. Tinha de sofrer ainda a hostilidade de Saul e, além disso, lutar continuamente contra os filisteus para defender o povo de Deus. Um dia, durante o calor do tempo da sega, teve o desejo de beber da água do poço de seu povoado natal, ocupado pelos filisteus naquele momento, e deixou escapar as palavras: “Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!” (2Sm 23.15). Três de seus homens o ouviram e, sem que ele os houvesse mandado, irromperam pelo acampamento dos filisteus e lhe trouxeram água daquele poço.

Por que essa água? Não havia água para tomar em outro lugar? Eles não se fizeram essas perguntas, pois, onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas. Davi sentiu profundamente essa devoção. Viu nessa água a vida de seus companheiros, que a expuseram por ele. Por isso, “derramou-a perante o Senhor” (v. 16). E podemos estar certos de que seus homens o compreenderam muito bem. Precisamente porque essa água era preciosa para Davi, ela pertencia a Deus. Muitos anos depois, o Espírito Santo dá deles este testemunho eterno: “Isto fizeram aqueles três poderosos” (v. 17).

Onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas.

Mas notemos ainda isto: se a devoção não tem relação com a necessidade, isso não quer dizer que o ato em si seja inútil. Não foi inútil regozijar o coração de Davi, o que é manifestado pelo testemunho do Espírito Santo. Também não foi inútil o ato de Maria quando derramou sobre o Senhor Jesus um perfume de nardo puro de muito preço, mesmo que alguns considerassem isso um desperdício (Jo 12.3-5).

A devoção do apóstolo Paulo

“Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar por vossa alma, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2Co 12.15).

Se houve um servo do Senhor do qual podemos aprender o que seja um serviço de devoção, é o apóstolo Paulo. Desde o dia em que o Senhor glorificado lhe apareceu na estrada de Damasco, para ele viver nada mais era que Cristo. Em Paulo, encontramos todas as virtudes de um servo: o amor pelo Senhor e pelas almas, o zelo, a perseverança, a humildade… Estava pronto para sofrer e para dar tudo o que tinha e era. Nele havia uma devoção sem limites.

A devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção.

Paulo era plenamente consciente de que “cada um receberá de Deus o louvor” (1Co 4.5), e essa aprovação orientava sua vida. A idéia do tribunal de Cristo o motivava a procurar ser agradável a Deus (2Co 5.9,10). E a coroa da justiça que receberia naquele dia era um consolo para a última e difícil etapa de sua carreira na terra (2Tm 4.8). Mas jamais a aprovação dos homens.

O versículo citado mais acima é uma palavra especialmente comovente que Paulo escreveu aos coríntios, os quais lhe causavam tanta preocupação. Talvez seja a mais emocionante que ele tenha escrito sobre si mesmo, pelo menos nessa carta que, do princípio ao fim, é um combate para ganhar o corações dos coríntios. Aqui vemos a devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção. “Meu galardão [está] perante o Meu Deus”: essa palavra de Isaías 49.4, que aplicamos com gosto ao Senhor Jesus, também pode ser aplicada ao apóstolo Paulo.

 

(E. E. Hücking. Traduzido por Francisco Nunes de “Devoción”, da revista Creced 1/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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C. H. Mackintosh Deus Heresias Igreja Irmãos Serviço cristão Vida cristã

As últimas cenas de Malaquias e de Judas

Esses dois livros inspirados têm em comum o fato de tanto o profeta quanto o apóstolo descreverem cenas de ruína e de apostasia – abandono da fé –: o primeiro no âmbito do judaísmo e o último, no da cristandade.

Malaquias
“‘Eu vos tenho amado’, diz o Senhor. Mas vós dizeis: ‘Em que nos tem amado?’ […] E vós dizeis: ‘Em que nós temos desprezado o teu nome?’” (Ml 1.2-6)
“Em que nos tem amado?” Depois de tudo o que Deus havia feito por Seu povo, essa pergunta demonstrava um estado de coração insensível ao amor divino. Ofereciam-Lhe pão imundo – animais cegos, coxos ou enfermos – e diziam: “A mesa do Senhor é desprezível! […] Eis aqui, que canseira!” (vv. 7,13). Perguntavam descaradamente: “Em que nós temos desprezado o Teu nome?” (v. 6). O culto público a Deus havia caído em um desprezo total: havia passado a ser uma verdadeira canseira, uma formalidade sem sentido, uma rotina sem atrativo e fria.
Mas esse quadro também nos apresenta outro aspecto. Havia um remanescente, aqueles que temiam a Jeová e falavam cada um a seu companheiro (3.16). Nesse remanescente não havia pretensão, nenhum pensamento de restabelecer algo, nenhuma tentativa para reconstruir as ruínas, nenhum alarde de poder. Permanecia somente o sentimento da fraqueza, mas o olhar era dirigido a Deus.
Que lições nos dão essas últimas cenas de Malaquias?
1. O fato de tudo ser ruína e sem esperança não deve impedir que aqueles que amam e temem o Senhor falem Dele cada um a seu companheiro e pensem no precioso nome Dele.
2. Permite-se à alma humilde, cheia de confiança e obediente, provar da mais profunda e rica comunhão com Deus.
3. Aqueles que individualmente se julgam e se humilham diante de Deus podem saborear Sua presença e Sua bênção sem obstáculos nem limites.

