Autor: Francisco Nunes
“Também, nele, estais aperfeiçoados” (Cl 2.10)
Também nEle estais aperfeiçoados, ou “completos”, ou “preenchidos” nEle; que é, estão perfeitos nEle: os Santos estão em Cristo, e toda completude nEle está, assim estão eles cheios também, de tanto quanto eles necessitam, e são capazes de conter: Estas palavras não são uma exortação à perfeição, como as contidas em Ge 17:1 Mt 5:48 2Co 13:11; mas são uma afirmação, ratificando, não o que os cristãos serão daí em diante, ou o que serão no céu, mas o que são agora; não neles mesmos, porque em si mesmo ninguém é perfeito, nem mesmo aqueles que estão verdadeiramente santificados; entretanto toda a graça está seminalmente implantada neles, e eles tem uma perfeição de partes, de todas as partes do novo homem, ou nova criatura, e são perfeitos em comparação com o que antes foram, assim como ante os profanos e os hipócritas, e e também ante os que fraquejam na fé, ainda que ninguém seja absolutamente perfeito; a boa obra da graça não está finalizada neles, o pecado habita neles, estão cheios de desejos e concupiscências; o melhor deles nega a perfeição como buscam alcançar, e expressa seu desejo de alcançá-la; mas eles são perfeitos em Cristo, seu cabeça, que tem toda completude nEle, em quem eles são eleitos e aperfeiçoados: eles são perfeitos e completos nEle quanto a santificação; Ele tem toda completude de graça e santidade para eles, eles a tem em Cristo; e Ele foi feito perfeito em santidade para eles: também quanto a justificação, Ele cumpriu perfeitamente a Lei para eles, Ele fez completa expiação pelo pecado, obteve redenção eterna, adquiriu uma completa e perfeita retidão, pela qual os santos são justificados de todas as coisas; são libertos do pecado, e feitos perfeitos, sem mancha ou mácula, ou coisa semelhante: e quanto ao conhecimento, embora imperfeito neles em seu presente estado, já em Cristo estão todos os tesouros de sabedoria, e não há necessidade de ir a lugar algum outro para encontrá-los; eles estão preenchidos com o conhecimento de Deus e de sua vontade, e são completos em Cristo; e o conhecimento que os santos tem, é a vida eterna, as primícias, o penhor, e a fiança dela; assim eles não tem razão de contemplar anjos ou homens, cabe-lhes olhar somente a Cristo.
John Gill (1697-1771)
(Fonte)
O apóstolo Paulo fala-nos sobre esse tema em Efésios 5:1-3. Ele escreveu: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos”.
A simples ordem do verso 2 (“E andai em amor, como também Cristo vos amou”) resume toda a obrigação moral do cristão. No fundo, o amor de Deus é o único princípio que define completamente o dever do cristão, e este tipo de amor é exatamente “tudo o que você precisa”. Romanos 13:8 diz, “porque quem ama aos outros cumpriu a lei”. Os mandamentos resumem-se a estas palavras: “Amarás o próximo como a ti mesmo, já que o amor é o cumprimento da lei.” Gálatas 5:14 ecoa a mesma verdade: “Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” Da mesma maneira Jesus ensinou que toda a lei e profetas dependem de dois princípios básicos sobre o amor – o primeiro e o segundo mandamentos (Mt. 22:38-40). Em outras palavras: “e, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3:14).
Quando o apóstolo Paulo nos diz para caminhar no amor, o contexto revela-se em aspectos positivos, pois ele fala-nos sobre sermos bons uns para os outros, misericordiosos e que nos perdoemos uns aos outros (Ef. 4:32). O modelo de tal amor, mais centrado nos outros que em si próprio, é Cristo, que se entregou para nos salvar dos nossos pecados. “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João 15:13). E “amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros.” (1 João 4:11).
Em outras palavras, o amor verdadeiro é sempre um sacrifício, uma entrega de nós mesmos, é misericordioso, compassivo, compreensivo, amável, generoso e paciente. Estas e muitas outras qualidades positivas e benignas (ver 1 Co. 13:4-8) são as que as Sagradas Escrituras associam ao amor divino.
Mas reparemos no lado negativo, também visto no contexto de Efésios 5. Aquele que ama os outros verdadeiramente, como Cristo nos ama, deve recusar todo o tipo de amor falso. O apóstolo Paulo nomeia algumas destas falsidades satânicas. Elas incluem a imoralidade, a impureza e a ganância. A passagem continua: “Nem torpezas, nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais seus companheiros.” (Ef 5:4–7).
A imoralidade é, talvez, o substituto favorito do amor na nossa atual geração. O apóstolo Paulo usa o termo grego porneia, o qual significa todo o tipo de pecado sexual. A cultura popular tenta desesperadamente desvanecer a linha que separa o amor verdadeiro da paixão imoral. Mas tal imoralidade é uma perversão total do amor verdadeiro, porque procura a autogratificação em vez do bem aos outros. A impureza é outra perversão diabólica do amor. O apóstolo Paulo emprega aqui o termo akatharsia, o qual se refere a todo o tipo de imoralidade sexual e impureza. Especificamente, ele refere-se à sujidade, à impureza e à ganância, que são as características particulares do companheirismo com mal. Este tipo de companheirismo não tem nada a ver com o amor verdadeiro, e o apóstolo afirma claramente que não tem lugar para ele no caminho do cristão.
A ganância é outra corrupção do amor que tem origem no desejo narcisista de autogratificação. É exatamente o oposto do exemplo que Cristo deu quando “se entregou por nós” (v. 2). No verso 5, o apóstolo Paulo compara a ganância à idolatria. Também isto não tem lugar no caminho do cristão e, de acordo com o verso 5, a pessoa culpada de tal pecado “não tem herança no Reino de Cristo e de Deus.”
E tais pecados, diz o apóstolo Paulo, “nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos.” (v. 3). “Portanto, não sejais seus companheiros”, ou seja, daqueles que praticam tais coisas, diz-nos o verso 7.
Em outras palavras, não demonstraremos amor verdadeiro a não ser que sejamos intolerantes com todas as perversões populares do amor.
Hoje em dia, a maioria das conversas sobre o amor ignora este princípio. “O amor” foi redefinido como uma ampla tolerância que ignora o pecado e que abraça o bem e o mal de igual forma. Mas isso não é amor, é apatia.
O amor de Deus não tem nada a ver com isso. Lembra-te que a mais suprema manifestação do amor de Deus é a Cruz, sinal que Cristo “vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave.” (V. 2). A Sagrada Escritura explica o amor de Deus em termos de sacrifício, de arrependimento pelos pecados cometidos e de reconciliação: “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” (1 João 4:10). Em outras palavras, Cristo converteu-se em sacrifício para desviar a ira de um Deus ofendido. Longe de perdoar os nossos pecados com uma tolerância benigna, Deus deu o seu Filho como uma oferta pelo pecado para satisfazer a sua própria ira e justiça na salvação dos pecadores. Este é o coração do Evangelho. Deus manifesta o seu amor de uma forma que confirma a sua santidade, justiça e misericórdia sem compromisso. O amor verdadeiro “não folga com a injustiça, mas folga com a verdade.” (1 Co. 13:6). Este é o tipo de amor, no qual fomos chamados para caminhar. É um amor que primeiro é puro e depois, harmonioso.
Fonte: The Gospel Coalition
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“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti” (Pv 23:1).
