Há duas coisas que são absolutamente essenciais para poder receber a salvação: a libertação da culpa e do castigo do pecado e a libertação do poder e da presença do pecado. Um se efetua na obra de reconciliação de Cristo, e o outro se realiza nas operações efetuadas do Espírito Santo. Um é o bendito resultado do que o Senhor Jesus fez para o povo de Deus, e o outro é a conseqüência gloriosa do que o Espírito Santo fez no povo de Deus. Um ocorre quando, depois de haver nascido como mendigo destituído, a fé toma posse de Cristo e, então, Deus o justifica de todas as coisas, e o pecador crente, receoso e penitente, recebe o perdão completo e gratuito. O outro sucede paulatinamente em diferentes etapas sob a divina bênção da regeneração, da santificação e da glorificação. Na regeneração, o pecado recebe sua ferida mortal ainda que não morra totalmente. Na santificação, mostra-se na alma regenerada a cova de corrupção que mora dentro dele e que lhe ensina a desprezar e odiar a si mesmo. Na glorificação, a alma e o corpo são libertados para sempre de todo vestígio e efeito do pecado.
A regeneração é absolutamente necessária para que uma alma entre no céu. Para poder amar as coisas espirituais, um homem tem de ser transformado espiritualmente. “E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2Ts 2.10). O homem natural pode ouvir estas coisas, porém não pode amá-las nem achar alegria nelas. Ninguém pode morar com Deus e estar feliz para sempre em Sua presença até que se tenha feito uma mudança radical nessa pessoa para realizar uma transformação do pecado à santidade; e essa mudança tem de se realizar aqui mesmo na terra.
Como alguém pode entrar no mundo de santidade inefável depois de haver passado toda sua vida em pecado (agradando-se dele)? Como poderá cantar o cântico do Cordeiro (Ap 15.3) se o coração não está sintonizado nele? Como poderá contemplar a grande majestade de Deus face a face se nem sequer houvera visto “pelo espelho na escuridão” com os olhos da fé? Tal como dóem os olhos de alguém quando sai a luz do sol do meio-dia depois de estar na escuridão, assim também será quando os inconversos contemplarem Aquele que é a luz. Em vez de querer tal visão, “todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele” (1.7). Sim, tão aterradora será sua angústia que clamarão aos montes e as rochas: “Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto Daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro” (6.16). Meu querido leitor, essa será sua experiência a menos que Deus regenere você.
O que ocorre na regeneração é o contrário do que ocorreu na queda. A pessoa que nasce de novo é restaurada a uma união e comunhão com Deus por meio de Cristo e a operação do Espírito Santo: o que estava morto espiritualmente antes agora está vivo espiritualmente (Jo 5.24). Tal como a morte espiritual veio pela entrada de um princípio mau no ser do homem, da mesma maneira se introduz um princípio bom na vida espiritual. Deus lhe comunica um princípio novo, tão real e tão potente como é o pecado. Agora lhe é dada a graça divina, e uma disposição santa se desenvolve em sua alma. Dá-se lhe um espírito diferente ao homem interior. Porém não se criam novas faculdades dentro dele, mas, melhor que isso, se enriquecem suas faculdades originais, e essas adquirem nobreza e poder.
Uma pessoa regenerada é uma nova criatura (2Co 5.17). Meu caro leitor, isso se aplica a sua vida? Que cada um de nós se examine na presença de Deus a respeito destas perguntas! Como está meu coração a respeito do pecado? Existe uma humilhação profunda e uma tristeza segundo Deus, agora que me consagrei? Existe de modo genuíno ódio contra o pecado? Tenho uma consciência imatura para que me perturbem essas coisas que o mundo denomina “pequenas”? Sinto-me humilde quando estou consciente do surgimento do orgulho e da minha vontade própria? Aborreço as minhas corrupções internas? Estão os meus desejos mortos para o mundo e vivos para Deus? Em que medito em meu tempo livre? Parecem-me os exercícios espirituais tempos de alegria e prazer ou incômodos como uma pesada carga? Posso dizer: “Quão doces são ao meu paladar as Tuas palavras! Mais do que o mel na minha boca (Sl 119.103)”? É a comunhão com Deus meu maior gozo? É a glória de Deus mais preciosa para mim do que tudo o que o mundo me oferece?
Algumas partes das vestes do sumo sacerdote descritas por Moisés eram meros “memoriais”, ou lembretes das maiores e eternas coisas por vir. As doze pedras preciosas do peitoral do sumo sacerdote eram meramente “pedras de memória”. Elas testificavam sobre os fundamentos de doze pedras preciosas (Ap 21.19,20) da cidade eterna na qual os santos ressurretos de Deus habitarão (Êx 28.12,29; 39.7). O testemunho de Moisés sobre Melquisedeque, o sacerdote-rei, é a base do argumento sobre a intenção de Deus de deixar de lado o sacerdócio de Arão. E, por fim, o argumento sobre o descanso futuro do sétimo dia do Altíssimo se volta para o testemunho de Moisés em relação à obra da criação e à observância do descanso do sétimo dia sob a lei. O testemunho de Moisés, como afirma o Espírito de Deus, é incontestável – e os judeus estavam prontos para confessar isso. Nesta base, então, o apóstolo1 enquadraria seu argumento aos hebreus. Como poderiam eles se recusar a ouvir Moisés, sua testemunha confiável, quando ele testificou de um Mestre, Líder e Sumo Sacerdote maior?
Na afirmação “Cristo, como Filho, sobre a Sua própria casa” (Hb 3.6) não se destaca Sua fidelidade a um superior, e esse é o ponto agora diante de nós. “Tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus” (10.21; 1Pd 2.5; 4.17). De Moisés fora dito: “Fiel em toda a Minha casa”. Mas Cristo está sobre ela (10.21). Jesus estava aqui tipificado por José, tanto em sua humilhação como em sua exaltação. “José achou graça em seus olhos [de Potifar], e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39.4). Deus “me tem posto [diz José novamente] por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa e como regente em toda a terra do Egito” (45.8). Faraó, diz Estêvão, “o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa” (At 7.10).
“Cuja casa somos nós.”
Aqui, o sentido de “casa” é estreitado para significar “família”. Deus não está agora habitando “em templos feitos por mãos de homens” (17.24), pois qual edifício na terra poderia o homem construir que servisse à grandeza Daquele que enche o céu e a terra? Mas, enquanto isso, Deus olha para os redimidos de Cristo e habita neles, e a Igreja é a “morada de Deus em Espírito” (Ef 2.22), uma casa de pedras vivas (1Pe 2.5). É a nova criação espiritual, na qual o Altíssimo tem prazer. Os que crêem constituem o povo e a casa de Deus, sobre os quais Cristo preside. Mas é sob esta condição que habitam Nele: se retiverem firmemente o que já possuíam como crentes (e Paulo inclui a si mesmo, pois usa o pronome nós; Hb 3.14).
