Um novo ano é sempre um bom momento para (re)começarmos a leitura da Bíblia. Sei dos imensos desafios que a vida moderna nos impõe até mesmo (ou principalmente) com respeito a nossas disciplinas espirituais: comunhão com o Senhor, oração, leitura devocional e estudo das Escrituras, meditação, etc. Mas devemos insistir, pedindo a graça e o poder do Senhor. Não há outro meio de sermos cristãos maduros e bem firmados na verdade sem um contato constante, sério, profundo e intencional com o Livro Antigo. Como disse A. W. Tozer:
Nunca vi um cristão útil que não seja estudante da Bíblia. Não existem atalhos para a santidade.
Visando ajudar os leitores nessa fundamental tarefa, coletei na internet algumas sugestões de planos de leitura da Bíblia. Estão no arquivo zipado que você encontra aqui. Escolha o que for mais adequado a você e use-o com dedicação, diariamente.
Planos de leitura da Bíblia
O plano cronológico sugere a leitura dos livros da Bíblia, não na ordem em que se encontram, mas pela sequência dos fatos registrados.
O calendar_mccheyne apresenta o plano de leitura idealizado por Robert McCheyne, no qual há uma leitura individual e uma leitura em família. (É o que mais indico. Há alguns anos, desenvolvi uma Bíblia que traz essas leituras para cada dia do ano. Chama-se Bíblia Devocional Robert McCheyne. Parece-me que, infelizmente, ela não é mais publicada.) E há um plano adaptado, que exclui uma das leituras.
Há um plano para ler a Bíblia toda em três meses e um para ler apenas o Novo Testamento, Salmos e Provérbios. Há planos para novos convertidos, para crianças, em que os livros são lidos de modo alternado ou misturados. Há um plano que considera os meses tendo 25 dias, para que haja tempo para meditação e para repôr alguma leitura.
Há dois planos em formato de planilha, que permitem acompanhar seu progresso (é preciso habilitar as macros).
Independente do método escolhido, o fundamental é o contato diário com a Palavra de Deus. Para isso, com certeza será preciso organizar a vida, estabelecer horários a fim de ser possível separar um tempo a cada dia para estar a sós com Deus e com Seu Livro.
Não há vida cristã sem a Palavra de Deus. Não há maturidade cristã sem contato constante e sério com a Sagrada Escritura. Não é possível conhecer de fato a Deus à parte da Santa Palavra. Não é possível conhecer a vontade de Deus sem buscá-la no Livro Antigo. Não é possível viver de modo agradável a Deus sem submeter-se ao Sagrado Livro. Não é possível ter uma fé robusta sem alimentá-la com o Santo Texto. Ninguém se volta para Deus sem voltar-se para Sua Palavra. Ninguém ama a Deus sem amar Seu Livro.
Leia a Bíblia na presença do Senhor, na dependência de Seu Espírito, sob a operação da cruz, com santo temor, com coração humilde, com santa expectativa, com alegria, com amor, com desejo de que Deus fale por meio dela. Já disse alguém: “Você quer ouvir Deus falar? Leia a Bíblia. Quer ouvir Deus falar com voz audível? Leia a Bíblia em voz alta!”
Desejo que o Senhor abençoe você a cada dia do novo ano por meio de Sua Palavra.
Estou certo de que você entende que não basta estar meramente separado do mundo, pois podemos estar separados e muito orgulhosos disso.
(François Fénelon)
Deus não se torna maior se você O reverencia, mas você se torna maior se O serve.
(Agostinho)
Nunca assuma mais serviço cristão se você não for capaz de dar conta dele mediante a oração da fé.
(Alan Redpath)
Deus não precisa de seus talentos, sabedoria, santidade e força. Pelo contrário, você, em fraqueza, precisa desesperadamente do poder do Espírito Dele em seus trabalhos.
(Walter J. Chantry)
Você nunca experimenta os recursos de Deus enquanto não tenta o impossível.
(F. B. Meyer)
Deus tem uma obra a realizar neste mundo; fugir dessa obra por causa das dificuldades e obstáculos é rejeitar Sua autoridade.
(John Owen)
Todos os gigantes de Deus foram homens fracos que fizeram grandes coisas para Deus porque se basearam na presença divina com eles.
“Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb 12.22).
Durante o reino de Cristo na terra, Jerusalém, a “cidade do grande Rei” será sua metrópole terrena e o centro do mundo. Mas nas regiões celestiais haverá outra “cidade”, da qual aquela na terra é apenas um reflexo. Naquela região onde a essência do ser é espírito, Deus terá uma metrópole espiritual, sendo Ele mesmo o arquiteto que desenhou e o construtor que a edificou (Hb 11.10). E as pessoas da igreja dos primogênitos, espíritos aperfeiçoados habitando corpos espirituais incorruptíveis, formarão aquele lugar de habitação de Deus.
Durante a visão de Apocalipse, João ouvira uma grande multidão no céu regozijando-se porque a hora havia chegado para o tão esperado casamento do Cordeiro, mas ele ainda não havia visto a Noiva. E pode ser que, à medida que as poderosas visões progrediam, e a era milenar passava para o estado eterno, ele interiormente estranhasse tal omissão. Mas, depois que tudo fora mostrado a ele, a Noiva foi revelada para seu olhar extasiado, pois ele diz: “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me” – mostrou-me o quê? Uma noiva? Não – “uma cidade, a santa cidade de Jerusalém” (Ap 21.9,10).
