Categorias
Apologética Bíblia Casamento Cristo Disciplina Família Ministério Serviço cristão Testemunho William Lane Craig

Sete hábitos de um filósofo altamente eficaz (Nathan Schneider)

Lições de vida do apologista cristão William Lane Craig.

William Lane Craig, de seu boletim de julho de 2013.

 

Ninguém – ou quase ninguém, dependendo de a quem você perguntar – bate William Lane Craig em um debate sobre a existência de Deus, ou a ressurreição de Jesus ou qualquer outro assunto desse tipo. Durante o debate em Notre Dame, em abril do ano passado, o neo-ateísta Sam Harris referiu-se a Craig como “o único apologista cristão que parece ter colocado o temor de Deus em muitos de meus companheiros ateus”.

Durante o desenvolvimento do trabalho em meu livro sobre como as pessoas procuram por provas da existência de Deus, tive a oportunidade de passar bastante tempo com Craig, tanto na área de Atlanta, onde ele vive, como na Universidade Biola, uma escola evangélica nos arredores de Los Angeles, onde ele ensina algumas semanas por ano. Para o livro, eu comecei a escrever sobre idéias como seu “argumento cosmológico Kalam”, uma das ideias mais citados de sua geração em filosofia da religião, que funde os muçulmanos medievais com a cosmologia moderna. Eu também falei de sua habilidade empreendedora em tornar a Sociedade Filosófica Evangélica em uma organização acadêmica que tem um trabalho extra de uma plataforma apologética lisa-como-uma-banana para mudar corações, como o seu e o meu. Mas nada disso capta o papel do homem como um sábio e exemplar, no qual ele torna algo como o serviço de apoio que Oprah oferece às mulheres americanas que ficam em casa, exceto que os acólitos de Craig são um grupo de precoces conservadores, evangélicos, jovens adultos. Ele quase me faz desejar ser esse tipo de evangélico conservador – o que é, para ele, o ponto.

Craig se veste impecável e professoralmente, muitas vezes com camisa abotoada e blazer, ou suéter ou colete e suéter. Suas covinhas sugerem uma inocência básica que pode ser surpreendente quando ela rompe a fachada da lógica. Vejo em Craig a decência associada a uma época em relação à qual sou muito jovem para ser nostálgico, época que fui ensinado a imaginar como imperialista, sexista, homofóbica, intolerante, ou retrógrada por outro lado. Suas racionalizações de certas partes da Bíblia hebraica podem soar como se ele concordasse com o genocídio. No entanto, nenhuma dessas acusações se apegam a ele; nenhuma é mesmo compreensível no cósmico globo de neve1 dentro do qual ele habilmente pensa seu caminho pela vida, cujo único e constante enredo é trazer mais e mais almas a um conhecimento salvífico do único e verdadeiro Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Eu moro em um globo de neve diferente de Craig. No entanto, ganhei muito com as lições que aprendi com ele, e de seus conselhos cuidadosamente elaborados e de suas respostas a minhas perguntas. (“Eu posso não responder, mas você pode perguntar”, avisou-me uma vez.) Eles melhoraram minha produtividade, minha relação com os entes queridos e minha aptidão física. Seria egoísta se eu não passasse algumas dessas lições, de forma sintetizada e praticável, para você.

 

1. Fazer tudo como um ministério

Craig começa com uma breve reflexão devocional cada dia de seu curso de duas semanas, no inverno, em que ensina os mestrandos de filosofia os alunos de apologética em Biola. Em meu primeiro dia na classe, o texto que ele recitou veio de Howard Hendricks, professor famoso do Seminário Teológico de Dallas: “Homens, não estudem para uma classe, estudem para uma vida de ministério”. Isso ter sido dirigido para “homens” era quase apropriado, pois, das quinze ou mais pessoas na classe naquele dia, apenas duas eram mulheres: uma visitante representando outra e uma dona de casa aposentada. Mas, para qualquer um, a mensagem é a mesma: Perseguir o elevado chamamento de servir a Deus, e o sucesso se seguirá.

O que, porém, devemos pensar como sucesso? Esse foi o tema de outras reflexões devocionais durante aquela quinzena do mês de aulas. Craig citou Bill Gothard, ministro e fundador do Instituto de Princípios Básicos de Vida, como tendo dito: “O sucesso não é medido pelo que você é comparado aos outros; sucesso é o que você é comparado com o que poderia ser”. Embora se possa ser tentado a tomar essa máxima como licença para baixas expectativas, a interpretação de Craig era, naturalmente, mais sábia. Considere essa “humildade para o orgulhoso”, disse ele – pois onde muito é dado, mais é esperado – e “encorajamento para desencorajado”.

A reflexão em outra manhã ofereceu ainda outro ponto de vista sobre o sucesso, dessa vez a partir de 1Coríntios: “A loucura de Deus é mais sábia do que os homens”. Craig estava certamente falando de sua própria experiência, quando advertiu seus alunos a não esperar respeitabilidade acadêmica acima de tudo. “Não busquem o louvor dos homens, mas o louvor de Deus.” E: “Vocês não estão realmente prontos para serem usados de Deus”, ele avisou, numa sintaxe tipicamente antiga, “até que estejam pronto para ser visto loucos por Cristo”. Aqui ele fala da experiência. “Meu encargo é evangelismo”, disse-me certa vez durante o almoço. Pregar seu evangelho tem muitas vezes conflitado com as tendências atuais das expectativas acadêmicas, mas, pelos padrões de ministério, ele tem sido um servo eminentemente fiel.

