Autor: Francisco Nunes
Em Cristo (Burk Parsons)
Repetitio mater studiorum est. “A repetição é a mãe de todo aprendizado.” O apóstolo Paulo entendeu isso. Sob a inspiração e a superintendência do Espírito Santo, Paulo constantemente repetia as verdades fundamentais da doutrina bíblica, e ele fazia isso não apenas dentro de cada uma de suas epístolas, mas às vezes dentro da mesma frase. O mais claro exemplo disso é encontrado na epístola de Paulo aos efésios. Conforme ele desenrola o glorioso mistério de nossa salvação, Paulo reitera a frase “em Cristo” ou “nele” continuamente ao longo do primeiro capítulo, e quase dez vezes nos versos 3 a 14, que é uma longa frase na língua original. Há muitos anos, enquanto eu pregava em Efésios 1, expliquei à nossa congregação que se eles fossem lembrar de apenas uma verdade de nosso estudo de Efésios, que fosse a frase “em Cristo”, que é uma maneira curta de se lembrar de um dos mais fundamentais aspectos da salvação — nossa união com Cristo.
A união do crente com Cristo há tempos vem sido uma doutrina negligenciada em muitas igrejas, embora seja uma doutrina central da Escritura. A Palavra de Deus nos ensina que somos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo e que somos unidos com Cristo pela graça justificadora de Deus através da nossa fé somente por causa da morte expiatória de Cristo somente (João 15:4-7; 1 Coríntios 15:22; 2 Coríntios 12:2; Gálatas 3:28; Efésios 1:4, 2:10; Filipenses 3:9; 1 Tessalonicenses 4:16; 1 João 4:13). A natureza dessa união não é apenas que estamos em Cristo, mas que ele está em nós (João 6:56; Romanos 8:10; 2 Coríntios 13:5; Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27). As implicações teológicas de nossa união com Cristo são espantosas, e é o próprio Cristo quem nos ensinou que elas são. Em João 15, Jesus disse: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (v. 5). Na raiz de nossa santificação está nossa união com Cristo. Como ramos, nós damos frutos precisamente porque estamos unidos a Cristo, a videira, e estamos conectados à videira por causa da obra de Deus Pai, que é “o agricultor” (15:1). Além disso, em sua oração sumo-sacerdotal, Jesus expressou a profunda união que ele tem com os crentes, dizendo: “… eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim” (17:23). Nesta gloriosa oração, jesus revela a absoluta majestade desta doutrina quando expressa que nossa união com ele — o eterno Logos, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Divindade, Deus conosco — tem a direta implicação que, em Cristo, o pai nos ama como ele ama seu Filho unigênito. E visto que estamos unidos com Cristo, estamos unidos com ele em sua morte e, portanto, também seremos unidos com ele em sua ressurreição (Romanos 6:5).
Defesa da fé
O cristianismo tem sido, com sucesso, atacado e marginalizado… porque aqueles que professam a fé são incapazes de defendê-la do ataque, mesmo que os argumentos dos adversários sejam profundamente falhos.
(William Wilberforce)
Esta semana, entre muitos bons artigos e sítios da internet que encontrei, destaco estes dois.
O primeiro, com o excelente nome de “Uma palavrinha sobre o palavrão”, trata do uso de palavras chulas e obscenas por parte de cristãos. O assunto é sério, pois os defensores de tal linguagem ignoram as claras orientações bíblicas sobre o assunto e justificam-se convicta e iradamente. Ao final do artigo, há a indicação de vários outros, que também devem ser lidos.
O segundo é para quem gosta de livros, e estes de graça. Baixe todos! 😀
Que o Senhor o abençoe com paz!
Introdução à Cosmovisão Reformada: Anotações quase aleatórias (1)
D.A. Carson – O Deus que Não Destrói Rebeldes [O Deus Presente 2/14]
Investigacão sobre a mente humana segundo os princípios do senso comum: lançamento de livro
O reino milenar (em inglês): série de artigos sobre este importante tópico da escatologia, ora desconhecido, ora mal interpretado pelos cristãos contemporâneos
Cosmovisão cristã
Sem dúvida, uma das grandes dificuldades do cristão é: “Como devo viver no mundo?” Em outras palavras, como praticar o “estar no mundo, mas não ser do mundo” (Jo 17)? A resposta para isso é ter uma clara e bíblica cosmovisão cristã. As palestras de Héber Campos Jr. esclarecem o assunto. Ouça e pratique.