Supõe-se que este verso tem pouca ou nenhuma aplicação para muitos de nossos leitores, visto como não há quase ninguém que possa vir, algum dia, a ser convidado para jantar com o presidente dos Estados Unidos ou com o rei da Grã-Bretanha. Infelizmente esse é o tipo de pensamento que pode encontrar lugar na mente de qualquer cristão. Infelizmente essa é a tendência de carnalizar a Palavra de Deus que é agora tão generalizada. Infelizmente esse é o [verso] que nossos intérpretes espirituais dos Oráculos Divinos têm quase banido da terra. Mas ainda que não haja um professor ungido para abrir as Escrituras, não deveria ser auto-evidente que o Espírito Santo nunca teria colocado um verso como este na Palavra se não possuísse aplicação para todos os do povo de Deus? E não deve esta mesma consideração nos levar a buscar em oração seu significado oculto?
“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti”. Há outros “governantes” mencionados nas Escrituras, além dos civis. Não lemos sobre o “principais da congregação” (Êx 16:22), o “chefe da sinagoga” (Lc 8:41), bem como dos “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6:12)? Perceba que nem todos os “chefes” da cristandade hoje foram escolhidos por Deus. De fato, longe disso. Pessoalmente o escritor duvida muito que dois a cada mil dentre os pregadores, ministros, e missionários, por todo mundo, foram chamados por Deus! Muitos deles se auto-indicaram, alguns foram enviados por homens, a maioria cresceu sobre a tutela de Satanás. O leitor atento dos Velho e Novo Testamentos perceberá que o número dos falsos profetas, em todas as eras, superavam em muito o número dos verdadeiros. É por essa razão que Deus nos ordena a “não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (I Jo 4:1). Por isso a admoestação dada em Provérbios 23:1 tem sempre sido atual para o povo de Deus prestar muita atenção, e talvez nunca tenha sido tão necessário dar um alerta sobre isso do que neste tempo apóstata e degenerado em que todos nós fomos lançados.
A pregação que ouvimos, e que em certa medida é absorvida, tem precisamente o mesmo efeito sobre nossas almas, assim como a comida que comemos tem efeito sobre nossos corpos: se for saudável, é nutritivo; se danosa, nos fará mal. “Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti”. É uns fatos trágicos que muitos dos próprios filhos de Deus são tão pouco espirituais, e tão ignorantes espiritualmente, que eles mal sabem como “atentar bem” o que está “diante deles”. Eles não sabem quais testes usar, nem como examinar o que ouvem. Se o pregador for “ortodoxo” e aprovado por aqueles que ele mesmo considera “sadios na fé”, eles pensam que sua mensagem deve estar correta. Se o pregador apenas crê nos “fundamentos” da fé, eles creem que deve ser um verdadeiro servo de Deus. Se o pregador se achega à letra das Escrituras, eles imaginam que suas almas estão sendo alimentadas com o verdadeiro leite da Palavra. Que tristeza a credulidade de tais almas desavisadas.
O leitor está prestes a perguntar, “Mas que outros testes devemos aplicar?” Vamos ajudá-lo a responder sua própria pergunta ao perguntar outra. Que critérios você aplica à comida material que você come? Você se satisfaz se ela foi preparada e cozida conforme os melhores livros de culinária? Claro que não. O principal é, o que sua comida produz? Ela satisfaz ou incomoda seu sistema digestivo? Ela promove ou ataca sua saúde? Nós concordamos, não? Muito bem, agora aplique a mesma regra ou teste à comida espiritual – ou, deveríamos dizer, mais acuradamente, a comida “religiosa” – que você está saboreando; que efeito ela está tendo sobre seu caráter e conduta, o que está produzindo no seu coação e na sua vida? Mas não devemos parar aí com uma mera generalização. Se as almas precisam de ajuda hoje, o servo de Deus deve ser preciso, e entrar em detalhes. Pondere cuidadosamente estas questões, querido leitor.
A pregação que você ouve entra no seu coração pelo poder do Espírito? Se não, qual o uso de ouvi-la? A pregação que você ouve lhe faz em pedaços, sonda sua consciência, lhe condena, e lhe faz clamar, “Desventurado homem que sou”? Ou ela traz mais informação para seu conhecimento, ministra ao seu prazer, e lhe faz sentir-se satisfeito consigo mesmo? Não trate estas questões levemente, nós lhe imploramos, ou você estará se mostrando como seu próprio pior inimigo. Defronte-se com elas de forma equilibrada e justa, como se na presença de Deus. “atente bem” o que está diante de você saindo do púlpito, pois só pode fazer duas coisas: ajudar ou atrapalhar você. Ou promove humildade, ou alimenta o orgulho. Ou lhe estimula a desenvolver com esforço a sua salvação “com temor e tremor”, ou apóia a segurança carnal e confiança em si mesmo. Ou lhe faz clamar a Deus dia e noite para que Ele produza em seu coração um ódio cada vez maior ao mal, ou (provavelmente de forma inconsciente) te leva a pensar do pecado como algo não tão sério – dando desculpas de “pequenos” erros, e lhe consolando com o pensamento de que nenhum de nós consegue ser perfeito nesta vida; mesmo que Deus diga, “tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (I Pe 1:15).
“Mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão” (Pv 23:2). Essas são palavras fortes, não é mesmo? Sim, e o assunto as exige. Muito poucos percebem as temíveis conseqüências que advém de violar esse mandamento de Cristo, “atentai no que ouvis” (Mc 4:24). Falsa doutrina tem o mesmo efeito sobre a alma que veneno tem sobre o corpo. Mas Satanás apela ao orgulho de tantos, e tem sucesso em fazê-los acreditar que estão imunes, que eles estão “tão bem estabelecidos na verdade” que ouvir o erro não lhes fará mal. Entretanto o Espírito Santo diz, “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (I Co 15:33): elas não podem, mas IRÃO! Sim, anda que você esteja bastante desavisado disso. “Mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão”. Isso é claramente uma palavra de aviso para aqueles que são consumidos de curiosidade para ouvir cada novo “evangelista” ou “professor da Bíblia” que vem à cidade; àqueles que tem um apetite insaciável para experimentar cada “festa” religiosa que é divulgada em sua comunidade. É isso que significa “homem glutão”: o que anseia ouvir o último sensacionalista do púlpito ou do palco.
Para todos estes Deus diz, Segure-se, e não poupe medidas para checar essa tendência perigosa. É perigoso para você mesmo violar essa admoestação divina. Se você desobedecer, Satanás irá ou matá-lo, ou envenená-lo e colocá-lo para dormir profundamente. “não cobices os seus delicados manjares, porque são comidas enganadoras” (Pv 23:3). Sim, ele tem “manjares” para lhe oferecer: é por isso que tantos são atraídos à sua mesa. Esses “manjares” são habilidosamente variados para chamar a atenção de diferentes gostos. Para “estudantes proféticos”[1] eles são itens picantes dos jornais, servidos com o nome de “sinais dos tempos”. Mas estas são “comidas enganosas”, pois deixam a alma com fome e improdutiva: não há nenhum nutriente espiritual nas mesmas! Para os jovens enérgicos, há uma agradável apresentação do “serviço cristão”, chamando-os a se engajarem na “obra do Senhor”: essas são também “comidas enganosas”, pois elas nem edificam (constroem) nem levam a um andar mais próximo com Cristo; ao invés disso, eles tiram os olhos de Cristo, para as “multidões que perecem”[2] : como se Deus tivesse sido incapaz de salvar os Seus eleitos sem nossa ajuda[3] ! “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23) é a palavra de Deus para você.