Eles deviam conservar “firmes a confiança e a glória da esperança até ao fim”. Qual é a esperança em questão? É aquela ligada ao chamamento celestial: a vinda de Cristo para reinar em Sua glória, e a associação de Sua fiel irmandade a Ele naquele dia. O esplendor dessa esperança foi ofuscada na mente deles devido à longa demora e pela pressão da perseguição. Esqueceram que “se sofrermos [com Cristo], também com Ele reinaremos” (2Tm 2.12). A vida de Cristo é o modelo a que os cristãos devem se moldar: primeiro sofrer; então, entrar na glória.
Que essa é a esperança é estabelecido por muitas provas. Esse é o propósito dos prévios dois capítulos de Hebreus, que apresentam Cristo como um segundo período a ser trazido à terra habitável. É o reino de justiça que alguém deve, como Seu seguidor, desfrutar com Cristo, no dia em que a perversidade dos inimigos de Cristo for abatida com mão forte e as obras de Deus forem postas em sujeição ao homem; é a grande salvação, o descanso de Deus, a primeira ressurreição (Hb 2.3; 4.1,3,10; Ap 20.5,6). É a vinda do reino milenar de Deus, de que Cristo tão frequentemente testificou. Porém nossa esperança é somente uma (Ef 4.4): sermos apreciados por patriarcas e profetas, e pelos aceitos por Deus mediante a Lei, assim como por aqueles julgados dignos mediante o Evangelho. É a esperança originada na liderança do Senhor. O desfrute da boa terra era a esperança ligada à missão de Moisés; a nossa é a glória de mil anos. Em Cristo “os gentios esperarão. Ora, o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15.12,13). “A graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador, Jesus Cristo” (Tt 2.11-13).
Aumentar a fé dos cristãos no retorno de nosso Senhor e encorajar sua esperança do reino são os principais objetos desta epístola.
Vislumbres daquele dia foram dadas por Moisés nos descansos ligadas aos setes da Lei. Vemos isso também anunciado na promessa de Moisés ao subir a montanha; e após o banquete dos setenta anciãos na presença de Deus, quando ele os manda ficar onde estavam, pois retornaria para eles (Êx 24.14). Aumentar a fé dos cristãos no retorno de nosso Senhor e encorajar sua esperança do reino são os principais objetos desta epístola.
Quando no início creram, eles retiveram com alegre confiança interior a expectativa do breve retorno e reino de Cristo; e todo coração transbordava para os outros com exultação da glória a ser manifesta, e sua própria participação nela. “Venha, junte-se ao povo do Senhor! Ele virá brevemente para nos fazer Seus companheiros na glória!” Mas, com a demora de ano após ano, a confiança interior decaiu e o testemunho exterior, em conseqüência, enfraqueceu (Pv 13.12).
Em quarenta dias, a expectativa do reaparecimento de Moisés se foi, e, com sua extinção, despontou a idolatria; enquanto Arão, que deixara o alto posto que lhe fora dado e descera para a planície, tornou-se o culpado fabricante de um ídolo e seu sumo sacerdote.
O Espírito de Deus, então, nos ordena a nos mantermos firmes interiormente e a, exteriormente, testificar com ousadia aos demais acerca do retorno e do reino de nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos ter firmeza até o fim – não até a nossa morte, mas até Seu reaparecimento. O enfraquecimento e o abalo dessa esperança produziram, quanto a seus efeitos, o endurecimento, a esterilidade e a desobediência dos cristãos hebreus, dos quais Paulo reclama.
“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a Sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram por quarenta anos as minhas obras” (Hb 3.7-9).
O argumento que segue a 4.12 é uma exortação aos crentes buscarem o descanso milenar e a se guardarem de provocar Deus, como fez Israel, pois o mesmo Deus que excluiu Israel da terra da promessa excluirá os ofensores no dia da recompensa, quando Cristo tomar o reino. Paulo aplica a esse propósito as advertências de Salmos 95. Assim, essa passagem corre paralelamente com as advertências do Sermão do Monte, que foi também endereçado aos crentes, e com outras passagens que tratam da entrada no reino da glória. Muitas são as passagens que tratam da recompensa vindoura, que testificam da necessidade de diligência a fim de obtê-la e da probabilidade de ser perdida.
O apóstolo caracteriza a passagem que está prestes a dar como decisiva, pois é inspirada pelo Espírito Santo, o qual fala em Salmos e em toda a Santa Escritura. Então, nosso Senhor ensina: “O próprio Davi disse pelo Espírito Santo” (Mc 12.36). “A Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35).
A presente dispensação é descrita como hoje. É um período especial, (1) do chamado de Deus para a obediência a Cristo e (2) do julgamento de Seu povo a caminho da glória. Com a fé no sangue de Cristo, como o Cordeiro da verdadeira Páscoa, começa nosso resgate de Satanás, do mundo e da maldição. Então, vem a passagem pelas águas do batismo, após as quais o deserto tem início. Mas multidões de crentes preferem continuar no Egito, a despeito da ordem de avançar.
“Se ouvirdes […] a Sua voz”
Jesus é nosso Moisés, o Líder para a glória. “E o lugar do Seu repouso será glória” (Is 11.10, lit.). “Por que Me chamais ‘Senhor, Senhor’, e não fazeis o que Eu digo?” (Lc 6.46). “Este é o Meu amado Filho […] escutai-O” (Mt 17.5). A obediência ao Filho é obediência também ao Pai. Essa foi a palavra que veio de Deus, quando o quadro em miniatura do reino da glória foi dado [no monte da transfiguração]. “Nem todo o que Me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos céus” (7.21). Hoje é o convite e o dia do julgamento; amanhã, a glória.
Não obstante, no deserto Israel desobedeceu às ordens de provas de Deus. Jeová disse aos israelitas: “Eis que tenho posto esta terra diante de vós; entrai e possui-a” (Dt 1.8). Moisés reitera a palavra: “Eis aqui o Senhor, teu Deus, tem posto esta terra diante de ti; sobe, toma posse dela” (v. 21). Eles se recusaram, afirmando que não poderiam entrar por causa dos perigos.
“Não endureçais o vosso coração”
O obediente escuta, pois é a Palavra de Deus. Porém aqueles que são rebeldes desprezam as promessas, contestam as ameaças, não obedecerão às ordens. Eles se fortalecem em sua resistência ao Altíssimo. Quantos crentes vêem o batismo, no entanto, com vários pretextos desprezam a ordem e se recusam a confissão de Cristo que ele carrega consigo!
Quem, a não ser os crentes professos, desobedecem a Cristo?
“Como na provocação, durante o dia da tentação no deserto”
Logo após deixar o Mar Vermelho, e antes de chegar ao Sinai, Israel começou a provocar Deus pela murmuração por causa da necessidade de comida no deserto. Em Refidim, os israelitas murmuraram novamente. Estavam quase prontos a apedrejar Moisés, pois pensavam que a culpa fosse dele. O Senhor ajuda em ambos os casos, mas o lugar é chamado “Tentação” e “Luta” (Êx 17). Outra vez há um clamor por água, em Cades, e o lugar também é chamado de “Luta” (Nm 20). Moisés é conduzido a fazer menção disso, mesmo em sua palavra de bênção diante da morte: “E de Levi disse: Teu Tumim e teu Urim são para o teu amado, que tu provaste [tentaste] em Massá, com quem contendeste junto às águas de Meribá” (Dt 33.8).