Reconheço que esta série de artigos (leia os artigos 1, 2 e 3) foge bastante do que eu havia proposto como objetivo do Campos de Boaz. No entanto, creio que seja necessário alertar os filhos de Deus sobre o assunto, pois, como penso já ter demonstrado, trata-se de um produto editorial que visa enganar ao leitor, além de ser de qualidade altamente questionável.
Neste artigo, comentarei mais algumas questões do ponto de vista editorial e analisarei alguns aspectos acerca da tradução ou dos critérios (ou falta deles) nela usados.
Antes disso, veja a imagem abaixo.
Este livro é publicado pela BVBooks, a mesma editora da King James Atualizada. Vamos considerar rapidamente o fato do livro ser de autoria de Daniel Mastral (pseudônimo de Marcelo Agostinho Ferreira) e de sua esposa, Isabela Mastral (pseudônimo de Cynthia Gonçalves Rosa Lotti). Além de sua teologia espúria sobre satanismo e batalha espiritual, ambos são acusados de terem inventado suas histórias, entre muitas outras coisas. Um pequeno exemplo das coisas estranhas que envolvem a dupla: aqui você encontra um número de CPF atribuído à Cynthia. No entanto, clicando aqui, no sítio da Receita Federal, você poderá conferir que esse CPF é de outra pessoa, Orpheu Lotti. Curiosamente, aqui o mesmo número de conta bancária é fornecida, com outro CPF da Cynthia. A alegação para o uso do pseudônimo era que os satanistas são muito poderosos e poderiam fazer mal a ele. Argumento insustentável por duas razões simples:
1. Se os satanistas são tão poderosos e espalhados por todo canto, como ele alega, não seria um pseudônimo que o iria proteger.
2. Depois de vídeos no YouTube e seminários pelo Brasil afora, não é difícil para ninguém identificá-lo e saber onde encontrá-lo.
E por que manter um nome falso depois de já se tornar tão conhecido? Veja aqui, quando ele fala do certificado para quem faz seus seminários, da importância que é dada a esse falso nome.
Neste livro, Daniel/Marcelo ensina, entre outras coisas, a existência de portais dimensionais permanentes, os últimos dos quais serão abertos agora em 2013. Confira essa “profecia” aqui, além da defesa desse ensinamento, apesar de não ser encontrado na Bíblia.
Não lhe parece estranho ser essa a editora responsável pela King James no Brasil? Eu, particularmente, considero, sim, estranho.
Mas vamos considerar que não houvesse nenhum problema pessoal ou teológico com o Daniel/Marcelo. Mesmo assim, ao ler o anúncio acima, ficaríamos apreensivos com o conteúdo, dados os erros ali encontrados: “contra qual” em vez de “contra o qual”; na frase em vermelho, há separação por vírgula entre sujeito e verbo; acentuação errada da palavra demoníaca; falta de vírgula após “fundamentais”. Além disso, a redação é ruim, sem coesão. O que é “riqueza de detalhes” nesse caso? O que é “nosso meio”? O que é “como o apóstolo Paulo”? Aprender princípios fundamentais? Mas ele não leu este livro! Adquirir a (destaque para o artigo definido) autoridade espiritual? Por ler esse livro? Então, antes deste livro ninguém teve autoridade espiritual?
Muito estranho…
Fechemos o parêntese e voltemos à KJA.
Nas págs. 1244 e 1245 está a introdução a Eclesiastes. É citado o título hebraico do livro: Cohélet. Logo depois, é dito que seu equivalente grego é ekklesiastes. O problema é que nenhuma das palavras está em itálico, como orienta a regra culta. Desse modo, o leitor “tropeça” em palavras estranhas no meio do texto. Parece uma coisa sem importância, mas isso se repete ao longo das notas de rodapé, gerando dificuldade e no conseguinte entendimento do texto.
No parágrafo seguinte lemos: “Seu estilo sapiencial, exclusivo e incomparável revelado nos mais antigos e reconhecidos manuscritos originais a que o Comitê de tradução da Bíblia King James teve acesso…”. Lendo até aqui, pode-se pensar que isso se refira à BKJ original, de 1611. Mas haveria uma contradição, pois, como mostramos nos artigos anteriores, os editores da KJA não crêem que os manuscritos usados pela BKJ fossem os melhores e mais confiáveis. Um leitor atento perceberá essa contradição aqui. Mas há mais.
O restante da frase é assim: “… (fragmentos do sêfer, rolo, livro de Eclesiastes encontrados [sic] nas cavernas de Qunram, no Mediterrâneo)…”. Como o achado de Qunram se deu em 1947, esses fragmentos não poderiam ter sido usados pelos tradutores da BKJ. Entende-se, então, que o texto se refere, na verdade, à KJA. E, mais uma vez, leva-se o leitor a pensar que KJA é igual à BKJ. (Há erros de português e de uniformização nessa Introdução que não comentarei.)