Então, a “cidade” é a “noiva”, e visto que a última é figura de uma companhia de pessoas, a primeira também o é. A afirmativa de que a “cidade” é uma interpretação da figura de linguagem “noiva” não tem fundamento na passagem. O anjo não disse a João: “Vou interpretar ou explicar para você a metáfora da noiva”; porém, ele disse: “Mostrar-te-ei a noiva”, isto é,“vou te dar uma visão dela”. Assim “a cidade” é uma segunda visão em símbolo da mesma companhia da qual a “noiva” era o símbolo anterior. Tal duplicação de metáforas oriental é comum na Escritura. A figura da noiva não era mais adequada para revelar a glória da Igreja, nem seu mais elevado ofício como o lugar de habitação de Deus num universo reconciliado, do qual todos os ímpios haviam sido banidos. Por isso a cidade entra em cena; e a natureza, a arte e a linguagem se esgotam para descrever seu esplendor.
Ao interpretar a visão, um erro é particularmente comum, a saber: falar da cidade como sendo um lugar no qual todos os membros da igreja de Deus entrarão e serão abençoados. Essa noção efetivamente impede qualquer entendimento correto do assunto. A noiva, isto é, a igreja celestial glorificada dos primogênitos é a cidade. Outros salvos entram por suas portas; estes a compõem.
Pode ser difícil especificar um sentido exato para cada um dos detalhes dados, mas as principais características descritas prontamente oferecem seu ensino.
Em Seus santos celestiais, Deus habitará tão pessoalmente e estará presente de modo tão real, que eles serão para Ele o que uma cidade-capital era para um monarca: um lugar de residência, um cenário para a demonstração de Sua majestade, um lugar a que Seus súditos poderão vir para negociação com Ele e um centro de governo ao redor do qual a vida corporativa do império pode girar.
“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (21.14). Para os membros da igreja, esse não era um pensamento novo, pois lhes fora ensinado anteriormente que eles, como um corpo coletivo, eram “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2.20). Historicamente, é sobre a pregação, o ensino, o labor e os sofrimentos dos apóstolos que a igreja é edificada; e de seus ensinos Cristo Jesus mesmo era o tema todo proeminente (a principal “pedra de esquina”), unindo o fundamento e proporcionando unidade e estabilidade ao edifício.
“As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória” (Ap 21.24). Será sob a direção beneficente dos santos celestiais que as nações, por tanto tempo separadas“da vida de Deus pela ignorância que há” nelas (Ef 4.18), aprenderão a andar em Seu temor; e elas, por sua vez, honrarão estes que são assim a causa da sua eterna bênção.
Mas assim como será por reconhecerem a Israel como a principal nação sobre a terra pela vontade de Deus, é que os gentios reconhecerão a soberania de Deus. Portanto, por meio de Israel como intermediário é que eles desfrutarão das bênçãos dispensadas por meio da igreja; e por isso, nos portais da cidade está escrito o nome das doze tribos de Israel. Para os gentios, o meio de acesso às bênçãos celestiais será honrando a Israel (Is 14.2; 49.22,23; 60.12; 66.20; 66.20; Sf 3.10; Zc 8.20-23). Seria tão irracional “espiritualizar” o Israel literal desta figura (Ap 21.12) como “espiritualizar” os doze apóstolos do Cordeiro que são mencionados em seguida (v. 14).
O Espírito Santo de Deus fluirá assim através da igreja para a vivificação de todos, conforme a figura do rio da água da vida; e será em resposta à obediência que os povos terão seus benefícios do Rio, pois este procede do trono de Deus e do Cordeiro.
Na Jerusalém terrena dois montes são proeminentes: o monte Moriá e o monte Sião. O monte Moriá foi coroado com o templo de Salomão; porém, na Jerusalém celestial não é visto templo algum (v. 22), pois Deus não mais habita oculto atrás de um véu, visto que o Calvário tornou possível Sua habitação com os homens (21.3). Mas o monte Sião é fundado em Sua esfera eterna. Naquele monte, na cidade terrena, ficava o palácio de Davi (2Sm 5.7-9) e era a suprema corte de justiça para o reino, pois “ali estão postos os tronos e juízo, os tronos da casa de Davi” (Sl 122.5). Não um trono, mas tronos são mencionados. Quão preciso é o quadro profético das coisas que ainda hão de acontecer; pois Cristo, o Filho de Davi, associará consigo mesmo, em Seu ofício real, aqueles que foram considerados dignos de Seu chamamento e alcançaram este pináculo de honra, para reinar com Ele para todo o sempre (Ap 22.5). E, assim como muitos habitavam em Jerusalém e poucos comparativamente no monte Sião, não há aqui novamente a indicação de que os que hão de alcançar a bem- aventurança da “cidade” serão em número muito maior do que aqueles que serão coroados de honra e reinarão num trono no monte Sião? “Uma estrela”, mesmo sendo uma estrela de verdade, isto é, um ser celestial, “difere em glória de outra estrela” (1Co 15.41).