Contudo parece, na passagem de que estamos tratando, que o Senhor considerou todo o tempo da jornada no deserto como um tempo de provocação e tentação. A maior crise ocorreu como registrada em Números 13 e 142, que analisaremos agora.
“Eles viram as Minhas obras por quarenta anos”
As obras da criação de Deus já haviam há muito sido completadas, e Seu repouso ali foi quebrado. Na criação, os anjos romperam em louvores e cantando hinos de alegria. Mas agora Deus trabalhava no interesse de novas obras de redenção para os israelitas: eles eram livres, eram povo de Deus. Ele os sustentou por quarenta anos, ainda que murmurassem contra Ele. Sua punição, então, seria que, quando o descanso de Deus chegasse, assim como com Seu antigo descanso na criação, eles não teriam parte nele.
Por quarenta anos o Senhor fora provocado; apesar de Suas obras maravilhosas a favor do povo, este não confiou e desobedeceu. Deus realizou as maravilhas da criação por apenas seis dias. Seus sinais redentores foram feitos por quarenta anos: sinais de poder contra os inimigos dos israelitas; sinais de favor para os israelitas, misturados com juízos contra os desobedientes que havia entre eles. As maravilhas da redenção são relatadas muito mais amplamente do que as da criação, pois elas diziam respeito a nós mais de perto, e são consideradas por nosso Deus como mais importantes e de maior glória para Ele. Mas Israel não percebeu seu significado; ele não se sujeitou ao Grande Governador.
O obediente escuta, pois é a Palavra de Deus.
Então, finalmente temos o efeito dessa contínua provocação ao Altíssimo. Ele foi ofendido. O mau comportamento de Seu próprio povo O tocou mais intimamente do que o dos egípcios. Ele descobre a fonte das provocações dos ofensores: “Estes sempre erram em seu coração” (Hb 3.10). Pois o coração por natureza é “inimigo de Deus” (Rm 8).
Eles não conheceram os caminhos de Deus
Os “caminhos” de uma pessoa significam sua conduta como consequência de seu caráter. Suponhamos que haja alguém que foi muito gentil para com um pobre homem em sua doença. Desse ato afirmo sua disposição permanente. Diria que é de um caráter benevolente. Então, de observarmos os efeitos afirmamos a natureza das coisas. […] Assim, os israelitas deveriam ter aprendido sobre o caráter de Jeová, sobre Seus atos com respeito a eles. Eles deveriam tê-Lo amado por Sua bondade e O temido por Sua impressionante justiça.
Eles não viram Sua razão nas várias provas acontecidas pelo caminho. Pensaram que, se Deus os guiasse, não haveria problemas. Porém, essa não era a mente divina. Ele condescendeu explicar-lhes Suas razões nessas provações. “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os Seus mandamentos ou não” (Dt 8.2). Eles prometeram obediência perfeita; porém eram ignorantes a respeito de seu orgulho, de sua perversidade e de sua inimizade conta Deus, e o Altíssimo exibiria o mal do coração deles, o mal em suas palavras e ações. “Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor, teu Deus” (v. 5). Moisés, no fim, assume o mesmo procedimento. “Tendes visto tudo quanto o Senhor fez perante vossos olhos, na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos e a toda sua terra; as grandes provas que os teus olhos têm visto, aqueles sinais e grandes maravilhas; porém não vos tem dado o Senhor um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje” (Dt 29.2-4).
“Assim, jurei na Minha ira que não entrarão no Meu repouso”
Eis aqui – aquilo em que muitos não acreditarão – a ira de Deus contra Seu povo por causa da contínua desobediência. Não pode nem mesmo um pai estar de modo justo zangado com a desobediência e a provocação de um filho? Por fim, ocorreu Seu juramento de exclusão.
Olhemos um pouco mais de perto para a crise que suscitou esse juramento.
O povo propôs enviar doze espias para ver a terra antes de entrar nela. A proposta emergiu em parte da descrença; mas Moisés e o Senhor a sancionaram. Os espias retornaram após quarenta dias, trazendo testemunho da fertilidade da terra, e também exemplares de uvas, romãs e figos encontrados nela. “Vamos possuir a boa terra”, disse Calebe. Então, os espias sem fé se opuseram a ele. Tão gigantescos eram os habitantes, tão fortificadas e grandes eram as cidades que eles não poderiam possuí-la. Todo o povo tomou o partido da descrença. Pesaram seus próprios poderes contra os obstáculos a serem superados, e deixaram o poder de seu Deus. Cada um encorajou o outro a não crer, até imaginaram e disseram que Jeová somente os havia guiado pelo deserto com o propósito de entregá-los à espada dos cananeus! Calebe e Josué foram encorajá-los. “A terra é boa! Se nosso Deus for conosco, os cananeus não poderão se opôr a nós. Não se rebelem contra o Senhor!” “Mas toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do Senhor apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. E disse o Senhor a Moisés: Até quando Me provocará este povo? E até quando não crerá em Mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio dele?” (Nm 16.10,11). Moisés intercedeu, ou toda a congregação seria destruída. Em resposta, “disse o Senhor: Conforme à tua palavra lhe perdoei. Porém, tão certamente como Eu vivo e como a glória do Senhor encherá toda a terra,3 e que todos os homens que viram a Minha glória e os Meus sinais, que fiz no Egito e no deserto, e Me tentaram estas dez vezes e não obedeceram à Minha voz, não verão a terra de que a seus pais jurei, e nenhum daqueles que Me provocaram a verá” (vv. 20-23).
Agora segue uma íntima aplicação dessa história para os crentes hoje.
“Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel [de incredulidade], para se apartar do Deus vivo” (Hb 3.12).
Três vezes a expressão “qualquer de vós”4 é trazida para alertar os crentes hebreus daquele tempo. “Para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v. 13). “Pareça que algum de vós fica para trás” (4.1). O Espírito Santo previu que a objeção seria feita: “Apliquem todo tipo de advertência aos professos: eles não são dos nossos! Como podem os crentes ser acusados de incredulidade no coração?” Mas como poderiam crentes apartarem-se, no coração, do Deus vivo? Vejamos um exemplo. “Por que o Senhor nos traz a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um líder e voltemos ao Egito” (Nm 14.3,4). Era o voltar atrás do coração, não realizado em ato porque Deus chegou para impedir.
Ao ouvir isso, deveríamos supor que uma negativa deve ter, por algum acidente, caído do texto, e que deveríamos ler: “Vede, irmãos, que não há em qualquer de vós um coração mau e infiel”. “Nenhum de vós se endureceu pelo engano do pecado”. Mas não: é endereçado aos descrentes entre os crentes! Em qual coração não há um pouco desse velho fermento? Os israelitas deixaram o Egito por fé na mensagem de Deus dada por Moisés, mas a alma deles recuou quando foram colocados face a face com os obstáculos na terra. “Então eu vos disse: Não vos espanteis nem os temais. O Senhor, vosso Deus, que vai adiante de vós, Ele pelejará por vós, conforme a tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos […] Mas nem por isso crestes no Senhor, vosso Deus“ (Dt 1.29,30,32).
“Mas por que comparar um povo que anda segundo a carne com o agora povo regenerado de Deus?”