Judas
“Amados, […] tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, […] homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo” (Jd 3,4).
Aqui temos uma imagem mais espantosa da corrupção e da apostasia do que aquela apresentada por Malaquias.
O apóstolo se sentiu obrigado a fortalecer nossa alma contra o erro e o mal que ameaçam as próprias bases da fé, porque o fato de converter a graça em libertinagem e negar ao Senhor é pior do que tudo o que encontramos em Malaquias.
Para combater ardentemente pela fé, somos exortados a fazer estas quatro coisas: edificar-nos, orar, conservar e esperar (vv. 20,21). Não há um verdadeiro crente que não possa cumprir uma ou todas essas tarefas de serviço; sim, cada um de nós é responsável por agir assim. Podemos edificar-nos sobre nossa fé santíssima; podemos orar no Espírito Santo; podemos conservar-nos no amor de Deus, e, fazendo essas coisas, podemos esperar a misericórdias de nosso Senhor, Jesus Cristo.
A responsabilidade do remanescente cristão vai mais além da esfera de seu próprio círculo (vv. 22,23). [Esses fiéis] devem lançar um olhar afetuoso e estender uma mão que socorra às preciosas almas que se encontram no meio das ruínas da cristandade. “Alguns” devem ser considerados com compaixão; “alguns” devem ser salvos com misericordioso temor, a fim de não participar de suas imundícias.
Nesta epístola, fala-se muito de “quedas”: de Israel (v. 5), de anjos (v. 6), de cidades (v. 7), mas, bendito seja Deus!, há Aquele que pode nos guardar de tropeçar, e a Seus cuidados nos encomendamos (v. 24)

(C. H. Mackintosh. Traduzido por Francisco Nunes do artigo “Las últimas escenas de Malaquías y de Judas”, revista Creced, n. 4/2014, págs. 110-112, Versoix-Genève, Suíça. O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, exclusivamente de forma gratuita, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria como de tradução.)

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Evangelho Irmãos Testemunho

Uma grande missão (E. A. Bremicker)

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

Essa missão data de quase dois mil anos, mas não perdeu nada de sua atualidade. Por meio dessas palavras, o Senhor ressurreto põe no coração de Seus discípulos levar a mensagem do Evangelho por todo o mundo. Poderia haver uma missão mais importante?

Os discípulos haviam vivido três anos com o Senhor Jesus. Haviam ouvido como o Perfeito profeta de Deus falou às multidões. Viram como curou e salvou a muitos. Foram testemunhas de Sua crucificação; a seguir O viram ressuscitado no meio deles. Seu Senhor era o Vencedor sobre a morte. Inicialmente, não quiseram crer em Sua ressurreição, e o Senhor teve até mesmo de reprovar-lhes a incredulidade e a dureza de coração (Mc 16.14). Apesar de tudo, agora recebem esta grande missão: ir por todo omundo a fim de anunciar a mensagem da cruz.

Nenhum de nós viu o Senhor Jesus com os próprios olhos. E, no entanto, todos aqueles que O aceitaram pela fé tiveram um encontro pessoal com Ele. Nós O conhecemos como aquele que morreu, foi sepultado e ressuscitou vitorioso. Nós nos apropriamos de tudo isso pela fé e com o coração. E, com os olhos de nosso coração, podemos vê-Lo agora no céu, à destra de Deus.

Aquele cujo coração está cheio da pessoa de seu Senhor também fala disso. Se nosso privilégio é abrir a boca diante Dele para expressar-Lhe nosso agradecimento pelo que fez de nós, não esqueçamos que nos deu a missão de ir ao mundo a fim de levar aos homens as boas-novas. Vamos tratar desse tema agora.

Quem dá esta missão?
O próprio Senhor Jesus. Aquele que, na Terra, falou aos homens da parte de Deus. Aquele que, como prova de Seu amor por cada um de nós, deu a vida na cruz, entrou na morte, foi sepultado, ressuscitou vitorioso e ascendeu ao céu. Ele não teria o direito de dar essa missão? E aqueles a quem redimiu não devem cumpri-la? Poderíamos rejeitá-la?

