Não há nada mais poderoso que a oração perseverante, como a de Abraão pleiteando por Sodoma; como Jacó lutando no silêncio da noite; como Moisés permanecendo na brecha; como Ana, embriagada de tristeza; como Davi, com o coração quebrantado pelo arrependimento e pela dor; como Jesus suando sangue. Acrescente a essa relação, a partir dos registros da história da Igreja, sua própria observação e experiência pessoal, e sempre haverá o custo da paixão até o sangue. Essa é a oração eficaz que traz o poder, que traz o fogo, que traz a chuva. Ela traz a vida, ela traz a presença de Deus.
(Samuel Chandwick)
Tem cuidado com as más companhias. Evita qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem, mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente transmissível.
(Thomas Watson)
A fé não é uma noção, mas uma fome essencial poderosa, um desejo magnético atrativo de Cristo, que, uma vez que procede de uma semente da natureza divina em nós, atrai-nos para Ele e se une com Ele.
(William Law)
Os feitos mais gloriosos de um homem serão também seus maiores pecados. Basta terem sidos realizados para sua própria glória, e não para a glória de Deus.
(Thomas Brooks)
Não há maior obstáculo ao conhecimento do que o orgulho, e nenhuma condição mais essencial do que a humildade.
(John Stott)
Alguma forma de sofrimento é praticamente indispensável para a santificação.
(John Stott)
Um homem só prega bem um sermão a outros quando ele prega para sua própria alma. Se a Palavra não residir poderosamente em nós, não será poderosamente comunicada por nós.
Aquele que não se prepara para a morte é mais do que um tolo qualquer. É um louco.
(Charlos H. Spurgeon)
Os mandamentos que recebemos de nosso Senhor ou dos apóstolos não podem ser negligenciados nem ignorados por cristãos sérios e comprometidos. Deus nunca ensinou que devíamos ponderar Seus desejos e Seus mandamentos para nós, tomando por base nosso próprio julgamento e, então, decidir o que queremos fazer a respeito deles.
(A. W. Tozer)
Você que se encontra em grande prova e tentação não precisa desejar uma trilha mais fácil, pois pode ser que você, que está de guarda no meio dessa tentação, esteja mais seguro agora do que os que não são ferozmente provados e estão correndo o perigo da preguiça e da indiferença espiritual. As frias montanhas da prova podem ser mais seguras do que as tentadoras planícies do prazer.
(Charles H. Spurgeon)
Cuidado se você tem muito desejo de aprender com homens e não muito desejo de ficar calado diante de Deus. Concentrado apenas em bons livros, você aprende seus ensinos, mas não cria em você o que Deus criou no autor deles. Podemos papagaiar a Glória de Deus, repetindo o que lemos e ouvimos, mas sem autoridade para falar dela.
(Paul Washer)
Invoco a Deus como testemunha, para o dia em que deva comparecer ante nosso Senhor Jesus, que nunca alterei nem sequer uma sílaba da Palavra de Deus contra minha consciência, nem o faria hoje, ainda que me entregassem tudo quanto nesta terra há, seja honra, prazeres ou riquezas.
(William Tyndale)
Um bom cristão bendirá a Deus não apenas no amanhecer, mas também no pôr do sol. Que tenhamos seguramente, na pior circunstância que nos sobrevier, um salmo de gratidão, porque todas as coisas cooperam para o bem. Oh, que sejamos frequentes em bendizer a Deus! Nós daremos graças a Ele que nos trata sempre com favor.
(Thomas Watson)
A aflição nos ensina a conhecermos a nós mesmos. Na prosperidade, somos, na maioria das vezes, estranhos a nós mesmos. Deus nos aflige para que possamos nos conhecer melhor. É em tempo de aflições que vemos aquela corrupção em nosso coração que não acreditaríamos que estava lá. A água parece limpa num copo, mas, ponha-a no fogo, e sua impureza vai fervilhar. Na prosperidade, um homem parece ser humilde e grato, a água parece limpa; mas, ponha esse homem um pouco no fogo da aflição, e suas impurezas começam a fervilhar; muita impaciência e incredulidade começam a aparecer. “Oh”, diz um cristão, “eu nunca pensei que tinha um coração tão mau! Agora eu vejo que tenho! Eu nunca pensei que minhas corrupções fossem tão fortes e minhas virtudes, tão fracas!”
A civilização moderna é tão complexa que torna a vida de devoção quase impossível. Cansa-nos multiplicando distrações e nos prostra destruindo a nossa soledade, quando, doutro modo, poderíamos beber da Fonte de água vida e renovar as nossas forças antes de sair para enfrentar de novo o mundo. A ciência, que propiciou aos homens certas comodidades materiais, roubou-lhes as almas, cercando-os com um mundo hostil à sua existência.
(A. W. Tozer)
Proximidade de Cristo, intimidade com Ele, assimilação de Seu caráter: esses são os elementos de um ministério de poder.
(Horatius Bonar)
Vamos, portanto, em todas as coisas crer na Palavra de Deus que nos foi entregue pelas Escrituras. Vamos pensar que é o próprio Senhor, que é o próprio Deus vivo e eterno, a falar-nos pelas Escrituras. Vamos para sempre louvar o nome e a bondade Dele, que tem outorgado tão fiel, plena e claramente abrir para nós, miseráveis homens mortais, todos os meios para vivermos bem e santamente.
(Henrique Bullinger)
As aflições, muitas vezes, possuem o notável poder de fazer-nos lembrar de nossos pecados.
(William S. Plummer)
As Escrituras Sagradas, por serem uma regra tanto de nossos deveres para com Deus como de nossas expectativas a respeito Dele, são de muito maior utilidade e benefício para nós do que o dia ou a noite, do que ar que respiramos ou a luz do Sol.
(Matthew Henry)
Creio firmemente que nenhum daqueles autores [da Bíblia] errou em qualquer aspecto quando escreveu.
(Agostinho)
Aprendi a atribuir infalibilidade apenas aos livros chamados canônicos, de forma que creio confiantemente que nenhum de seus autores cometeu erros.
(Martinho Lutero)
A não ser que a Palavra de Deus ilumine o caminho, toda a vida dos homens estará envolta em trevas e nevoeiro, de forma que eles inevitavelmente irão se perder.
Como manter uma comunhão ininterrupta com Deus é a grande pergunta em muitos corações. Pois a nova vida espiritual, dada a nós quando recebemos o Senhor Jesus (Jo 1.12), só pode ser sustentada por comunhão constante com Deus, que é a sua fonte – assim como ocorre na esfera física: precisamos respirar uma vez e outra vez e ainda mais uma vez a fim de continuarmos vivendo.
Há muito que o bebê tem de aprender enquanto cresce, mas uma coisa antes de todas as demais ele deve fazer: deve respirar! Assim é com os filhos do Senhor: eles têm muito para aprender, e Ele tem muito para fazer no treinamento deles, mas, acima de todas as coisas, eles também devem respirar: respirar na nova vida, dia após dia, em comunhão com Ele. Eles devem, portanto, aprender como viver nessa viva união e comunicação com Ele, e Ele os conduzirá em outras questões de modo gentil, conforme forem capazes de suportar.
A palavra comunhão
O dicionário dá o significado da palavra comunhão como “conversa, intercâmbio de pensamento”, e descreve a comunhão como o ato de “consultar, conversar ou falar com outro”. Isto é o que a comunhão com Deus realmente significa: uma “consulta” incessante a Ele, uma abençoada conversa sobre todos os problemas e dificuldades que nos vêm em nossa peregrinação por este mundo mau de hoje.