Porque assim Deus faz aqui! Porque, mesmo no regenerado, estão os remanescentes do velho Adão.
“Mas a igreja de Cristo não está debaixo da lei, mas debaixo da graça, e nenhum perigo pode ameaçá-la.”
Se é assim, esta epístola é um erro, pois é baseada no princípio oposto: que, embora os crentes estejam agora salvos pela graça, eles, no aspecto do galardão, devem, como o antigo povo de Deus, ser tratados “de acordo com as obras”. A Epístola aos Hebreus é de Deus?
“Um coração mau e infiel [de incredulidade], para se apartar do Deus vivo”
O “Deus vivo” desta passagem é o Senhor Jesus. Foi declarado que Ele é o Criador e o Sustentador de tudo. [No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3).] “Eis que Deus é grande, e nós não O compreendemos, e o número dos Seus anos não se pode esquadrinhar” (Jó 36.26). Pedro assim confessou Cristo: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16). E o Filho é da mesma natureza de Seu Pai. Assim Jesus, em ressurreição, descreve a Si mesmo: “Eu sou o primeiro e o último, e o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18). Ele é o Senhor da vida; provou assim ser na ressurreição; [Aquele que irá] introduzir outros no reino pela primeira ressurreição, por meio de Seus méritos (5.9,10). O Novo Testamento nos diz também que os israelitas no deserto tentaram a Cristo (1Co 10.9).
“Não seria melhor voltarmos ao Egito? E diziam uns aos outros: Constituamos um líder e voltemos ao Egito” (Nm 14.3,4). Esse foi o afastamento de coração entre eles e Jeová. E um risco semelhante estava assaltando os cristãos hebreus. Eles foram tentados a retornar a Moisés e à Lei, deixando Jesus, o Senhor, por causa da perseguição e dos perigos do caminho para Seu reino milenar.
A fé amolece o coração; a incredulidade o endurece.
“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3.13).
O remédio a ser oposto a esse perigo é uma constante exortação de uns aos outros. Quanto quer que dure o perigo da queda, esse é o período que Deus chama de Hoje. “Hoje não endureçais vosso coração”. Estamos em constante perigo; apliquemos constantemente essa arma da exortação. Vigiemos para não deixar de confiar em Deus e para não retrocedermos com medo dos inimigos a serem encontrados, assim perdendo o dia de especial glória para o qual fomos chamados. Busquemos o prêmio de nosso chamado. Busquemos “em primeiro lugar o reino de Deus e sua [ordenada] justiça” como o meio para isso (Mt 6.33).
Aquele que ouve a Palavra de Deus não deve endurecer o coração. A fé amolece o coração; a incredulidade o endurece. A fé nos faz tremer de Sua Palavra; a incredulidade faz pouco das promessas e dos avisos do Senhor. “Desprezaram a terra aprazível; não creram na Sua palavra” (Sl 106.24). Quando os israelitas foram mandados a subir, eles não foram, apesar de Deus estar com eles. Quando foram proibidos, eles subiram, ainda que Deus estivesse contra eles. Tudo vai bem conosco quando reverenciamos a autoridade de Deus manifestada em Sua Palavra. Mas permanecer em oposição a toda ordenação Dele é perigoso. O pecado se espalha pela alma como um câncer. Nós podemos nos fazer de surdos às ameaças de Deus, mas, por fim, elas se provarão verdadeiras. Podemos nos encorajar ou consolar com o número daqueles que, como nós, desobedecem; mas a multidão dos desobedientes em Israel era teve desculpa. Seiscentos mil homens, e um igual número de mulheres, pereceram: foram apenas dois que entraram.
Essa palavra de advertência é também como um espelho para nós na história apresentada. Calebe acalma os murmúrios dos israelitas diante de Moisés, e exorta-os a subirem de uma vez e possuírem a terra. Mais tarde, Calebe e Josué exortam o povo a obedecer; mas a multidão furiosamente resiste ao apelo e clama que os dois fiéis sejam apedrejados. Então, toda esperança de restauração do povo se vai, quando a exortação é rejeitada e o coração está endurecido a ponto de procurar a morte dos servos fiéis. O pacto de Deus, assim, vai adiante contra os descrentes e rebeldes, e, enquanto eles tentam, presunçosamente, subir, são abatidos diante do inimigo, pois o Senhor não estava com eles. Quantos estão agora endurecendo-se contra o batismo, “o Reino Pessoal”, e a recompensa segundo as obras!
Notas
1O autor acredita que Paulo, chamado de “o apóstolo”, é o autor de Hebreus. Essa é a opinião mais comum entre os cristãos, mas não é unânime. (N. do R.)
2É notável que a referência aos capítulos 13 e 14 ocorra logo após a referência, em Hb 2.2, a Moisés como o “servo fiel” em Nm 12. (N. do E.)
3Eis aqui uma pista de “Meu descanso”. Eis aqui uma intimação do dia milenar, quando toda a terra será cheia da glória de Deus e o “Filho do homem” será seu centro (Sl 8). (N. do E.)
4Nos três versículos citados, as mesmas palavras gregas são usadas, apesar da diferente tradução em cada um deles. (N. do R.)
A cruz de Cristo é o lugar de exposição. Ali, como em nenhum outro lugar, é revelado o ódio do homem por Deus e o amor de Deus pelo homem. Na cruz, o pecado é visto em sua pior maneira e o amor é visto em seu mais alto grau. O pecado do homem e o amor de Deus alcançam o auge no Calvário. Ali, a hediondez de um e a glória do outro são ressaltados com o mais aguçado relevo. A cruz de Cristo é o coração de Deus quebrado pelo pecado. Ela nos fala que Deus, que tem de julgar e punir o pecado, salvará e perdoará o pecador. Ela descobre para nós as insondáveis profundezas do amor de Deus.
(Ruth Paxson)
Há mistérios de graça e de amor em cada página da Bíblia. E próspera é a alma que vê no Livro de Deus uma preciosidade cada vez maior.
(Robert Chapman)
O Espírito Santo toma a Palavra de Deus e, em cooperação com nossa vontade, faz dela um espelho, no qual Ele nos revela a nós mesmos. E ali Ele nos mostra o contraste entre o que nós somos e o que nós devemos ser, e, conforme Ele lança luz em todos os esconderijos de nossa vida, expondo diante de nós o Senhor Jesus em toda a transparência e na pureza de Seu caráter, o que essa luz fará? Ela nos leva à confissão, na medida em que vemos a nós mesmos na luz de Cristo. A confissão nos leva ao sangue e nos traz para perto de Deus, em uma comunhão mais profunda e mais estreita. A única coisa a que você e eu temos direito neste mundo é o sangue de Cristo. E, graças a Deus, temos direito a ele a todo momento, todos os dias, e nós precisamos dele!
(Gordon Watt)
Oh! Quão esplêndida é a glória futura! Quão perfeita é a salvação que Deus preparou para nós! Levantemo-nos e elevemo-nos. Que o céu assim nos encha para que a carne não encontre mais base nem o mundo exerça nenhuma atração! Que o amor do Pai esteja assim em nós a fim de não mantermos mais nenhuma comunicação com Seu inimigo! Que o Senhor Jesus satisfaça nosso coração a fim de não desejarmos mais ninguém! E que o Espírito Santo gere em cada crente a oração: “Vem, Senhor Jesus!”