Daquele estado glorioso, eterno e supremo é declarada uma sétupla perfeição (Ap 22.3-5): “Ali não haverá mais maldição” – bênção e perfeição plenas –; “nela estará o trono de Deus e do Cordeiro” – governo perfeito –; “e os seus servos o servirão” – serviço perfeito –; “e verão a sua face” – comunhão perfeita –; “e nas sua frontes estará o seu nome” – semelhança e identificação perfeitas –; “e ali não haverá mais noite” – conhecimento e força perfeitos –; “e reinarão pelos séculos dos séculos” – glória perfeita.
Orar é um trabalho espiritual, e a natureza humana não gosta de tão árduo trabalho. A natureza humana deseja velejar para os céus pelo impulso de uma brisa favorável, sobre um mar cheio e calmo.
Orar é um trabalho humilhante. Humilha o intelecto e o orgulho, crucifica a vanglória, assinala nossa derrota… e tudo isso é duro para a carne e o sangue. É mais fácil não orar do que suportar essas coisas.
Assim chegamos a um dos males clamorosos destes tempos, talvez de todos os tempos: pouca oração ou nenhuma. Destes dois males, talvez a pouca oração seja pior do que não orar. Orar pouco é uma espécie de desculpa, um desencargo de consciência, uma farsa e uma ilusão.
A gratidão enche a alma com o sol de Deus, enquanto a ingratidão fecha as janelas da alma, não permitindo que brilhe a luz de Deus, transformando a vida em neblina. Para o crente, toda circunstância deverá ser causa de louvor.
(John MacArthur Jr.)
Não há qualquer tipo de obediência que prestemos a Deus contra o qual o pecado não se oponha. E, quanto mais espiritualidade ou santidade houver no que fazemos, maior é esta oposição. Assim, aqueles que buscam oferecer o melhor a Deus são os que experimentam a oposição mais forte.
(John Owen)
Deus tornou-se tão precioso para mim que o mundo, com todos os seus prazeres, tornou-se infinitamente vil.
(David Brainerd)
Resolvi sempre refletir e me perguntar, depois da adversidade e das aflições, no que fui aperfeiçoado ou melhorado mediante as dificuldades; que benefícios me vieram por meio delas e o que poderia ter acontecido comigo, caso tivesse agido de outra maneira.
(Jonathan Edwards)
Enquanto você está mantido sob a cruz, seu inimigo não ousa se aproximar de você, o pecado não terá domínio sobre você, nem Satanás, seu acusador, lhe condenará.
(Octavius Winslow)
A batalha é quase sempre ganha na mente. É pela renovação de nossa mente que nosso caráter e nosso comportamento se transformam.
(John Stott)
A obra divina precisa ser iniciada com a iniciativa divina.
Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, Ele nunca teria sido crucificado.
Como você pode derrubar as fortalezas de Satanás se não tem força nem para desligar a TV?
Sabe o que me deixa perplexo? Os discípulos nunca disseram a Jesus: “Senhor, ensina-nos a pregar”. Eles ouviram o maior sermão já pregado, pelo maior Homem que já viveu, o Sermão do Monte; mesmo assim nenhum deles disse: “Senhor, ensina-nos a pregar.” Eles nunca disseram: “Senhor, ensina-nos a operar milagres.” Eles disseram:“Senhor, ensina-nos a orar!”
Por que tarda o avivamento? A resposta é muito simples. Tarda porque muitos pregadores e evangelistas estão mais preocupados com dinheiro, fama e aceitação pessoal do que em levar os perdidos ao arrependimento.
Quantos de nós conhecemos alguém que está consciente da eternidade? O que a América precisa é alguém que passe por todas as igrejas e pregue por uma semana sobre a eternidade. Que pregue um dia sobre “o Tribunal de Cristo”; um dia sobre “o julgamento dos crentes” e um dia sobre “as bodas do Cordeiro”. Mais uma vez, eu já lhes disse antes: eu não quero só ir para o céu. Quero ir para as Bodas do Cordeiro. Eu não quero apenas ir para as bodas. Quero fazer parte da Noiva!
Eu certamente acredito em meu coração que não somos conscientes da eternidade. Vivemos para o cotidiano. Devemos viver com os valores da eternidade em vista.
Você acha que uma pessoa que está pronta para a eternidade perderia uma reunião de oração?
Vejo que Jesus está vindo para governar a terra. Não para morrer, não para ser empurrado, mas está vindo para governar a terra. A Palavra de Deus diz que pelo menos alguns irão reinar com Ele. Quem vai reinar com Ele? Os vencedores! Vencendo a tentação, vencendo o mundo, vencendo seus próprios desejos, sendo completamente controlados por Deus.
Durante anos eu encerrei todas as noites de oração do mesmo modo. Eu dizia: “Ó Senhor, não me diga naquele grande dia: ‘Ravenhill, eu tinha muitas coisas para lhe dizer, mas você não poderia suportá-las.’ Você não conta os segredos de família a seus filhos pequenos. Você quer falar com alguém que entenda.
Estou convencido, do fundo do coração, que o entretenimento é o substituto diabólico para a verdadeira alegria.
Nascido em Leeds, Yorkshire (Inglaterra), Ravenhill foi educado na Cliff College, aos pés do ministério de Samuel Chadwick. Suas reuniões durante a Segunda Guerra atraíram grandes multidões, produzindo ministros e missionários.