O profeta Amós escreveu: “Podem dois caminhar juntos a menos que combinem [ou, marquem um encontro]?” (Am 3.3).
Deus marca um encontro para se reunir com o pecador na cruz do Calvário, e a conversa deve começar lá. Por natureza estamos em inimizade com Deus, mas Deus estava em Cristo reconciliando o mundo com Ele mesmo, e a paz foi feita pelo sangue na Cruz de Jesus (Cl 1.20). Assim, tudo está claro do lado de Deus, e Ele lança um apelo a Seus inimigos e marca um encontro para reunir-se com eles no Calvário, o lugar da reconciliação.
Como o Senhor Jesus pode viver em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?
O lugar chamado Calvário
É aqui, à plena vista deste sacrifício maravilhoso do Filho de Deus (Hb 9.26), que Ele nos traz para o acordo Consigo mesmo. No início, são-nos mostrados nossos pecados pregados no madeiro com Seu Filho (1Pe 2.24), mas a salvação inclui muito mais do que isso. Devemos ser poupados de anos de lutas e fracassos se aprendemos de imediato, como aconteceu com os convertidos nos dias de Paulo, o apóstolo, que nós mesmos fomos mortos na morte de Cristo. O passado foi apagado, o pecador perdoado foi considerado crucificado com o Senhor crucificado, a partir dali unido a Ele e participando de Sua vida. Isso é de fato salvação! “Salvo por compartilhar de Sua vida” (Rm 5.10, Conybeare).
A vontade rendida
Para que essa salvação gloriosa seja percebida em toda a profundidade de seu significado, é necessário que nos rendamos inteiramente a Deus (6.13). Como podemos ser libertados da escravidão do ego e do pecado, se retivermos alguma coisa para o ego? Como pode o Senhor Jesus habitar em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?
Nossa vontade é tudo o que realmente temos de dar para nosso querido Senhor. Ele faz toda a obra se nós apenas O deixamos ter o direito absoluto da direção. Não podemos nem nos salvar nem nos livrar de nossos pecados, nem do ego de forma alguma. Ele nos remiu na cruz do Calvário e fará a obra em nós, se dermos a Ele o controle total. Ele apenas nos pede decisivamente que nos coloquemos do lado Dele contra tudo em nós e em nossa vida do que Ele deve nos colocar em liberdade (2Co 6.14-18).
Em resumo, devemos entregar-nos irrevogavelmente a Suas mãos, para que Ele faça de nós o que Lhe agrada; por Sua graça deve resolutamente dizer: “Sim, Senhor”, para cada indicação de Sua vontade.
O Espírito de Cristo que em nós habita
Quando rendemos a Ele todo o nosso ser, o Espírito Santo toma posse do coração e o limpa de seus velhos desejos (At 15.9) e revela o Cristo vivo como o habitante do que se rende, vivendo no espírito do redimido filho de Deus por Seu Espírito, para que possamos contar daqui por diante com “a provisão do Espírito de Jesus” (Fp 1.19) para todas as nossas necessidades.
O caminhar em feliz conversação começou. O próprio Pai nos ama, porque amamos Seu Filho (Jo 16.27), e Ele conversa com Seus filhos, sussurrando: “Viverei neles e neles andarei” (2Co 6.16).
O ponto mais importante nesse abençoado caminhar com Jesus é que não deve haver nenhuma falha na comunhão.
Depois do primeiro “acordo” com Deus, há muito o que aprender, e não devemos ser desencorajados ou acovardados se não entendermos de imediato como andar com Ele fielmente.
Condições para a comunhão
Vamos ver algumas condições para a manutenção da comunhão.
1. Devemos cuidar para dar ao Senhor de fato os primeiros momentos do dia para consultá-Lo sobre nossa vida
O Senhor precisa de tempo para soprar Sua vida em nós e falar conosco sobre Seus propósitos para nós como revelados em Sua Palavra. Deixe que a primeira meia hora, ou uma hora, do dia, se isso for possível, seja uma real comunhão de coração.
Vamos entrar em Sua presença e sentar aos pés de nosso Pai, aproximando-nos Dele com coração verdadeiro na plena certeza de fé, pois podemos contar com o acesso imediato mediante o sangue precioso de Jesus (Hb 10.19,20), tendo “ousadia para entrar no santo dos santos” por meio Dele.
Tendo entrado na presença do Pai pela fé, abra a Palavra escrita e peça a seu Pai para falar-lhe por meio dela. Volte a sua porção para aquele dia e a leia, não tanto para estudá-la quanto para escutar o que Deus, o Senhor, lhe dirá por ela.
Fale com seu Pai sobre ela, peça-Lhe para revelar seu significado, que alerta ela tem para você. Que repreensão? Que ordem? Que consolação? Enquanto você lê Sua carta, responda a Ele dizendo-Lhe que obedecerá assim que souber como; que confiará Nele para cuidar de você, para guardá-lo durante o dia que está começando. Então, derrame o desejo de seu coração diante Dele, seu desejo profundo de conhecê-Lo melhor e de ser Seu filho obediente.
2. Devemos nos alimentar da comida celestial provida a nós na Palavra do Deus (Mt 4.4)
Há uma vasta diferença entre alimentar-nos espiritualmente da Palavra do Deus (Jr 15.16) e estudá-la com o intelecto. Muitos gastam todo o tempo buscando entender todas as “coisas difíceis de serem entendidas” (2Pe 3.16), ou alimentando a mente curiosa com todos os problemas que podem encontrar, para que sua alma fique de fato faminta em meio da abundância. No horário da manhã, devemos aprender a tomar nosso desjejum espiritual (Jó 23.12).
Lembre-se de que oEspírito Santo é o autor do Livro; portanto, antes de lê-lo, reconheça a presença do Autor, fale com Ele e peça-Lhe para abrir seus olhos a fim de ver coisas maravilhosas na lei Dele.
Podemos pensar na Bíblia como um depósito de comida armazenada para os filhos de Deus durante sua peregrinação na terra, e podemos conhecer a porção que Deus proveu para nossa refeição matinal pelas passagens que são claras e simples para nós, já que o Espírito Santo distribui a cada um segundo sua necessidade e capacidade. Vamos ser como criancinhas e tomar o alimento que é conveniente para nós. Ao chegarmos às “palavras difíceis”, deixemo-las de lado, pois elas fazem parte do alimento sólido (Hb .14), provido para nossas necessidades nos anos futuros, quando formos filhos de Deus plenamente amadurecidos.
Vamos procurar por Deus em Sua Palavra, mais do que por conhecimento sobre Ele, e Ele vai nos revelar a Si mesmo cada vez mais. Ele nos ensinará como estudar Sua Palavra a fim de ganharmos o conhecimento exato dela, mas, principalmente, o que é realmente nosso é somente aquilo que somos capazes de assimilar e viver na vida diária.
3. Devemos aprender a viver momento a momento
Como temos visto, a comunhão com Deus se parece muito com a respiração: só pode ser mantida apenas um momento de cada vez. Devemos recusar a olhar para trás ou para frente, por mais que o inimigo possa nos tentar a assim fazê-lo. Vãs remorsos do passado e temores vagos pelo futuro nos atormentarão a mente o bastante para quebrar nossa comunhão com Deus.
A mente não pode estar ocupada com dois assuntos ao mesmo tempo; por isso, temos de confiar em nosso Senhor para nos guardar permanentemente, até mesmo inconscientemente, enquanto damos nossa atenção completamente a nosso dever em fazer todas as coisas a Seu modo (Cl 3.23).
Mas suponhamos que saibamos ter errado: não deveríamos consertá-lo?
“Comungar” significa consultar-se com o Senhor. Faça isto imediatamente! Dê todos os “erros” reais e até os aparentes imediatamente a Ele. Quando você expuser sua causa diante Dele, peça a Ele para lhe mostrar tudo que deseja que você faça, algum passo que você tenha de refazer.
Se Ele lhe mostrar algo acerca de outra pessoa com quem você tenha errado, Sua Palavra é clara: “Confessai as vossas culpas uns aos outros” (Tg 5.16; ver também Mt 5.23; 18.15).
Isto é sempre necessário para não quebrar a comunhão: uma consciência livre de ofensa para com o homem bem como para com Deus (At 24.16)! Se nenhuma luz especial for dada, deixe todo o assunto com seu Senhor; Ele promete que “Sua glória [presença] será a tua recompensa” (Is 58.8). Ele pode organizar e endireitar tudo que está atrás de você bem como as coisas tortas diante de você. O passado e o futuro estão sob o Seu controle.
4. Devemos estar atentos em não ter nenhuma quebra na comunhão
Se estivermos de fato na caminhada com Deus, veremos que o abençoado Espírito nos faz cada vez mais sensíveis a qualquer brecha nessa santa amizade. Quando estamos conscientes de um fracasso real, devemos voar imediatamente para o trono da graça e nos lançar pela fé na presença de nosso Deus Pai (ver Hb 10.19,20), tendo assegurado o acesso por causa do sangue precioso de Jesus. Oh, precisamos entender mais e mais que viemos a Jesus, o Mediador, e ao sangue da aspersão que fala eternamente por nós no céu (12.22-24)! Somente Seu sangue nos dá a entrada à presença do Pai, não nossa experiência, não nossa obediência, nada, nada a não ser o sangue precioso.
5. Devemos tratar rapidamente com a falha
Não é fácil ir imediatamente a Deus quando conscientes de termos falhado. De fato, a batalha se volta mais sobre este ponto, pois, assim que vamos, somos salvos no próprio ir. O diabo, nossa consciência, nossa vergonha e nosso remorso combinam-se para nos manter longe. Temos um sentimento de que deveríamos primeiro ser “miseráveis” durante algumas horas! Parece tão presunçoso levar o pecado à luz, ousar correr para Deus imediatamente; e, contudo, se nós retardarmos, sabemos que uma queda é apenas a precursora de muitas. O pecado será a mesma coisa horrível e pior três horas mais tarde.
O caminho da vitória na hora da derrota é levantar imediatamente e ir ao Pai, dizendo: “Pai, pequei”, sabendo que está escrito: “E Eu disse: Depois que fizer tudo isto, voltará para Mim […] Somente reconhece a tua iniqüidade […]” (Jr 3.7,13).
É da confissão franca e imediata a Deus que o diabo procura nos afastar e, como não conhecemos bem nosso Pai nos primeiros dias, muitas vezes ele tem sucesso e ficamos afastados de Deus; até em amarga tristeza somos conduzidos para trás.
Veja aquele pobre jovem! Ele havia caído na lama e suas roupas estavam imundas. Talvez tenha sentado na lama e dito: “Eu jamais conseguirei me erguer e manter minhas vestes brancas!”
Não, filhinho do Pai, o desânimo e o lamento só aumentam seu pecado. Levante-se e volte para seu Pai, clamando pelo sangue precioso, pois “quando ainda estava longe, o seu pai o viu, e, movido de íntima compaixão, correndo, lançou-se ao pescoço e o beijou” (Lc 15.20).
Devemos, contudo, nesse ponto, enfatizar que a transgressão e a restauração constantes não são o objetivo de Deus para os Seus remidos.
6. Devemos esperar não cair
Não devemos esperar cair muitas vezes no mesmo pecado, pois o Senhor vivo (Hb 7.25) é capaz de nos guardar de tropeçar (Jd 24). Uma quebra na comunhão mostra que a alma está fora do poder guardador de Deus, e, quando ela vai ao Senhor para restauração, deve esperar diante Dele para saber a causa de sua transgressão: provavelmente algum passo fora da vontade de Deus, pois somente no caminho de Sua vontade Deus se compromete a guardar-nos.
Está escrito: “Se andarmos na luz, como Ele está na luz […] o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos limpa de todo o pecado” (1Jo 1.7). À parte da confissão definida, quando estamos conscientes do fracasso definido, precisamos da aplicação contínua do sangue precioso para manter a comunhão límpida com Deus (1Pe 1.2), e podemos contar com isso se andarmos na luz. Isso está explicado em João 3.21: “Quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (ver tb. Ef 5.3).
O sangue de Jesus limpa (gr., continua a limpar) se incessantemente vivermos sob o holofote de Deus, desejando sinceramente que Ele teste (1Ts 2.4) nossa vida, já que toda a obra é feita por Ele e Nele para Sua glória.
Mas e se estivermos conscientes de que há algo bloqueando a comunhão e não soubermos a causa?
Mais uma vez, o remédio é consultar o Senhor. Vá uma vez mais ao trono da graça e peça à Fiel Testemunha (Ap 3.14) para dizer-lhe a verdade e mostrar-lhe o que está errado. Confie que o bendito Espírito irá aplicar o sangue da aspersão, e, enquanto você aguarda, se nada específico é trazido a sua mente, deixe tudo com Deus e siga em calma confiança e descanse sob o sangue purificador. Cuide para não ficar morbidamente ocupado consigo mesmo, pois isso é introspecção, e, se você voltar-se para si mesmo, perderá a comunhão com o Senhor.
Alguém pode dizer: “Sim, eu volto imediatamente a Deus quando estou consciente de ter falhado, e confesso, mas não há a imediata restauração da paz e a consciência da comunhão”. Pode haver uma ou duas razões para isso.
Não conhecemos suficientemente a eficácia do sangue precioso para trazer-nos a certeza da paz. É mesmo possível que possamos, inconscientemente, estar confiando mais em nossa confissão do que na operação de Deus pelo Espírito Santo. Não é a confissão, mas a aplicação do sangue purificador pelo Espírito Santo que restaura imediatamente a comunhão quebrada com Deus. A confissão do pecado é o lado humano, a condição necessária para Deus cumprir Sua parte de perdão e purificação.
Quando pecamos contra o Senhor, e O buscamos para o perdão, devemos nos deixar humildemente em Sua mão para que Ele nos trate como achar apropriado. Ele conhece nosso caráter, e para alguns de nós poderia parecer que o pecado não é tão excessivamente pecaminoso se Ele rapidamente restaurasse o gozo de nossa salvação (Sl 51.12). Pode até ser possível que confessemos nosso fracasso com a tristeza pela perda da alegria, e não com a tristeza por causar dor a Ele. Ele precisa ensinar a Seus filhos quão pecaminoso é o pecado, e fazê-los entender quanto Ele é ofendido (Ef 4.30), muito embora o sangue precioso nos limpe e estejamos novamente em comunhão com Ele (ver Mq 7.7-9).
7. Devemos andar em obediência direta à luz
Se devemos andar em comunhão com o Senhor, é razoável que Ele espere que obedeçamos à toda luz que Ele nos dá, e podemos tomar Dele o espírito de obediência para nos capacitar a obedecer (Ez 36.27). “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo 1.14), Ele disse a Seus discípulos, e a amizade com Jesus deve significar que nos alegramos em cumprir cada desejo Dele.
Se andarmos em obediência no que é de nosso conhecimento, podemos certamente confiar que o fiel Senhor nos parará no momento em que nos vê perto de dar um passo incorreto (Is 30.21). Deve ser dito, como regra, que a marca de andar no caminho da vontade de Deus é um profundo descanso de coração.
É melhor nunca agir quando estivermos em qualquer condição agitada ou apressada da mente; por isso, temos de cultivar a tranqüilidade de espírito e a consciência da presença do Espírito de nosso invisível Amigo.
8. Devemos nos lembrar que a tentação não é pecado
O adversário faz disso sua ocupação para cortar a comunicação entre a alma e o Senhor. Ele ajusta suas táticas àquele que está atacando e atormenta as almas sensíveis procurando mantê-las em constante condenação (veja suas razões em 1Jo 3.21,22) a uma suposta desobediência ou falta de rendição. Se algum passo de obediência é sugerido, e a alma recuar, o maligno de imediato dirá: “Não está rendida!”
O remédio para isso é, mais uma vez, o mesmo: consultar-se com o Senhor.
Enfrente todas as acusações de falta de rendição pela entrega definitiva ao Senhor do ponto específico em questão. Diga-Lhe que Ele sabe que você vai obedecer se puder ter certeza de Sua vontade, e, então, descanse na fidelidade de seu Deus Pai para tornar claro o caminho para você. Ele não espera que Seu filho obedeça sem conhecimento claro da mente do Pai. Sempre que há uma dúvida, é sempre bom submeter o assunto a Deus e esperar, certo de que Ele se encarrega disso.
A tentação não é pecado. Alguém utilmente definiu a verdadeira transgressão como o sim da vontade à tentação. Se a vontade imediatamente rejeita qualquer sugestão maligna, o tentador foi frustrado em seu ataque, embora mesmo nessa situação seja mais seguro buscar de imediato que o Espírito Santo aplique o sangue de Cristo – tão delicada é a comunhão com Deus.
É da maior importância que aprendamos a viver na vontade, e não no campo de nossos sentimentos. A vontade é o ego, a verdadeira pessoa, e é mediante o poder central da vontade que Deus nos controla.
Em todos os ataques da tentação, seja ela súbita ou aguçada, mantenha a calma. Mesmo que multidões de pensamentos terríveis sejam derramadas por sua mente, volte-se de pronto para seu Senhor, e silenciosamente estabeleça diante Dele sua atitude com respeito a todas essas coisas. “Vou escolhê-las ou recusá-las?” “Eu as rejeito!”; então, graças a Deus!, é vitória; o inimigo é posto em fuga.
Por fim, não vamos desonrar nosso Senhor pensando que toda coisa desagradável deve ser Sua vontade. Se estivermos realmente rendidos a Ele, procurando fazer Sua vontade e andando com Ele em comunhão e obediência, tanto quanto pudermos, experimentaremos o que Ele disse: “É Deus que opera em vós tanto o querer como o efetuar” (Fp 2.13). “Porei as Minhas leis em seus corações, e lhes escreverei em suas mentes” (Hb 10.16).
Contanto que em nossa vontade estejamos firmemente decididos a obedecer a Ele, e confiamos a Ele cada momento para nos impedir da busca própria e da auto-indulgência em todas as formas, podemos confiar Nele para inclinar o nosso coração para guardar Sua lei.
Assim, comprovaremos realmente que Seus mandamentos não são penosos e veremos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” (2Co 13.14).
Há duas coisas que são absolutamente essenciais para poder receber a salvação: a libertação da culpa e do castigo do pecado e a libertação do poder e da presença do pecado. Um se efetua na obra de reconciliação de Cristo, e o outro se realiza nas operações efetuadas do Espírito Santo. Um é o bendito resultado do que o Senhor Jesus fez para o povo de Deus, e o outro é a conseqüência gloriosa do que o Espírito Santo fez no povo de Deus. Um ocorre quando, depois de haver nascido como mendigo destituído, a fé toma posse de Cristo e, então, Deus o justifica de todas as coisas, e o pecador crente, receoso e penitente, recebe o perdão completo e gratuito. O outro sucede paulatinamente em diferentes etapas sob a divina bênção da regeneração, da santificação e da glorificação. Na regeneração, o pecado recebe sua ferida mortal ainda que não morra totalmente. Na santificação, mostra-se na alma regenerada a cova de corrupção que mora dentro dele e que lhe ensina a desprezar e odiar a si mesmo. Na glorificação, a alma e o corpo são libertados para sempre de todo vestígio e efeito do pecado.
A regeneração é absolutamente necessária para que uma alma entre no céu. Para poder amar as coisas espirituais, um homem tem de ser transformado espiritualmente. “E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2Ts 2.10). O homem natural pode ouvir estas coisas, porém não pode amá-las nem achar alegria nelas. Ninguém pode morar com Deus e estar feliz para sempre em Sua presença até que se tenha feito uma mudança radical nessa pessoa para realizar uma transformação do pecado à santidade; e essa mudança tem de se realizar aqui mesmo na terra.
Como alguém pode entrar no mundo de santidade inefável depois de haver passado toda sua vida em pecado (agradando-se dele)? Como poderá cantar o cântico do Cordeiro (Ap 15.3) se o coração não está sintonizado nele? Como poderá contemplar a grande majestade de Deus face a face se nem sequer houvera visto “pelo espelho na escuridão” com os olhos da fé? Tal como dóem os olhos de alguém quando sai a luz do sol do meio-dia depois de estar na escuridão, assim também será quando os inconversos contemplarem Aquele que é a luz. Em vez de querer tal visão, “todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (1.7). Sim, tão aterradora será sua angústia que clamarão aos montes e as rochas: “Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto Daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro” (6.16). Meu querido leitor, essa será sua experiência a menos que Deus regenere você.
O que ocorre na regeneração é o contrário do que ocorreu na queda. A pessoa que nasce de novo é restaurada a uma união e comunhão com Deus por meio de Cristo e a operação do Espírito Santo: o que estava morto espiritualmente antes agora está vivo espiritualmente (Jo 5.24). Tal como a morte espiritual veio pela entrada de um princípio mau no ser do homem, da mesma maneira se introduz um princípio bom na vida espiritual. Deus lhe comunica um princípio novo, tão real e tão potente como é o pecado. Agora lhe é dada a graça divina, e uma disposição santa se desenvolve em sua alma. Dá-se lhe um espírito diferente ao homem interior. Porém não se criam novas faculdades dentro dele, mas, melhor que isso, se enriquecem suas faculdades originais, e essas adquirem nobreza e poder.
Uma pessoa regenerada é uma nova criatura (2Co 5.17). Meu caro leitor, isso se aplica a sua vida? Que cada um de nós se examine na presença de Deus a respeito destas perguntas! Como está meu coração a respeito do pecado? Existe uma humilhação profunda e uma tristeza segundo Deus, agora que me consagrei? Existe de modo genuíno ódio contra o pecado? Tenho uma consciência imatura para que me perturbem essas coisas que o mundo denomina “pequenas”? Sinto-me humilde quando estou consciente do surgimento do orgulho e da minha vontade própria? Aborreço as minhas corrupções internas? Estão os meus desejos mortos para o mundo e vivos para Deus? Em que medito em meu tempo livre? Parecem-me os exercícios espirituais tempos de alegria e prazer ou incômodos como uma pesada carga? Posso dizer: “Quão doces são ao meu paladar as Tuas palavras! Mais do que o mel na minha boca (Sl 119.103)”? É a comunhão com Deus meu maior gozo? É a glória de Deus mais preciosa para mim do que tudo o que o mundo me oferece?
Algumas partes das vestes do sumo sacerdote descritas por Moisés eram meros “memoriais”, ou lembretes das maiores e eternas coisas por vir. As doze pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote eram meramente “pedras de memória”. Elas testificavam sobre os fundamentos de doze pedras preciosas (Ap 21.19,20) da cidade eterna na qual os santos ressurretos de Deus habitarão (Êx 28.12,29; 39.7). O testemunho de Moisés sobre Melquisedeque, o sacerdote-rei, é a base do argumento sobre a intenção de Deus de deixar de lado o sacerdócio de Arão. E, por fim, o argumento sobre o descanso futuro do sétimo dia do Altíssimo se volta para o testemunho de Moisés em relação à obra da criação e à observância do descanso do sétimo dia sob a lei. O testemunho de Moisés, como afirma o Espírito de Deus, é incontestável – e os judeus estavam prontos para confessar isso. Nesta base, então, o apóstolo1 enquadraria seu argumento aos hebreus. Como poderiam eles se recusar a ouvir Moisés, sua testemunha confiável, quando ele testificou de um Mestre, Líder e Sumo Sacerdote maior?
Na afirmação “Cristo, como Filho, sobre a Sua própria casa” (Hb 3.6) não se destaca Sua fidelidade a um superior, e esse é o ponto agora diante de nós. “Tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus” (10.21; 1Pd 2.5; 4.17). De Moisés fora dito: “Fiel em toda a Minha casa”. Mas Cristo está sobre ela (10.21). Jesus estava aqui tipificado por José, tanto em sua humilhação como em sua exaltação. “José achou graça em seus olhos [de Potifar], e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39.4). Deus “me tem posto [diz José novamente] por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa e como regente em toda a terra do Egito” (45.8). Faraó, diz Estêvão, “o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa” (At 7.10).
“Cuja casa somos nós.”
Aqui, o sentido de “casa” é estreitado para significar “família”. Deus não está agora habitando “em templos feitos por mãos de homens” (17.24), pois qual edifício na terra poderia o homem construir que servisse à grandeza Daquele que enche o céu e a terra? Mas, enquanto isso, Deus olha para os redimidos de Cristo e habita neles, e a Igreja é a “morada de Deus em Espírito” (Ef 2.22), uma casa de pedras vivas (1Pe 2.5). É a nova criação espiritual, na qual o Altíssimo tem prazer. Os que crêem constituem o povo e a casa de Deus, sobre os quais Cristo preside. Mas é sob esta condição que habitam Nele: se retiverem firmemente o que já possuíam como crentes (e Paulo inclui a si mesmo, pois usa o pronome nós; Hb 3.14).
Eles deviam conservar “firmes a confiança e a glória da esperança até ao fim”. Qual é a esperança em questão? É aquela ligada ao chamamento celestial: a vinda de Cristo para reinar em Sua glória, e a associação de Sua fiel irmandade a Ele naquele dia. O esplendor dessa esperança foi ofuscada na mente deles devido à longa demora e pela pressão da perseguição. Esqueceram que “se sofrermos [com Cristo], também com Ele reinaremos” (2Tm 2.12). A vida de Cristo é o modelo a que os cristãos devem se moldar: primeiro sofrer; então, entrar na glória.
Que essa é a esperança é estabelecido por muitas provas. Esse é o propósito dos prévios dois capítulos de Hebreus, que apresentam Cristo como um segundo período a ser trazido à terra habitável. É o reino de justiça que alguém deve, como Seu seguidor, desfrutar com Cristo, no dia em que a perversidade dos inimigos de Cristo for abatida com mão forte e as obras de Deus forem postas em sujeição ao homem; é a grande salvação, o descanso de Deus, a primeira ressurreição (Hb 2.3; 4.1,3,10; Ap 20.5,6). É a vinda do reino milenar de Deus, de que Cristo tão frequentemente testificou. Porém nossa esperança é somente uma (Ef 4.4): sermos apreciados por patriarcas e profetas, e pelos aceitos por Deus mediante a Lei, assim como por aqueles julgados dignos mediante o Evangelho. É a esperança originada na liderança do Senhor. O desfrute da boa terra era a esperança ligada à missão de Moisés; a nossa é a glória de mil anos. Em Cristo “os gentios esperarão. Ora, o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15.12,13). “A graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2.11-13).
Aumentar a fé dos cristãos no retorno de nosso Senhor e encorajar sua esperança do reino são os principais objetos desta epístola.
Vislumbres daquele dia foram dadas por Moisés nos descansos ligadas aos setes da Lei. Vemos isso também anunciado na promessa de Moisés ao subir a montanha; e após o banquete dos setenta anciãos na presença de Deus, quando ele os manda ficar onde estavam, pois retornaria para eles (Êx 24.14). Aumentar a fé dos cristãos no retorno de nosso Senhor e encorajar sua esperança do reino são os principais objetos desta epístola.
Quando no início creram, eles retiveram com alegre confiança interior a expectativa do breve retorno e reino de Cristo; e todo coração transbordava para os outros com exultação da glória a ser manifesta, e sua própria participação nela. “Venha, junte-se ao povo do Senhor! Ele virá brevemente para nos fazer Seus companheiros na glória!” Mas, com a demora de ano após ano, a confiança interior decaiu e o testemunho exterior, em conseqüência, enfraqueceu (Pv 13.12).
Em quarenta dias, a expectativa do reaparecimento de Moisés se foi, e, com sua extinção, despontou a idolatria; enquanto Arão, que deixara o alto posto que lhe fora dado e descera para a planície, tornou-se o culpado fabricante de um ídolo e seu sumo sacerdote.
O Espírito de Deus, então, nos ordena a nos mantermos firmes interiormente e a, exteriormente, testificar com ousadia aos demais acerca do retorno e do reino de nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos ter firmeza até o fim – não até a nossa morte, mas até Seu reaparecimento. O enfraquecimento e o abalo dessa esperança produziram, quanto a seus efeitos, o endurecimento, a esterilidade e a desobediência dos cristãos hebreus, dos quais Paulo reclama.
“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a Sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram por quarenta anos as minhas obras” (Hb 3.7-9).
O argumento que segue a 4.12 é uma exortação aos crentes buscarem o descanso milenar e a se guardarem de provocar Deus, como fez Israel, pois o mesmo Deus que excluiu Israel da terra da promessa excluirá os ofensores no dia da recompensa, quando Cristo tomar o reino. Paulo aplica a esse propósito as advertências de Salmos 95. Assim, essa passagem corre paralelamente com as advertências do Sermão do Monte, que foi também endereçado aos crentes, e com outras passagens que tratam da entrada no reino da glória. Muitas são as passagens que tratam da recompensa vindoura, que testificam da necessidade de diligência a fim de obtê-la e da probabilidade de ser perdida.
O apóstolo caracteriza a passagem que está prestes a dar como decisiva, pois é inspirada pelo Espírito Santo, o qual fala em Salmos e em toda a Santa Escritura. Então, nosso Senhor ensina: “O próprio Davi disse pelo Espírito Santo” (Mc 12.36). “A Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35).
A presente dispensação é descrita como hoje. É um período especial, (1) do chamado de Deus para a obediência a Cristo e (2) do julgamento de Seu povo a caminho da glória. Com a fé no sangue de Cristo, como o Cordeiro da verdadeira Páscoa, começa nosso resgate de Satanás, do mundo e da maldição. Então, vem a passagem pelas águas do batismo, após as quais o deserto tem início. Mas multidões de crentes preferem continuar no Egito, a despeito da ordem de avançar.
“Se ouvirdes […] a Sua voz”
Jesus é nosso Moisés, o Líder para a glória. “E o lugar do Seu repouso será glória” (Is 11.10, lit.). “Por que Me chamais ‘Senhor, Senhor’, e não fazeis o que Eu digo?” (Lc 6.46). “Este é o Meu amado Filho […] escutai-O” (Mt 17.5). A obediência ao Filho é obediência também ao Pai. Essa foi a palavra que veio de Deus, quando o quadro em miniatura do reino da glória foi dado [no monte da transfiguração]. “Nem todo o que Me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus” (7.21). Hoje é o convite e o dia do julgamento; amanhã, a glória.
Não obstante, no deserto Israel desobedeceu às ordens de provas de Deus. Jeová disse aos israelitas: “Eis que tenho posto esta terra diante de vós; entrai e possui-a” (Dt 1.8). Moisés reitera a palavra: “Eis aqui o Senhor, teu Deus, tem posto esta terra diante de ti; sobe, toma posse dela” (v. 21). Eles se recusaram, afirmando que não poderiam entrar por causa dos perigos.
“Não endureçais o vosso coração”
O obediente escuta, pois é a Palavra de Deus. Porém aqueles que são rebeldes desprezam as promessas, contestam as ameaças, não obedecerão às ordens. Eles se fortalecem em sua resistência ao Altíssimo. Quantos crentes vêem o batismo, no entanto, com vários pretextos desprezam a ordem e se recusam a confissão de Cristo que ele carrega consigo!
Quem, a não ser os crentes professos, desobedecem a Cristo?
“Como na provocação, durante o dia da tentação no deserto”
Logo após deixar o Mar Vermelho, e antes de chegar ao Sinai, Israel começou a provocar Deus pela murmuração por causa da necessidade de comida no deserto. Em Refidim, os israelitas murmuraram novamente. Estavam quase prontos a apedrejar Moisés, pois pensavam que a culpa fosse dele. O Senhor ajuda em ambos os casos, mas o lugar é chamado “Tentação” e “Luta” (Êx 17). Outra vez há um clamor por água, em Cades, e o lugar também é chamado de “Luta” (Nm 20). Moisés é conduzido a fazer menção disso, mesmo em sua palavra de bênção diante da morte: “E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste [tentaste] em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá” (Dt 33.8).
Contudo parece, na passagem de que estamos tratando, que o Senhor considerou todo o tempo da jornada no deserto como um tempo de provocação e tentação. A maior crise ocorreu como registrada em Números 13 e 142, que analisaremos agora.
“Eles viram as Minhas obras por quarenta anos”
As obras da criação de Deus já haviam há muito sido completadas, e Seu repouso ali foi quebrado. Na criação, os anjos romperam em louvores e cantando hinos de alegria. Mas agora Deus trabalhava no interesse de novas obras de redenção para os israelitas: eles eram livres, eram povo de Deus. Ele os sustentou por quarenta anos, ainda que murmurassem contra Ele. Sua punição, então, seria que, quando o descanso de Deus chegasse, assim como com Seu antigo descanso na criação, eles não teriam parte nele.
Por quarenta anos o Senhor fora provocado; apesar de Suas obras maravilhosas a favor do povo, este não confiou e desobedeceu. Deus realizou as maravilhas da criação por apenas seis dias. Seus sinais redentores foram feitos por quarenta anos: sinais de poder contra os inimigos dos israelitas; sinais de favor para os israelitas, misturados com juízos contra os desobedientes que havia entre eles. As maravilhas da redenção são relatadas muito mais amplamente do que as da criação, pois elas diziam respeito a nós mais de perto, e são consideradas por nosso Deus como mais importantes e de maior glória para Ele. Mas Israel não percebeu seu significado; ele não se sujeitou ao Grande Governador.
O obediente escuta, pois é a Palavra de Deus.
Então, finalmente temos o efeito dessa contínua provocação ao Altíssimo. Ele foi ofendido. O mau comportamento de Seu próprio povo O tocou mais intimamente do que o dos egípcios. Ele descobre a fonte das provocações dos ofensores: “Estes sempre erram em seu coração” (Hb 3.10). Pois o coração por natureza é “inimigo de Deus” (Rm 8).
Eles não conheceram os caminhos de Deus
Os “caminhos” de uma pessoa significam sua conduta como consequência de seu caráter. Suponhamos que haja alguém que foi muito gentil para com um pobre homem em sua doença. Desse ato afirmo sua disposição permanente. Diria que é de um caráter benevolente. Então, de observarmos os efeitos afirmamos a natureza das coisas. […] Assim, os israelitas deveriam ter aprendido sobre o caráter de Jeová, sobre Seus atos com respeito a eles. Eles deveriam tê-Lo amado por Sua bondade e O temido por Sua impressionante justiça.
Eles não viram Sua razão nas várias provas acontecidas pelo caminho. Pensaram que, se Deus os guiasse, não haveria problemas. Porém, essa não era a mente divina. Ele condescendeu explicar-lhes Suas razões nessas provações. “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os Seus mandamentos ou não” (Dt 8.2). Eles prometeram obediência perfeita; porém eram ignorantes a respeito de seu orgulho, de sua perversidade e de sua inimizade conta Deus, e o Altíssimo exibiria o mal do coração deles, o mal em suas palavras e ações. “Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor, teu Deus” (v. 5). Moisés, no fim, assume o mesmo procedimento. “Tendes visto tudo quanto o Senhor fez perante vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos e a toda sua terra; as grandes provas que os teus olhos têm visto, aqueles sinais e grandes maravilhas; porém não vos tem dado o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje” (Dt 29.2-4).
“Assim, jurei na Minha ira que não entrarão no Meu repouso”
Eis aqui – aquilo em que muitos não acreditarão – a ira de Deus contra Seu povo por causa da contínua desobediência. Não pode nem mesmo um pai estar de modo justo zangado com a desobediência e a provocação de um filho? Por fim, ocorreu Seu juramento de exclusão.
Olhemos um pouco mais de perto para a crise que suscitou esse juramento.
O povo propôs enviar doze espias para ver a terra antes de entrar nela. A proposta emergiu em parte da descrença; mas Moisés e o Senhor a sancionaram. Os espias retornaram após quarenta dias, trazendo testemunho da fertilidade da terra, e também exemplares de uvas, romãs e figos encontrados nela. “Vamos possuir a boa terra”, disse Calebe. Então, os espias sem fé se opuseram a ele. Tão gigantescos eram os habitantes, tão fortificadas e grandes eram as cidades que eles não poderiam possuí-la. Todo o povo tomou o partido da descrença. Pesaram seus próprios poderes contra os obstáculos a serem superados, e deixaram o poder de seu Deus. Cada um encorajou o outro a não crer, até imaginaram e disseram que Jeová somente os havia guiado pelo deserto com o propósito de entregá-los à espada dos cananeus! Calebe e Josué foram encorajá-los. “A terra é boa! Se nosso Deus for conosco, os cananeus não poderão se opôr a nós. Não se rebelem contra o Senhor!” “Mas toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. E disse o Senhor a Moisés: Até quando Me provocará este povo? E até quando não crerá em Mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio dele?” (Nm 16.10,11). Moisés intercedeu, ou toda a congregação seria destruída. Em resposta, “disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei. Porém, tão certamente como Eu vivo e como a glória do Senhor encherá toda a terra,3 e que todos os homens que viram a Minha glória e os Meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e Me tentaram estas dez vezes e não obedeceram à Minha voz, não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que Me provocaram a verá” (vv. 20-23).
Agora segue uma íntima aplicação dessa história para os crentes hoje.
“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel [de incredulidade], para se apartar do Deus vivo” (Hb 3.12).
Três vezes a expressão “qualquer de vós”4 é trazida para alertar os crentes hebreus daquele tempo. “Para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v. 13). “Pareça que algum de vós fica para trás” (4.1). O Espírito Santo previu que a objeção seria feita: “Apliquem todo tipo de advertência aos professos: eles não são dos nossos! Como podem os crentes ser acusados de incredulidade no coração?” Mas como poderiam crentes apartarem-se, no coração, do Deus vivo? Vejamos um exemplo. “Por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um líder e voltemos ao Egito” (Nm 14.3,4). Era o voltar atrás do coração, não realizado em ato porque Deus chegou para impedir.
Ao ouvir isso, deveríamos supor que uma negativa deve ter, por algum acidente, caído do texto, e que deveríamos ler: “Vede, irmãos, que não há em qualquer de vós um coração mau e infiel”. “Nenhum de vós se endureceu pelo engano do pecado”. Mas não: é endereçado aos descrentes entre os crentes! Em qual coração não há um pouco desse velho fermento? Os israelitas deixaram o Egito por fé na mensagem de Deus dada por Moisés, mas a alma deles recuou quando foram colocados face a face com os obstáculos na terra. “Então eu vos disse: Não vos espanteis nem os temais. O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, Ele pelejará por vós, conforme a tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos […] Mas nem por isso crestes no Senhor, vosso Deus“ (Dt 1.29,30,32).
“Mas por que comparar um povo que anda segundo a carne com o agora povo regenerado de Deus?”
Porque assim Deus faz aqui! Porque, mesmo no regenerado, estão os remanescentes do velho Adão.
“Mas a igreja de Cristo não está debaixo da lei, mas debaixo da graça, e nenhum perigo pode ameaçá-la.”
Se é assim, esta epístola é um erro, pois é baseada no princípio oposto: que, embora os crentes estejam agora salvos pela graça, eles, no aspecto do galardão, devem, como o antigo povo de Deus, ser tratados “de acordo com as obras”. A Epístola aos Hebreus é de Deus?
“Um coração mau e infiel [de incredulidade], para se apartar do Deus vivo”
O “Deus vivo” desta passagem é o Senhor Jesus. Foi declarado que Ele é o Criador e o Sustentador de tudo. [No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3).] “Eis que Deus é grande, e nós não O compreendemos, e o número dos Seus anos não se pode esquadrinhar” (Jó 36.26). Pedro assim confessou Cristo: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16). E o Filho é da mesma natureza de Seu Pai. Assim Jesus, em ressurreição, descreve a Si mesmo: “Eu sou o primeiro e o último, e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18). Ele é o Senhor da vida; provou assim ser na ressurreição; [Aquele que irá] introduzir outros no reino pela primeira ressurreição, por meio de Seus méritos (5.9,10). O Novo Testamento nos diz também que os israelitas no deserto tentaram a Cristo (1Co 10.9).
“Não seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um líder e voltemos ao Egito” (Nm 14.3,4). Esse foi o afastamento de coração entre eles e Jeová. E um risco semelhante estava assaltando os cristãos hebreus. Eles foram tentados a retornar a Moisés e à Lei, deixando Jesus, o Senhor, por causa da perseguição e dos perigos do caminho para Seu reino milenar.
A fé amolece o coração; a incredulidade o endurece.
“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3.13).
O remédio a ser oposto a esse perigo é uma constante exortação de uns aos outros. Quanto quer que dure o perigo da queda, esse é o período que Deus chama de Hoje. “Hoje não endureçais vosso coração”. Estamos em constante perigo; apliquemos constantemente essa arma da exortação. Vigiemos para não deixar de confiar em Deus e para não retrocedermos com medo dos inimigos a serem encontrados, assim perdendo o dia de especial glória para o qual fomos chamados. Busquemos o prêmio de nosso chamado. Busquemos “em primeiro lugar o reino de Deus e sua [ordenada] justiça” como o meio para isso (Mt 6.33).
Aquele que ouve a Palavra de Deus não deve endurecer o coração. A fé amolece o coração; a incredulidade o endurece. A fé nos faz tremer de Sua Palavra; a incredulidade faz pouco das promessas e dos avisos do Senhor. “Desprezaram a terra aprazível; não creram na Sua palavra” (Sl 106.24). Quando os israelitas foram mandados a subir, eles não foram, apesar de Deus estar com eles. Quando foram proibidos, eles subiram, ainda que Deus estivesse contra eles. Tudo vai bem conosco quando reverenciamos a autoridade de Deus manifestada em Sua Palavra. Mas permanecer em oposição a toda ordenação Dele é perigoso. O pecado se espalha pela alma como um câncer. Nós podemos nos fazer de surdos às ameaças de Deus, mas, por fim, elas se provarão verdadeiras. Podemos nos encorajar ou consolar com o número daqueles que, como nós, desobedecem; mas a multidão dos desobedientes em Israel era teve desculpa. Seiscentos mil homens, e um igual número de mulheres, pereceram: foram apenas dois que entraram.
Essa palavra de advertência é também como um espelho para nós na história apresentada. Calebe acalma os murmúrios dos israelitas diante de Moisés, e exorta-os a subirem de uma vez e possuírem a terra. Mais tarde, Calebe e Josué exortam o povo a obedecer; mas a multidão furiosamente resiste ao apelo e clama que os dois fiéis sejam apedrejados. Então, toda esperança de restauração do povo se vai, quando a exortação é rejeitada e o coração está endurecido a ponto de procurar a morte dos servos fiéis. O pacto de Deus, assim, vai adiante contra os descrentes e rebeldes, e, enquanto eles tentam, presunçosamente, subir, são abatidos diante do inimigo, pois o Senhor não estava com eles. Quantos estão agora endurecendo-se contra o batismo, “o Reino Pessoal”, e a recompensa segundo as obras!
Notas
1O autor acredita que Paulo, chamado de “o apóstolo”, é o autor de Hebreus. Essa é a opinião mais comum entre os cristãos, mas não é unânime. (N. do R.)
2É notável que a referência aos capítulos 13 e 14 ocorra logo após a referência, em Hb 2.2, a Moisés como o “servo fiel” em Nm 12. (N. do E.)
3Eis aqui uma pista de “Meu descanso”. Eis aqui uma intimação do dia milenar, quando toda a terra será cheia da glória de Deus e o “Filho do homem” será seu centro (Sl 8). (N. do E.)
4Nos três versículos citados, as mesmas palavras gregas são usadas, apesar da diferente tradução em cada um deles. (N. do R.)
É a santidade de Deus, a justiça de Deus, que exige que uma vida sem pecado seja dada em favor do homem. Há vida no sangue, e aquele sangue tem de ser derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o sangue seja apresentado com o fim de satisfazer a Sua própria justiça, e é Ele quem diz: “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós” (Êx 12.13). O Sangue de Cristo satisfaz Deus inteiramente.
Desejo agora dizer uma palavra a respeito disto a meus irmãos mais novos no Senhor, porque é neste caso que muitas vezes caímos em dificuldade. Em nossa condição de descrentes, podemos não ter sido absolutamente molestados por nossa consciência, até que a Palavra de Deus começou a nos despertar. Nossa consciência estava morta, e aqueles que têm consciência morta certamente não têm qualquer préstimo para Deus. Mas, mais tarde, quando cremos, nossa consciência pode se tornar extremamente sensível, e isso pode vir a ser real problema para nós. O sentimento de pecado e de culpa pode se tornar tão grande, tão terrível, que quase nos paralisa porque nos faz perder de vista a verdadeira eficácia do sangue. Parece-nos que nossos pecados são tão reais, e algumas vezes algum pecado em particular pode atribular-nos tantas vezes, que chegamos ao ponto de imaginá-los maiores do que o sangue de Cristo.
Ora, nosso mal reside em estarmos procurando sentir seu valor e estimar, subjetivamente, o que o sangue é para nós. Não podemos fazê-lo. O sangue não opera desta forma. Destina-se, primeiramente, a ser visto por Deus. Então, temos de aceitar a avaliação que Deus faz dele. Ao fazê-lo, acharemos nossa própria estimativa. Se, em lugar disso, procuramos avaliá-lo, por meio do que sentimos, não alcançaremos nada e permanecemos em trevas. Pelo contrário, é questão de fé na Palavra de Deus. Temos de crer que o sangue é precioso para Deus porque Ele assim o diz (1Pd 1.18,19). Se Deus pode aceitar o sangue como pagamento por nossos pecados e como preço de nossa redenção, então, podemos ter certeza de que o débito foi pago. Se Deus está satisfeito com o sangue, logo, deve ser aceitável o sangue. Nossa estimativa dele é somente de acordo com a avaliação de Deus — nem mais nem menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não deve ser menos.
Lembremo-nos de que Deus é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o sangue de Cristo é aceitável a Seus olhos e que O satisfez inteiramente.
Um pequeno feixe da vontade de Deus está sempre atado a cada hora.
(F. W. Faber)
Aquele que crê no Senhor não se preocupa com o amanhã, mas labuta alegremente com o coração sereno.
(Martinho Lutero)
Antes que nosso conhecimento possa ser de muito proveito para outros, deve tornar-se um canal de comunhão secreta entre nossa própria alma e Deus.
(Robert C. Chapman)
A fé são os pés que nos levam a Jesus. Pés aleijados ainda são pés. Aquele que vem vagarosamente, de alguma forma vem.
(George Müller)
Aqueles que apreciam a graça com mais profundidade não continuam no pecado. Além disso, o medo produz a obediência dos escravos; o amor gera a obediência dos filhos.
(J. W. Sanderson Jr.)
Devemos nos aproximar da Palavra de Deus não apenas com fé e com amor, mas com o desejo de obedecer.
(Ruth Paxon)
O evangelho tem de ser antagonista a tudo o que é contrário a Deus.
O homem nunca alcança um conhecimento claro de si mesmo a não ser que primeiro eleve os olhos para o rosto de Deus e, então, venha de contemplá-Lo para examinar a si mesmo.
(João Calvino)
Nada é mais contrário a uma esperança celestial do que um coração mundano.
(William Gurnall)
As orações e súplicas que Cristo ofereceu, com fortes clamores e lágrimas, são um claro exemplo não só sobre orar, mas para sermos fervorosos e importunos em oração. Quantas orações secas, quão poucas as molhadas de lágrimas, nós oferecemos a Deus!
(Matthew Henry)
A fé habita em um coração quebrantado. “O pai do menino, clamando, com lágrimas, disse: Eu creio, Senhor!” (Mc 9.24). A verdadeira fé está sempre em um coração ferido pelo pecado. A fé salvadora sempre cresce em um coração humilhado pelo pecado, em um olho que chora e em uma lacrimosa consciência.
(Thomas Watson)
A terra não tem preocupação que o céu não possa curar.
(Thomas Moore)
Já não está na moda sofrer por amor de Deus e carregar a cruz por Ele, pois a diligência e a real seriedade, que por acaso eram encontradas no homem, foram extintas e se tornaram frias. E agora ninguém mais está disposto a sofrer angústia por causa de Deus.
(Johannes Tauler)
O mais santo dos homens precisa ser preservado dos piores pecados, pois está conscientes de que pode cair na mais profunda cova da iniqüidade se Deus retiver Sua misericórdia.
O Senhor Jesus não teria sido um exemplo para nós se tivesse vencido o diabo em virtude de Seu poder divino; porém triunfou usando as mesmas armas que estão à disposição do homem: uma completa dependência de Deus, uma absoluta obediência a Sua Palavra e uma confiança inabalável em Sua promessa.
(Jean Koechlin)
Todo retrocesso espiritual tem começo com o descuido com a oração.
(Octavius Winslow)
Mantém teu coração aberto à correção do Senhor e pronto para receber Seu castigo sem se importar com quem esteja segurando o açoite.
(A. W. Tozer)
Nunca somos livres. Todos no mundo são ou escravos do pecado e de Satanás ou escravos de Jesus Cristo.
(Martyn Lloyd-Jones)
Lembre-se disto: Cristo não é apenas a razão de nossa esperança da glória, mas o próprio Cristo é essa glória. A glória que anelamos, a glória para a qual fomos predestinados, a glória que faz com que todo sofrimento, dor e decepção desta vida não sejam dignos de comparação é a pessoa e a presença do próprio Jesus Cristo. Ele é a nossa glória. Estar com Ele, conhecê-Lo, vê-Lo, deleitar-nos e nos gloriarmos em Sua beleza é a glória que esperamos.
(Sam Storms)
Os pensamentos ocasionais sobre as coisas espirituais não prova que temos uma mente espiritual. A pessoa com uma mente espiritual abunda em pensamentos espirituais.
(John Owen)
A cruz foi um ato simultâneo de castigo e de anistia, de severidade e de graça, de justiça e de misericórdia.
A santidade do homem é hoje sua maior alegria e, no céu, a maior alegria do homem será sua perfeita santidade.
(Thomas Brooks)
Caminhar no Espírito exige que vivamos na Palavra de Deus como o peixe vive no mar.
(A. W. Tozer)
O arrependimento não é apenas a maneira de começarmos a vida cristã. O arrependimento é a vida cristã.
(David Powlison)
Muitos pais e esposos cristãos pensam que cumprem com o dever que Deus lhes determinou porque provêem para as necessidades materiais de sua família. Isso não é suficiente! Se nossa esposa e nossos filhos fossem unicamente corpos materiais, então faria sentido que provêssemos apenas para suas necessidades materiais. Mas eles não são apenas corpo; têm alma eterna. O bem-estar espiritual deles também deve ser atendido.
(Jason Helopoulos)
Os pregadores que se recusam a falar do pecado não têm base para esperar que o Espírito de Deus trabalhe com eles para levar os homens a Cristo.
(Paul Washer)
A milhões de pessoas que professam ser cristãs e se chamam de cristãs o apóstolo Paulo não chamaria de cristãs de modo algum.
(J. C. Ryle)
Lembre-se: nenhum homem tem tempo para orar. Todo homem tem de tirar tempo de outras coisas que são valiosas para entender quão necessário é o tempo da oração.
Se você não deseja santidade, não vejo que tenha qualquer direito de pensar que é cristão.
(Martyn Lloyd-Jones)
É difícil ver como o cristianismo pode ter um efeito positivo na sociedade, se não pode transformar sua própria casa.
(John F. MacArthur Jr.)
É possível falar de amor pelos homens de tal maneira que Deus sai de cena. É possível começar a justificar sua vida unicamente na base do quão “bom” você é para os homens. E, gradualmente, a diferença entre um cristão e a falsa ética humanista desaparece. Não porque o humanismo tornou-se centrado em Deus, mas porque o cristão tornou-se o centro de tudo.
(John Piper)
Satanás ofereceu a Adão um fruto, e Adão perdeu o paraíso. Por isso, em todas as tentações considere não o que ele oferece , mas o que você vai perder.
(Richard Sibbes)
Ah, que alegria é ter nada, ser nada e ver nada além de um Cristo vivo em glória e não se importar com nada além de Seus interesses aqui na terra!
(John Nelson Darby)
Não perguntamos: “Cristo é seu Salvador?”, mas: “Ele é real e verdadeiramente seu Senhor?” Se Ele não for seu Senhor, então, com a mais absoluta certeza, Ele não é seu Salvador.
(A.W. Pink)
É bom desmascarar nossos pecados, para que eles não nos desmascarem.