Certamente, devemos usar cada repreensão que pudermos contra o carreirismo e todo o incentivo para fazer do serviço nossa ocupação. É tarefa de cada um de nós discernir os ministérios que temos a oferecer e realizá-los – como loucos, se necessário.

 

2. Faça uma aliança com sua esposa

Essa lição não é nenhuma surpresa vinda de um evangélico da estirpe de Craig. Mas, entre os filósofos, que são notoriamente criaturas solitárias, sem dúvida vale a pena repeti-las. “Eu não sou um filósofo da mente; então, não tenho nenhuma grande percepção sobre as características das pessoas”, ele observou certa vez, enquanto driblava uma questão esotérica de um aluno em sala de aula. Mais do que isso, porém, é sua esperança “de você não se tornar tão orientado para o trabalho que deixará o outro ser negligenciado, e não colocar a carreira antes dessa pessoa a quem você se comprometeu amar e cuidar.” O título da primeira seção em seu currículo é Família, em que são listados sua esposa, Jan, e os dois filhos.

Ele conta histórias sobre os tempos em que teve problemas com Jan nessa área. Quando era estudante de pós-graduação, ele costumava comprar um monte de livros para si, mesmo que a família não tivesse muito dinheiro. Jan viu que já era demais quando ele chegou em casa com um exemplar de O ser e o nada, de Sartre. Ela o repreendeu por aquele provável desperdício. A partir de então, ele se comprometeu a comprar apenas livros que foram indicados para a aula, e até hoje ele compra muito poucos desses.

Ele recomenda aos alunos: “Façam uma aliança com sua esposa.” Prometam-lhe que você não vai “sacrificar seu relacionamento no altar do sucesso acadêmico”. Certifiquem-se de que ela sabe que você está disposto a desistir da carreira por completo, se ela precisar que você o faça. Uma vez que prometeu aquilo a Jan, explica Craig, ela se tornou muito mais tolerante com sua necessidade de se concentrar no trabalho, por agora saber que, em última instância, suas necessidades importavam mais para ele. Craig instrui também a que “fala a uma mulher é muito diferente de falar com outros caras”. Ao fazer a aliança, olhe-a longa e firmemente nos olhos.

Um dos estudantes esse ano tinha acabado de noivar e, ao longo da aula, ele e Craig tiveram um vibrante diálogo, em termos filosóficos, claro, sobre se Deus escolhe uma pessoa em particular com que nós deveríamos casar ou se, nas palavras do aluno, Deus quer que nós “apenas escolhamos uma mulher e a amemos”. Craig, que é um defensor de uma teoria do século 16 sobre a presciência de Deus conhecida como Molinismo, argumentou que Deus sabe exatamente o que é certo para cada um de nós. O critério de Deus para essa determinação, além disso, não está ligado apenas à questão da pessoa que vai fazer você mais feliz – Deus não está aí para fazer da vida “uma tigela de cerejas” –, mas, sim, a encontrar a pessoa com quem você vai trazer à salvação mais almas.

Para esse fim, Craig especialmente incentiva seus alunos a pensar em casar com uma missionária. Ele, por exemplo, conheceu Jan enquanto eles estavam trabalhando juntos na Campus Crusade for Christ. “Aquelas solteiras na equipe do Campus Crusade for Christ são realmente mulheres escolhidas”, ele me explicou. “Elas são jovens, solteiras, inteligentes, graduadas, muito atraentes, independentes e capazes de gerir as próprias finanças e um ministério.” Se tudo é para um ministério, afinal, essa é sua parceria.

 

3. Organize o dia

Houve um tempo, diz Craig, quando começou a se preocupar por estar perdendo sua habilidade com a filosofia. “Querida”, lembra-se de ter dito a Jan, “não sei o que se passa comigo. Eu simplesmente não consigo mais me concentrar. Eu conseguia estudar o dia todo, sem nenhum problema, e agora simplesmente não consigo mais me concentrar. Minha mente divaga, e eu estou cansado.” Ele foi tentado a se desesperar.

“Não, não, não seja ridículo!”, ela lhe disse. “Você só precisa organizar seu dia.”

Como de costume, ela estava certa. Ela o colocou em um novo cronograma: começar o dia de trabalho com a tarefa filosófica mais difícil na parte da manhã, depois materiais mais leves, como seus textos para públicos populares, após o almoço. Ele não olha a caixa de e-mail até o final da tarde, “quando meu cérebro está realmente frito”. (Por medo de ser bombardeado com e-mail, ele nem sequer partilha seu endereço eletrônico com os alunos de pós-graduação.) Pouco depois de tentar este regime, ele recuperou seus poderes filosóficas completamente.