(Watchman Nee)
Não é triste que Deus nos dê Seu melhor – Seu Filho unigênito – e a Igreja manifeste mais interesse no acontecimento de Sua vinda do que na Pessoa que está lá? Deus deu Seu Filho na manjedoura, e a Igreja está ocupada com o Natal. Deus deu Seu Filho de volta em ressurreição triunfal, e a Igreja tem apenas uma Páscoa. Deus prometeu que Seu Filho vai voltar à terra, e muitos estão simplesmente buscando outro acontecimento. Você está esperando que Cristo volte ou está esperando a volta de Cristo?
(Will H. Houghton)
A primeira e única lei vital que liberta o homem de todas as forças que arruínam e destroem é a vontade de Deus. Mostre-me um homem que vive por um dia total e completamente, em palavras, pensamentos e atos, na vontade de Deus, e eu lhe mostrarei um homem que está antecipando o céu e que naquele dia alcança o plano de vida que é, ao mesmo tempo, o mais amplo, o mais livre e o mais feliz.
(G. Campbell Morgan)
É da maior importância que os filhos do Senhor reconheçam plenamente que Seu objetivo é, acima de tudo o mais, que eles O conheçam. Essa é a finalidade que governa todos os Seus tratamentos para conosco. Essa é a maior de todas as nossas necessidades.
(T. Austin-Sparks)
Não, o cristão não luta visando a uma possível vitória. Ele é mais que vencedor porque a sua vida flui da triunfante morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo.
É a santidade de Deus, a justiça de Deus, que exige que uma vida sem pecado seja dada em favor do homem. Há vida no sangue, e aquele sangue tem de ser derramado em favor de mim, pelos meus pecados. Deus requer que o sangue seja apresentado com o fim de satisfazer a Sua própria justiça, e é Ele quem diz: “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós” (Êx 12.13). O Sangue de Cristo satisfaz Deus inteiramente.
Desejo agora dizer uma palavra a respeito disto a meus irmãos mais novos no Senhor, porque é neste caso que muitas vezes caímos em dificuldade. Em nossa condição de descrentes, podemos não ter sido absolutamente molestados por nossa consciência, até que a Palavra de Deus começou a nos despertar. Nossa consciência estava morta, e aqueles que têm consciência morta certamente não têm qualquer préstimo para Deus. Mas, mais tarde, quando cremos, nossa consciência pode se tornar extremamente sensível, e isso pode vir a ser real problema para nós. O sentimento de pecado e de culpa pode se tornar tão grande, tão terrível, que quase nos paralisa porque nos faz perder de vista a verdadeira eficácia do sangue. Parece-nos que nossos pecados são tão reais, e algumas vezes algum pecado em particular pode atribular-nos tantas vezes, que chegamos ao ponto de imaginá-los maiores do que o sangue de Cristo.
Ora, nosso mal reside em estarmos procurando sentir seu valor e estimar, subjetivamente, o que o sangue é para nós. Não podemos fazê-lo. O sangue não opera desta forma. Destina-se, primeiramente, a ser visto por Deus. Então, temos de aceitar a avaliação que Deus faz dele. Ao fazê-lo, acharemos nossa própria estimativa. Se, em lugar disso, procuramos avaliá-lo, por meio do que sentimos, não alcançaremos nada e permanecemos em trevas. Pelo contrário, é questão de fé na Palavra de Deus. Temos de crer que o sangue é precioso para Deus porque Ele assim o diz (1Pd 1.18,19). Se Deus pode aceitar o sangue como pagamento por nossos pecados e como preço de nossa redenção, então, podemos ter certeza de que o débito foi pago. Se Deus está satisfeito com o sangue, logo, deve ser aceitável o sangue. Nossa estimativa dele é somente de acordo com a avaliação de Deus — nem mais nem menos. Não pode, evidentemente, ser mais, mas não deve ser menos.
Lembremo-nos de que Deus é santo e justo, e que o Deus santo e justo tem o direito de dizer que o sangue de Cristo é aceitável a Seus olhos e que O satisfez inteiramente.
O Senhor Jesus não teria sido um exemplo para nós se tivesse vencido o diabo em virtude de Seu poder divino; porém triunfou usando as mesmas armas que estão à disposição do homem: uma completa dependência de Deus, uma absoluta obediência a Sua Palavra e uma confiança inabalável em Sua promessa.
(Jean Koechlin)
Todo retrocesso espiritual tem começo com o descuido com a oração.
(Octavius Winslow)
Mantém teu coração aberto à correção do Senhor e pronto para receber Seu castigo sem se importar com quem esteja segurando o açoite.
(A. W. Tozer)
Nunca somos livres. Todos no mundo são ou escravos do pecado e de Satanás ou escravos de Jesus Cristo.
(Martyn Lloyd-Jones)
Lembre-se disto: Cristo não é apenas a razão de nossa esperança da glória, mas o próprio Cristo é essa glória. A glória que anelamos, a glória para a qual fomos predestinados, a glória que faz com que todo sofrimento, dor e decepção desta vida não sejam dignos de comparação é a pessoa e a presença do próprio Jesus Cristo. Ele é a nossa glória. Estar com Ele, conhecê-Lo, vê-Lo, deleitar-nos e nos gloriarmos em Sua beleza é a glória que esperamos.
(Sam Storms)
Os pensamentos ocasionais sobre as coisas espirituais não prova que temos uma mente espiritual. A pessoa com uma mente espiritual abunda em pensamentos espirituais.
(John Owen)
A cruz foi um ato simultâneo de castigo e de anistia, de severidade e de graça, de justiça e de misericórdia.
A santidade do homem é hoje sua maior alegria e, no céu, a maior alegria do homem será sua perfeita santidade.
(Thomas Brooks)
Caminhar no Espírito exige que vivamos na Palavra de Deus como o peixe vive no mar.
(A. W. Tozer)
O arrependimento não é apenas a maneira de começarmos a vida cristã. O arrependimento é a vida cristã.
(David Powlison)
Muitos pais e esposos cristãos pensam que cumprem com o dever que Deus lhes determinou porque provêem para as necessidades materiais de sua família. Isso não é suficiente! Se nossa esposa e nossos filhos fossem unicamente corpos materiais, então faria sentido que provêssemos apenas para suas necessidades materiais. Mas eles não são apenas corpo; têm alma eterna. O bem-estar espiritual deles também deve ser atendido.
(Jason Helopoulos)
Os pregadores que se recusam a falar do pecado não têm base para esperar que o Espírito de Deus trabalhe com eles para levar os homens a Cristo.
(Paul Washer)
A milhões de pessoas que professam ser cristãs e se chamam de cristãs o apóstolo Paulo não chamaria de cristãs de modo algum.
(J. C. Ryle)
Lembre-se: nenhum homem tem tempo para orar. Todo homem tem de tirar tempo de outras coisas que são valiosas para entender quão necessário é o tempo da oração.