Era um escritor prolífico e amigo próximo de A. W. Tozer. Por meio de seu ensino e de seus livros, Ravenhill apontou as disparidades que percebia entre a Igreja do Novo Testamento e a Igreja moderna e apelou para a adesão aos princípios do reavivamento bíblico. Tozer disse de Ravenhill: “Para homens como este, a Igreja tem uma dívida muito pesada para pagar. O curioso é que ela raramente tenta pagá-la enquanto ele vive. Pelo contrário, a próxima geração constrói seu sepulcro e escreve sua biografia – como se instintivamente cumprisse a obrigação que a geração anterior, em grande medida, tinha ignorado”.
Faleceu em 27 de novembro de 1994 e foi enterrado no mesmo espaço do cantor Keith Green, seu aluno na fé.
“Pregamos a Cristo crucificado […] escândalo” (1Co 1.23).
Um grande clamor subiu dos judeus zombeteiros, insultuosos, o qual chegou ao Redentor crucificado: “Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e crê-Lo-emos”. Nós lemos que “o mesmo Lhe lançaram também em rosto os salteadores que com Ele estavam crucificado” (Mt 27.42,44).
Nos últimos anos, um grande clamor, um eco dessa antiga súplica, tem subido da Igreja. “Se Cristo tão somente descesse da cruz!” Nós queremos o Cristo do monte, cremos no Cristo do ministério de cura, amamos o Cristo do exemplo sublime, pregamos o Cristo do evangelho social – mas o Cristo da cruz é uma ofensa. “Desça Ele agora da cruz, e creremos Nele”.
Mas o Rei não desceu. Seu direito à realeza nunca esteve mais divino do que naquela terrível hora. Seria do madeiro amaldiçoado que Ele reinaria. Foi ali que Ele lavrou a redenção. Foi quando dali Ele clamou “Está consumado” (Jo 19.30), que “fenderam-se as pedras e abriram-se os sepulcro” (Mt 27.51,52). Foi quando Ele provou a morte ali por todos os homens que o véu do templo foi partido, como símbolo da abertura do caminho de acesso imediato à presença de Deus para todos os filhos dos homens. Foi nessa ocasião que soou a hora de Deus, o alvorecer da era cristã. Foi nessa ocasião que o grilhões de uma humanidade escravizada foram quebrados. É desse vergonhoso madeiro, por mais mortificante que seja a ofensa da cruz, que o Rei ainda reina. De nenhum outro trono estabelecerá Ele Seu reino.
Um vulcão em convulsão pode representar bem a inquietação do mundo de hoje. Será que não há um caminho de saída? Não há esperança? Não há algum fundamento seguro para a alegria humana? Não existe algum remédio para os males da ordem social?
É melhor que sejamos honestos quanto a essas questões e admitamos que, humanamente falando, não há um caminho de saída. Um otimismo tolo que se recusa a encarar os fatos somente aprofunda a vergonha e a dor. É como tocar violino sobre Roma em chamas. Não há caminho algum de saída a não ser o caminho de Jesus. E o caminho de Jesus é o caminho da cruz.
Mais cedo ou mais tarde, a experiência leva a pessoa a reconhecer este fato: ou é a cruz ou o orgulho com todos os seus males conseqüentes.
Que são as guerras, as antipatias raciais, o insano acúmulo de riqueza diante da miséria de milhões, os conflitos em todas as formas, as injustiças sociais que levam a terra a gemer e a lamentar-se, senão os frutos inevitáveis dessa amaldiçoada árvore que chamamos de orgulho do homem? Não há mal que não tenha o orgulho, em alguma forma, como sua raiz. Não há mal que não tenha brotado do fato do homem depender de si mesmo, em vez de depender de Deus.
Qualquer tentativa de curar as feridas de nossa ordem social leprosa que não atinja as raízes do orgulho conduz a um beco sem saída. O golpe desferido pelo Filho de Deus ao morrer na cruz do Calvário, atingindo a “vida do eu” do homem – o machado de Deus colocado à raiz da árvore do orgulho –, foi universal. Foi suficiente para demolir o universo de pecado. Foi suficiente para engolir dez mil oceanos de leviandade. Nada mais pode matar o monstro do orgulho humano.
Nós, porém, não temos desejado nos submeter ao veredito do Gólgota. Não temos desejado expor o câncer do pecado e do orgulho à radioterapia da cruz. Temos evitado o desfecho supremo que nosso Senhor crucificado deu ao mundo. Entretanto, a Igreja ainda tem a chave de ouro para tal situação. É a cruz de Cristo.
Quando Jesus falou a Seus discípulos da necessidade de Seus sofrimentos e da morte sobre a cruz, Pedro procurou dissuadi-Lo. Jesus se voltou para ele com ardente reprovação: “Arreda! Satanás, porque não cogitas as cousas de Deus, e, sim, das dos homens”. Em nossos dias, quanto do serviço, do ministério e da mensagem cristãos vêem sob essa ardente condenação! São uma ofensa. Cogitam das coisas da “carne”. Não são de Deus. Está faltando a cruz. Não brotam de unidade com o Cristo crucificado e ressurreto. O Calvário não está em seu âmago. Deus não aprova tal serviço.