Para outros é a exposição regular das “nossas doutrinas” que são de fato “manjares” para aqueles com uma mente teológica. “Sim, mas ‘nossas doutrinas’ são doutrinas das Escrituras, e certamente elas não podem ser ‘comidas enganosas’!” Oh querido amigo, Satanás freqüentemente se transforma em “anjo de luz”; ele sabe muito bem que nenhum mal se fará à sua causa enquanto dissertações doutrinárias são endereçadas ao intelecto, e a consciência não é sondada. A não ser que haja uma aplicação prática das doutrinas das Escrituras, o coração não é tocado nem a alma humilhada; ao contrário, o orgulho é alimentado e a cabeça meramente entulhada com um conhecimento teorizado da verdade. Guarde isso bem: doutrina distanciada da pregação prática e experimental é altamente perigosa!
O que o escritor e leitor precisam não são “manjares”, mas “ervas amargas” (Êx 12:8) para nos limpar do orgulho, independência, amor-próprio! Temos de nos alimentar do “pão de lágrimas” (Sl 80:5) e a “água de aflição” (Is 30:20). Somente esta ministração ajudará verdadeiramente e nos levará a lamentar diante de Deus, que nos leva até o pó, que nos faz aborrecer-nos a nós mesmos. Talvez alguns repliquem, “Eu quero uma ministração e que Cristo é exaltado”. Bom; mas você tem prazer em uma ministração que lhe faz ver quão diferente de Cristo você é em seus caminhos, e o quão longe você está do exemplo que Ele deixou para ser seguido? Uma ministração de “Cristo”, fiel e equilibrada, inclui Seu ensino sobre discipulado, Seus clamores e exigências sobre nós, Seus preceitos e avisos de perigo. Tome cuidado com “manjares” agradáveis à carne, querido leitor.
Nós pulamos os [versos] intermediários e chegamos ao 8 de Provérbios 23, “Vomitarás o bocado que comeste e perderás as tuas suaves palavras”. Sim, se você é realmente um filho de Deus, isso é o que o Espírito irá fazer com você, cedo ou tarde. Ele irá fazer o seu coração ter náuseas com aqueles “manjares” que agradam a carne com os quais você tanto se deleita agora; Ele lhe fará se voltar com desgosto daquilo que os professores vazios lhe alimentam com tanta avidez. Falamos com base em uma dura experiência. A ovelha não pode crescer com o alimento dos bodes! Se seu pregador é admirado e elogiado por palavras macias e agradáveis, você pode estar certo de que seu ministério não ode lhe ajudar. Se grandes multidões o ouvem entusiasticamente, é um sinal seguro de que ele não ministra a Palavra no poder do Espírito!
Para fecharmos, vamos apenas dizer que tudo o que foi apontado como “atentar bem” à pregação que você ouve, se aplica com a mesma força ao ouvir o rádio! “Atentais no que ouvis”: se não deixar sua consciência mais macia, a deixará mais cauterizada. O mesmo se aplica à leitura. A maioria das revistas “ortodoxas” e “fiéis” que são impressas hoje, só podem lhe fazer mal, pois não possuem nada que lhe faça chorar diante de Deus, nada para aumentar o “temor do Senhor” em sua alma, nada que lhe levará à mortificação crescente dos seus membros sobre a terra. Se tem sido este o caso, evite-os como uma praga. “Afastai-vos, pois, do homem” (Is 2:22) e se alimente da Palavra.
Para começar este artigo, por gentileza, leia o texto abaixo:
POR QUE A KING JAMES É MELHOR? | ||
A QUÁDRUPLA SUPERIORIDADE DA TRADUÇÃO KING JAMES . (Este artigo foi traduzido e adaptado do livro :”The Four-fold Superiority of KJV”, Dr. Donald A. Waite, Bible for Today, 1992, 900 Park Ave., Collingswood, New Jersey 08108. ISBN # 1-56848-000-8. Used by permission. A imagem ao lado é de Esrasmo de Rotterdam, autor de Textus Receptus). Uma gentil colaboração de Camila Guerra, gerente de marketing da Abba Press Editora. 1.Introdução “Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreendas e sejas achado mentiroso” (Prov. 30:5-6) O ataque satânico contra a palavra de Deus remonta o Jardim do Éden. A primeira intervenção de Satanás na História foi adulterando e pondo dúvida na Palavra de Deus: nascia a primeira Bíblia na Linguagem de Hoje! O primeiro pecado de Eva foi o de aceitar a suposta palavra de Deus “modernizada” da boca do Diabo. Séculos mais tarde, Satanás recorreu novamente às Escrituras para tentar o Mestre Jesus em Mateus 4:1-11. Com o passar dos séculos, após a consumação da revelação de Deus no Apocalipse, o ataque satânico ficou mais bem elaborado, usando supostos crentes e sociedades Bíblicas. Nasciam as “versões”, com textos manipulados e com técnicas de tradução traidoras do texto original como é o caso da equivalência dinâmica. Vejamos porque a tradução King James (e sua equivalente no português) é muitíssimo superior às versões modernas as quais devem ser rejeitadas pelos crentes sérios. 2. O TEXTO da língua original da Bíblia King James é superior. O TEXTUS RECEPTUS (T.R.), texto grego base do Novo Testamento da Bíblia King James, não tinha nenhum contestador desde 1611 até 1881, quando dois heréticos liberais chamados Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort entraram em cena com esforço concentrado. Eles eram teólogos da igreja Anglicana e passando por “conservadores” editaram o texto Westcott-Hort (WH), que difere em 9.970 palavras (7%) do T.R. que tem sido usado pela cristandade fiel de 19 séculos! Para se ter uma idéia da incomparável superioridade do T.R, dos 5.255 manuscritos gregos do Novo Testamento, que foram preservados e disponíveis para nós hoje, 5.210 (99%)concordam com o T.R. e apenas 45 (MENOS DE 1%) com o WH ! As bases do texto falso, foram desenterradas das profundezas do obscurantismo, esquecimento e desprezo, justamente por não terem credibilidade sendo o WH publicado apenas em 1881. Além do mais, o texto WH se baseou dentre outros, no Codex “B” e Sinaiticus que diferem entre si em 3.000 vezes só nos Evangelhos! Com toda honestidade, qual o texto grego que Deus preservou? A Bíblia diz: em Sal. 12:6-7: “As palavras do Senhor são palavras puras… ” O Textus Receptus (T.R.) e Massorético, que são usados também na Bíblia publicada atualmente pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (Corrigida e Fiel), é muito superior ao texto Westcott e Hort (WH), que dentre outras omissões, é ecumênico e por isso mesmo, enfraquece várias doutrinas da fé cristã. 