A quem foi dada?
Quando o Senhor pronunciou essas palavras, dirigiu-se primeiramente aos onze discípulos. Que tipo de homens eram? Todos haviam abandonado a seu Senhor diante do perigo. Pedro até O negou. Quando chegou o momento de sepultar o Senhor, nenhum deles teve coragem de pedir Seu corpo. E quando lhes foi anunciada Sua ressurreição, não creram (Mc 16.11-13). O Senhor teve de repreendê-los por sua incredulidade. Era possível que uma missão tão importante fosse dada a mensageiros tão imperfeitos? Apesar de tudo, o Senhor o fez. Nós não somos melhores que os discípulos! E, apesar disso, Jesus quer empregar hoje pessoas fracas e insignificantes como nós. Não temos em nós mesmos nenhuma qualificação para o serviço e para o testemunho, mas o Senhor quer fazer-nos capazes.

Ide
O Senhor disse expressamente: “Ide”. Isso significa que devemos levantar-nos e mover-nos. Não devemos esperar que as pessoas venham a nós nem contentar-nos com fazer com que venham. Somos nós os que devemos tomar a iniciativa e ir. O cristão tem um campo de atividade no exterior, sobre o terreno. Esse serviço começa ali onde o Senhor nos colocou. Ir significa ser ativo. A esse respeito, tenhamos cuidado de não confundir atividade com ativismo. Quando a atividade se converte em um fim em si mesma, não fazemos mais do que dar voltas em vão ou golpear o ar. Se desejamos ser ativos, deve ser por amor ao Senhor e em obediência a Ele, que fez tudo por nós, e não para satisfazer o desejo carnal de aparecer.

Por todo o mundo
O Senhor disse: “Ide por todo o mundo”. Para os discípulos isso era uma nova dimensão. Estavam acostumados a pensar nos limites de Israel, e o serviço do próprio Jesus não havia passado desses limites até aquele momento. Mas a grande missão que lhes era dada agora acabava com esses limites. No entanto, notemos que “todo o mundo” começa em nossa casa. O primeiro lugar onde devemos dar testemunho do Senhor Jesus é o lugar em que vivemos. Ali começa nosso “campo misionário”. O Senhor usa somente aqueles que são fiéis nas pequenas coisas e dirigirá a cada um como melhor Lhe parecer, segundo Sua sabedoria.

Pregai
O “meio” pelo qual se difunde o evangelho é a pregação. O Senhor disse “Ide […] pregai”. Paulo, mais tarde, disse que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Disso procede a exortação a Timóteo: “Prega a palavra” (2Tm 4.2). Não devemos levar aos homens um evangelho adaptado ao século em que vivemos, mas a Palavra de Deus. E, para isso, não é necessário ser um pregado profissional. Às vezes temos ocasião de levar o evangelho a alguém com quem temos um encontro pessoal. Esse é sempre um meio muito bom. Também há “pregadores silenciosos”, que são um folheto ou uma revista evangélica. Enfim, não esqueçamos de que todas as nossas atitudes, nossos atos e gestos devem ser uma pregação visível (veja Fp 2.15).

O evangelho
As boas-novas são “o evangelho da […] salvação” (Ef 1.13), pois elas trazem libertação ao homem perdido. É o “evangelho da graça de Deus” (At 20.24) porque revela que Deus está cheio de graça para o pecador. Por ele, o homem sabe que, se o Deus justo e santo pode lhe oferecer a salvação e a vida, é porque deu Seu próprio Filho em propiciação pelos pecados. A expressão “evangelho de Deus” (1Ts 2.9) nos mostra que Deus é a origem; e é o “evangelho de Jesus Cristo” porque Ele é o centro. E, uma vez que o Senhor Jesus está glorificado no céu, o evangelho inclui não somente a mensagem dirigida aos perdidos, mas também proclama todas as riquezas que Deus deu a quem crê em Cristo (veja Rm 1.15). Quão ricas são estas boas-novas de Deus que nos são anunciadas! E é precisamente esta a mensagem que devemos transmitir.

A toda criatura
A mensagem de Deus se dirige ao mundo inteiro, a todos os seres humanos. Não há nenhum homem na Terra ao qual não se dirija essa mensagem. Todos podem e devem vir. Todos estão convidados. “A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Não importa sua raça, nacionalidade ou posição social, as boas-novas de Deus são para todos. Ele quer salvar a todos. A única condição é que reconheçam que estão perdidos. O Senhor Jesus disse: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” (Mc 2.17).

Levamos a sério, pessoalmente, a missão que o Senhor confiou a Seus discípulos? Não se trata do que meu irmão ou minha irmã faz, mas do que eu mesmo devo fazer. Depois de ter confiado essa missão a Seus discípulos, “o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus” (16.19). O Evangelho de Marcos termina mostrando-nos os discípulos obedecendo à ordem recebida: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (v. 20).

Para terminar, vamos recordar as palavras dos quatro homens leprosos de Israel que, depois de chegar ao acampamento dos sírios e ver a grande libertação que Deus havia operado a favor de todo o povo, primeiro guardaram para eles o espólio e “então disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, algum mal nos sobrevirá” (2Rs 7.9). Alguns dias depois da ascensão do Senhor, dois dos discípulos disseram: “Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (At 4.20). Que estas palavras nos animem a cumprir fielmente a missão que o Senhor entregou a Seus discípulos há muito tempo!

(Traduzido por Francisco Nunes do artigo “Una grand misión”, revista Creced, n. 2/2014, marzo-abril, publicada por Ediciones Bíblicas, Perroy, Suíça.)

(O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, exclusivamente de forma gratuita, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria como de tradução.)

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Irmãos Oração

Nossa vida de oração (G. Setzer)

“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.” (Efésios 6.18)

Neste capítulo de Efésios, a partir do versículo 10, o tema é “toda a armadura de Deus”, da qual o cristão necessita para poder estar firme contra os ataques do diabo. Paulo usa a imagem de uma armadura romana tal como era usada pelos soldados de sua época. Ele menciona a oração como ponto fulminante, e nisso ele vai muito além da mera imagem.

No versículo 18, o apóstolo utiliza quatro vezes a palavra “todo” ou equivalente, mostrando-nos quatro ensinamentos precisos para nossa vida de oração. Elas tem relação com o tempo da oração, com os tipos de oração, com a perseverança em oração e com os motivos de oração.

O tempo da oração

“Orando em todo o tempo”.
Aqui somos exortados a orar em todo o tempo, ou seja, não somente nos momentos habituais, de manhã ou à noite, ou quando estamos em grandes dificuldades ou diante de decisões importantes. A oração deveria caracterizar nossa vida cotidiana.

O apóstolo Paulo fazia isso real em sua vida de fé. Por exemplo, em 2Tessalonicenses, indica que ele mesmo e seus colaboradores davam graças e oravam sempre por aqueles cristãos (1.3,11), e, na primeira carta, diz: “Orando abundantemente dia e noite” (3.10).

Tipos de oração

“Com toda a oração e súplica no Espírito”.
De acordo com as circunstâncias e com o que o Espírito diz a nosso coração, podemos nos dedicar a diferentes tipos de oração. Não pedimos apenas por coisa específicas para nós mesmos e para os demais de acordo com as necessidades que conhecemos, mas também suplicamos, intercedemos, combatemos, louvamos e exaltamos a Deus e confessamos nossas falhas.
O apóstolo Paulo sabia dar graças a Deus (Rm 1,8), bendizê-Lo (2Co 1.3), dar-Lhe glória (Ef 3.21), intercedia por cristãos individualmente (2Tm 1.3) ou coletivamente (Cl 1.9-11).

A perseverança em oração

“Vigiando nisto com toda a perseverança e súplica”.
Não devemos nos descuidar da oração, mas perseverar nela, e com “toda a perseverança”. O Senhor animava Seus discípulos a “orar sempre e nunca desfalecer” (Lc 18.1).

O apóstolo Paulo nos dá um exemplo notável. Tendo ouvido da fé e do amor dos efésios, não cessava de dar graças por eles e de lembrar deles em suas orações (Ef 1.15,16). O mesmo ocorria com relação aos cristãos de Colossos, dos quais havia ouvido por Epafras: não cessava de orar por eles e de pedir que fossem “cheios do conhecimento da sua [de Deus] vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual” (Cl 1.9).

Os motivos de oração

“Por todos os santos.”
Apresentamos a Deus as necessidades específicas que conhecemos e que Ele põe em nosso coração. No entanto, o apóstolo nos convida a orar por todos os cristãos, não somente por nossos parentes, amigos ou aqueles a quem conhecemos. Não podemos exluir nenhum cristão do alcance de nossa oração; deve haver um lugar para cada um deles em nosso coração.

O apóstolo acrescenta: “E por mim“.

Os obreiros do SEnhor sentem a necessidade das orações dos crentes a seu favor, para sutentá-los em seu serviço e em suas circunstâncias, freqüentemente adversas.

Considerando as epístolas de Paulo, vemos que ele punha em prática o que nos exorta a fazer, aqui em Efésios. Sua vida de oração era abundante. Orava intensamente pelos crentes de Roma, de Éfeso, de Corinto, de Colossos e de muitos outros lugares. A cada dia, sua grande preocupação era com todas as igrejas (2Co 11.28) e, desse peso no coração, resultavam numerosas orações.

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(Autoria: G. Setzer. Traduzido por Francisco Nunes da revista Creced, mayo-junio, n. 3/2013, publicada por Ediciones Bíblicas, Perroy, Suíça. O texto pode ser usado e distribuído livremente, desde que não alterado, com a indicação de autoria, fonte e tradução. Proibido seu uso com fins comerciais.)

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