Na pág. 1247, em Ec 1.1, lemos: “Eis as palavras de Cohéllet ben David, o mestre, filho de Davi, rei de Jerusalém”.
A primeira coisa que chama a atenção é a grafia Cohéllet, diferente da usada na Introdução, Cohélet. Afinal, qual é a correta? Descuido editorial?
Mas o realmente estranho é que esse versículo não é uma tradução, mas uma ampliação ou uma versão bilíngüe. Uma tradução traria apenas a texto em português, quer usando transliteração ou não; mas aqui temos a transliteração do hebraico mais a tradução para português! O leitor menos apercebido vai entender que original traz todas aquelas palavras. É como se os tradutores tivessem acrescentado palavras aos manuscritos. A nota de rodapé, além da confusão causada pela falta de itálico nas palavras estrangeiras, não esclarece o método utilizado na tradução, que conserva o “original” ao lado da versão.
O problema continua ao longo do livro. Em 1.12 há: “Eu, Cohéllet, o sábio fui rei de Israel”. Não tem o leitor a impressão de ser Cohéllet um nome próprio? Em 7.27 lemos: “Então declara Cohéllet, o mestre”. De novo, o termo hebraico parece ser um nome próprio. O leitor não lembra, se é que leu e entendeu, a nota de rodapé que (quase) explica o uso da palavra transliterada e, por isso, é levado a pensar nela como nome do tal sábio ou mestre. E a falta de uniformidade no uso do termo ou da proposta de tradução aumenta a confusão, por exemplo, em 8.1: “Quem é como o sábio?” O leitor pensará: “O sábio é o tal do Cohéllet.” Por que não usaram aqui o termo transliterado, para ser coerente com o que se propuseram a fazer nessa tradução? E para confirmar como é falho essa forma de tradução e como o leitor é levado, sim, a entender o termo hebraico como nome próprio, veja 12.8-10: “”Que absurdo! Que futilidade! Tudo é ilusão, vaidade!” exclama Cohéllet, o sábio. […] Além de ter sido sábio e mestre, Cohéllet também ministrou […] O sábio procurou achar palavras […] “.
A tradução diz que Cohéllet é o sábio, que ele é sábio e mestre; portanto, é nome próprio. Se os tradutores o entenderam como nome próprio (escolha questionável, mas que poderia ter sido feita), deveriam ter deixado isso claro na nota de rodapé e serem coerentes com esse entendimento em toda a tradução. Se consideram a palavra no sentido de “mestre” ou “sábio” tinham, igualmente, de ser coerentes e não poderiam, em hipótese alguma, conservá-la na tradução, como um acréscimo.
Para concluir, mais alguns erros de edição em Eclesiastes:
1. Na nota 1 do cap. 3
a. “… estamos todos sujeitos a (sic) força do tempo”. O correto é “à força”.
b. “O Mestre faz, (sic) um paralelo…”. Na frase anterior, sábio está com minúscula; aqui, mestre está com maiúscula. Por quê? Depois, há o erro da separação entre sujeito e verbo por vírgula.
c. “… com o estado de eterno e imutável da soberania de Yahweh…”. Em outro artigo falarei sobre o uso de Yahweh nessa tradução. Aqui, o problema está na falta de sentido da frase: eterno e imutável o quê?
2. Na nota 1 do cap. 4
a. “A opressão é outro componente do drama humano de todos os dias e já foram (sic) mencionado (sic) anteriormente…”
b. “… a tristeza da vida sem sentido (nonsense)…”. O que faz essa palavra em inglês aqui? Além de não estar em itálico, é completamente desnecessária. Não seria ela sinal de que a nota é, na verdade, uma tradução, apesar da introdução dizer que não?
3. Na nota 1 do cap. 5
a. “Essa sessão trata da “soft religion” a (sic) religião universal (ecumênica) bem ao gosto do mundo…”. Por que o termo em inglês? Mesma observação feita acima… Logo depois, há um “ego” com maiúscula.
4. Na nota 1 do cap. 6
a. “… há muitas pessoas que… não sabe (sic) ser feliz com elas.”
5. Na nota 1 do cap. 7
a. A abreviatura de Filipenses é indicada como Fl, que não é de nenhum livro da Bíblia.
6. Na nota 1 do cap. 8
a. “… que criou com tanto (sic) carinho e planos. O homem rico da parábola conta (sic) por Jesus… não passa de vaidade, inutilidade “nonsense” “.