A vida do casal, em uma casa nos subúrbios de Atlanta, é uma imagem de (certo tipo de) trabalho em equipe. Craig acorda todos os dias às 5h30 e começa o dia com um tempo devocional, lendo os Pais da Igreja e o Novo Testamento em grego; depois, ora pela propagação do evangelho em alguma parte não-alcançada do mundo, com o ajuda do manual Operation World (Operação Mundo). Logo, Jan está de pé. Eles tomam café2 juntos (o que ele não gosta, mas recomenda para a saúde e por benefícios sociais); depois, ele desce para a sala de musculação para uma hora de exercício. Quando ele sai de lá, ela tem um café da manhã quente pronto e esperando – por vezes, tão elaborado, diz ele, como presunto e ovos e waffles de abóbora com chantilly e morangos. (“Ela é uma cozinheira fabulosa.”) Ele desce novamente, para uma manhã intensa de atividades escolares, e ressurge para o almoço quente que Jan preparou. Então, ele desce outra vez para o trabalho mais leve da tarde, culminando nos e-mails, que ele responde à mão e ela muitas vezes é quem digitar e envia, uma vez que sua rara doença neuromuscular, muito seguidamente, o torna incapaz de digitar. Entre as refeições e sessões de digitação, Jan mexe com o mercado de ações. Pouco tempo depois, o jantar está pronto, e eles comem e passam a noite juntos, assistindo TV e bebendo vinho tinto (de que ele também não gosta, mas também recomenda para a saúde e por benefícios sociais).

“Ela não é uma intelectual”, diz Craig da esposa, “mas ela aprecia o valor do que eu faço, e isso é o que importa.” Seria de esperar que isso fosse verdade, porque ela digitou todos os seus artigos, livros e ambas dissertações de doutorado. Seria bom se todos nós tivemos essa devotada ajuda, embora possa ser insustentável no atual clima econômico para os estudiosos entre nós, incapazes de acumular valores de cinco dígitos por palestrar. Podemos, pelo menos, adiar o e-mail por algumas horas, o que eu tenho feito desde então, com um enorme benefício.

 

4. Transforme fraqueza em força

Um dos fatos que definem a vida de William Lane Craig é a síndrome de Charcot-Marie-Tooth, acima mencionada, que tem afligido o seu sistema nervoso, desde o nascimento, causando atrofia nas mãos e nos pés. Seu caso é relativamente leve, mas debilitante, sem dúvida. Quando era menino, ele não podia correr normalmente, impedindo-o de distinguir-se nos esportes.

“As crianças podem ser muito cruéis, e zombarem e chamar-lhe de nomes”, ele me disse, enrugando a testa com sinceridade, mas sem perder o equilíbrio emocional. “Isso faz você se sentir como lixo, alguém inútil.”

No início da década de 1980, Craig trocou com um amigo lições de apologética por algumas sessões de aconselhamento matrimonial com Jan, e foi só então que ele percebeu o efeito que essas memórias da infância tiveram sobre ele. “Emoções brotaram de dentro de mim, e eu comecei a chorar”, disse ele. “Eu não sabia quão mal eu ainda me sentia. Eu ainda tinha os sentimentos dentro de mim.” Essas sessões o ajudaram a entender que sua impulsividade e determinação como adulto também são resultado daquelas primeiras frustrações.

“Bem, eu vou mostrar pra eles”, imaginava-se pensando, sob a superfície. “Eu vou fazer alguma coisa da minha vida, e eles não vão zombar de mim.”

É por isso que ele começou a debater no ensino médio. “Eu não era bom em atletismo”, ele me disse, “mas eu poderia representar minha escola por estar na equipe de debate.” Lá, ele se destacou, e viajou por todo Illinois para competições, debatendo os quatro anos do ensino médio e também nos quatro anos na Faculdade Wheaton também. “O Senhor tem usado isso em minha vida para me ajudar”, Craig agora pode dizer sobre sua doença. E agora, no início dos sessenta anos, exercitar-se seis manhãs por semana (exceto domingo) significa que ele está em melhor forma do que quando na casa dos vinte anos.

“O exercício corporal para pouco aproveita”, foi o texto de uma das devoções matinais em sua classe, 1Timóteo 4.8. “Mas isso não quer dizer que não é proveitoso!” Craig continuou, como se aliviado, e, então, começou a delinear seu programa de exercícios para os alunos, recomendando boletins informativos da Clínica Mayo e o programa Body for Life, do fisiculturista Bill Phillips.

Craig observou certa vez que ele realmente gosta da idéia de como as placas tectônicas, vulcões e terremotos são parte do que Deus usou para fazer a vida na Terra possível, lançando os elementos necessários a partir de debaixo da crosta. É a mesma lógica que aplica a própria vida: um trauma transformado por um propósito maior. Mesmo o tsunami de Natal de 2004 “seria ótimo”, disse ele, se Deus pudesse usá-lo para trazer mais pessoas para Cristo. Nesse caso, “graças a Deus pelo sofrimento”.

 

5. Esteja preparado

Confrontar sofrimentos horríveis assim filosoficamente, e também espiritualmente, requer prática. Parte do curso de duas semanas concentrou-se no assim chamado problema do mal, que lida com o fato de que Deus pode ser consistente com a experiência de tanta dor e crueldade do mundo. “O estudo da filosofia pode ajudar a preparar uma pessoa para o sofrimento”, disse Craig a sua classe. Esse estudo ajuda a ver a obra de Deus no mundo, ou pelo menos a confiar na insondável providência divina. Ele prometeu: “Isso tem um aspecto devocional real.”

A arena em que a inclinação de Craig para estar preparado é especialmente vista, é claro, é o debate. Ao longo de determinado debate, muitas vezes contra um valoroso desafiante ateu, ele nunca parece perder sua confiança inabalável, exceto se aventurar no ridículo. Ele tem uma resposta pronta para todas as objeções, com uma citação relevante em suas notas para deixar bem claro, como se algum dos pré-conhecimentos molinistas de Deus acerca dos movimentos do adversário estivesse passando sobre ele.

Realmente, porém, o processo é muito simples: é que ele aprendeu na equipe de debate do ensino médio e praticou por anos, mesmo antes de, mais tarde, ir ao debate sobre religião. Antes de um debate, às vezes por meses antes do tempo, Craig faz questão de ler a obra do oponente, e “explorar a Internet” por vídeos do estilo de fala e dos maneirismos que ele vai enfrentar. Em alguns casos, ele contrata assistentes para ler os escritos do adversário e preparar sinopses que ele possa refinar. Ele metodicamente estabelece o que acha que o oponente vai tentar argumentar e que objeções podem ser levantadas contra seus próprios argumentos e, em seguida, prepara réplicas de acordo, fazendo anotações para cada uma, a fim de que elas estejam prontas durante o debate. Caso contrário, ele diz, “eu tenho grande dificuldade de lembrar essas coisas.”

Note bem: se você está se preparando para enfrentá-lo, pode, de alguma forma, transformar a meticulosidade dele em vantagem para você. É difícil imaginar como, no entanto, exceto que vamos ter ainda mais do mesmo. Mesmo o mais inteligente cara com réplicas rápidas não consegue acompanhá-lo.

 

6. Lembre-se de que tempo é tudo – e nada

Não há arma que Craig maneje de forma mais eficaz em um debate do que o relógio. Quando eu perguntei sobre seus segredos, ele me disse: “A capacidade de saber como dizer algo de forma sucinta, chegar ao ponto e passar para o próximo ponto, é muito, muito importante.” Ele planeja exatamente o que pretende dizer e avança metodicamente, certificando-se de que pode ir do início ao fim sem apressar ou saltar de um ponto para outro e ter de voltar. Quando seu oponente começa a ir para a frente e para trás em algumas objeções e não responde a cada um dos pontos Craig apresenta, Craig pode lembrar o público ao final que muitos de seus pontos permanecem em pé, sem contestação.

Ele faz isso em quase todos os debates, e é tão eficaz que as pessoas se queixam. Defendeu-se para mim: “Acho que agora você pode ver, Nathan, que isso não é um truque de retórica! Isso não é um dispositivo inteligente!” É apenas uma técnica, e ela funciona.

O tempo, porém, nem sempre está do lado de William Lane Craig. Durante as discussões da classe sobre temporalidade, ele citou a passagem de Macbeth sobre a brevidade da vida humana como “um conto contado por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada”.

“Isso realmente repercute em mim”, disse ele.

Em seu sugestivo artigo “On the Argument for Divine Timelessness from the Incompleteness of Temporal Life” (Sobre o argumento para a intemporalidade divina a partir da incompletude da vida temporal), ele sugere: “Está longe de ser óbvio que a experiência da passagem temporal é só uma melancólica atração por um Deus onisciente, como é para nós. De fato, há alguma evidência de que a consciência do fluxo do tempo pode realmente ser uma experiência enriquecedora.” Repita-se: É “óbvio” que o próprio fluxo do tempo é “melancolia […] para nós”, exceto, talvez, por “alguma evidência” de que pode “realmente” existir ao contrário.

A pesquisa pelo infinito e o eterno, e a insatisfação com nada menos, é um tema constante no ensino de Craig e em sua retórica. Ou algo é eternamente significativo, ou valioso, ou não é nada. Ao contrário do que as legiões de filósofos não-religiosos (e outros), que parecem achar benefício na reflexão sobre a ética e a moral, em um debate com o filósofo Louise Antony, Craig descreveu o pensar sobre a moralidade no contexto do ateísmo como sendo “cadeiras sendo arrastadas no convés do Titanic”. O que fazemos com nossa vida na terra não vale nada para ele a não ser que ela seja notado por um Deus infinito e eterno.

O amor é uma possível exceção. Na sala de aula, ele às vezes fala (como um exemplo filosófico, é claro) sobre os momentos em que você está com a pessoa a quem ama, e está gostando tanto que o momento parece durar para sempre. Mesmo assim, porém, o valor de tais momentos passageiros só vem de sua semelhança com a eternidade.

Alguns dos alunos discordaram. Eles tentaram argumentar que o amor só é possível dentro do tempo. O que o amor será sem memória, ou envelhecimento ou a possibilidade de perda? Em uma discussão sobre o amor sentido entre as pessoas da Trindade antes da criação do universo, os estudantes afirmaram que a Trindade deve ter existido no tempo, a fim de que Seus membros amassem um ao outro. Mas o Deus de Craig, pelo contrário, está muito mais em casa na intemporalidade.