A preparação da esposa aqui mencionada refere-se especialmente às vestes dela. Apocalipse 19.8 diz: “E lhe foi dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos”. A Escritura nos revela que há dois tipos de vestimenta para os cristãos. Uma delas é o Senhor Jesus. Jesus é nossa roupa. A outra é a vestimenta de linho fino, puro e resplandecente, que é mencionada aqui. Todas as vezes que nos apresentamos diante de Deus, o Senhor Jesus é nossa vestimenta. Ele é a nossa justiça, e nós O vestimos quando nos aproximamos de Deus. Essa vestimenta é nossa roupa constante, para que cada santo esteja vestido diante de Deus e não seja achado nu. Por outro lado, quando somos apresentados a Cristo, devemos estar ataviados com o linho fino, puro e resplandecente. Esse linho fino são os atos de justiça dos santos. A palavra no original está no plural, e pode ser traduzida como “justiças” ou “atos de justiça”, significando uma sucessão de atos justos, um após o outro. Estes, juntos, são nossa veste de linho fino. Desde o momento em que fomos salvos começamos a obter essa vestimenta de linho fino, nossos atos de justiça, para nosso adorno.
Podemos ver esses dois tipos de vestimenta para o cristão também em Salmos 45. O verso 13 diz: “A filha do rei é toda ilustre lá dentro; o seu vestido é entretecido de ouro”. (A idéia é que o material de sua vestidura é de ouro, ouro batido.) Então, o verso 14 diz: “Levá-la-ão ao rei com vestidos bordados”. As roupas mencionadas no verso 13 são diferentes das mencionada no verso 14. No verso 13, a vestimenta é de ouro, mas, no verso 14, a roupagem é bordada. Em Apocalipse 19, as vestimentas de linho fino são de obra bordada, não de ouro.
O que, então, é o ouro? O Senhor Jesus é o ouro. Ele é o ouro por ser totalmente de Deus. A justiça que o Senhor Jesus nos deu, a vestimenta que Ele colocou sobre nós quando fomos salvos, é feita de ouro. Mas, além dessa roupa, há outra veste que estamos bordando desde o dia em que recebemos a salvação. E esta são os atos de justiça dos santos. Em outras palavras, a roupa de ouro nos é dada por Deus por meio do Senhor Jesus, enquanto a roupa bordada nos é dada pelo Senhor Jesus por meio do Espírito Santo. Quando cremos no Senhor, Deus nos deu, mediante o Senhor Jesus, uma veste de ouro. Ela é o próprio Senhor Jesus [como nossa justiça] e de modo nenhum está relacionada com nossa conduta. Ela nos foi dada por Ele totalmente pronta. As roupagens bordadas, entretanto, estão relacionadas com nossas obras. Elas são feitas, ponto após ponto, pela obra do Espírito Santo em nós, dia após dia.
Qual é o significado do bordado? É o seguinte: originalmente há uma peça lisa de tecido sem nada sobre ela. Mais tarde, algo é bordado nela com agulhas, e, mediante essa obra, o tecido original e o que foi nela bordado com agulhas se tornam um apenas. Isso quer dizer que, quando o Espírito de Deus trabalha em nós, Ele incorpora Cristo em nós – isto é o bordado. Assim não teremos apenas a vestimenta de ouro, mas também uma roupagem bordada pelo Espírito Santo. Por intermédio desse trabalho Cristo, será incorporado em nós e manifestado por nós. Tal roupa bordada são os atos de justiça dos santos, e é um tipo de trabalho que não é feito de uma vez para sempre, e sim dia após dia, até que um dia Deus diz: “Está pronto”.
Talvez alguém possa perguntar: “O que especificamente são os atos de justiça mencionados aqui?” Os Evangelhos citam muitos atos de justiça, tal como o ato de Maria expressando seu amor pelo Senhor ao ungi-Lo com nardo puro. Isso foi sua justiça. Isso pode ser uma das linhas transversais ou longitudinais da sua vestimenta de linho fino. Houve outras, como Joana, a esposa de Cuza, e muitas outras mulheres que, por causa de seu amor pelo Senhor, supriram as necessidades materiais Dele e de Seus discípulos. Esses também são atos de justiça.
Muitas vezes nosso coração é tocado pelo amor do Senhor e nós o manifestamos externamente. Isso é a nossa justiça, nossa veste de linho fino. Esse é o bordado que está sendo feito hoje. Qualquer expressão que resulta de nosso amor pelo Senhor e que é feita pelo Espírito Santo é uma agulhada dentre as milhares de outras no bordado. A Bíblia nos diz que qualquer que der um copo de água fria a um pequenino de maneira nenhuma perderá seu galardão. Esse é um ato de justiça feito por amor ao Senhor. Quando temos alguma expressão ou ato de amor para o Senhor, isso é justiça.
Apocalipse 7 diz que essa roupa é branca. Ela foi lavada e branqueada no sangue do Cordeiro. Devemos nos lembrar que só podemos nos tornar brancos quando somos lavados de nossos pecados mediante o sangue. E não somente nossos pecados, mas nossa conduta também deve ser purificada. Ela também só pode ser branqueada sendo lavada no sangue. Não há um único ato de qualquer cristão que originalmente seja branco. Mesmo que tenhamos alguma justiça, ela tem mistura e não é pura. Muitas vezes somos gentis com as outras pessoas, mas interiormente estávamos contrariados. Muitas vezes somos pacientes com os outros, mas quando voltamos para casa murmuramos. Dessa forma, após termos feito algum ato de justiça, ainda necessitamos da purificação do sangue. Necessitamos do sangue do Senhor Jesus para nos purificar dos pecados que cometemos, e também para nos purificar de nossos atos de justiça.