7. Na nota 1 do cap. 12
a. “… cumpriu, em si mesmo, toda a Bíblia e as Profecia (sic).” Pouco depois, há outra vez “nonsense”, desta vez sem aspas.
Estes são apenas alguns exemplos. Há vários casos de erro de conjugação, mau uso de maiúsculas, problemas de redação…
Até o próximo artigo.
“Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Romanos 8.12-13).
A santificação é um processo em que o próprio homem desempenha uma parte. Nessa parte, o homem é chamado a fazer algo “pelo Espírito”, que está nele. Consideraremos agora o que exatamente o homem tem de fazer. A exortação é esta: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo”. O crente é chamado a mortificar os feitos do corpo.
Temos, primeiramente, de abordar a palavra corpo, que se refere ao nosso corpo físico, nossa estrutura física, conforme vemos também no versículo 10. A palavra não significa “carne”. Até o grande Dr. John Owen se enganou neste ponto e trata a palavra como uma alusão à “carne” e não ao “corpo”. Mas o apóstolo, que antes falara tanto a respeito de “carne”, agora fala sobre o “corpo”. Ele fez isso no versículos 10 e 11, assim como o fizera no versículo 12 do capítulo 6. Paulo se referia a este corpo físico em que o pecado ainda permanece e que um dia será ressuscitado em “incorruptibilidade” e glorificado, para tornar-se semelhante ao corpo glorificado de nosso bendito Senhor e Salvador.
Enfatizo novamente que temos de ser claros neste assunto, porque está sujeito a ser mal entendido. O ensino não é que o corpo humano ou a matéria são inerentemente pecaminosos. Já houve heréticos que ensinaram esse erro conhecido como dualismo. Ao contrário disso, o Novo Testamento ensina que o homem foi criado bom tanto em corpo, alma e espírito. Não ensina que a matéria é sempre má e que, por essa razão, o corpo é sempre mau. Houve um tempo em que o corpo era… totalmente livre do pecado. Mas, quando o homem caiu e pecou, todo o seu ser caiu, e ele se tornou pecaminoso no corpo, mente e espírito.
Temos visto que pelo novo nascimento o espírito do homem é liberto. Ele recebe vida nova — “O espírito é vida, por causa da justiça” (Rm 8.10). Mas o corpo ainda “está morto por causa do pecado”. Esse é o ensino do Novo Testamento! Em outras palavras, embora o crente seja regenerado, ainda permanece em um corpo mortal. Por isso enfrentamos problemas para viver a vida cristã, visto que temos de lutar contra o pecado enquanto estivermos neste mundo, pois o corpo é fonte e instrumento de pecado e corrupção. Nossos corpos ainda não foram redimidos. Eles o serão, mas agora o pecado ainda permanece neles.
Conforme vimos, o apóstolo deixa isso bem claro. Em 1 Coríntios 9.27, ele disse: “Esmurro o meu corpo” (1 Coríntios 9.27), porque o corpo nos impele a obras más. Isso não significa que os instintos do corpo são em si mesmos pecaminosos. Os instintos são naturais e normais, não sendo, inerentemente, pecaminosos. Mas o pecado que permanece em nós está sempre tentando levar os instintos naturais a direções erradas. O pecado tenta levá-los a “afeições imoderadas”, a exagerá-los; tenta fazer-nos comer demais, satisfazer em excesso todos os nossos instintos, de modo que se tornem “imoderados”. Vendo esse assunto de outro ângulo, esse princípio pecaminoso tenta impedir-nos de dar atenção ao processo de disciplina e autocontrole ao qual somos constantemente chamados nas páginas das Escrituras. O pecado remanescente no corpo tende a agir dessa maneira. Por isso, o apóstolo fala sobre os “feitos do corpo”. O pecado tenta tornar o natural e normal em algo pecaminoso e mau.
O termo “mortificar” explica-se a si mesmo. “Mortificar” significa matar, trazer à morte… logo, a exortação diz que temos de matar, por um fim nos “feitos do corpo”. De uma perspectiva prática, esta é a grande exortação do Novo Testamento em conexão com a santificação e se dirige a todos os crentes.
Como devemos fazer isso?… O apóstolo esclarece: “Se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo” — pelo Espírito! É claro que o Espírito é mencionado particularmente porque a sua presença e sua obra são características peculiares do verdadeiro cristianismo. Isto é o que diferencia o cristianismo da moralidade, do “legalismo” e do falso puritanismo — “pelo Espírito”. O Espírito Santo, conforme já vimos, está em nós crentes. Você não pode ser um crente sem o Espírito Santo. Se você é um crente, o Espírito Santo de Deus está em você, agindo em você. Ele nos capacita, nos dá forças e poder. Ele nos traz a grande salvação que o Senhor Jesus Cristo realizou, capacitando-nos a desenvolvê-la. Portanto, o crente nunca deve se queixar de falta de capacidade e poder. Se o crente diz: “Eu não posso fazer isso”, está negando as Escrituras. Aquele que é habitado pelo Espírito Santo nunca deve proferir tais palavras; fazê-lo significa negar a verdade a respeito dele mesmo.