3.Os TRADUTORES da Bíblia King James são superiores! Bastaria o motivo do texto duvidoso e os homens envolvidos com ele, para qualquer crente sério rejeitar esta “versão”, porém, vamos adiante e analisemos os homens envolvidos com o preparo da Bíblia King James. Foram eles 54 eruditos do mais alto grau de brilhantismo, que, em mais de 7 anos de trabalho reverente, árduo e profícuo, prepararam esta versão: John Bois: Relator dos trabalhos da comissão de forma mais completa. Lia o Velho Testamento no Hebraico com apenas 5 anos de idade escrevendo nesta língua já aos 6 com elegância e estilo. Era especialista em todas as formas de grego. Sir Lancelot Andrews: Líder dos tradutores do Velho Testamento. Falava fluentemente apenas 15 idiomas orientais…Devido à limitação de espaço não se pode detalhar os demais componentes, porém, fica a certeza de que desprezar este trabalho usado grandemente por Deus na salvação de milhões de pessoas nas missões modernas, e se voltar para pseudo-intelectuais e falsos mestres produzidos por esta geração apóstata, é uma decisão pessoal que terá suas consequências diante de Deus. 4. A TÉCNICA de tradução da Bíblia King James é superior! A técnica usada para a tradução da Bíblia King James foi a equivalência verbal e formal, significando isso fidelidade ao texto original. A palavra tradução (translatus no latim – carregar através) tem o significado de translação ou transporte. Significa transportar um objeto de um lugar (uma língua) para o outro sem mudar suas características quer mudando adicionando ou subtraindo. As versões modernas e pervertidas, todavia, usam num grau maior ou menor, a técnica da equivalência dinâmica. Tal técnica, incompatível com o verdadeiro e honesto tradutor, manipula a palavra ou texto segundo seu bel-prazer. Aliás a expressão equivalência dinâmica já é uma contradição de termos porque equivalência significa igual, imutável. Dinâmica significa em movimento e mutante, progressiva. É uma expressão ilógica e incompatível, própria para enganar os incautos e ingênuos. Ou a tradução é equivalente, ou é dinâmica. O que está por trás dessa técnica mesmo é a velha artimanha maligna de dar ao ser humano o direito de adicionar, subtrair ou mudar a sacro-santa e imutável Palavra de Deus. 5. A TEOLOGIA da Bíblia King James é superior! A verdade é uma consequência da fidelidade. É lógico que como resultado do texto, tradutores e técnica corretos, a Bíblia King James desponta na superioridade teológica, que é o fruto da verdadeira palavra de Deus. A igreja católica jamais a reconheceu, as seitas a abominam e os liberais apóstatas a odeiam. Os textos da divindade de Cristo, Trindade, inspiração e inerrância das escrituras são contundentes. As doutrinas criacionistas são claras e irrefutáveis. Por outro lado, como seria de se esperar, o texto das versões modernas é infiel, pois os homens são infiéis, a técnica é infiel, o texto base é infiel e como conseqüência não se poderia esperar a verdade como resultado. O Dr. Jack Moorman’s fez uma compilação registrando 356 passagens doutrinárias mudadas pelos textos heréticos Egípcios “B” (Vaticanus) e ALEPH (Sinaiticus). Olhe só dois exemplos: João 3:15 ” Para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna.” (foi retirado “não pereça” !). Mar.9:44-46: Foi retirado o fogo do inferno, etc… O limitado espaço não permite comentar, as centenas de adulterações… 6.Conclusão A palavra de Deus dura para sempre (Sal 119:160). O Diabo, inimigo número um do Senhor, desde o jardim do Éden tenta acabar com ela. Seja queimando, seja ridicularizando, seja usando um texto parecido (porém falso), ele a persegue. Os verdadeiros crentes, contudo, devem procurar saber e reconhecer as mãos santas e trêmulas que, com temor e reverência, traduziram a pura palavra do Senhor, rejeitando ao mesmo tempo os imprudentes, irreverentes e arrogantes deturpadores dessa geração apóstata. “E se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro. ” (Apoc. 22:19) BIBLIOGRAFIA A BÍBLIA SAGRADA – Edição Almeida Corrigida e Fiel Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1995. THE HOLY BIBLE, AUTHORIZED KING JAMES VERSION THE FOUR-FOLD SUPERIORITY OF KJV – Dr. D.A. Waite A BÍBLIA TRAÍDA, Pr. Aníbal Pereira Reis,1976. MODERN BIBLE VERSIONS, David W. Cloud, 1994. THE LIVING BIBLE, BLESSING OR CURSE, David Cloud, 1991. COUNTERFEIT OR GENUINE?, David Otis Fuller, 1975. EXPONDO OS ERROS DA NVI, folheto, 1999. UNHOLY HANDS ON God’s HOLY BOOK, David W.Cloud, 1999. MODERN BIBLES-THE DARK SECRETS, Jack Moorman. FOR LOVE OF THE BIBLE, David Cloud, 1995 |
Agora, compare-o com o texto abaixo:
Desde o final do século 19, o desenvolvimento dos estudos textuais da Bíblia, juntamente com os descobrimentos promovidos pela arquelogia bíblica, resultaram num extraordinário benefício para a restauração do Texto Bíblico. Hoje, como nunca antes, a Igreja de Jesus Cristo tem em sua mão manuscritos nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego), maravilhosamente próximos dos Autógrafos das Sagradas Escrituras.
Ao mesmo tempo, estas descobertas e avanços científicos têm colocado em evidência numerosas diferenças entre os vários manuscritos, denominadas “variantes textuais”, de maneira que quando se compara as mais reconhecidas traduções do mundo moderno: “King James de 1611″ (em inglês); a ¨Reina-Valera de 1862” (em espanhol), e a João Ferreira de Almeida (em português), publicada pela primeira vez no Brasil, em 1943; com manuscritos originais mais antigos e fidedignos que aqueles que serviram de base para essas excelentes traduções, se manifestam algumas discrepâncias e erros textuais importantes, os quais a tradução da Bíblia King James Atualizada procura corrigir.
Essa edição atualizada e comemorativa aos 400 anos da primeira publicação da Bíblia King James nos chega numa de suas traduções mais acuradas e notáveis, que prima por um texto tão claro quanto elegante; ao mesmo requintado e acessível, rigoroso na precisão exegética e hermenêutica, mas transposto para o nosso idioma com extrema erudição e sensibilidade.
Independentemente da concordância ou não com o primeiro, é evidente a qualquer leitor atento que o segundo contradiz o primeiro. O primeiro dá testemunho da superioridade da Bíblia King James (BKJ); o segundo diz que ela tem “algumas discrepâncias e erros textuais importantes” e, implicitamente, diz que os manuscritos usados para a tradução da BKJ não eram tão “maravilhosamente próximos dos Autógrafos (sic) das Sagradas Escrituras” como os usados para a Bíblia King James Atualizada (KJA) utiliza.
Pois bem: o primeiro texto foi retirado do sítio da Sociedade Bíblica Ibero-Americana (SBIA), que coordenou o “comitê internacional e permanente de tradução e revisão da Bíblia King James Atualizada para a língua portugues (KJA)”, segundo a página de créditos da referida Bíblia. O segundo texto, com seus vários erros de português, se encontra na luva (uma tira de papel que envolve a Bíblia e traz informações/propaganda adicionais a ela) da KJA!
Isso gera algumas perguntas:
1. Afinal, em que crê a SBIA: na superioridade ou nos erros da BKJ?
2. A divulgação desse texto, bem como toda a apresentação do sítio, não é para fazer o leitor supor que ele tem em mãos a BKJ?
3. Se a SBIA crê no que é afirmado no primeiro texto, por que, então, faz as sérias ressalvas que faz à BKJ?
4. Se, segundo o primeiro texto, o Textus Receptus é superior ao Texto Crítico e se a forma como a BKJ foi traduzida é superior a outras, modernas, por que a SBIA não seguiu nem um nem outra?