Nenhum cristão pode fazer uma roupagem que seja totalmente branca. Mesmo que pudéssemos fazer uma que fosse 99% pura e branca, haveria ainda 1% de mistura. Diante de Deus, nenhum homem é inteiramente sem ofensa. Mesmo os bons atos feitos por amor a nosso Senhor carecem da purificação do sangue. Um homem muito espiritual uma vez disse que mesmo as lágrimas que ele derramou pelo pecado precisavam ser lavadas pelo sangue. Ah! Até as lágrimas do arrependimento devem ser lavadas pelo sangue! Portanto, em Apocalipse 7 é dito que suas roupas foram branqueadas no sangue do Cordeiro. Não possuímos nada de que possamos nos gloriar. Nada em nós, exterior ou interiormente, é inteiramente puro. Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais compreendemos o quão imundos somos; nossos melhores atos e intenções estão misturados com imundícia, e sem purificação do sangue é impossível ser branco.
Mas as roupagens aqui não são apenas brancas, mas brilhantes ou resplandecentes. A brancura tem a tendência de se tornar opaca, pálida e comum. Mas essa vestimenta não é apenas branca, mas resplandecente. Antes de pecar, Eva poderia ser branca, mas de maneira nenhuma poderia ser resplandecente. É verdade que antes da queda ela não tinha pecado, mas era apenas inocente, e não santa. Deus não requer que sejamos apenas brancos, mas também resplandecentes. A brancura é um aspecto passivo, inativo. O resplendor, porém, é um aspecto positivo e ativo.
Não devemos, portanto, ficar amedrontados com as dificuldades ou aspirar por um caminho tranqüilo, pois são os dias de dificuldades que podem nos fazer resplandecer. Você pode não sentir que alguns cristãos tenham pecado ou que estejam errados em qualquer coisa. Pelo contrário, você sente que em quase todos os aspectos eles são bastante bons. Mas, ao estar com eles, você não sente nenhum esplendor. A bondade deles é apenas comum. Eles são brancos, mas não reluzentes. Por outro lado, há outros cristãos que freqüentemente são provados e colocados frente a frente com o sofrimento. Muitas vezes são tão abalados que parece que certamente cairão, mas eles continuam de pé. Depois de certo período de tempo, tais cristãos obtém uma qualidade de esplendor. Eles não são apenas retos, mas brilhantes; não são apenas brancos, mas resplandecentes.
Deus está trabalhando em nós todo o tempo. Continuamente Ele dispende muito esforço conosco para que possamos ser brancos, e Ele está operando em nós para nos fazer resplandecentes. Seu desejo é que sejamos brilhantes. Por essa causa é que precisamos pagar um grande preço e desejar que venha sobre nós todo tipo de dificuldade. De outra forma, nunca poderemos resplandecer. Ser apenas branco não é o bastante. Deus requer que seja visto em nós um esplendor positivo. O medo das dificuldades, o medo dos problemas, o anseio por um caminho fácil e suave: tudo isso terá como conseqüência a perda de nosso esplendor. Quanto mais sofrimentos e dificuldades encontrarmos, mais poderemos resplandecer. As pessoas cuja vida é gasta de forma fácil e comum podem ser brancas, mas nunca serão resplandecentes.
Essa roupa é de linho fino. Segundo a Escritura, a lã tem um significado diferente do que tem o linho. A lã denota a obra do Senhor Jesus, e o linho finíssimo, a obra do Espírito Santo. Isaías 53.7 descreve o Senhor Jesus como uma ovelha que emudece diante de seus tosquiadores. Desse versículo vemos que a lã possui o caráter da redenção. Com o linho, entretanto, não há um caráter de redenção envolvido. Ele é produzido por uma planta; nunca esteve associado com o sangue. O linho finíssimo é produto da obra do Espírito Santo dentro do homem. A roupa de linho finíssimo mostra que Deus não requer apenas que o homem tenha sua justiça, mas também seus próprios atos de justiça. Deus não tem apenas a intenção de obter a Sua justiça em nós, mas tenciona também obter em nós os muitos atos de justiça.
“E lhe foi dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente”. Isso significa que todos os feitos, todos os atos de justiça exteriores são produzidos pela graça. “E lhe foi dado…” Eles não são manufaturados pelo homem natural, mas são o resultado da obra do Espírito Santo no homem. Portanto, devemos aprender a olhar para o Senhor e com expectativa dizer: “Senhor, dá isso a mim! Senhor, conceda-me a graça!” Quão bom é isto: essa roupa é dada pela graça! Se dissermos que essa veste é feita por nós mesmos, é verdade; realmente ela foi confeccionada por nós. Mas, por outro lado, ela foi dada por Deus, pois, quando dependemos de nós mesmos, não podemos produzir nada. É o Senhor que a produz em nós, mediante o Espírito Santo.
Muitas vezes sentimos que o encargo [de Deus para nós] é, na verdade, grande. Desejamos escapar, e quase suplicamos ao Senhor: “Ó Senhor, livra-me!” Mas devemos mudar nossa oração para: “Senhor, torna-me capaz de suportar a carga. Senhor, leva-me a estar de pé diante dela. Faça-me branco e conceda-me estar vestido de roupa resplandecente”.
Apocalipse 19.9 diz: “E [o anjo] me disse: Escreve…” Deus falou, e pediu a João que o escrevesse. O que ele escreveu? “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. Novamente o anjo disse: “Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” Deus fez com que ficasse especialmente claro que essas são Suas verdadeiras palavras. Devemos aceitá-las, atentar para elas e lembrar delas.