Conforme disse o apóstolo João, o crente é alguém que pode dizer: “Temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça” (Jo 1.16). No capítulo 15 de seu evangelho, João descreve os cristãos como ramos da Videira Verdadeira. Por isso, nunca devemos afirmar que não temos poder. Certamente, o Diabo está ativo no mundo e tem grande poder; contudo, “maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo” (1 Jo 4.4). Ou considere novamente aquela importante declaração feita em 1 João 5.18-19: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado”. A expressão “não vive em pecado” expressa uma ação contínua no presente, e o sentido é este: “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando”. Por que não? Porque “Aquele que nasceu de Deus” — ou seja, o Senhor Jesus Cristo — “o guarda, e o Maligno não lhe toca”.
João afirmou que isso é verdade em relação a todos os crentes. O crente não vive no pecado porque Cristo está vivendo nele, e o Maligno não pode tocar-lhe. Isso significa não somente que o Maligno não exerce controle sobre o crente, mas também que o Maligno não pode nem mesmo tocar-lhe. O crente não está sobre o poder do Maligno. E, para incutir isso no crente, João afirmou em seguida: “Sabemos que somos de Deus”; e quanto ao mundo: “O mundo inteiro jaz no Maligno” (1 Jo 5.19). O mundo está nos braços e domínio do Maligno, que o controla… O Diabo tem completamente em suas mãos e controle o mundo e os homens que pertencem ao mundo, os quais são suas vítimas indefesas. Não há sentido em dizer a tais pessoas que mortifiquem “os feitos do corpo”; elas não podem fazer isso, porque estão sob o poder do Diabo. Mas a situação do crente é outra; ele pertence a Deus e o Maligno não lhe pode tocar. O Diabo pode rugir para o crente e amedrontá-lo ocasionalmente, mas não pode tocar-lhe e, muito menos, controlá-lo.
Essas são afirmações típicas que o Novo Testamento faz a respeito do crente. E, quando compreendemos que o Espírito está em nós, experimentamos o seu poder. Somos chamados a usar e exercitar o poder que está em nós pela habitação do Espírito Santo. “Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se constrangidos a viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito” — que habita em vós —, “mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.” A exortação diz que devemos exercitaro poder que está em nós “pelo Espírito”. O Espírito é poder e está habitando em nós. Por isso, somos instados a exercer o poder que está em nós.
Mas, como isso se realiza na prática?… Para começar, temos de entender nossa posição espiritual, pois muitos de nossos problemas se devem ao fato de que não compreendemos e não recordamos quem e o que somos como crentes. Muitos se queixam de que não têm poder e de que não sabem fazer isto ou aquilo. O que precisamos dizer-lhes não é que eles são absolutamente incapazes e que devem desistir. Pelo contrário, todos os crentes precisam ouvir estas palavras de 2 Pedro 1.2-4: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor. Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade”. Tudo que “conduz à vida e piedade” nos foi dado por meio do “conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude”. E, outra vez: “Pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas [por meio dessas mui grandes e preciosas promessas] vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo”.
Apesar disso, há crentes que lamentam e se queixam de não terem forças. A respostas para esses crentes é esta: “Todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade lhes foram dadas. Parem de lamentar, murmurar e queixar-se. Levantem-se e usem o que está em vocês. Se vocês são crentes, o poder está em vocês pelo Espírito Santo. Você não estão desamparados”. Todavia, o apóstolo Pedro não parou ali. Ele disse também: “Aquele a quem estas coisas não estão presentes” — em outras palavras, o homem que não faz as coisas sobre as quais foi exortado — “é cego, vendo só o que está perto” (2 Pe 1.9). Ele tem uma visão curta, havendo “esquecido da purificação dos seus pecados de outrora”. Não possui uma visão verdadeira da vida cristã. Está falando e vivendo como se fosse uma pessoa não-regenerada. Ele diz: “Não posso continuar sendo cristão; é demais para mim”. Pedro exorta esse homem a compreender a verdade a respeito de si mesmo. Precisa ser despertado, ter seus olhos abertos e sua memória refrescada. Ele precisa se animar e fazer, em vez de lamentar as suas imperfeições.