 

7. Amar a Deus e a autoridade

Bill e Jan Craig mudou-se para o condado de Cobb, na Georgia, graças a um processo de dedução: é o mais adequado a cada um dos vários critérios que eles procuraram satisfazer. Agora Bill não pode imaginar uma escolha melhor. Ele ama o condado, que é um subúrbio ao norte de Atlanta. Ele também ama os Estados Unidos em geral, um amor que, por vezes, se expressa pelo uso de sua gravata com uma águia voando, assim como no ensino médio ele desejava trazer honrar a sua escola pela guerra de debates. Seu patriotismo se estende a todos as áreas da vida, e sua filosofia defende, de modo devido, as autoridades corretamente ordenadas que ele reconhece: Deus, família, país, igreja, escola.

A razão, como ele a brande, apoia cada uma delas e, assim, é também apoiada por elas. Ao defender o Deus do cristianismo histórico, ele tem atrás de si dois milênios da verdade cristã em toda seu poder e majestade acumulados. Por amar a família, ele ganha a provisão material e as proezas de digitação de Jan. Por amar seu país, ele pode manter a cabeça erguida no condado de Cobb, uma das capitais do complexo militar-industrial, onde o maior empregador é a fábrica da Lockheed Martin, onde é construído o desastroso caça F-22. (Até meu motorista de táxi lá, um africano que recentemente migrou, me acusou de ser comunista por questionar a utilidade do caça.) Por amar sua igreja, a Batista Johnson Ferry, ele tem uma grande e bem organizada congregação na qual lota uma classe apologética semanal semi-litúrgica; prestando os cultos no santuário, vislumbrando o batistério por trás de portas retráteis, a comunidade reforça as atividades acadêmicas solitárias dele. Por amar a instituição em que trabalha, a Universidade Biola, suas idéias tornam-se a munição para os esforços estratégicos a fim de preparar um grande número de estudantes inteligentes para a conquista acadêmica e cultural.

Cada um desses poderes estão por trás de Craig, em perfeita ordem, com cada palavra que ele pronuncia, incutindo nele, por sua vez, a autoridade e a gravidade dele. Apesar da aparência de ser principalmente um acadêmico independente, ele está sempre enredado na nobre submissão a eles [os poderes, as autoridades que reconhece], e eles o defendem. Sua filosofia não é só dele, mas a deles também, o que a torna muito mais formidável. Como seu campeão, ele a carrega de modo dominante e bem-sucedido, com a disposição de ajudá-lo, se você aceitar, a subir ao patamar dele. Mas, se você preferir não fazer isso, a perda será sua.

Não há ninguém como Craig, com certeza, mas tudo o que ele faz é inseparável dos poderes a que ele serve. Em uma conversa em sala de aula em Biola, sobre noção de Saul Kripke de “designadores rígidos”, a dona de casa aposentada, por exemplo, perguntou: “O que faz Bill Craig ser Bill Craig?”

Craig, como um monte de filósofos, eu descobri, tem uma maneira de dizer coisas reveladoras em pronunciamentos técnicos, inconsciente da frase com seus próprios significados quando tomados por si sós, fora de contexto, e interpretada literalmente. Toda a filosofia, penso às vezes, pode ser considerada um grande ato falho.

Para o estudante, ele respondeu: “Eu não sei bem como responder a uma pergunta como essa.”

 

(Traduzido por Francisco Nunes de 7 Habits of a Highly Effective Philosopher (original aqui).

1Snow-globe, enfeite de mesa comum nos Estados Unidos, em que a reprodução de alguma construção famosa ou uma cena natalina está dentro de um globo de acrílico, envolvida por um líquido, no qual há um material em suspensão, que imita neve. O girar desse globo faz a “neve” cair. (N.T.)

2É apenas café mesmo, não o café da manhã. (N.T.)

Categorias
Apologética Bíblia Ciência Cosmovisão Criação Deus Disciplina Escatologia Ferramentas Irmãos Livros Salvação

Conexões recomendadas (1)

Introdução à Cosmovisão Reformada: Anotações quase aleatórias (1)

D.A. Carson – O Deus que Não Destrói Rebeldes [O Deus Presente 2/14]

Investigacão sobre a mente humana segundo os princípios do senso comum: lançamento de livro

O reino milenar (em inglês): série de artigos sobre este importante tópico da escatologia, ora desconhecido, ora mal interpretado pelos cristãos contemporâneos

Categorias
Cristo Deus Disciplina Encorajamento Espírito Santo Estudo bíblico Igreja Jonathan Edwards Oração Santidade Serviço cristão Vida cristã

Como se conduzir na caminhada cristã (Jonathan Edwards)

Carta de Jonathan Edwards a uma jovem, escrita no ano de 1741

Minha querida jovem amiga,

Como era do seu desejo que eu a mandasse, por escrito, algumas diretrizes em como conduzir-se a si mesma em sua Caminhada Cristã, agora o faço. As doces lembranças das coisas maravilhosas que vi em sua igreja inspiram-me a fazer qualquer coisa que estiver a meu alcance, contribuindo para a alegria e prosperidade espirituais do povo de Deus que aí está.

1. Aconselho-te a manter o esforço e o fervor na religião, como se estivesse em seu estado natural, procurando converter-se. Aconselhamos pessoas com convicção a serem fervorosas e violentas para o Reino dos Céus; mas elas não devem ser menos vigilantes, trabalhadoras e fervorosas na seara quando já convertidas, porém, ainda mais, pois há infinitas coisas a mais a se fazer. Por ser esta uma característica que nos falta, muitas pessoas, em poucos meses de conversão, começam a perder seu doce e vivo senso das coisas espirituais, crescendo geladas e em trevas, “desviando-se da fé e a si mesmos se atormentando com muitas dores” (1 Tm 6; 10), enquanto se tivessem atentado às palavras do apóstolo em Filipenses 3; 12-14, seus caminhos seriam como “a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4; 18)

2. Não deixe de procurar a Deus, de jejuar e orar pelas mesmas coisas que exortamos a pessoas não-convertidas a orar e jejuar, tendo você já passado por este processo. Ore para que seus olhos estejam abertos, para que receba a visão correta, conhecendo-te a ti mesma, e para seus pés descansem em Deus. Que você veja a glória de Deus e Cristo, e tenha o amor de Cristo derramado em todo o teu coração. Aqueles quem tem a muitas destas coisas, ainda assim precisam orar por elas, pois ainda há tanta cegueira, dificuldade, orgulho e corrupção, que necessitam ter o trabalho de Deus sobre eles a fim de receber luz e vida, sendo trazidos da escuridão para a maravilhosa luz de Deus, recebendo como que uma nova conversão e ressurreição dos mortos. Há poucos deveres convenientes a um não-convertido que também não o são, de certa maneira, para o povo de Deus.

3. Quando ouvir a um sermão, ouça por si mesma. Mesmo que provavelmente o que está sendo pregado seja para não-convertidos ou para aqueles que, de outras maneiras, estão em diferentes circunstâncias que você. Assim, deixe com que a principal intenção de sua mente seja a ponderação: em quais aspectos isto é aplicável a mim? E em que posso melhorar para o próprio bem de minha alma?

4. Apesar de Deus ter perdoado e esquecido seus pecados, não os esqueça: lembre-se sempre deles, de como era uma escrava sem esperança na terra do Egito. Traga à memória suas ações de pecado antes de sua conversão, assim como o apóstolo Paulo está sempre mencionando sua antiga atitude de blasfêmia, em que perseguia o Espírito e maltratava o povo de Deus, humilhando seu coração, dizendo ser “o menor dos apóstolos”, indigno de “ser chamado apóstolo”, “menor dos santos” e “o maior dos pecadores”. Confesse sempre seus pecados a Deus e deixe com que este texto esteja sempre em sua mente: “para que te lembres e te envergonhes, e nunca mais fale a tua boca soberbamente, por causa do teu opróbrio, quando eu te houver perdoado tudo quanto fizeste, diz o SENHOR Deus.” (Ez 16; 63)

5. Lembre-se que você tem muito mais motivos para lembrar-se e humilhar-se dos seus pecados agora, desde que se converteu, do que antes. Tudo isso se deve a suas muitas obrigações para com a vida com Deus, olhando para os escolhidos de Cristo, amando sempre sua amabilidade, apesar de toda a sua falta de valor desde sua conversão.

6. Esteja sempre vigilante para com seu contínuo pecado e não pense que você se preocupa muito com ele. Ainda sim, não esteja desencorajada nem permita que ele anule seu coração, pois, apesar de sermos exageradamente pecadores, temos um Advogado com o Pai, a saber, Jesus Cristo, o Santo. O sangue cuja preciosidade, o mérito cuja retidão, a grandeza cujo amor e fé infinitamente sobrepujam as mais altas montanhas de nossos pecados!

7. Quando começar a orar, ou tomar parte na Ceia do Senhor, ou participar de qualquer outra atividade de adoração, venha a Cristo como Maria Madalena fez!  Venha, e coloque-se aos Seus pés, e os beije, derrame perante Ele o doce óleo perfumado de amor oriundo de um coração puro e quebrantado, como ela derramou o perfume precioso de sua jarra de alabastro! “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.” (Lc 7; 37-38)

8. Lembre-se que orgulho é a pior víbora do coração, o grande distúrbio da paz da alma e da doce comunhão com Cristo: foi o primeiro pecado e se encontra bem baixo na fundação da obra de Satanás, sendo muito dificilmente arrancado fora, pois é o mais escondido, secreto e arruinador de todas as luxúrias, inserindo insensibilidade no meio da religião e até mesmo sob a desculpa de humildade. “O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço.” (Pr 8:13)

9. Que você faça um correto julgamento de si mesma, vendo sempre nos outros as melhores descobertas, o melhor conforto, pois têm esses dois lados: uns te fazem menor e insignificante, como uma criança. Outros, animam e consertam seu coração em uma disposição firme em negar-se a Deus, passar tempo com Ele e por Ele.

10. Se em algum momento você se encontrar em dúvidas sobre o estado de sua alma, em partes escuras e sem sentido, é necessário rever sua experiência passada. Mas não invista muito tempo e esforços neste caminho. Ao contrário, disponha-se com todo o seu ser a procurar ardentemente uma nova experiência, nova luz, novas ações de fé e amor. Uma nova descoberta da gloriosa face de Cristo fará mais sobre aterrorizadoras nuvens negras do que examinar experiências passadas durante um ano, sob as melhores nuances que podem dar.

11. Quando pouco se exercita a graça e a corrupção prevalece juntamente com o medo, não tente tirar isto de seu coração de qualquer outra maneira além de reviver o amor a Deus. Assim, o medo será efetivamente expulso, como a escuridão desaparece de um quarto quando os deliciosos raios de sol penetram-no.

12. Quando aconselhar e alertar as pessoas, o faça com vontade e afeição, com firme convicção. Lembre-se que estará falando ao seu próximo deixando que suas palavras contenham expressão de sua própria pequenez, mas também da graça soberana que te faz diferente.

13. Se você organizar encontros devocionais com jovens mulheres como você, uma vez a cada certo tempo, além de participar de outros encontros gerais, será muito proveitoso e útil.

14. Em quaisquer dificuldades, necessidades ou longos períodos de escassez, qualquer caso específico, para você ou outros, separe um dia para oração secreta e jejum. Gaste o dia, não tão somente pelas petições que faz, mas procurando seu coração olhando para sua vida, confessando seus pecados perante Deus. Não como se costuma fazer quando se ora publicamente, mas como um resumo a Deus de todos os pecados de sua vida, desde a infância, antes e depois da conversão, incluindo as circunstâncias e decaídas em relação a eles, apresentado diante d’Ele todas as particulares abominações de seu coração da maneira mais completa possível.

15. Não permita que os adversários da cruz reprovem a verdadeira religião. Quão retamente deveriam se comportar os filhos remidos e amados do Filho de Deus! Ainda, “caminhem como filhos da luz e do dia” e “adquira a doutrina de Deus seu Salvador”. E, especialmente, pondere sobre as virtudes cristãs que te fazem parecida com o Cordeiro de Deus. Seja humilde e submissa de coração, pura, celestial, amando a todos. Faça atos de amor aos outros e auto-negação pelos outros. Que haja em você uma disposição em pensar sobre os outros maior do que em você mesma.

16. Na sua vida, caminhe com Deus e siga a Cristo como uma pequena, pobre e desprotegida criança tomando a mão de Cristo. Mantenha seus olhos nas marcas das feridas em Suas mãos e lado, donde veio o sangue que te purifica do pecado, escondendo sua nudez nas vestes brancas celestiais.

17. Ore frequentemente pelos ministros da igreja de Deus, especialmente para que Ele continue seus glorioso trabalho que tem começado, até o dia da terra estar cheia de Sua glória.

FONTE: http://gracegems.org/26/Edwards_letter.htm

Tradução: Projeto Castelo Forte

(Fonte)

Categorias
Disciplina Escatologia Leonard Ravenhill Vida cristã

O trono de julgamento de Cristo (Leonard Ravenhill)

“Oh, Deus! Grave a eternidade nos meus olhos!”

Mas, sabe, se Deus gravasse a eternidade ou o julgamento em nossos olhos ou, se você prefere, na tábua de carne dos nossos corações, estou convencido de que seríamos uma tribo de pessoas bem diferentes, pessoas de Deus no mundo de hoje. Nós vivemos muito no tempo, somos muito terrenos. Nós vemos como os outros homens vêem, nós pensamos como os outros homens pensam.

Nós investimos nosso tempo como o mundo o investe. Nós investimos nosso dinheiro…

Nós deveríamos ser uma raça de pessoas diferentes.

Eu creio que a Igreja de Jesus Cristo necessita de uma nova revelação da majestade de Deus, de que todos nós vamos comparecer um dia… você pode imaginar isso? … diante do Trono de Julgamento de Cristo para prestar contas pelas obras feitas no corpo.

Esse é quem? Esse é o Rei dos Reis e Ele é o Juiz dos Juízes e esse é o tribunal dos tribunais e não há corte de apelo depois disso.

O veredicto é final!

Ouça, quando você vir Jesus, você não vai levantar-se e dizer: “Ei, amiguinho. Estou feliz por você ter morrido por mim”, quando você ver Jesus, vai ficar quase paralisado de medo, a menos que você tenha um corpo glorificado e uma mente glorificada.

Você diz: “Bem, Sr. Ravenhill, eu não vou ter grandes problemas porque, sabe, eu não tenho uma boa memória.” Bem, eu lhe digo, naquele dia vai ter. Em Malaquias diz que Deus tem um livro memorial. E acho que lhe faria bem antes de ir para a cama toda noite nesta semana perguntar a Deus: “O quê você pôs em Seu livro hoje para minha vida?”

Você acordou nessa manhã e agradeceu a Deus por ser puro?

Você agradeceu a Ele pela febre diabólica que você tinha por cheirar cocaína ou drogas ou algo cujas algemas ele quebrou?

Você realmente está alegre por não ser mais uma prostituta, agora você vai fazer parte da noiva do cordeiro?

Você está alegre por Ele ter removido do seu coração a cobiça e o mau temperamento e todas essas coisas horríveis que costumavam dominar você?

O pensamento mais despedaçador que já tive é o de que vou responder pessoalmente a Deus algum dia. Nós não vamos ser julgados apenas pelas coisas que fizemos, vamos ser julgados pelo motivo por que as fizemos!

O quê motivou suas dádivas? Por quê? Qual é o motivo por trás disso? Ele não toma apenas seus pecados, Ele toma você mesmo, Ele toma o governo de sua vida.

E não é apenas verdade que vivemos em um mundo de políticos falidos, nós vivemos em um mundo, e isso é o mais trágico de tudo, de uma Igreja falida.

Quando, em nome de Deus, a Igreja vai abrir seu coração novamente e abrir sua mente novamente e ver novamente?

Deus pode perdoar qualquer pecado que eu tenha cometido? Eu digo, claro que pode. Ou seja, se você se arrepender de seu pecado e clamar pelo sangue de Cristo e pedir misericórdia.

Aquele Cristo suave que saiu fazendo o bem e beijando bebezinhos e abençoando as pessoas… Agora, ahh… Não há nada mais lindo do que um cordeirinho. Não há nada mais terrível do que a ira do Cordeiro!

Deus deve trazer cada obra ao julgamento, com cada coisa secreta. Os mortos, pequenos e grandes, vão comparecer diante de Deus naquele dia assustador!

Mas diga, estou apenas fazendo um espetáculo? Como é minha vida secreta? Porque Deus não nos deu apenas Jesus Cristo, Ele nos deu todas as coisas.

E, por não haver alegria suficiente na casa de Deus, precisamos de entretenimento! Porque o entretenimento é o substituto diabólico para a alegria.

Eu acho que, antes de apontarmos o dedo para o mundo, é melhor apontarmos para a Igreja e dizer: “Olha, é melhor nós arranjarmos roupas de saco e cinzas e nos humilharmos e dizer: ‘Deus Todo Poderoso!’”

Quando eu vejo a Igreja do Novo Testamento… eles não eram proprietários de prédios. Eles não tinham evangelistas pagos. Eles não tinham montes de dinheiro. Eles não tinham uma organização. Não podiam ir à TV pedir. Mas eu digo o que eles fizeram: Eles viraram o mundo de cabeça para baixo! E estou envergonhado por ser parte da Igreja de Jesus de hoje porque acredito que é uma vergonha para um Deus Santo.

A nossa alegria é bater palmas e nos divertir. E depois estamos falando das novidades do mundo.

Oh, se perder nEle! Ser consumido nEle!

Você se aproxima de tal forma ao coração de Deus, que você compartilha da Sua tristeza por um mundo e por uma Igreja desviada que temos hoje?

Porque, se você vai amadurecer em Deus, todos os anões ao seu redor vão criticar e debochar de você! E dirão “você está tentando ser mais santo do que o resto de nós?”

Você vai descobrir isto: Os homens que foram mais heróicos por Deus foram os homens com maiores vidas devocionais. A única coisa que vai me manter em vitória  continuamente pelo sangue de Cristo é minha devoção pessoal a Ele, o Filho de Deus.

Minha adoração, que eu dou a Ele, meu tributo diário, é mais do que meu serviço. É mais do que dar meu dinheiro que eu o ame e o adore e o magnifique e o tome nos meus braços.

Você sabe porque o mundo está pobre e doente exteriormente? Porque não sabemos realmente como orar, é por isso! Eu disse várias vezes e digo de novo: nenhum homem é maior do que sua vida de oração. Deixe-me viver com um homem por um tempo e compartilhar de sua vida de oração e eu lhe direi o quão grande eu penso que ele é ou quão majestoso eu penso que ele é em Deus.

Vai ser um dia assustador!

Você vê, não há nenhuma possibilidade de ensaio. E não há nenhuma possibilidade de repetição. Porque, mais uma vez, esse é um Julgamento Final.

Eu penso mais uma vez em uma declaração que o Dr. Tozer me fez certa vez. Ele disse “Len, quer saber?…!” Ele disse que dificilmente poremos nossos pés na eternidade e olharemos para a eternidade. Que curvaremos nossas cabeças em vergonha e humilhação dizendo: “Meu Deus, veja todas as riquezas que estavam em Jesus Cristo, e eu venho ao trono de Julgamento quase paupérrimo.”

Mestre, perdoa e inspira-nos novamente. Expulsa nosso mundanismo, ajuda-nos a viver sempre com valores eternos em vista.

Disse aquele grande homem que iniciou aquele avivamento: “Oh, Deus! Grave a eternidade nos meus olhos!”

Sabe, se não conseguimos viver como uma raça de pessoas diferentes nessa terra, não temos o direito de viver aqui. E se voltarmos a ser um povo que é realmente batizado com obediência submisso à vontade total de Deus não preocupados com a opinião humana, não pedindo por mais para gastar prodigamente em nós mesmos mas dizendo: “Ó Deus eu quero essa minha vida ajustada. Para que, quando eu comparecer na tua assustadora presença… como Tiago diz, não sejamos envergonhados com seu aparecimento.”

Categorias
Charles Spurgeon Disciplina Salvação Vida cristã

Espada (Charles Spurgeon)

A espada da justiça não nos ameaça mais, mas a vara de correção paternal ainda está em uso.

Sair da versão mobile