Qual a diferença entre aqueles que são convidados à ceia das bodas do Cordeiro e a Noiva do Cordeiro? A diferença é: a Noiva é um grupo escolhido: o novo homem. Mas aqueles que são convidados à ceia das bodas são um grande número de indivíduos: os vencedores. A ceia das bodas do Cordeiro refere-se à era do reino. Aqueles que foram convidados estarão juntos com o Senhor, experimentando uma comunhão única e especial, que ninguém jamais provou anteriormente. O Senhor disse por meio do anjo: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. […] Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” Oh! Que Deus nos leve, por amor de Si mesmo, a sermos capazes de experimentar essa comunhão especial com Ele; que Ele faça de nós aqueles que humildemente buscam satisfazer o desejo de Seu coração. Por amor da Igreja, que Ele nos leve a buscar aqueles que suprem vida. E, mais ainda, por amor ao Reino, que Ele nos leve e nos capacite a sermos vencedores.
Todo cristão deve estar pronto para morrer e para pregar.
(John Wesley)
Nunca me preocupei com onde viveria, nem como viveria, nem que provações teria de sofrer, desde que assim eu pudesse ganhar mais almas para Cristo.
(David Brainerd)
Bem-aventurado é o homem que não tem necessidade de defender-se porque suas obras e palavras são sólidos testemunhos de sua retidão e bondade.
(Charles H. Spurgeon)
Lembre-se como Joabe lutou contra Rabá e ganhou a vitória? Quando conseguiu a coroa do inimigo, mandou-a para Davi (2Sm 12.26-31). Penso que esta é uma boa ilustração de como age o cristão – ou deve agir. Você alcança uma vitória, mas não usa a coroa. Você a oferece para o Senhor que lhe deu a vitória.
(John MacArthur Jr.)
É mais fácil sair do caminho quando se está nele do que nele entrar quando se está fora.
(John Bunyan)
O propósito de Deus é a causa soberana de tudo que de bom há no homem, e de tudo o que é exterior, interior e eterno de bom que venha do homem. Sem obras passadas, pois os homens são escolhidos desde a eternidade; nem obras atuais, pois Jacó foi amado e escolhido antes de nascer; nem obras futuras, pois os homens eram todos corruptos em Adão. Toda a presente e a futura felicidades do crente brotam do eterno propósito de Deus.
(Thomas Brooks)
A tentação raramente vem nas horas de trabalho. É nos momentos de lazer que os homens são formados ou arruinados.
Cuidado para não ser tragado pelos livros! Um grama de amor vale mais que um quilo de conhecimento.
(John Wesley)
Uma hora com Deus excede infinitamente todos os prazeres do mundo.
(David Brainerd)
O celeiro da Palavra de Deus nunca teve a intenção de servir à mera pesquisa nem mesmo principalmente ao estudo, mas, sim, de servir de sustento.
(Vance Havner)
Meu destino é proclamar a mensagem sem me importar com as conseqüências pessoais para mim mesmo.
(Conde Zinzendorf)
Qualquer um que deseje ganhar seu caminho para o céu fazendo boas obras, realizando obrigações religiosas ou aderindo a alguma lei moral ou cerimonial está fadado ao fracasso.
(John MacArthur)
Deus usa aquele que se concentra mais em sua disponibilidade do que em sua própria habilidade.
(Howard Hendricks)
A jovem Igreja tinha poucas peculiaridades em sua forma externa, ou mesmo em sua doutrina: o único princípio discriminatório de seus poucos membros era que todos eles reconheciam o crucificado Jesus de Nazaré como o Messias. Essa confissão […] só adquiriu seu valor mediante o poder do Espírito Santo […]. Pelo poder deste Espírito, portanto, contemplamos os primeiros cristãos, não só em um estado de comunhão ativa, mas também interiormente mudados: a visão estreita do homem natural é destruída; eles têm seus pertences em comum e se consideram uma família.
“Cristo amou a Igreja”! Aqui está a fonte da qual fluem todas as bênçãos; “e a Si mesmo se entregou por ela”, a fim de libertá-la para sempre de suas misérias.
A figura nos faz pensar na jovem escrava que conquista o coração do príncipe, o qual paga o preço do resgate libertando-a de toda escravidão para ele mesmo. Porém, antes que possa cumprir o propósito de seu amor e recebê-la em seu palácio, algo mais é exigido além da redenção dela. Ela não pode passar direto do mercado de escravos para o trono. Primeiro, deve ser purificada, educada e vestida adequadamente para tal mudança de esfera e de posição. E essa é a obra que o Senhor realiza atualmente na Igreja. A obra de redenção foi absoluta, legal e eternamente consumada, e assim a possibilidade foi aberta para a escrava se tornar rainha.
A redenção tem em vista a santificação, e ambas visam à apresentação da Noiva a seu amado Noivo em glória. Nem todos serão encontrados “sem mácula” no dia das Bodas do Cordeiro. O termo foi tomado emprestado de Levítico 22, onde é dito que o sacerdote examinava minuciosamente o animal e, encontrando-o “sem mácula”, declarava-o “irrepreensível”, isto é, em condições de ser apresentado ao Senhor. O direito da jovem escrava ao trono e à alegria nupcial estava no preço do resgate oferecido pelo príncipe, segundo sua boa vontade; mas a aptidão dela para aquele dia ele deve assegurar de outro modo. Por isso, Cristo santifica Seu povo pelo “lavar de água pela Palavra” (Ef 5.26).
A pia para a lavagem no tabernáculo não visava garantir o perdão e a isenção do julgamento merecido ao israelita culpado. Isso era realizado no altar de bronze. Quando, porém, se tratava de comunhão com Deus e da entrada nos lugares santos, o lavar-se era tão essencial quanto o derramamento de sangue no altar (Êx 30.17-21; Lv 8.6; 2Cr 4.6).
A Igreja deve ser redimida e também santificada pelo Senhor. É Sua graça infinita que provê das riquezas de Sua glória os meios de purificação. A pia do lavatório era composta de duas coisas: (1) a água que estava na (2) pia. A “Palavra” é o vaso pelo qual entramos em contato com a água, que é o Espírito de Deus (Jo 7.38,39). “Santifica-os na verdade: a Tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Já Pedro menciona a “santificação no Espírito” (1Pe 1.2). Somente quando utilizamos na prática a Palavra de Deus, sendo obedientes a seus preceitos, é que conhecemos a energia purificadora do Espírito Santo. Ele está na Palavra, assim como a água estava na pia; a Bíblia é soprada pelo Espírito de Deus, o qual está perpetuamente nela, prova de Sua influência purificadora universal. Infelizmente, existe a possibilidade do discípulo negligenciar a Palavra de Deus ou habitualmente desobedecer a suas ordens e, assim, entristecer o Espírito Santo, impedindo a lavagem que assegura a santificação. Quando um pai vê algo errado no filho, ele lhe fala sobre aquele ponto. Se o filho obedece à palavra do pai, a palavra atua como água que realiza purificação.
Pedro havia seguido o Senhor por alguns anos e O amava ardentemente. Ele podia dizer o que poucos podem: “Tudo deixamos e Te seguimos” (Mt 19.27). Observe, porém, as palavras que nosso Senhor lhe disse: “Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés” (Jo 13.10). Entretanto, para gozar de maior participação com o Senhor, algo mais é necessário: “Se Eu não te lavar, não tens parte comigo” (v. 8). Em outras palavras, era necessário que Pedro estivesse disposto a receber de modo humilde a purificação pessoal da sujeira diária. Por que a oposição de Pedro foi quebrada imediatamente, a ponto dele pedir mais do que era necessário? Se você é um crente que tem negligenciado a Palavra do Senhor, pondere nestas palavras, e pode ser que o Senhor repita a seu coração novamente, por Seu Espírito com poder restaurador.
O Senhor não disse: “Se Eu não te lavar, não tens parte em Mim”. Isso significaria a perda de tudo, até mesmo da vida eterna e de sua segurança. Isso faria com que a justificação fosse dependente da santificação, como se a superestrutura da casa pudesse sustentar o fundamento. Mas observe que Ele disse: “Não tens parte [metémou] Comigo”. Esse termo não tem nenhuma relação com salvação de um pecador da perdição, mas sim com os privilégios dos salvos (Lc 15.31; 11.7; 12.13; Tt 3.15; Mc 16.18; Jo 15.27; Lc 22.28; Mt 24.38; Jo 17.24; Ap 3.20; 3.4,21; 22.12). A fim de nos tornarmos “participantes [companheiros] de Cristo” (Hb 3.14), devemos nos submeter à purificação contínua que nosso Senhor realiza por meio do Espírito Santo e da Palavra. Caso contrário, não seremos achados “igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem qualquer outra coisa semelhante […] santa e irrepreensível” (Ef 5.27).
Uma confirmação clara disso está em Apocalipse 19, onde a ceia das bodas do Cordeiroé proclamada para alegria no céu. A circunstância que ocasiona o casamento e a festa é manifestada nas palavras: “E já a Sua noiva se preparou” (v. 7). Ela era uma pobre escrava sem recursos, mas seu Amado providenciou o tecido caríssimo e as jóias a fim de que ela se vestisse dignamente para aquela hora. Somente pela graça do Senhor Jesus é que poderemos ser encontrados vestidos com vestes de beleza e glória. Entretanto, é verdade também que cabe a nós usar aquilo que a graça nos oferece. A virgem deve fazer seu próprio vestido de noiva com o material fornecido por seu abastado Noivo. O tipo pode ser encontrado nas vestes sacerdotais, pois com elas os sacerdotes compareciam nos lugares santos; tais roupas eram feitas pelo próprio povo com o tecido e as jóias com que Deus os havia enriquecido. Há quanto tempo a Igreja está envolvida com tal trabalho? Quão pouco vemos de santidade em nossa vida, nós que somos “chamados santos” (1Co 1.2)!
O processo de uma vida santa é simples: obediência à Palavra de Deus. É possível a preparação de nossa veste nupcial, e a glória e a alegria das bodas podem ser alcançadas. Assim, esquecendo das coisas que ficam para trás, sejam fracassos ou vitórias, prossigamos para a perfeição, procurando nos manter no caminho da obediência irrestrita à Palavra Daquele que nos redimiu de toda iniqüidade e cujo prazer é agora nos purificar para Si mesmo e fazer de nós um povo de Sua própria possessão, cuja característica são as boas obras.