Além disso, temos de compreender que, se somos culpado de pecado, entristecemos o Espírito Santo de Deus, que está em nós. Pecamos a todo momento. O fato deveras grave não é o de que pecamos e nos tornamos infelizes, e sim o de que entristecemos o Espírito de Deus que habita em nosso corpo. Quão frequentemente pensamos nisso? Acho que, ao falarem comigo a respeito desse assunto, as pessoas sempre falam sobre si mesmas — “meu erro”. “Estou sempre caindo nesse pecado.” “Este pecado está me desanimando.” Falam completamente a respeito de si mesmas. Não falam sobre o seu relacionamento com o Espírito Santo. E, por essa razão: o homem que compreende que o maior problema de sua vida pecaminosa é o fato de que está entristecendo o Espírito Santo, esse homem para de fazer isso imediatamente. No momento que o crente percebe que esse é o seu verdadeiro problema, ele lida com esse problema. Não se preocupa mais com seus próprios sentimos. Quando o crente compreende que está entristecendo o Espírito Santo de Deus, ele age imediatamente.
Outra consideração importante sobre este tema geral é o fato de que temos sempre de fixar-nos no alvo crucial. Pedro enfatizou isso no mesmo capítulo da sua epístola: “Procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.10-11). Se vocês fizerem o que exorto-os a fazer, ele disse, a morte, quando lhes chegar, será algo maravilhoso. Você não somente entrarão no reino de Deus; antes, terão uma entrada ampla. Haverá um desfile triunfante; os portões do céu serão abertos, e haverá grande regozijo. Pedro não estava se referindo à nossa salvação presente, e sim à nossa glorificação final, à nossa entrada nos “tabernáculos eternos” (Lc 16.9).
Portanto, temos de manter os olhos fixos nesse alvo. Nosso maior problema é que sempre estamos olhando para nós mesmos e para o mundo. Se pensarmos mais e mais sobre nós mesmos como peregrinos da eternidade (o que, de fato, somos), todo o nosso viver será transformado. Paulo afirmou isso no versículo 11 deste capítulo. Mantenham seus olhos nisso, eles disse em outras palavras; mantenham seus olhos no alvo. João disse a mesma coisa: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1 Jo 3.2-3). A causa de muitos de nossos problemas, como crentes, é que vivemos demais para este mundo. Persistimos em esquecer que somos apenas “peregrinos e forasteiros” neste mundo. Pertencemos ao céu; nossa pátria está no céu (Fp 3.20), e estamos indo para lá. Se apenas mantivéssemos isso diante de nossa mente, o problema de nossa luta contra o pecado assumiria um aspecto diferente…
Devemos nos mover agora do geral para o específico, relembrando-nos de que tudo é feito “pelo Espírito”, com uma mente iluminada por Ele. O que temos de fazer especificamente? O ensino do apóstolo pode ser considerado sob dois aspectos: direto e negativo, indireto e positivo.
No aspecto direto ou negativo, a primeira coisa que o crente tem de fazer é abster-se do pecado. É bem simples e direto! Pedro disse: “Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma” (1 Pe 2.11). Esse é um ensino bastante claro. Aqui não há qualquer sugestão de que somos incapazes, temos de desistir da luta e entregar tudo ao Senhor ressuscitado. Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes…” — parem de fazer isso, parem imediatamente, não o façam mais! Vocês precisam se abster totalmente desses pecados, essas “paixões carnais, que fazem guerra contra a alma”. Vocês não têm o direito de dizer: “Sou fraco, não posso; as tentações são poderosas”.
A resposta do Novo Testamento é: “Parem de fazer isso”. Vocês não precisam de hospital e de um tratamento médico; precisam recompor-se e compreender que são “peregrinos e forasteiros”. “Exorto-vos… a vos absterdes.” Vocês não têm qualquer negócio com essas coisas. Lembrem outra vez o ensino de Efésios 4: “Aquele que furtava não furte mais… Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe”. Não haja em vocês nenhuma dessas conversas ou gracejos tolos! Não façam isso! Abstenham-se! É tão simples e claro como estas palavras: parem de fazer isso!
Em segundo lugar, de modo específico, citando outra vez as palavras do apóstolo em Efésios: “Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha” (Ef 5.11-12). Observe o que ele disse: “Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas”. Vocês não devem apenas abster-se dessas coisas, mas também não ter comunhão com pessoas que fazem essas coisas ou têm esse modo de vida. “Não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as.” O princípio governante de sua deve ser o não associar-se com pessoas desse tipo. Fazer isso é ruim para você e lhe será prejudicial… Não devemos ter qualquer comunhão com o mal; antes, precisamos fugir dele e manter-nos tão distantes quanto pudermos.
Outro termo é “esmurrar” (1 Co 9.27). “Esmurro o meu corpo”, disse o apóstolo. “Todo atleta” — ou seja, aquele que compete nas corridas — em tudo se domina”. As pessoas que passam por treinos visando as grandes competições atléticas são bastante cuidadosas quanto à sua dieta; param de fumar e ingerem bebidas alcoólicas. Quão cuidadosos eles são! E fazem tudo isso porque desejam ganhar o prêmio! Se eles faziam isso, disse Paulo, por causa de coisas corruptíveis, quanto mais devemos disciplinar-nos a nós mesmos… O corpo tem de ser “esmurrado”. Nas palavras de nosso Senhor registradas em Lucas 21.34, há uma sugestão a respeito de como isso deve ser feito. Ele disse: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente”. Não coma bem beba demais; não se preocupe excessivamente com as coisas deste mundo. Coma o suficiente e o alimento correto; mas não se torne culpado de “excesso”. Se uma pessoas satisfaz em demasia seu corpo, com alimento, bebida ou outra coisa, ele achará mais difícil viver uma vida cristã santificada e mortificar os feitos do corpo. Portanto, evite todos esses obstáculos, pois, do contrário, seu corpo se tornará indolente, pesado, moroso e lânguido. Há uma intimidade tão grande entre o corpo, a mente e o espírito, que achará grande problema em seu conflito espiritual. “Esmurre o corpo.”
Outra máxima usada pelo apóstolo, na Epístola aos Romanos, se acha no capítulo 13: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (v. 14). Se querem mortificar os feitos do corpo, “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. O que isso significa? Em Salmos 1, achamos um discernimento claro quanto ao significado dessas palavras do apóstolo. Eis a prescrição: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores” (Sl 1.1). Se vocês querem viver esta vida piedosa e mortificar os feitos do corpo, não gastem tempo permanecendo nas esquinas das ruas, porque, se fizerem isso, provavelmente cairão em pecado. Se permanecerem no lugar por onde o pecado talvez passará, não se surpreendam se voltarem para casa em tristeza e infelicidade, porque caíram no pecado. Não se detenham no “caminho dos pecadores”. E, menos ainda, devem vocês assentar-se “na roda dos escarnecedores”. Se permanecerem em tais lugares, não haverá surpresa em caírem no pecado. Se vocês sabem que certas pessoas lhes são má influencia, evitem-nas, fujam delas. Talvez vocês digam: “Eu me ajunto com elas para ajudá-las, mas percebo que, todas as vezes, elas me levam ao pecado”. Se isso é verdade, não estão em condições de ajudá-las…
No livro de Jó, o homem sábio disse: “Fiz aliança com meus olhos” (Jó 31.1). Era como se dissesse: “Olhem diretamente, não olhem para a direita ou para a direita. Cuidem de seus olhos propensos a vaguear, esses olhos que se movem quase automaticamente e veem coisas que iludem e induzem ao pecado”. “Faça uma aliança com os seus olhos”, declara esse homem. Concorde em não olhar para coisas que tendem a levá-lo ao pecado. Se isso era importante naqueles dias, é muito mais importante em nossos dias, quando temos jornais, cinemas, outdoors, televisão e assim por diante! Se há uma época em que os homens precisam fazer aliança com seus olhos, esta época é agora. Tenham cuidado com o que leem. Certos jornais, livros e diários, se os lerem, eles lhes serão prejudiciais. Vocês devem evitar tudo que lhes prejudica e diminui sua resistência. Não olhem na direção dessas coisas; não queira nada com elas… Na Palavra de Deus, vocês são instruídos a mortificar “os feitos do corpo” e não satisfazer “a carne no tocante às suas concupiscências”. Agradeça a Deus pelo evangelho poderoso. Agradeça a Deus pelo evangelho que nos diz que agora somos seres responsáveis em Cristo e que nos exorta a agir de um modo que glorifica o Salvador. Portanto, “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.
Meu próximo assunto é sobremodo importante: enfrentem as primeiras movimentações e impulsos do pecado em vocês; combatam-nos logo que aparecerem. Se não fizerem isso, estão arruinados. Vocês cairão, conforme somos ensinados na epístola de Tiago: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte”. O primeira moção do pecado é um encantamento, um leve incitação de cobiça e sedução. Esse é o momento em que temos de lidar com o pecado. Se deixarem de enfrentar o pecado nesse estágio, ele os vencerá. Cortem o mal pela raiz. Ataquem-no de imediato. Nunca lhes permitam qualquer avanço. Não o aceitem de maneia alguma. Talvez sintam-se inclinados a dizer: “Bem, não farei tal coisa”; mas, se aceitam a ideia em sua mente e começam a afagá-la e entretê-la em sua imaginação, vocês já estão derrotados. De acordo com o Senhor, vocês já pecaram. Não precisam realmente cometer o ato; nutri-lo no coração já é o suficiente. Permitir isso no coração significa pecar aos olhos de Deus, que conhece tudo a respeito de nós e vê até o que acontece na imaginação e no coração. Portanto, destruam o mal pela raiz, não tenham qualquer relação com ele, parem-no imediatamente, ao primeiro movimento, antes que comece a acontecer esse processo ímpio descrito por Tiago.
No entanto, lembrem-se de que isto — que será nosso próximo assunto — não significa repressão. Se vocês apenas reprimirem uma tentação ou esse primeiro movimento do pecado, ele provavelmente surgirá novamente com mais vigor. Nesse sentido, concordo com a psicologia moderna. A repressão é sempre má. “Então, o que devo fazer?”, alguém pergunta. Eu respondo: quando sentir aquele primeiro movimento do pecado, erga-se e diga: “Isto é mau; isto é vileza; é aquilo que expulsou do Paraíso os nossos primeiros pais”. Rejeite-o, enfrente-o, denuncie-o, odeie-o pelo que é. Assim, terá lidado realmente com o pecado. Você não deve apenas fazê-lo recuar, com um espírito de temor e de maneira tímida. Traga-o à luz, exponha-o, analise-o e, denuncie-o pelo que ele é, até que o odeie.
Meu último assunto neste tema é que, se você cair no pecado (e quem não cai?), não restaurem a si mesmos de modo superficial e apressado. Leiam 2 Coríntios 7 e considerem o que Paulo disse sobre a “a tristeza segundo Deus” que produz arrependimento. Outra vez, tragam à luz aquilo que fizeram, contemplem-no, analisem-no, exponham-no, denunciem-no, odeiem-no e denunciem a si mesmos. Mas não façam isso de um modo que os atire nas profundezas da depressão e desânimo! Sempre tendemos a ir aos extremos; ou somos muito superficiais ou muito profundos. Não devemos curar superficialmente a ferida (cf. Jr 6.14), mas tampouco devemos lançar-nos no desespero e melancolia, dizendo que tudo está perdido, que não podemos ser crentes, e retornar ao estado de condenação. Isso é igualmente errado. Temos de evitar ambos os extremos. Façam uma avaliação honesta de si mesmos e do que fizeram, condenando totalmente a si mesmos e seu ato; porém compreendam que, confessando-o a Deus, sem qualquer desculpa, “ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). Se vocês fizerem essa obra de maneira superficial, cairão novamente no pecado. E, se vocês se lançarem em um abismo de depressão, hão de sentir-se tão desesperados que cairão em mais e mais pecado. Uma atmosfera de melancolia e fracasso leva a mais fracasso. Não caiam em nenhum desses erros, mas respondam à obra da maneira como o Espírito sempre nos instrui a fazê-la.
Extraído de Romans: Na Exposition of Chapter 8:15-17, The Sons of God, p. 132-144, publicado pela Banner of Truth Trust.
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Tradução: Pr. Wellington Ferreira
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Livros (Lutero)
O número de livros sobre teologia deve ser reduzido a apenas os melhores publicados. Não é a quantidade de livros que faz os homens sábios, nem lê-los em demasia que os fará mestres. Mas bons livros, mesmo lidos várias vezes, não importa quão pequenos sejam, é que fazem um homem instruído nas Escrituras e piedoso. Mas esses livros só farão isso se ocuparem apenas um lugar secundário.
Na verdade os escritos de todos os santos devem ser lidos apenas por um tempo, para que por meio deles sejamos levados para as Escrituras. Com o cuidado, no entanto, de só ler aqueles que jamais nos levam além da Palavra e aumentem nosso desejo por ela e não por outros livros. Aqueles que aumentem nossa fome da Palavra de Deus. Aqueles que jamais nos levem mais longe do que do sentimento aumentado de ir para as Escrituras.Os livros que lemos devem ser apenas placas de sinalização na estrada apontando o caminho direto para as Escrituras. Se andamos de livro em livro e não chegamos às Escrituras, esses livros não são boas placas sinalizadoras, porque nos apontam para mais placas e mais placas (livros, livros, livros), e não para o destino: as Escrituras. A Escritura e só ela é nossa vinha, na qual todos nós devemos trabalhar até a fadiga.