Até o próximo artigo!
Carta de Jonathan Edwards a uma jovem, escrita no ano de 1741
Minha querida jovem amiga,
Como era do seu desejo que eu a mandasse, por escrito, algumas diretrizes em como conduzir-se a si mesma em sua Caminhada Cristã, agora o faço. As doces lembranças das coisas maravilhosas que vi em sua igreja inspiram-me a fazer qualquer coisa que estiver a meu alcance, contribuindo para a alegria e prosperidade espirituais do povo de Deus que aí está.
1. Aconselho-te a manter o esforço e o fervor na religião, como se estivesse em seu estado natural, procurando converter-se. Aconselhamos pessoas com convicção a serem fervorosas e violentas para o Reino dos Céus; mas elas não devem ser menos vigilantes, trabalhadoras e fervorosas na seara quando já convertidas, porém, ainda mais, pois há infinitas coisas a mais a se fazer. Por ser esta uma característica que nos falta, muitas pessoas, em poucos meses de conversão, começam a perder seu doce e vivo senso das coisas espirituais, crescendo geladas e em trevas, “desviando-se da fé e a si mesmos se atormentando com muitas dores” (1 Tm 6; 10), enquanto se tivessem atentado às palavras do apóstolo em Filipenses 3; 12-14, seus caminhos seriam como “a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4; 18)
2. Não deixe de procurar a Deus, de jejuar e orar pelas mesmas coisas que exortamos a pessoas não-convertidas a orar e jejuar, tendo você já passado por este processo. Ore para que seus olhos estejam abertos, para que receba a visão correta, conhecendo-te a ti mesma, e para seus pés descansem em Deus. Que você veja a glória de Deus e Cristo, e tenha o amor de Cristo derramado em todo o teu coração. Aqueles quem tem a muitas destas coisas, ainda assim precisam orar por elas, pois ainda há tanta cegueira, dificuldade, orgulho e corrupção, que necessitam ter o trabalho de Deus sobre eles a fim de receber luz e vida, sendo trazidos da escuridão para a maravilhosa luz de Deus, recebendo como que uma nova conversão e ressurreição dos mortos. Há poucos deveres convenientes a um não-convertido que também não o são, de certa maneira, para o povo de Deus.
3. Quando ouvir a um sermão, ouça por si mesma. Mesmo que provavelmente o que está sendo pregado seja para não-convertidos ou para aqueles que, de outras maneiras, estão em diferentes circunstâncias que você. Assim, deixe com que a principal intenção de sua mente seja a ponderação: em quais aspectos isto é aplicável a mim? E em que posso melhorar para o próprio bem de minha alma?
4. Apesar de Deus ter perdoado e esquecido seus pecados, não os esqueça: lembre-se sempre deles, de como era uma escrava sem esperança na terra do Egito. Traga à memória suas ações de pecado antes de sua conversão, assim como o apóstolo Paulo está sempre mencionando sua antiga atitude de blasfêmia, em que perseguia o Espírito e maltratava o povo de Deus, humilhando seu coração, dizendo ser “o menor dos apóstolos”, indigno de “ser chamado apóstolo”, “menor dos santos” e “o maior dos pecadores”. Confesse sempre seus pecados a Deus e deixe com que este texto esteja sempre em sua mente: “para que te lembres e te envergonhes, e nunca mais fale a tua boca soberbamente, por causa do teu opróbrio, quando eu te houver perdoado tudo quanto fizeste, diz o SENHOR Deus.” (Ez 16; 63)
5. Lembre-se que você tem muito mais motivos para lembrar-se e humilhar-se dos seus pecados agora, desde que se converteu, do que antes. Tudo isso se deve a suas muitas obrigações para com a vida com Deus, olhando para os escolhidos de Cristo, amando sempre sua amabilidade, apesar de toda a sua falta de valor desde sua conversão.
6. Esteja sempre vigilante para com seu contínuo pecado e não pense que você se preocupa muito com ele. Ainda sim, não esteja desencorajada nem permita que ele anule seu coração, pois, apesar de sermos exageradamente pecadores, temos um Advogado com o Pai, a saber, Jesus Cristo, o Santo. O sangue cuja preciosidade, o mérito cuja retidão, a grandeza cujo amor e fé infinitamente sobrepujam as mais altas montanhas de nossos pecados!
7. Quando começar a orar, ou tomar parte na Ceia do Senhor, ou participar de qualquer outra atividade de adoração, venha a Cristo como Maria Madalena fez! Venha, e coloque-se aos Seus pés, e os beije, derrame perante Ele o doce óleo perfumado de amor oriundo de um coração puro e quebrantado, como ela derramou o perfume precioso de sua jarra de alabastro! “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.” (Lc 7; 37-38)
8. Lembre-se que orgulho é a pior víbora do coração, o grande distúrbio da paz da alma e da doce comunhão com Cristo: foi o primeiro pecado e se encontra bem baixo na fundação da obra de Satanás, sendo muito dificilmente arrancado fora, pois é o mais escondido, secreto e arruinador de todas as luxúrias, inserindo insensibilidade no meio da religião e até mesmo sob a desculpa de humildade. “O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço.” (Pr 8:13)
9. Que você faça um correto julgamento de si mesma, vendo sempre nos outros as melhores descobertas, o melhor conforto, pois têm esses dois lados: uns te fazem menor e insignificante, como uma criança. Outros, animam e consertam seu coração em uma disposição firme em negar-se a Deus, passar tempo com Ele e por Ele.
10. Se em algum momento você se encontrar em dúvidas sobre o estado de sua alma, em partes escuras e sem sentido, é necessário rever sua experiência passada. Mas não invista muito tempo e esforços neste caminho. Ao contrário, disponha-se com todo o seu ser a procurar ardentemente uma nova experiência, nova luz, novas ações de fé e amor. Uma nova descoberta da gloriosa face de Cristo fará mais sobre aterrorizadoras nuvens negras do que examinar experiências passadas durante um ano, sob as melhores nuances que podem dar.
11. Quando pouco se exercita a graça e a corrupção prevalece juntamente com o medo, não tente tirar isto de seu coração de qualquer outra maneira além de reviver o amor a Deus. Assim, o medo será efetivamente expulso, como a escuridão desaparece de um quarto quando os deliciosos raios de sol penetram-no.
12. Quando aconselhar e alertar as pessoas, o faça com vontade e afeição, com firme convicção. Lembre-se que estará falando ao seu próximo deixando que suas palavras contenham expressão de sua própria pequenez, mas também da graça soberana que te faz diferente.
13. Se você organizar encontros devocionais com jovens mulheres como você, uma vez a cada certo tempo, além de participar de outros encontros gerais, será muito proveitoso e útil.
14. Em quaisquer dificuldades, necessidades ou longos períodos de escassez, qualquer caso específico, para você ou outros, separe um dia para oração secreta e jejum. Gaste o dia, não tão somente pelas petições que faz, mas procurando seu coração olhando para sua vida, confessando seus pecados perante Deus. Não como se costuma fazer quando se ora publicamente, mas como um resumo a Deus de todos os pecados de sua vida, desde a infância, antes e depois da conversão, incluindo as circunstâncias e decaídas em relação a eles, apresentado diante d’Ele todas as particulares abominações de seu coração da maneira mais completa possível.