Ah, se pudéssemos sentir-nos mais preocupados com o estado de inanição em que se encontra hoje a causa de Cristo na terra, com os avanços do inimigo em Sião e com a devastação que o diabo tem efetuado nele! Mas infelizmente um espírito de indiferença vem imobilizando muitos de nós.
(A.W. Pink)
Dá-me o tipo de amor que segue à frente de todos, a fé que não desanima à vista de nada, a esperança que não morre mesmo sofrendo decepções, o fervor que arde como fogo. Que eu nunca fique estagnada como um torrão no chão. Torna-me o Teu combustível, Chama Divina!
(Amy Carmichael)
Como você tem reagido nas horas de aflição? Você está bebendo da taça do tremor, sentindo-se débil, sem poder para resistir ao inimigo? É hora de sacudir as amarras pesadas e levantar mãos santas em louvor a seu Redentor. Você está livre, não importa qual seja a prova – então, alegre-se e se regozije, sabendo que o Quarto Homem está na fornalha com você. Cristo se revelará em seu sofrimento, e o fogo queimará todas essas cordas que lhe atam.
(David Wilkerson)
Quando buscamos a Deus em oração, o diabo sabe que estamos querendo mais poder para lutar contra ele, e por isso procura lançar contra nós toda a oposição que é capaz de arregimentar.
(Richard Sibbes)
O principal requisito de um missionário não é, como temos ouvido tantas vezes, ter paixão pelos perdidos, mas ter amor por Cristo.
(Vance Havner)
A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelos evangelistas de hoje. Eles anunciam um Salvador do inferno em vez de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do lago de fogo que não têm nenhum desejo de ficar livres de sua carnalidade e de seu mundanismo.
(A. W. Pink)
As riquezas do ministério na Palavra serão proporcionais às provações pelas quais passarmos. Somente podemos dispensar aos filhos de Deus aquilo que tivermos ganho pela experiência. Somente podemos transmitir a eles o que efetivamente aprendemos do próprio Deus.
Se você não deseja santidade, não vejo que tenha qualquer direito de pensar que é cristão.
(Martyn Lloyd-Jones)
É difícil ver como o cristianismo pode ter um efeito positivo na sociedade, se não pode transformar sua própria casa.
(John F. MacArthur Jr.)
É possível falar de amor pelos homens de tal maneira que Deus sai de cena. É possível começar a justificar sua vida unicamente na base do quão “bom” você é para os homens. E, gradualmente, a diferença entre um cristão e a falsa ética humanista desaparece. Não porque o humanismo tornou-se centrado em Deus, mas porque o cristão tornou-se o centro de tudo.
(John Piper)
Satanás ofereceu a Adão um fruto, e Adão perdeu o paraíso. Por isso, em todas as tentações considere não o que ele oferece , mas o que você vai perder.
(Richard Sibbes)
Ah, que alegria é ter nada, ser nada e ver nada além de um Cristo vivo em glória e não se importar com nada além de Seus interesses aqui na terra!
(John Nelson Darby)
Não perguntamos: “Cristo é seu Salvador?”, mas: “Ele é real e verdadeiramente seu Senhor?” Se Ele não for seu Senhor, então, com a mais absoluta certeza, Ele não é seu Salvador.
(A.W. Pink)
É bom desmascarar nossos pecados, para que eles não nos desmascarem.
Existem dois exemplos clássicos na Palavra de Deus concernentes à perda dos direitos pertencentes ao primogênito: um se encontra na história de Esaú e outro, na de Rúben.
Rúben e o direito de primogenitura
Rúben, o primogênito de Jacó estava para herdar o direito da primogenitura. Mas, por causa de um grave pecado cometido, Rúben perdeu esse direito. O pecado de Rúben que resultou na perda de seus direitos foi uma impropriedade sexual de tal natureza que desonrou e envergonhou o pai: “Foi Rúben e se deitou com Bila, concubina de seu pai” (Gn 35.22).
Por causa desse pecado, anos mais tarde, quando Jacó chamou a sua presença os doze filhos, pouco tempo antes de sua morte, para relatar o que deveria acontecer a eles “nos últimos dias”, Rúben ouviu as seguintes palavras: “Rúben, tu és o meu primogênito, minha força, e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Impetuoso como a águia, não serás o mais excelente, porque subiste ao leito de teu pai e o profanaste; subiste à minha cama” (49.3,4). A tribo de Rúben, como Jacó profetizou, não se sobressaiu. De sua tribo não veio juiz, rei ou profeta. O que Rúben perdeu, perdeu para sempre. Mas ele mesmo permaneceu como filho de Jacó e foi abençoado em certa medida, mas não como primogênito.
O direito da primogenitura de Rúben foi dividido entre três de seus irmãos. O reino foi outorgado a Judá; o serviço sacerdotal, a Levi; e a porção dobrada foi concedida a José. A tribo de Judá tornou-se a linhagem real; a tribo de Levi, a linhagem sacerdotal; e a tribo de José recebeu a porção dobrada por intermédio de seus dois filhos, Efraim e Manassés, os quais receberam a herança (1Cr 5,1,2).
Durante o milênio, a condição criada pelo pecado de Rúben irá permanecer. O rei será da casa de Judá (Ap 5.5), o sacerdote, da família de Zadoque, o levita (Ez 44.15,16; 48.11), e a porção dobrada será possuída pela casa de José graças a Efraim e Manassés (Ez 47.13; 48.4,5).
Esaú e o direito de primogenitura
Esaú, assim como Rúben, perdeu seu direito de primogenitura. Na história de Esaú, toda a herança foi para seu irmão mais novo, Jacó. Esaú perdeu o direito de primogenitura para satisfazer a um prazer da carne. Ele vendeu seus privilégios a Jacó por um simples prato de lentilhas (Gn 25.27-34).
Visto que o direito da primogenitura havia sido prometido a Jacó (v. 23), alguns duvidam que Esaú realmente o possuíra. Entretanto, Esaú não foi apenas um pretendente a ele. No original grego, a palavra “vendeu” encontrada em Hebreus 12.16 implica que o objeto vendido pertencia somente a Esaú, e que ele estava perfeitamente cônscio de suas ações quando vendeu o direito de primogenitura a Jacó.
Em Gênesis 25.34 lemos que Esaú “desprezou” seu direito de primogenitura. No grego, na versão Septuaginta do Antigo Testamento, a palavra “desprezou” significa que Esaú considerou como insignificante e uma ninharia o direito de primogenitura. Ele o julgou de pouco valor e o vendeu convicto de que estava vendendo algo sem valor real. Só mais tarde, muito mais tarde, foi que Esaú verificou o valor do que havia vendido. Como na história de Rúben, a perda de seu direito a primogenitura não afetou sua filiação, mas alterou para sempre sua posição como primogênito de Isaque.
Após Jacó ter sido abençoado como primogênito da família, Esaú, aparentemente pela primeira vez, considerou o valor do que havia perdido. Tentou reaver esse direito, mas a Escritura relata que ele “não achou lugar de arrependimento”. Após conscientizar-se do valor do direito de primogenitura e do que havia ocorrido, implorou a Isaque, seu pai, para que mudasse sua decisão e o abençoasse também. Esaú clamou a Isaque: “Acaso tens uma única bênção, meu pai?” E nos é relatado que “Esaú levantou a voz e chorou” (27.38).
A palavra “arrependimento” significa mudar a mente de alguém. Esaú esforçou-se para mudar a decisão do pai, mas ele “não achou lugar para arrependimento”, isto é, não encontrou lugar para uma mudança de mente. A American Standard Version of the Bible (1901 ed.) tem provavelmente a tradução mais acurada de Hebreus 12.17 do que as encontradas em outras versões. Esse versículo na American Standard Version diz: “Sabeis que mais tarde, quando desejou herdar a bênção, foi rejeitado; não encontrou lugar para a mudança de mente de seu pai, embora se esforçasse com lágrimas”. Isaque não podia mudar a decisão que havia tomado. O direito da primogenitura havia sido perdido e estava fora do alcance de Esaú para sempre.
Os cristãos e o direito de primogenitura
Existe na mente de muitos cristãos a idéia de que, após alguém crer no Senhor Jesus como Salvador, não importa a maneira como conduz a vida, porque todos os cristãos irão ser herdeiros com o Filho quando Ele receber o reino. Nada poderia estar tão distante da verdade. Reinar com Cristo depende de nossa identificação com Ele, compartilhando Sua rejeição e vergonha nos dias atuais. Se todos os cristãos devem governar e reinar com Cristo em Seu reino, o que quer dizer a Escritura ao declarar: “Se perseverarmos, também com Ele reinaremos; se O negarmos, Ele por Sua vez nos negará” (2Tm 2.12)? Se o cristão vive uma vida indisciplinada, segundo a natureza carnal (tipificada pela atitude de Esaú com relação ao direito de primogenitura), e não segundo a natureza espiritual (tipificada pela atitude de Jacó com relação ao direito de primogenitura), e falha em se ocupar até a vinda do Senhor (Lc 19.12,13), ou falha em usar o talento ou a mina confiada a ele pelo Senhor (Mt 25.14-30; Lc 19.15-24), esse cristão será desqualificado para ocupar um lugar no reino do Senhor.
Todo cristão é um primogênito de Deus aguardando a plena filiação e a herança pertencentes ao primogênito (Rm 8.16-23,29; Hb 2.10; 12.23). A plena filiação e a herança são futuras e podem ser perdidas, sendo uma intimamente relacionada com a outra. O parentesco do cristão com o Pai, como filho primogênito aguardando a plena filiação, não pode ser perdido, mas o parentesco como filho primogênito maduro e a participação dos direitos pertencentes ao primogênito podem ser perdidos. Conforme o registro de Esaú e Rúben, uma vez que ocorra, os direitos pertencentes ao primogênito não podem ser recuperados.
Naquele dia, quando estivermos de pé perante o Tribunal de Cristo, serão encontradas duas classes de cristãos: os que conservaram seus direitos como primogênitos e os que perderam esses direitos
Os cristãos que conservarem os direitos da primogenitura os exercitarão como “co-herdeiros” com o Filho no reino. Porém, os cristãos que os perderem se encontrarão na mesma posição de Esaú e Rúben se encontraram, buscando a perda dos direitos da primogenitura pertencentes ao primogênito. Esses cristãos buscarão lugar de arrependimento, isto é, tentarão mudar a mente do Juiz no sentido de abençoá-los juntamente com os outros que não perderam os direitos pertencentes ao primogênito. Todavia, não encontrarão lugar para mudança de mente. Será tarde demais. O direito da primogenitura terá sido perdido. A bênção com respeito à herança que aguarda os filhos primogênitos maduros de Deus será perdida, e os que a perdem não ocuparão nenhuma posição entre os “reis e sacerdotes” que reinam sobre a terra com o Filho. Os cristãos naquele dia levantarão a voz e chorarão ao se conscientizar do que foi perdido, conforme aconteceu com Esaú na tipologia.
“Venho sem demora; conserva o que tens para que ninguém tome a sua coroa” (Ap 3.11).
Clique aqui para ver o primeiro artigo desta série.
(Fonte: extinta revista A Palavra Profética (set-out/1987) – Nº 3. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
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Deus criou o homem à sua própria semelhança (Gn 5.1). O homem caído também produziu filhos à sua semelhança, de acordo com sua imagem. Infelizmente, depois da queda de Adão, seus filhos receberam a sua semelhança, e não a de Deus (v. 3).
Este fato nos mostra o temível e universal poder do pecado. O poder de dar vida aos outros foi uma das maravilhosas características da semelhança de Deus conferidas ao homem. Quando o pecado entrou no homem, aquela semelhança não foi destruída, porém foi terrivelmente distorcida. O homem ainda tinha o poder de gerar filhos a sua própria semelhança.
Quando o pecado conquistou Adão, conquistou toda a raça humana. É por causa dessa habilidade de reproduzir que o homem pode ser renovado para se tornar a força que Deus usa para restabelecer seu Reino. A relação de pais para filhos tornou-se o poder do pecado. Contudo, quando Deus a restaurar, será a força da graça.
O pecado dos pais
Notemos na primeira família como o pecado do pai reapareceu e amadureceu no filho. “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração… e o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-39). Nestes dois grandes mandamentos, temos a soma de toda a vontade de Deus para conosco.
Adão havia transgredido o primeiro e, no seu pecado, lançara fora o amor a Deus. Seu primogênito se recusou a sujeitar-se ao segundo mandamento, alimentando ódio e, depois, assassinando seu irmão. Com o pecado de Adão, sua natureza se corrompeu, e foi justamente essa natureza que ele transmitiu ao seu filho. O pecado do filho foi o fruto amadurecido do pecado do pai.
Este primeiro quadro da vida em família, que temos na Palavra de Deus, lança uma luz sombria sobre nossos próprios lares. Os pais freqüentemente vêem suas próprias falhas e limitações no comportamento pecaminoso de seus filhos. Quando os pais reconhecem que seus filhos herdaram sua própria natureza corrupta, isso deve torná-los muito mais pacientes e sábios na forma de discipliná-los. Deve levar os pais a buscarem a única solução para o pecado – a graça e a vida que vêm do alto!
A raiz de todo o pecado
É no pecado daquele primeiro filho, Caim, que temos a raiz e o protótipo de todos os pecados dos filhos. A família foi designada por Deus para ser a imagem do amor que reina no céu. O pecado entrou na primeira família e, ao invés de ser a imagem do céu, passou a ser a entrada para o inferno. No lugar do amor e da felicidade que Deus planejou para a família, ódio e homicídio a transformaram numa cena de terrível violência.
A raiz de todo o pecado é o egoísmo – separando-nos primeiro de Deus e depois do homem. O egoísmo se manifesta até nos pequeninos do maternal. Surge nas atividades diárias com amigos na escola ou nas brincadeiras com colegas. Manifesta-se mesmo contra o pai ou a mãe, impedindo o filho de dar amor ou obediência.