15. Não permita que os adversários da cruz reprovem a verdadeira religião. Quão retamente deveriam se comportar os filhos remidos e amados do Filho de Deus! Ainda, “caminhem como filhos da luz e do dia” e “adquira a doutrina de Deus seu Salvador”. E, especialmente, pondere sobre as virtudes cristãs que te fazem parecida com o Cordeiro de Deus. Seja humilde e submissa de coração, pura, celestial, amando a todos. Faça atos de amor aos outros e auto-negação pelos outros. Que haja em você uma disposição em pensar sobre os outros maior do que em você mesma.
16. Na sua vida, caminhe com Deus e siga a Cristo como uma pequena, pobre e desprotegida criança tomando a mão de Cristo. Mantenha seus olhos nas marcas das feridas em Suas mãos e lado, donde veio o sangue que te purifica do pecado, escondendo sua nudez nas vestes brancas celestiais.
17. Ore frequentemente pelos ministros da igreja de Deus, especialmente para que Ele continue seus glorioso trabalho que tem começado, até o dia da terra estar cheia de Sua glória.
FONTE: http://gracegems.org/26/Edwards_letter.htm
Tradução: Projeto Castelo Forte
Neste artigo, ainda me detenho nos aspectos a que chamei de editoriais. Para isso, abri a KJA (agora vou chamá-la pelo nome real) ao acaso, a fim de avaliar diagramação, forma das notas de rodapé e sua redação. Se o que vi se estende pela Bíblia toda, o problema é bem sério.
Abri a KJA na página 1258 e analisei até a 1261. Sim, é uma pequeníssima amostragem, mas pela passada de olhos que dei no restante, o que se encontra aqui é igual ao restante.
A KJA adotou o formato de notas de rodapé em uma única coluna, com a largura da página. A impressão que isso dá é ruim, desconfortável. Mas até aí pode ser apenas questão de gosto pessoal. Ok. Em minha opinião de editor, foi uma escolha ruim. Outro problema nas notas é que o número a que elas se referem está no mesmo corpo e formato que o texto que segue. Isso dificulta bastante a identificação. E no texto bíblico, o número da nota está em itálico, quase invisível, e separado do texto. Facilmente o leitor não vai encontrá-lo. O editorialmente recomendado é a identificação com número em negrito e sobrescrito, tanto no texto quanto no rodapé.
A KJA adotou uma nota de rodapé por capítulo (vi rapidamente que em alguns capítulos há mais de uma nota). Mas nem sempre a nota está na mesma página em que está o número a que ela se refere. É o que acontece na pág. 1258; o número 1 que identifica a primeira nota do capítulo 9 não está nesta página, mas na anterior. Com um pouco de habilidade de diagramação, seria possível colocar essa nota onde deveria estar. Mas, de novo, pode ser apenas uma questão de preferência pessoal. Eu não gostei; visualmente, o texto é feio e confuso.
Na pág. 1260 há a nota 1, no texto da página anterior, de Eclesiastes 11. Só para relembrar, nos Agradecimentos foi dito que essa obra não é uma tradução da New King James Version, mas uma obra produzida aqui no Brasil (ou na América Latina; nada é explicado muito claramente). Portanto, é uma obra que nasceu em português. No entanto, nesta nota 1 há a seguinte expressão: “… projetos missionários além-mar (overseas)…”. Qual a razão dessa palavra em inglês? Seria a sobra de uma tradução? Nada justifica a palavra overseas aí. Além disso, por ser palavra estrangeira, deveria estar em itálico. Logo após, há um uso errado de ponto-e-vírgula.
Na página seguinte, a 1261, a nota 1 traz: “as Profecia” (sic). Adicionalmente ao erro de concordância de número, há o uso equivocado de maiúscula, o que pode ser observado em muitas notas (eu diria que em todas, mas não as li todas ainda para afirmar isso). Nessa mesma nota, há ainda Céu, Cruz, Ressurreição, Dia e Julgamento, nessa forma, no meio da frase, sem nada que justifique a caixa-alta (maiúscula). Mais uma feia cochilada editorial.
No final da parágrafo aparece mais uma palavra em inglês desnecessária e sem itálico: nonsense.
Outra curiosidade: é citado Fl 3.12. Achou esse versículo em sua Bíblia? Nem eu. Nem ninguém. Fl é abreviatura de Filemom, não de Filipenses. Descuido editorial.
A falta de itálico nas palavras estrangeiras é característica da KJA. Na nota 1 do capítulo 1 de Eclesiastes há termos em hebraico e em grego sem itálico, o que torna a leitura difícil e confusa. Há também dois erros feios de separação entre sujeito e verbo por vírgula: “…sugere que Cohéllet, possa ser…” e “…expressão hebraica heh’bel, pode ser…”. Depois, lê-se: “…. no sentido na transitoriedade da vida”; deveria ser “sentido da”.
Fico por aqui. Estou folheando apenas o livro de Eclesiastes, e já encontrei outras coisas feias. Falo sobre elas em outro artigo.
Pretendo escrever alguns pequenos artigos sobre o assunto. Neste primeiro, vou enfocar apenas o que chamo de aspectos editoriais, falando do produto em si e da apresentação que faz de si mesmo. Em outro(s), comentarei sobre a tradução propriamente dita e, por fim, tratarei das notas e comentários.
Comprei a versão simples da BK (vou chamá-la apenas assim inicialmente; logo explico a razão); há outra bonitona, com capa de couro. Ela traz uma “luva”, uma tira de papel couchê impressa em sua volta. Na frente da luva, lê-se: BKJ, em letras bem grandes; abaixo, em letras bem menores: Bíblia King James Atualizada. E aí começam os problemas.
As siglas adotadas em português para as versões da Bíblia costumam informar de modo claro a tradução que trazem. Assim, a Almeida Revista e Atualizada é identificada por RA ou ARA; a Almeida Revista Corrigida é ARC; a Almeida Corrigida e Fiel é ACF; a tradução publicada pela Juerp é a IBB-Rev (Imprensa Bíblica Brasileira, Revisada). Até as Bíblias modernas seguem este preceito: NVI é a Nova Versão Internacional; a NTLH é a Nova Tradução na Linguagem de Hoje. A BK em questão, não: ela usa a sigla da Bíblia King James internacionalmente conhecida pelos leitores da Bíblia, dando a impressão de que se trata da King James original, de 1611; no entanto, logo abaixo revela ser, na verdade, uma versão atualizada. Seria isso intencional para enganar os leitores? É difícil crer diferente, já que, ao tirar a luva, na capa da Bíblia está apenas BKJ e apenas na lombada aparece a indicação de ser atualizada. A meu ver isso é, para dizer o mínimo, um descuido.
Mas vamos supor que tenha sido uma escolha editorial; que o grupo que produziu esta versão optou por identificá-la como BKJ, mesmo não sendo ela a BKJ. Será que isso se sustenta? Vamos prosseguir.
Na parte de trás da luva há o título: O livro que mudou o mundo. A quem isso se refere? Pela parte da frente, à BKJ. No entanto, esta não é a BKJ, mas sua versão atualizada, criada agora (lançada em setembro do ano passado). Portanto, ela não poderia ter mudado o mundo. Deduz-se, então, que essa apresentação se refere à KJ (também conhecida como AV, Authorized Version). No entanto, ao prosseguir na leitura, vê-se que não é isso.
O texto curto inicia defendendo que as descobertas arqueológicas proporcionam hoje “a restauração do Texto Bíblico” (sic). Deixando de lado o uso errado de maiúsculas, analisemos a frase. Ela indica que, agora, sim, temos o texto bíblico, implicitando a idéia de ele ser o original, o legítimo, o verdadeiro. No entanto, a próxima frase diz que “hoje, como nunca antes, a Igreja de Jesus Cristo tem em sua mão manuscritos […] maravilhosamente próximos dos Autógrafos” (sic). Mais uma vez, sem considerar o uso errado da maiúscula, vamos considerar a frase. Ela diz textualmente que hoje, como nunca antes, a Igreja tem um texto quase como os originais. O que isso significa e/ou implica?
Em primeiro lugar, como mostrei, uma contradição com a frase anterior. Ou o texto bíblico foi restaurado ou se tem algo próximo a ele.
Em segundo lugar, implicita que, até agora, a Igreja tinha algo distante dos autógrafos (manuscritos originais). Implicita que só agora os cristãos têm um texto digno de confiança. Isso ignora todas as traduções anteriores, baseadas no TR (Texto Recebido ou Textus Receptus), pelas quais Deus fez todos os grandes avivamentos da história, mudou a história de países, cidades, pessoas; levantou, capacitou, encorajou e sustentou os maiores pregadores e evangelistas da história? Então, o que os cristãos tiveram em mãos por quase cinco séculos? Não era a Palavra de Deus?
Prossigamos.
O próximo parágrafo, com erros de redação (como uso desnecessário e inconstante de aspas e de ponto-e-vírgula), traz, mais uma vez, críticas – agora mais claras e diretas – à própria King James e a traduções baseadas no TR (Reina-Valera e João Ferreira de Almeida). O texto cita “discrepâncias” e “erros (sic) textuais importantes” nessas traduções, os quais a “Bíblia King James procura corrigir”. Isso é assustador, não? Durante séculos, os mais piedosos cristãos, os mais fervorosos filhos de Deus, os mais úteis escravos de Cristo usaram Bíblias com discrepâncias em relação ao texto original, com erros sérios. É possível acreditar nisso?
Percebam que isso traz implícita a idéia de que Deus foi incapaz de preservar Sua Palavra ao longo dos séculos, que Ele não zelou nem velou por Sua Palavra como afirma que o faria (Jr 1.12). E, talvez pior que isso, é que Ele permitiu que Seu povo, durante séculos, mesmo durante os períodos de avivamento, de devoção, de piedade, dos puritanos, das grandes missões, da salvação de multidões, estivesse enganado, usando uma Bíblia com erros sérios e discrepâncias em relação aos originais. Pode-se aceitar tal insinuação a respeito de Deus?
Ainda há mais.
O próximo parágrafo diz que esta edição atualizada comemora os 400 anos da primeira edição da KJ. Estranha comemoração… Quando são comemorados, por exemplo, os 50 anos do lançamento de uma obra (filme, livro, por exemplo), ela é relançada com nova capa, nova diagramação, com comentários, com cartas do autor, com cenas deletadas, com som remasterizado, com trecho inédito posteriormente descoberto… mas a obra é a mesma! Isso é homenagem. Agora, dizer que a obra original não era tão boa, que tinha discrepâncias e erros sérios e chamar isso de homenagem…? Parece-me, sim, antes um desrespeito.
Mas a coisa não termina aí.
Mais abaixo há um comercial. Claro, afinal trata-se, em primeiro lugar, de um produto, uma mercadoria que precisa ser vendida. O título do “reclame” é Conheça mais sobre a BKJ. E, nesse momento, a confusão já está armada: a que Bíblia exatamente isso se refere? Como vimos, até agora BKJ tem sido usada para identificar esta versão em português. Então, é de se supor que o anúncio se refira a ela também. Certo? Errado.
O primeiro produto indicado é um livro chamado A Bíblia King James. A dúvida continua: a qual Bíblia isso se refere? A chamada abaixo é ainda mais confusa: Uma breve história da Tyndale até hoje. Quem é “a Tyndale”? Por que o título fala da King James e a chamada, da Tyndale?
Ao lado, há um DVD chamado BKJ, com a chamada O livro que mudou o mundo – Bíblia King James. De novo, a confusão. BKJ é a sigla usada para essa versão em português, mas o filme se refere à King James de 1611. O leitor desavisado ou sem conhecimento desses fatos pode ser levado a supor que vai encontrar aí material referente ao livro que tem em mãos, quando, na verdade, diz respeito à tradução que tem erros sérios e discrepâncias (segundo os autores do anúncio).
A parte que me parece cômica (na falta de outro adjetivo), é o final da luva, que indica que a distribuição desta Bíblia é feita pela BVFilms. Uma distribuidora de filmes responsável por distribuir a pretensa melhor tradução da Bíblia até agora? Faz algum sentido? (Ah, sim, é apenas comércio, produto, mercadoria…)
E não é só cômico. É preocupante. Eu tenho livros traduzidos e publicados e DVDs legendados pela BV, e o trabalho de tradução/preparação/revisão é péssimo. Só dois pequenos exemplos: num DVD, uma música diz que Jesus tomou a xícara na última ceia. Em outra, Rock of ages (Rocha eterna ou Rocha das eras, um hino tradicional) é traduzido por… idade da pedra! Acredite se quiser! E como estes há centenas de erros similares nos livros e DVDs. Eu escrevi à BVFilmes reclamando de ter comprado o DVD com esses erros inadmissíveis. A resposta: isso não é um produto com defeito. (!) Se o produto é uma tradução/versão, e esta é mal feita, como não caracterizar como produto com defeito?
É de causar apreensão que um trabalho de tamanha envergadura (e pretensão) esteja, de algum modo, nas mãos de um grupo tão descuidado com o uso do vernáculo – e uma tradução é, antes de tudo, trato com a língua. Pelos erros de redação observados até aqui, e por minha experiência com a BV, já antevia o que haveria de encontrar. E foi pior do que eu imaginava.
Agora, abrindo a Bíblia.
Na folha de rosto, lê-se: Tradução King James Atualizada (KJA). Opa! De onde saiu essa sigla? Não era, até agora, BKJ? Por que mudaram? Ou será que sempre tiveram consciência de que não era a BKJ, mas, sim, a KJA? Será que foi um descuido do capista ter colocado BKJ em letras garrafais e douradas na capa? Será que o editor/produtor editorial não viu isso? Ou será uma tática intencional de induzir o leitor a comprar gato por lebre?
Virando mais uma página, outro título: Antigo e Novo Testamentos Bíblia Sagrada King James Edição de estudo – 400 anos. Puxa, sumiu de novo a informação de que é uma versão atualizada, não a King James legítima.
Virando outra página, há um erro editorial feio e grave. A página de créditos (aquela em que se diz quem faz o quê na obra) está à direita, e deveria estar à esquerda. E no verso da página de créditos está um fac-símile da página de apresentação da King James de 1611. Isso deveria estar no lugar agora ocupado pela página de créditos. E, observe, mais uma vez há uma sutil insinuação de que as duas são a mesma obra.
A seguir, há uma apresentação escrita por Carlos Alberto de Quadro Bezerra. A meu ver, o fato dele ser o autor desse texto é mera jogada comercial. Afinal, no que diz respeito à erudição bíblica, à pesquisa exegética, ao manuseio das línguas originais, qual é a contribuição desse irmão? Nenhuma. Não o estou avaliando quanto a qualquer outro aspecto, apenas no tocante à erudição bíblica. E o conteúdo de seu texto em nada condiz com a pretensa seriedade da publicação.
No primeiro parágrafo ele diz que, agora, o “povo de língua portuguesa passa a contar com o texto integral da Bíblia King James”, o que é mentira, pois a KJA não é a KJ e tem menos versículos que ela; portanto, não é o texto integral.
No parágrafo seguinte há um erro doutrinário grave. Referindo-se a este lançamento, escreve o autor (citação textual): “Trata-se de um momento singular. Afinal, não estamos falando apenas do mais importante Livro de todos, mas da própria Palavra de Deus, o testemunho…”. Ele faz uma distinção entre o Livro e a própria Palavra de Deus! O mas, conjunção adversativa, indica que, apesar do primeiro, acontece o segundo. Por exemplo: “João jogou mal, mas ainda assim fez um gol. Eu estudei muito, mas não consegui chegar a tempo na prova.” A frase citada, caso quisesse revelar a fé em que a Bíblia é a Palavra de Deus, deveria ter sido redigida assim: “…o mais importante Livro de todos, a própria Palavra de Deus…”. Parece preciosismo, mas uma conjunção adversativa faz uma enorme diferença e induz ao erro!
Isso, mais uma vez, sinaliza problemas de edição, de esmero editorial. Sem citar que a tal apresentação é superficial, pois não cita os critérios utilizados na tradução, a relação real com a KJ, explicação sobre uso de versal-versalete, do nome Yahweh.
Depois, há um prefácio, escrito por Lisãnias Moura. Há problemas de redação e um parágrafo esquisito: “Quando lemos as Escrituras, podemos inicialmente nos prender ao texto e daquele texto ouvir a voz de Deus. Ao mesmo tempo, podemos estudar todo o contexto daquilo que estamos lendo e, neste caso, é de extrema valia consultarmos outras traduções, versões, comentário e demais recursos.” Segundo este autor, só podemos ouvir a voz de Deus lendo um texto (o que seria isso? Um versículo? Um capítulo? Poucos versículos?). Se lermos o contexto, então, não a ouvimos mais. O contexto só pode ser estudado, não serve para ouvir a voz de Deus. É possível crer nisso?
O pior ainda está por vir. O próximo texto, chamado Reconhecimentos, de autoria de Oswaldo Paião, é muito mais uma biografia do autor do que reconhecimento do trabalho de outrem. Além de problemas sérios de redação (erro de concordância de número e de gênero, erro de pontuação, frases ambíguas…, o que aumenta meu temor em relação ao que se pode encontrar na Bíblia propriamente dita), há menções a pessoas que me causam espécie. O autor cita seu trabalho com a NVI (o que indica sua concordância com o tipo de tradução nela usado), menciona Ricardo Gondim (pastor que já há algum tempo tem ensinos que afrontam a soberania e a onisciência de Deus), Ed René Kivitz (defensor da pós-modernidade da igreja e que se identifica com os ensinamentos de Gondim); menciona a “enorme contribuição […] à obra da KJA” de Caio Fábio (que ensina que a Bíblia não é o único nem o melhor livro de Deus). Será que esse autor não sabe das heresias ensinadas pelos homens que ele cita? Se sabe, concorda com elas? Se não sabe, não há um autor, um dos renomados teólogos que fizeram a KJA que o alertasse sobre isso? Ou um editor temente a Deus que glosasse o texto para evitar esses pontos controversos?
Pouco adiante no texto, finalmente é explicado (em lugar errado, pois isso não deveria estar nos agradecimentos, mas na apresentação) superficialmente como foi feita a tradução. Em suma: o Textus Receptus (não sei porque razão colocado entre aspas) foi uma das fontes usadas, ao lado dos chamados textos críticos. De modo resumido, os textos críticos surgiram a partir do final do séc. 18, quando a Bíblia começou a ser estudada como outro texto de literatura qualquer, sendo questionadas sua inspiração literal, sua inerrância, sua preservação. Segundo alguns autores, o texto crítico cortou da Bíblia a quantidade de versículos correspondente a uma das epístolas de Pedro.
E o texto explica ainda que não é uma tradução da New King James Bible e, finalmente!, sua ligação com a KJ: “A KJA é uma tradução dos mais antigos e fiéis manuscritos nas línguas originais (hebraico, aramaico e grego), preservando o estilo clássico, reverente e majestoso da Bíblia King James de 1611.” Impressionante! Então, a KJ, nem a NKJ, não é tradução de manuscritos fiéis? E como mantém o estilo de outro livro se não é tradução dele? Portanto, a ligação com a KJ é apenas subjetiva, de estilo (sabe-se lá o que isso significa)…
Há outros detalhes nesse texto que ainda poderiam ser comentados, mas são de menor importância.
“Nossos comerciais, por favor!”
Sim, há mais comerciais na Bíblia. Sim, não fora dela, não na luva, não na embalagem, mas na Bíblia mesmo. E comerciais ecumênicos, procurando agradar a bárbaros e citas, judeus e gentios, gregos e troianos, hereges e ortodoxos. São frases de elogio/recomendação à KJA de, por exemplo, Marco Feliciano (pastor que estará com o mega-herege Benny Hinn num evento em São Paulo, que xinga quem não concorda com seus ensinamentos), Éber Cocarelli, da assim chamada igreja internacional da graça, de R.R. Soares, pregador da teologia da prosperidade, da bênção em troca de dinheiro; do já citado Carlos Bezerra e de Ana Paula Valadão (que faz um comentário vazio, superficial, 100% comercial; não é preciso lembrar os ensinamentos dela sobre guerra espiritual, sobre unção do leão, sobre bota de couro de píton…).
Fico aqui em minha primeira e rápida consideração sobre a KJA. O que concluo até aqui? Do ponto de vista editorial, é um produto descuidado, mal produzido, com clara intenção meramente comercial e ecumênica e propositadamente concebido para ser tomado por uma legítima tradução da KJV.
Portanto, aos que a adquiriram e pretendem usar, cuidado!
Que o Senhor guarde nossos pés de tropeçar até Sua volta!
Em breve, voltarei ao assunto.
Um número razoável de cientistas e filósofos ateus ou agnósticos vem em anos recentes engrossando as fileiras daqueles que expressam dúvidas sérias sobre a capacidade da teoria da evolução darwinista para explicar a origem da vida e sua complexidade por meio da seleção natural e da natureza randômica ou aleatória das mutações genéticas necessárias para tal.
Thomas Nagel |
Neste post eu gostaria apenas de destacar algumas declarações de Nagel no livro que revelam a consciência clara que ele tem de que uma concepção puramente materialista da vida e de seu desenvolvimento, como a evolução darwinista, é incapaz de explicar a realidade como um todo. Embora ele mesmo rejeite no livro a possibilidade de que a realidade exista pelo poder criador de Deus, ele é capaz de enxergar que a vida é mais do que reações químicas baseadas nas leis físicas e descritas pela matemática. A solução que ele oferece – que a mente sempre existiu ao lado da matéria – não tem qualquer comprovação, como ele mesmo admite, mas certamente está mais perto da concepção teísta do que do ateísmo materialista do darwinismo.
[1] Os dois são os mais conhecidos defensores da teoria do design inteligente. Ambos já vieram falar no Mackenzie sobre este assunto.
(Fonte)