A raiz de todo o pecado é o egoísmo – separando-nos primeiro de Deus e, depois, do homem
O amor é o caminho que nos leva a habitarmos em Deus e Deus em nós. Os pais devem buscar isto acima de tudo: o reinado do amor em seu lar. Precisamos reconhecer que cada manifestação de um espírito egoísta ou sem amor é semente da árvore que produziu fruto tão amargo em Caim. Nada deve servir de empecilho para que os pais removam essas sementes malignas da vida de seus filhos. Devemos temer e arrancar as sementes que podem amadurecer de forma tão terrível mais adiante. Nosso alvo deve ser restaurar a vida em nossa família para aquilo que era o propósito original de Deus: ser um espelho e um antegosto do amor do céu.
A responsabilidade dos pais
Não devemos esquecer a influência da vida dos pais. “À sua semelhança, conforme a sua imagem…” Estas palavras se referem não só a uma bênção perdida no Paraíso e à maldição que veio com o pecado, mas também à graça que vem com a redenção.
É verdade que um cristão nascido de novo não pode, mediante nascimento natural, gerar um filho à sua semelhança espiritual. Entretanto, é também verdade que aquilo que a natureza não pode produzir, a oração e uma vida de fé podem alcançar por meio das promessas e do poder de Deus.
Os pais devem ser o que querem que seus filhos sejam. Se quisermos guardá-los do pecado de Caim, que não amou seu irmão, devemos vigiar contra o pecado de Adão, que não amou o mandamento do seu Deus. Que o pai e a mãe vivam uma vida marcada pelo amor a Deus e ao próximo. Este é o tipo de ambiente em que filhos amorosos podem ser criados. Que todos os tratamentos com seus filhos sejam marcados pelo amor. Palavras iradas, repreensões ásperas e respostas impacientes são contagiosas.
O amor exige abnegação. Leva tempo, atenção e perseverança para treinar nossos filhos nos caminhos de Deus. Quando nossos filhos nos ouvem falando dos outros, seja de amigos ou de inimigos, que recebam a impressão do amor de Cristo que queremos manifestar. O pai e a mãe também devem mostrar amor e respeito um pelo outro. Suas atitudes bondosas e desprendidas de egoísmo devem provar aos filhos que o amor é possível e que tem recompensas imediatas.
Os pais devem ser o que querem que seus filhos sejam
Acima de tudo, lembremos que é o amor de Deus que é o segredo de um lar amoroso na Terra. Quando os pais amam ao Senhor seu Deus com todo o coração, o amor em família será fortalecido. Somente aqueles pais que estão dispostos a viver vidas consagradas, inteiramente entregues a Deus, receberão a plena promessa e a bênção do Senhor. Se quisermos transformar nossos lares num antegosto do céu, então religião comum, de coração morno, não será suficiente. Somente o amor de Deus derramado em nossos corações e vidas farão nossos lares na Terra se assemelharem ao lar do céu.
Família – Instrumento de Deus
“Pela fé Noé… aparelhou uma arca para a salvação de sua casa” (Hb 11.7). Noé é um exemplo de como a fé de um pai justo obtém uma bênção, não só para si mesmo, mas para seus filhos também. Até Cão, o filho de Noé que, quanto ao seu caráter, merecia perecer, foi salvo do dilúvio por meio da fé do pai. Isto prova que, aos olhos de Deus, a família é considerada uma unidade, com o pai como cabeça e representante. Os pais e os filhos são um só, e é neste princípio que Deus agirá com as famílias do seu povo. Foi esse mesmo princípio que deu ao pecado seu terrível poder no mundo.
Quando Adão pecou, todos seus descendentes se tornaram sujeitos ao pecado e à morte. O dilúvio, assim como a queda, foi prova disso. Vemos que os filhos do terceiro filho de Adão, Sete, caíram tanto quanto os filhos de Caim. Sete também foi um filho gerado à semelhança de Adão (Gn 5.3), com uma natureza pecaminosa a ser transmitida de geração a geração. Assim, o pecado ganhou domínio universal sobre todas as gerações. A família tornou-se a maior fortaleza do pecado, porque os filhos herdavam o mal de seus pais. A unidade dos pais e filhos era a força do pecado.
A libertação de Noé do dilúvio seria a introdução de uma nova era – o primeiro grande ato da graça redentora de Deus em favor de um mundo pecaminoso. Nele, Deus manifestou os grandes princípios da graça que são: misericórdia no meio do juízo, vida por meio da morte, e fé como o meio de libertação.
A família foi o instrumento por meio do qual o pecado alcançou seu domínio universal. Este princípio seria agora resgatado do poder do pecado e adotado na aliança da graça. A família agora serviria como a ferramenta para estabelecer o Reino de Deus. A relação de pais e filhos tinha sido o meio de transmitir e estabelecer o poder do pecado. Agora a família seria o veículo para a extensão da graça do Reino de Deus.
O pai deverá levar toda sua família para dentro da arca
O homem que é justo aos olhos de Deus não é tratado meramente como indivíduo, mas no seu papel como pai. Quando Deus abençoa, ele tem prazer em abençoar de forma tão abundante que a bênção transborda para a casa do seu servo. O pai é mais do que o canal designado para suprir as necessidades materiais do filho. O pai que crê precisa se enxergar como canal escolhido e administrador da graça de Deus.
Precisamos compreender esta verdade bendita e, pela fé, aceitar a Palavra de Deus. “Tens sido justo diante de mim no meio desta geração” (Gn 7.1). Então compreenderemos também esta palavra: “Entra na arca, tu e toda a tua casa”. Deus dá a certeza de que a arca na qual o pai será salvo é para toda sua família também. A arca será a casa da família. Deus não se dirige aos membros da família separadamente – o pai deverá levar toda sua família para dentro da arca.
Salvos pela fé
Pode surgir a pergunta se um pai tem o poder de levar seus filhos à arca. A resposta é simples e clara: “Pela fé Noé aparelhou uma arca para a salvação de sua casa”. Deus sempre dá graça em proporção ao dever que impõe. Os pais que crêem precisam viver, agir e orar em favor de seus filhos e, junto com eles, como os que têm a convicção que os filhos foram designados por Deus para estarem junto com eles na arca. Devemos confiar firmemente em Deus em favor da salvação de cada filho. Devemos instruir e inspirar nossos filhos com este pensamento em mente. Que eles cresçam com a consciência de que estar junto com seus pais é estar na arca. Dessa forma, a bênção não se perderá.
Não é suficiente orar e esperar que seu filho seja salvo. Você precisa aceitar pela fé a certeza de que pode ser salvo e agir em obediência à ordem de trazê-lo para dentro da arca.
(Extraído do livro How to Bring Your Children to Christ. www.impacto.com.br)
(Publicado originalmente neste blogue em 28.7.08. Revisado por Francisco Nunes e republicada em 30.12.15.)
Em 13 de novembro último assistimos pelos meios de comunicação ao pior ataque terrorista a atingir a França desde a 2a. Guerra Mundial, segundo a Folha de São Paulo, com um saldo de 129 mortos e apenas dez meses depois do ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo.
Diariamente notícias sobre toda sorte de violência inundam os telejornais, propagando uma onda de temor e insegurança. Será que existe um lugar onde se pode encontrar segurança e estabilidade diante do que aconteça no mundo ou em nós mesmos? Podemos olhar para o futuro com esperança, sem levar em consideração as circunstâncias da vida?
Leia este artigo e veja onde encontrar segurança nestes últimos dias: