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Doença (Watchman Nee)

Você sabe qual é a causa de sua doença?

Qual o propósito da enfermidade?

Há algumas questões com respeito à doença que gostaríamos de considerar juntos diante de Deus.

1. A relação entre doença e pecado

Antes da queda da humanidade, não existia nenhuma espécie de enfermidade; a doença surgiu somente depois que o homem pecou. Alguém pode dizer que, de forma geral, tanto a doença como a morte resultaram do pecado, pois pela transgressão de um homem o pecado e a morte entraram no mundo (Rm 5.12). A doença se espalhou a todos os homens assim como a morte.

Embora nem todos tenham pecado da mesma maneira que Adão, todavia, por causa da transgressão dele todos morrem. Onde há pecado há morte também. Entre esses dois está aquilo que comumente chamamos de doença. Esse é, então, o fator comum a todas as doenças. Porém, há realmente mais de uma causa a ser explicada sobre os males que atacam as pessoas. Algumas doenças brotam de pecado, enquanto outras não. No tocante à humanidade, a doença não vem de pecado; mas, com relação ao indivíduo, isso pode ser ou não a causa. Precisamos distinguir entre essas duas aplicações da doença. É absolutamente verdadeiro que se não houvesse pecado não haveria nem morte nem doença; pois, se não houvesse morte no mundo, como poderia haver doença? A morte brota do pecado, e a enfermidade vem pelo princípio da morte. Mesmo assim, isso não pode ser aplicado especifica e indiscriminadamente a todo indivíduo, pois, embora muitos fiquem doentes por causa do pecado, há outros que adoecem por razões outras que não o pecado. Nessa questão do relacionamento entre pecado e doença, devemos fazer uma distinção cuidadosa entre sua aplicação à humanidade como um todo e sua aplicação aos homens individualmente.

Devemos lembrar que, em livros do Antigo Testamento como Levítico e Números, a promessa de Deus era que, se o povo de Israel Lhe obedecesse, andasse em Seus caminhos, não se rebelasse com Seus caminhos, não se rebelasse contra Suas leis e não pecasse contra Ele, então, o Ele os protegeria de muitas enfermidades. Essas palavras claramente nos ensinam que muitas doenças têm origem no pecado ou na rebelião contra Deus. Todavia, no Novo Testamento, vemos que algumas doenças não foram causadas por qualquer transgressão cometida pela pessoa.

Paulo escreveu certa vez que entregava a Satanás para a destruição de sua carne o homem que tinha pecado, vivendo com a mulher do pai (1Co 5.4,5). Isso indica definitivamente que algumas doenças procedem do pecado. A conseqüência do pecado é doença, se o pecado for leve, ou morte, se for grave. A julgar pelas palavras de 2Coríntios 7, esse homem não ficou doente ao ponto de morte porque seu pesar produziu arrependimento que o levou à salvação e não trouxe desgosto (vv. 9,10). Paulo pediu à igreja em Corinto para perdoar esse homem (2.6,7). Em 1Coríntios 5 é dito para entregar a carne desse homem (não sua vida) a Satanás; ele devia ficar doente, mas não ser morto.

Paulo, além disso, escreveu que os membros da igreja em Corinto, que comiam e bebiam do pão e do cálice do Senhor sem discernir o corpo do Senhor, haviam ficado fracos e doentes e alguns haviam até morrido (11.29,30). Isso revela que a desobediência ao Senhor foi a causa da doença deles.

As Escrituras fornecem informação suficiente no sentido de que muitos (mas não todos) ficam doentes por causa do pecado. Desse modo, a primeira atitude que devemos tomar quando ficarmos doentes é nos examinar a fim de determinar se pecamos ou não contra Deus. Pelo exame, muitos descobrirão que seus males são, na verdade, devidos ao pecado; em algum ponto de sua vida rebelaram-se contra Deus ou desobedeceram a Sua Palavra. Eles se desviaram. Tão logo esse pecado particular seja encontrado e confessado, a doença desaparecerá. Incontáveis irmãos e irmãs no Senhor têm passado por experiências assim. Logo depois da causa ser descoberta diante de Deus, a doença se vai. Esse é um fenômeno que ultrapassa o conhecimento da medicina.

A doença não surge necessariamente do pecado, porém, grande parte dela tem essa origem. Reconhecemos que muitas moléstias têm causas naturais, mas declaramos igualmente que não podemos atribuir toda doença a causas naturais.

Lembro-me de um irmão, professor numa escola de medicina, que ensinou a seus alunos: “Temos encontrado muitas explicações naturais para as doenças. Por exemplo: certo tipo de microrganismo causa um tipo particular de doença. Como médicos, podemos determinar que tipo de agente produz tal tipo de enfermidade, mas não temos como explicar porque, entre certas pessoas igualmente expostas, algumas são contaminadas enquanto outras permanecem imunes. Suponhamos, por exemplo, que dez pessoas entrem no mesmo cômodo simultaneamente e sejam expostas ao mesmo tipo de vírus. Deveríamos esperar que as mais fracas fossem contaminadas; todavia, pode perfeitamente acontecer de as fracas serem poupadas e as fortes, atacadas. Temos de reconhecer”, ele concluiu, “que além das causas naturais existe o controle da Providência”. Pessoalmente concordo com as palavras desse irmão. Quão frequentemente as pessoas adoecem a despeito de toda medida preventiva.

Também me lembro do que me foi relatado por um de meus colegas sobre sua experiência na Faculdade Médica de Pequim. Havia um professor na faculdade que tinha muito conhecimento, mas pouca paciência. Por isso, frequentemente fazia perguntas simples nos exames. Uma vez ele perguntou por que as pessoas contraíam a tuberculose. Era uma pergunta bastante simples; porém, muitos falharam em dar a resposta certa. Eles responderam que certo tipo de pessoa tinha o bacilo da tuberculose. Todas as provas que continham essa resposta foram consideradas erradas. O professor explicou que a terra estava cheia de bacilos da tuberculose, mas que nem todos eram abatidos pela tuberculose. É somente sob certas condições favoráveis, ele lembrou, que esses bacilos causam a doença chamada tuberculose. Os bacilos por si só não podem causar a doença. Muitos estudantes esqueceram a importância dessas condições favoráveis. Estejamos cientes, portanto, que, a despeito da presença de muitos fatores naturais, os cristãos só adoecem com a permissão de Deus, dada sob condições apropriadas.

A doença não surge necessariamente do pecado, porém, grande parte dela tem essa origem.

Cremos francamente que existem explicações naturais para a doença; isso tem sido provado cientificamente. Confessamos, todavia, que muitas moléstias entre os filhos de Deus são conseqüência do pecado contra Deus, como o caso citado em 1Coríntios 11. É, portanto, essencial pedir primeiro perdão e depois cura. Freqüentemente podemos detectar, logo depois de termos sido abatidos com doença, onde transgredimos contra o Senhor ou como temos sido desobedientes a Sua Palavra. Quando o pecado é confessado e o problema, resolvido, a doença se vai. Isso é realmente um acontecimento maravilhosíssimo. De forma que o ponto inicial que precisamos conhecer é a relação entre pecado e doença. De forma geral, a doença resulta do pecado, e, também individualmente, ela pode resultar do pecado.

2. A obra do Senhor e a doença

“Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e nossas dores levou sobre Si; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades” (Is 53.4,5). De todos os escritos do Antigo Testamento, o capítulo 53 de Isaías é o mais citado no Novo Testamento. Ele faz referências ao Senhor Jesus Cristo principalmente como nosso Salvador. O verso 4 afirma que “Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e nossas dores levou sobre Si”, enquanto Mateus 8.17 declara que isso [o ministério de cura do Senhor] aconteceu “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: ‘Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. O Espírito Santo indica aqui que o Senhor Jesus veio ao mundo para tomar nossas enfermidades e carregar nossas doenças. Antes de Sua crucificação Ele já tinha tomado nossas enfermidades e carregado nossas doenças; isso quer dizer que durante Seu ministério terreno o Senhor Jesus fez da cura Seu encargo e tarefa. Ele não somente pregou, mas também curou.

Ele, por um lado, pregou as boas-novas, mas por outro fortaleceu o fraco, restaurou a mão mirrada, purificou o leproso e levantou o paralítico. Enquanto estava sobre a terra, o Senhor Jesus devotou-se à realização de milagres como também ao ministério da Palavra. Ele saiu fazendo o bem: curou os doentes e expulsou os demônios. O propósito de Sua obra foi destruir a doença, o resultado do pecado. Ele veio para tratar com a morte e a doença, como também com o pecado.

O salmo 103 é familiar a muitos filhos de Deus; eu mesmo gosto muito de lê-lo. Davi proclama: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor; e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome.” Por que bendizer ao Senhor? “Bendize, ó minha alma, ao Senhor e não te esqueças de nenhum de Seus benefícios.” Quais são os Seus benefícios? “Ele é o que perdoa todas as tuas iniqüidades, que sara todas as tuas enfermidades” (vv. 1-3). Desejo que os irmãos vejam que a doença está associada com dois elementos: morte por um lado, e pecado do outro. Mencionamos anteriormente como a morte é o resultado do pecado, com a doença incluída nela. Tanto a doença como a morte brotam do pecado. Aqui no salmo 103 vemos que a doença está associada com o pecado. Por causa do pecado na alma existe doença no corpo. Junto com o perdão de nossa iniqüidade vem a cura de nossa doença. O problema no corpo é o pecado por dentro e a doença por fora. Mas o Senhor Jesus tira ambos.

Todavia, existe uma diferença básica entre o tratamento de Deus para com nossa iniqüidade e Seu tratamento de nossa doença. Por que essa diferença? Nosso Senhor carregou nossos pecados em Seu corpo sobre a cruz. Algum pecado permanece sem perdão? Nenhum absolutamente, pois a obra de Deus é tão completa que o pecado é totalmente destruído. Mas, quanto ao tomar nossas enfermidades e carregar nossas doenças enquanto vivia na terra, o Senhor Jesus não erradicou todas as doenças e todas as enfermidades. Pois observe que Paulo nunca diz: “Quando peco, então, estou santificado”, mas declara: “Quando estou fraco, então, sou forte” (2Co 12.10). Portanto, o pecado é tratado completa e ilimitadamente, enquanto a doença o é em parte.

Na redenção de Deus, o tratamento da doença é diferente do tratamento do pecado. Com o último, sua destruição é totalmente ilimitada; com o anterior não é assim. Timóteo, por exemplo, continuou tendo um estômago fraco. O Senhor permitiu que essa doença permanecesse em Seu servo. Assim, na salvação de Deus a doença não foi erradicada tão completamente como o pecado. Alguns afirmam que o Senhor Jesus trata somente com o pecado e não com a doença também; outros imaginam que a esfera do Seu tratamento da doença é tão ampla e inclusiva quanto Seu tratamento do pecado. Todavia, as Escrituras manifestamente indicam que o Senhor Jesus trata tanto com o pecado como com a doença; só que Seu tratamento com o pecado é ilimitado, enquanto com a doença é limitado. Devemos contemplar o Cordeiro de Deus tirando todo o pecado do mundo. Ele carregou o pecado de cada uma e de todas as pessoas1. O problema do pecado, portanto, já está resolvido. Entretanto, a doença ainda tem acesso aos filhos de Deus.

Porém, nós asseveramos que, visto o Senhor Jesus ter realmente levado nossas doenças, não deveria haver tanta enfermidade como há entre os filhos de Deus. Enquanto Jesus esteve na terra, Ele indubitavelmente dedicou-se à cura dos doentes. Ele incluiu a cura em Sua obra. Isaías 53.4 cumpriu-se em Mateus 8, não em Mateus 27. Ela foi realizada antes do Calvário. Tivesse sido realizada na cruz, a cura seria ilimitada. Mas não: o Senhor Jesus levou nossas enfermidades antes de Sua crucificação, com o resultado de que esse aspecto de Sua obra não é ilimitado como foi o carregar de nossos pecados por Ele.

Mesmo assim, inúmeros santos permanecem doentes porque perderam a oportunidade de serem curados. Deixem-me acrescentar mais algumas palavras sobre esse ponto. A menos que tenhamos a segurança que Paulo teve após orar três vezes, de que sua fraqueza permaneceria porque seria útil para ele, nós devemos pedir a cura. Paulo só aceitou sua fraqueza depois de orar pela terceira vez e de lhe ter sido mostrado distintamente pelo Senhor que Sua graça era suficiente para ele e que Sua força seria aperfeiçoada na fraqueza dele. A menos que tenhamos certeza de que Deus quer que levemos nossa fraqueza, nós devemos pedir ousadamente que Ele mesmo a leve e tire nossa doença. Os filhos de Deus vivem sobre a terra não para ficar doentes, mas para glorificar a Deus. Se ficarem doentes e trouxerem glória a Deus, isso é ótimo; mas muitas doenças não O glorificam necessariamente. Conseqüentemente, devemos aprender a confiar no Senhor enquanto estamos doentes e devemos reconhecer que Ele carrega nossa doença também. Ele curou um grande número de pessoas enquanto estava na terra. E Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Entreguemos nossa enfermidade a Ele e peçamos a Ele pela cura.

3. A atitude do crente com respeito à doença

Toda vez que o cristão ficar doente, a primeira coisa a fazer é investigar a causa do mal diante do Senhor, não devendo ficar ansioso demais pela cura. Paulo estabelece um bom exemplo nos mostrando como ele conhecia bem sua fraqueza. Devemos examinar se temos desobedecido ao Senhor, se pecamos em algum lugar, se devemos algo a alguém, se violamos alguma lei natural ou se negligenciamos alguma obrigação especial. Devemos saber que nossa quebra da lei natural freqüentemente pode constituir pecado contra Deus, pois foi Ele quem estabeleceu essas leis naturais pelas quais governa o universo. Muitos têm medo de morrer; quando adoecem buscam apressadamente os médicos, porque estão ansiosos para serem curados. Essa não deve ser a atitude do cristão. Ele deve primeiro procurar isolar a causa de sua doença. Infelizmente, quantos irmãos e irmãs não têm qualquer paciência. No momento em que adoecem, procuram pelo remédio. Você está tão temeroso de perder sua preciosa vida que, por meio da oração, você se apega a Deus para a cura, mas simultaneamente se apega ao médico para os remédios e injeção? Isso revela quão cheio do ego você está. Mas como poderia estar menos cheio do ego na doença se nos dias comuns você está cheio do ego? Aqueles que geralmente estão cheios do ego serão aqueles que buscarão ansiosamente pela cura tão logo fiquem doentes.

Aprenda a aceitar qualquer lição que a doença possa lhe trazer.

Posso lhes dizer que a ansiedade de nada vale? Visto que você pertence a Deus, sua cura não é tão simples. Mesmo que você seja curado dessa vez, ficará doente de novo. É preciso que se resolva o problema diante de Deus primeiro, e depois poderá ser resolvido o problema no corpo.

Aprenda a aceitar qualquer lição que a doença possa lhe trazer. Porque se você tiver tratos com Deus, muitos dos seus problemas serão resolvidos rapidamente. Você descobrirá que frequentemente sua doença é devida a algum pecado ou falta. Após confessar seu pecado e pedir perdão, você pode esperar a cura de Deus. Ou, se você tiver avançado um pouco mais com seu Senhor, talvez possa discernir que o ataque do inimigo está envolvido nisso. Ou a questão da disciplina de Deus pode estar associada com sua falta de saúde. Deus corrige você com doença para torná-lo mais santo, mais maleável ou submisso. Quando você trata destes problemas diante de Deus, poderá ver a razão exata de sua enfermidade. Algumas vezes Deus poderá permitir que você receba alguma ajuda médica, mas em outras Ele poderá curá-lo instantaneamente sem tal assistência.

Devemos ver que a cura está nas mãos de Deus. Aprenda a confiar Naquele que cura. No Antigo Testamento Deus tem um nome especial que é: “Eu sou o Senhor que te sara” (Êx 15.26). Busque-O, e Ele será gracioso para com os Seus nesta questão particular.

O passo inicial que o crente deve, portanto, dar quando fica doente é descobrir a causa; depois, ele pode recorrer a vários e diferentes modos de cura, um dos quais é chamar os presbíteros da igreja para orar e ungi-lo com óleo. Essa é a única ordem na Bíblia com respeito à doença. “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14,15).

Não se apresse em buscar a cura, mas antes tenha tratos com Deus, logo no início da doença. Uma das coisas a ser feita, então, é chamar os anciãos da igreja para ungir você com óleo. Isso fala do fluir do óleo do Cabeça a você, como um dos membros do Corpo. O óleo que o Cabeça recebe corre pelo Corpo inteiro. Como membro do Corpo de Cristo, alguém pode esperar que o óleo no Cabeça flua até ele. Onde a vida flui, a doença é levada. O propósito da unção é, portanto, trazer o óleo do Cabeça. Por causa da desobediência, do pecado ou talvez por alguma outra razão, o crente colocou-se fora da circulação do Corpo e separou-se da vida do Corpo. Por conseguinte, ele precisa chamar os anciãos da igreja para reinstalá-lo na circulação e no fluxo da vida do Corpo de Cristo2. Acontece exatamente como no corpo físico, pois, quando algum de seus membros está prejudicado, a vida do corpo não pode fluir livremente para ele. Portanto, a unção é para restaurar esse fluxo. Os anciãos representam a igreja local; eles ungem o crente em nome do Corpo de Cristo a fim de que o óleo do Cabeça possa fluir para ele novamente. Que venha o óleo do Cabeça sobre aquele membro para o qual a vida tem sido obstruída! Nossa experiência nos diz que essa unção pode levantar de modo instantâneo o que está seriamente doente.

Aprenda a confiar Naquele que cura.

Algumas vezes, alguém identifica a explicação para sua doença como sendo individualismo. Essa pode ser a causa principal da doença. Alguns cristãos são altamente individualistas. Eles fazem tudo conforme sua própria vontade. Fazem tudo por si mesmos. Se a mão de Deus vem sobre eles, eles adoecem, porque o suprimento do Corpo não atinge esses membros. Eu não ouso simplificar demais esse assunto. As causas para a doença podem ser muitas e variadas. Uma doença pode ser por desobediência ao mandamento do Senhor, recusa em realizar Sua vontade; outra pode ser por algum pecado particular cometido; mas outra ainda pode ser conseqüência de individualismo. No caso de certos indivíduos, Deus ignora o assunto e não disciplina; mas, especialmente no caso daqueles que conhecem a igreja, Ele os corrige com doenças caso comecem a agir independentemente. O Senhor não deixará que esses sigam sem alguma disciplina.

É possível também que a enfermidade seja a conseqüência de um corpo maculado. Se alguém profanar seu corpo, Deus destruirá esse templo. Muitos estão enfermos porque corrompem seu corpo.

Em resumo, portanto, dizemos que nenhuma doença acontece sem uma causa. Se um cristão contrai uma doença, ele deve tentar localizar a causa ou causas. Depois de confessá-las uma a uma diante de Deus, ele deve chamar os anciãos da igreja para que possam confessar uns aos outros e orar uns pelos outros. Os anciãos ungirão o doente com óleo para que a vida do Corpo de Cristo lhe possa ser restaurada. O influxo da vida fará desaparecer a doença. Cremos nas causas naturais, mas adicionalmente devemos afirmar que as causas espirituais têm prioridade sobre as naturais. Se as espirituais forem cuidadas, a doença será curada completamente.

4. A correção de Deus e a doença

Um fato maravilhoso é encontrado na Bíblia: é relativamente fácil que um “pagão” seja curado, mas a cura do cristão não é tão fácil. O Novo Testamento nos mostra claramente que, sempre que um incrédulo busca o Senhor, ele é curado imediatamente. O dom da cura é dado tanto aos irmãos quanto aos não-crentes. Todavia, a Bíblia fala de alguns crentes que não foram curados; entre eles estão Trófimo, Timóteo e Paulo. E esses são os melhores entre os irmãos. Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4.20). Ele exortou Timóteo para que usasse um pouco de vinho por causa do seu estômago e de suas freqüentes enfermidades (1Tm 5.23). O próprio Paulo experimentou um espinho na carne, que o fez sofrer muito, sendo reduzido a grande fraqueza (2Co 12.7). Seja qual for a natureza do espinho – problema nos olhos ou alguma outra doença –, ele maltratava a carne de Paulo. Há pessoas que sentem grande incômodo quando o dedo é ferido por um espinho. O de Paulo, todavia, era um espinho enorme. Ele o incomodou tanto que Paulo só podia descrever sua condição física como fraqueza. Os três que foram citados são irmãos por excelência; porém, nenhum foi curado. Eles tiveram de suportar a doença.

É evidente que a doença difere bastante do pecado em suas conseqüências. O pecado não produz nenhum fruto de santidade, mas a doença, sim. Quanto mais uma pessoa peca, mais corrupta se torna; a doença, porém, produz o fruto da santidade, porque a mão disciplinar de Deus está sobre o doente. Sob tais circunstâncias, convém que o filho de Deus aprenda a como submeter-se à poderosa mão de Deus.

A doença por si só não torna um homem santo, mas o fato de aceitar sua lição produz santidade.

Se alguém está doente, deve tratar de toda causa de sua doença diante do Senhor. Se depois de tratar de tudo, a mão de Deus ainda permanecer sobre ele, ele deve então entender que essa enfermidade tem o propósito de refreá-lo para que não seja orgulhoso, libertino ou por alguma outra razão. Ele deve aceitá-la e aprender sua lição. Ficar doente não terá valor se a lição não for aprendida. A doença por si só não torna um homem santo, mas o fato de aceitar sua lição produz santidade. Alguns pioram espiritualmente durante a doença; tornam-se mais egocêntricos. É por isso que o indivíduo deve descobrir a lição nessas ocasiões. “Que proveito ou fruto pode ser extraído dela? A mão de Deus está sobre mim para me manter mais humilde como Ele fez com Paulo, para que eu não me exalte pela excelência das revelações (2Co 12:7)? Ou é porque Deus deseja enfraquecer meu individualismo obstinado?” Qual a utilidade da doença se ela não induz a aprender a lição da fraqueza? Muitos estão doentes em vão, porque jamais aceitam o tratamento do Senhor para seus problemas particulares.

Não olhe para a doença como sendo algo terrível. Na mão de quem está essa faca? Lembre-se de que ela está na mão de Deus. Por que devemos ficar ansiosos por nossa enfermidade como se ela estivesse na mão do inimigo? Saiba que Deus mediu todas as nossas doenças. Para ser correto, Satanás é o originador delas; é ele quem torna as pessoas doentes. Todavia, todos os que leram o livro de Jó reconhecem que isso ocorre apenas mediante a permissão de Deus e está completamente sob a restrição de Deus. Sem a permissão de Deus, Satanás não pode tornar ninguém doente. Deus permitiu que Jó fosse atacado por uma doença, mas observe que Ele não permitiu que o inimigo tocasse em sua vida. Por que, então, ficamos tão agitados, tão cheios de desespero, tão ansiosos para sermos curados, tão temerosos de morrer quando somos abatidos pela doença?

Sempre é bom ter em mente a lembrança de que a doença está na mão de Deus. Ela foi medida e limitada por Ele. Depois que Jó cumpriu o curso de sua prova, sua doença terminou, pois tinha realizado seu propósito nele: “Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso” (Tg 5.11).

Que vergonha tantos doentes sem reconhecerem o propósito da doença e sem aprender sua lição! Todas as enfermidades estão na mão do Senhor e são medidas para nós, para que possamos aprender nossas lições. Quanto mais cedo aprendemos, mais rápido essas enfermidades passarão.

Falando francamente, muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos. A menos que o Senhor lhes remova esse amor próprio do coração, Ele não pode usá-los. Portanto, devemos aprender a ser aqueles que não amam a si mesmos. Algumas pessoas não pensam em mais nada senão em si mesmas. O universo inteiro parece girar ao redor delas. Elas são o centro da terra e do universo. Dia e noite estão ocupadas consigo mesmas. Toda criatura existe para elas e tudo roda a seu redor. Até mesmo Deus, nos céus, é para elas, Cristo é para elas, a igreja também. Como Deus pode destruir esse egocentrismo? Por que algumas doenças são difíceis de serem curadas? Quão propositalmente solicitam a condolência dos homens! Se rejeitassem a condolência humana, suas doenças logo seriam curadas.

Falando francamente, muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos.

Um fato notável é que muitos estão doentes porque gostam de ficar doentes. Na doença recebem a atenção e o amor que comumente não desfrutam na saúde. Eles se tornam doentes com freqüência para que possam habitualmente ser amados. Tais pessoas precisam ser repreendidas com severidade; se estivessem dispostas a receber o tratamento de Deus nessa questão particular logo ficariam boas.

Conheço um irmão que sempre esperava amor e bondade dos outros. Sempre que lhe perguntavam sobre seu bem-estar, ele habitualmente respondia com queixas sobre sua fraqueza física. Ele dava um relatório detalhado de quantos minutos sofreu com febre, quanto tempo durou a dor de cabeça, quantas vezes por minuto respirou e quão irregular era a batida do coração. Ele vivia em constante desconforto. Gostava de contar às pessoas sua angústia para que pudessem se compadecer dele. Nada tinha para relatar senão sua história de doença interminável. E às vezes queria saber por que não era nunca curado.

É difícil falar a verdade [a pessoas assim] e algumas vezes pode custar caro. Um dia, me senti fortalecido interiormente para lhe dizer de maneira cândida que sua longa doença era devida a seu amor pela enfermidade. Ele naturalmente negou-o. Todavia, eu continuei apontando a ele: “Você tem medo que sua doença o deixe. Você se apega à condolência, ao amor e ao cuidado. Como não pode conseguir essas coisas de outra forma, você as obtém ficando doente. Você deve se livrar desse desejo egoísta antes que Deus possa curá-lo. Quando as pessoas perguntarem como está, deve aprender a dizer que ‘tudo está bem’. Seria isso mentir quando não passou bem a noite? Lembre-se da história da mulher em Sunem. Ela deitou o filho morto na cama do homem de Deus e foi ver Eliseu. Quando lhe foi perguntado: ‘Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho? Ela respondeu: Vai bem’ (2Rs 4.26). Como podia ela dizer isso, sabendo que a criança já havia morrido e estava deitada sobre a cama de Eliseu? Porque ela tinha fé. Ela cria que Deus ia ressuscitar seu filho. Você deve crer assim hoje também.”

Seja qual for a causa, intrínseca ou extrínseca, a doença terminará quando Deus tiver alcançado Seu propósito. Pessoas como Paulo, Timóteo e Trófimo são exceções. Embora suas doenças fossem prolongadas, eles reconheciam que isso era útil para sua obra. Eles aprenderam como cuidar de si para a glória de Deus. Paulo persuadiu Timóteo a tomar um pouco de vinho e a tomar cuidado com o que comia e bebia. A despeito da fragilidade deles, a obra de Deus não foi negligenciada. O Senhor lhes deu graça suficiente para vencer suas dificuldades. Paulo trabalhou em fraqueza. Lendo seus escritos, podemos facilmente concluir que ele realizou tanto quando dez pessoas poderiam fazer. Deus usou esse homem fraco para exceder a dez pessoas fortes. Embora seu corpo fosse frágil, Deus lhe deu força e vida. Esses homens, porém, são exceções na Bíblia. Alguns dos vasos especiais de Deus podem receber o mesmo tratamento. Mas os soldados rasos, principalmente os iniciantes, devem examinar se pecaram e, após confessar seus pecados, verão as doenças imediatamente curadas.

Finalmente, desejo que vocês vejam diante do Senhor que algumas vezes Satanás pode desfechar ataques repentinos ou vocês quebram involuntariamente alguma lei natural. Ainda assim, podem levar isso diante do Senhor. Se for ataque do inimigo, repreenda em nome do Senhor. Certa vez, uma irmã ficou prostrada com febre. Depois de descobrir que era um ataque satânico, ela a repreendeu3 em nome do Senhor e a febre a deixou. Se você violar uma lei natural colocando a mão no fogo, certamente ficará queimado. Cuide bem de você. Não espere até ficar doente para confessar sua negligência. É importante cuidar do seu corpo4 durantes os dias comuns.

5. O modo de buscar a cura

Como devem os homens buscar a cura diante de Deus? Três sentenças no Evangelho de Marcos são dignas de serem aprendidas. Eu as considero muitíssimo úteis – pelo menos o são para mim. A primeira menciona o poder do Senhor; a segunda, a vontade do Senhor, e a terceira, a ação do Senhor.

a) O poder do Senhor: “Deus pode”.

“E [Jesus] perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse: Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água para o destruir; mas, se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. E Jesus lhe disse: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê” (9.21-23). O Senhor simplesmente repetiu as três palavras que o pai da criança havia pronunciado. O pai clamou: “Se Tu podes […] ajuda-nos.” O Senhor respondeu: “Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê”. O problema aqui não é “se Tu podes”, mas “se tu podes crer”.

Não é verdade que o primeiro problema que surge com a doença é uma dúvida quanto ao poder de Deus? Sob um microscópio, o poder da bactéria parece ser maior do que o poder de Deus. Raramente o Senhor interrompe as pessoas quando elas ainda estão falando, mas aqui Ele parece como que irado. (Que o Senhor me perdoe por falar assim!) Quando Ele ouviu o pai da criança dizer: “Se Tu podes fazer alguma coisa, tem compaixão e ajuda-nos”, bruscamente reagiu dizendo: “Por que dizes: ‘Se Tu podes’? Todas as coisas são possíveis ao que crê. Na doença, a questão não é se Eu posso ou não, mas se tu crês ou não”.

O passo inicial que o filho de Deus deve dar na doença, portanto, é levantar a cabeça e dizer: “Senhor, Tu podes!”. Você, com certeza, se lembra do primeiro estágio da cura do paralítico pelo Senhor? Ele perguntou aos fariseus: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Estão perdoados os teus pecados ’ ou dizer-lhe: ‘Levanta-te, e toma o teu leito e anda’?” (Mc 2.9). Os fariseus naturalmente pensaram que era mais fácil dizer que os pecados estão perdoados, pois quem poderia provar se estavam ou não? Mas as palavras do Senhor e seus resultados mostraram a eles que Ele podia curar as doenças e perdoar pecados. Ele não perguntou qual era mais difícil, mas qual era mais fácil. Para Ele, ambos eram igualmente fáceis. Para o Senhor, era tão fácil ordenar ao paralítico que se levantasse e andasse, quanto perdoar seus pecados. Para os fariseus, ambos eram difíceis.

b) A vontade do Senhor: “Deus quer”

Sim, Ele realmente pode, mas como posso saber se Ele quer? Não conheço Sua vontade; talvez Ele não queira me curar. Esta é outra história que lemos em Marcos. “E aproximou-se Dele um leproso que, rogando-Lhe e pondo-se de joelhos diante Dele, Lhe dizia: ‘Se queres, bem podes limpar-me’. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o e disse-lhe: ‘Quero, sê limpo’” (1.40,41).

Não importa quão grande seja o poder de Deus. Se Ele não tiver o desejo de curar, Seu poder não me ajudará. O problema a ser resolvido inicialmente é: Deus pode? O segundo é: Deus quer? Não existe doença tão impura quanto a lepra. É tão impura que, segundo a lei, qualquer pessoa que tocasse num leproso tornava-se impura. Todavia, o Senhor tocou o leproso e lhe disse: “Eu quero”. Se Ele quis curar o leproso, quanto mais quer curar nossas doenças. Podemos proclamar com intrepidez: “Deus pode” e “Deus quer”!

c) A ação do Senhor: “Deus fez”

Deus deve fazer mais uma coisa. “Em verdade vos digo que qualquer que disser a esse monte: ‘Ergue-te e lança-te ao mar’ e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito. Por isso vos digo que todas as coisas pedirdes, orando, crede receber, e tê-las-eis” (11.23,24). O que é fé? A fé crê que Deus pode, Deus quer e Deus fez. Se você crer que recebeu, você o receberá. Se Deus lhe der Sua Palavra, você pode agradecer a Ele dizendo: “Deus me curou; Ele já o fez!”

Muitos crentes esperam ser curados. A esperança considera as coisas do futuro, mas a fé trata com o passado. Se crermos realmente, não esperaremos por vinte ou cem anos, mas nos levantaremos imediatamente e diremos: “Graças a Deus, Ele me curou. Graças a Deus, eu recebi. Graças a Deus, estou limpo! Graças a Deus, estou bem”. Uma fé perfeita pode proclamar que Deus pode, Deus quer e que Deus fez.

A fé trabalha com o que “é” e não com o “desejo”. Permita-me usar uma ilustração simples. Suponhamos que você pregue o evangelho e alguém professe que creu. Pergunte a ele se está salvo, e se ele responder que espera ser salvo, então, você sabe que a resposta é inadequada. Se ele disser: “Serei salvo”, a resposta ainda está incorreta. Mesmo que ele responda dizendo: “Acho que serei definitivamente salvo”, ainda está faltando algo. Mas quando ele responde: “Eu estou salvo”, você sabe que ele está certo. Se alguém crê, então, está salvo. Toda fé trata com o passado. Dizer: “Eu creio que serei curado” não é a verdadeira fé. Se a pessoa crê, agradecerá a Deus e dirá: “Eu recebi a cura”.

Retenha estes três passos: Deus pode, Deus quer, Deus fez. Quando a fé que o homem tem chega ao terceiro estágio, a doença se vai.

 

Notas

1 O autor não abraça o entendimento da expiação limitada. Para uma breve apresentação do tema, leia o artigo Por quem Cristo morreu?, de John Owen, (N. do E.)

2 Por exigir a presença dos presbíteros e o uso do azeite, essa unção para a cura não se aplica a qualquer caso, pois se trata de uma circunstância bastante específica. O doente nesse caso está sofrendo em conseqüência de algum pecado em relação ao Corpo, algo que tenha cometido e o tenha isolado da plena comunhão com o Corpo. Assim, a passagem de Tiago não serve de base para o uso da unção com óleo para a cura de qualquer doença em qualquer circunstância. (N. do E.)

3 Segundo os exemplos encontrados na Escritura, não se deve repreender as doenças, a menos que elas sejam efetivamente resultado de uma ação maligna exterior à pessoa ou interior nela. (N. do E.)

4 Isso implica todos os cuidados com alimentação adequada, períodos de descanso, qualidade de sono, etc. Não fornecer ao corpo os nutrientes e os cuidados necessários, e, ao mesmo tempo, intoxicá-lo com certeza resultará em doenças por ferir as leis naturais estabelecidas por Deus para o adequado funcionamento do organismo. (N. do E.)


(Extraído da revista À Maturidade, primavera de 1985. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Constante prontidão (Sarah Foulkes)

Prontidão constante para a volta do Senhor

A hora não avisada do retorno de nosso Senhor torna imperativa a constante prontidão.

Como um profeta predizendo Seu próprio advento, nosso Senhor dá a Seus discípulos advertências enfáticas e incisivos alertas para a prontidão vigilante (Mt 24; 25). Vigiai […] para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.36,37). Falando como alguém com autoridade, nosso Senhor começa e termina esse solene alerta sobre Sua vinda com a ordem simples e explícita para vigiar!

Cristãos que estão realmente se preparando para a vinda iminente do Senhor estão vivendo hoje na atitude sempre vigilante de coração, de vida e de conduta que brota de um constante e predominante objetivo: poderem ser considerados dignos de escapar do julgamento de ira que virá rapidamente no fim desta era.

Lucas 21.34-36 torna surpreendente e evidente que a transladação é um escape do julgamento. Muitos estão dando como certo que estão prontos para fugir. Quão presunçosa é sua suposição quando contrastada com o exemplo na Escritura apresentado por Paulo! Em antecipação, ele escreve aos filipenses: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus […] Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.12,14).

Paulo viveu sua experiência cristã diária como um homem em uma corrida com o propósito em vista de ganhar o prêmio. Na corrida, ele se despojou de si mesmo por causa da coroa reservada para todos os que venceram e viveram piedosamente em Cristo Jesus (Ap 12.11). Assim, Paulo pôde dizer: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo” (2Co 2.14). Para que pudesse ser um vencedor e não uma vítima de suas circunstâncias, Paulo colocou coração e alma em sua experiência cristã. Ele forçou cada nervo, dispôs cada músculo para alcançar aquilo para o que Cristo o havia ganho. Não muito tempo antes de partir, ele evidentemente atingiu a soberana vocação de Deus em Cristo, pois disse: “O tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2Tm 4.6-8). Que certeza arrebatadora Paulo tinha! E ela pode ser nossa, se nós, como Paulo, buscarmos as superações que nos fazem mais do que vencedores sobre o mundo, a carne e Satanás.

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão.

Enoque foi trasladado porque tinha o testemunho de que agradara a Deus. “A inclinação da carne [ou mente carnal] é inimizade contra Deus” (Rm 8.7). Podemos, portanto, esperar andar com Deus e agradá-Lo enquanto temos qualquer carnalidade, liberdade da carne, mundanismo em nós? “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais […] Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” (1Co 3.1,3).

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão. Todo o ensino, toda a pregação, toda a atividade que anula o aviso solene do Senhor a Seu povo de que deve cuidar de si mesmo e vigiar e orar sempre tornam o povo perigosamente desavisado. Essa é a razão pela qual muitos cristãos hoje estão caminhando despreocupadamente, como se estivessem indo a um piquenique, quando, como uma questão de fato, estamos na própria hora da vinda e do julgamento começar em Seu Santuário. O arrebatamento em si é um sinal do julgamento sobre aqueles que foram deixados. Daí, toda a estratégia de Satanás é impedir a vigilância e a atitude de alerta que o Senhor tão solenemente aconselhou.

E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro […] Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.39-42).

Tem sido dito que a única diferença entre os que o Senhor toma na transladação e os que são deixados para os últimos julgamentos sobre Terra é a diferença de prontidão vigilante. Em seus últimos discursos, nosso Senhor procurou despertar com exortações a vigilância do discípulo não-vigilante, o o pai de família roubado e o mordomo infiel (caps. 24 e 25).

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (25.13). Cristo sempre ressaltou muito a necessidade de estarmos sempre prontos. “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor […] Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!” (Lc 12.35-37).

Estamos às portas da volta de Cristo. Cada tique-taque do relógio nos aproxima disso. A escuridão da meia-noite da terra está espalhando. A vinda do Noivo está próxima. Então, Sua noiva está se aprontando. O espírito do anticristo está espalhado pelo mundo. A grande tribulação está lançando suas sombras diante de nós. Cristãos, olhem para cima! Estejam imediatamente prontos, vigilantes, atentos. “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.11,12).

Um movimento espiritual quase imperceptível está operando no coração de todos os verdadeiros crentes que separam o ouro da escória, o real do irreal, o precioso do vil, o joio do trigo. Ele vem como um silêncio sagrado sobre a alma, a sombra da Presença que se aproxima.

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso.

Cristo está vindo! Esteja pronto para quando Ele vier. Separe-se da indulgência do mundo. Desembarace-se de sua imersão nos negócios dessa vida. Vigie e ore sempre! Um cristão carnal não pode ser vigilante. Nós só podemos vigiar se nos mantivermos despertados espiritualmente. A palavra vigiar significa ser espiritualmente despertado, estar em alerta constante. “Eu dormia, mas o meu coração velava. E eis a voz do meu amado que está batendo: ‘Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite’” (Ct 5.2).

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Um rápido e cegante refulgir, e o vigilante vai estar com o Senhor. O não-vigilante, de acordo com as próprias palavras de nosso Senhor, não vai escapar dos últimos julgamentos sobre a terra (Lc 21.34-36).

O espírito do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27). Em Sua parábola das virgens, nosso Senhor revela que haverá um reavivamento de preparar as lâmpadas às vésperas de Sua volta. Quanto tempo leva para preparar-se uma lâmpada? O sábio só tem tempo para preparar sua lâmpada, não para enchê-la, antes que a porta seja fechada. Encher exige constante e vigilante preparação do coração, da vida e dos lábios a fim de fazer-nos e manter-nos prontos para encontrar e saudar o Amado de nossa alma quando Ele, todo glorioso, vier para receber os “aceitos no Amado”.

Um não-abandonado pecado conhecido, uma ordem conhecida desobedecida, uma conhecida verdade não-crida, uma parte da vida conscientemente não-submetida, e nós estamos em perigo. As últimas sombras estão caindo sobre o mundo e, portanto, em sua vida. No entanto, você não está pronto. Mas há tempo para alcançar a vitória antes do sol se por. Seu Juiz vindouro é seu Salvador hoje” (The Midnight Cry).


(Traduzido por Francisco Nunes de “Constant Readiness”. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Cinco aspectos em que proteger seu casamento (Brad e Heidi Mitchell)

Temos um serviço que monitora nossas contas bancárias para protegê-las contra roubo de identidade. Alertamos nossos filhos quando eles estão indo em direção ao perigo. Certificamo-nos de que nossos celulares são seguros e que nossa casa está bem fechada. Estamos vigilantes para proteger o que é importante para nós.

Nós protegemos o que é valioso para nós, não é? Talvez não.

Muitos casamentos ruíram porque um ou ambos os cônjuges não conseguiram proteger seu coração. A Bíblia diz: “Acima de tudo, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Mas de que coisas, especificamente, podemos proteger o coração?

Aqui estão cinco coisas das quais proteger o coração, seguidas por aquilo que ganhamos por ser diligentes nisso. Veja quais dizem respeito a você. Então, com a ajuda de Deus, faça todo o possível para proteger seu coração!

Proteja seu coração de

1. Curiosidade. A porta da tentação aparece bem aberta quando nos permitimos “só querer saber” sobre um antigo caso do ensino médio, da faculdade ou de um emprego anterior. A título de curiosidade, podemos procurá-lo no Facebook. Lemos tudo o que podemos e, então… talvez em um impulso do momento, jogamos-lhe um “Oi” particular e aguardamos ansiosos a resposta. A velha frase “A curiosidade matou o gato” é mais verdadeira no casamento do que em qualquer outro lugar. Um conselheiro, amigo nosso, nos disse que, em 90% de todos os casais que o procuraram sobre infidelidade, o Facebook estava envolvido.

Certamente a curiosidade pode levar a muitas situações de perigo além do Facebook. O ponto é: proteja seu coração contra a curiosidade doentia. Se estiver em dúvida, não procure.

2. Descontentamento. Quando nos debruçamos sobre o que não temos, nós nos abrimos para a insatisfação permanente no casamento. Gostaríamos de ter um cônjuge que fosse como o de um(a) amigo(a). “Se ele, ao menos, fosse mais divertido, mais envolvente, um ouvinte melhor, que gostasse de meus passatempos, se fosse diferentes de como ele é…”

Proteja o seu coração. Concentre-se naquilo pelo que você é grato em seu cônjuge e diga isso a ele. Ouça a si mesmo afirmar isso a seu cônjuge, e essa atitude vai revestir seu coração com teflon e protegê-lo de descontentamento.

3. Tentação sexual. Proteja seu coração de buscar imagens e vídeos na internet que só irão corroer seu caráter e arrastá-lo para um abismo escuro de vergonha e culpa.

Tentação sexual muitas vezes começa com o desejo de uma conexão mais profunda com alguém que “cuide” de nós. Proteja seu coração das pessoas do sexo oposto que parecem desejar uma conexão profunda e manifestam interesse profundo por você. Construa paredes, limites e corra para os braços de Jesus e de seu cônjuge.

4. Crítica. Isso está intimamente associado com descontentamento. Um coração crítico consegue o efeito oposto do que deseja. Queremos mudanças, mas buscamos isso por apontar constantemente o que está errado.

Não entenda mal: às vezes temos de apontar honestamente as coisas. Mas a crítica excessiva pode criar um espírito amargo que vai empurrar nosso cônjuge para longe de nós, em vez de atraí-lo.

5. Vindicação. Não precisa muito para que queiramos cuidar de nós mesmos, recompensar-nos ou confortar-nos. Estresse, conflitos, críticas e excesso de trabalho são algumas das coisas que colaboram para nos fazer pensar: “Eu mereço isso”. O que acontece em seguida é começarmos a focar em nossas necessidades como as primárias e considerar as do cônjuge como secundárias. Tornando a situação mais volátil, esperamos que nosso cônjuge satisfaça nossos desejos, e, se ele não pode fazê-lo, procuramos preenchê-los por meio de alguém ou de alguma coisa.

Temos de proteger-nos contra o pensamento de vindicação. Quando você perceber um pensamento desse tipo, reconheça-o como tal. Em seguida, peça a Deus para ajudá-lo a lutar contra isso, optando por fazer algo amável para seu cônjuge!

O que ganhamos

Aqui estão algumas coisas que ganhamos quando protegemos nosso coração:

  • Temos o favor e a bênção de Deus.
  • Estamos contentes por ter mantido nossas afeições sob controle.
  • Estamos cheios de paz, pois estamos vivendo com integridade.
  • Ganhamos apreciação mais profunda pelo cônjuge, pois somente ele tem nosso carinho terreno.
  • Temos o poder de Deus, porque Ele tem uma pessoa pura por meio de quem trabalhar.
  • Construímos nosso legado de um casamento saudável e honrado.

Em que outros aspectos você pensa que os cônjuges devem proteger o coração? Deixe seus comentários abaixo. E faça o compromisso em seu coração de protegê-lo enquanto você constrói seu casamento!

(Traduzido por Francisco Nunes de 5 Places to Protect Your Marriage.)

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Hebreus 6.4-6 (Watchman Nee)

Hebreus 6.4-6 diz:

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.

Esses versículos descrevem uma pessoa que possui muitas qualificações. É impossível que seja uma pessoa não-salva. Ela viu a luz, e viu o Deus revelado, o Unigênito do Pai; conheceu o amor de Deus e provou o dom celestial, o único dom, Jesus Cristo. Na Bíblia, dons, como um substantivo plural, refere-se aos dons do Espírito Santo, e dom, como um substantivo singular refere-se ao único dom, o unigênito Filho de Deus, como está em João 3:16. Esse dom é diferente dos dons do Espírito Santo. Essa pessoa não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas também tornou -se participante do Espírito Santo. Ela conhece a Deus, provou do Senhor Jesus e tem o Espírito Santo vivendo dentro de si. Além disso, ela provou a boa palavra de Deus e os poderes da era vindoura. Os poderes da era vindoura são os poderes do reino milenar. Os dons e os poderes do Espírito Santo são particularmente abundantes no reino milenar. O reino milenar será repleto de obras de poder, milagres, maravilhas e outras coisas semelhantes. Dizer que alguém provou os poderes da era vindoura significa dizer que ele provou as coisas do reino milenar. Portanto, esta pessoa é definitivamente uma pessoa salva.

Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu quando creu, e escorrega e cai, não há arrependimento para ela. Ela não pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem uma longa história com o Senhor. Ela recebeu muita chuva, porém caiu, não produz mais coisas boas para Deus, mas tem produzido cardos e abrolhos. Tal pessoa é como “a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (vv. 7,8).

Perceba três coisas acerca desta pessoa e seu fim. Primeira coisa, ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” aqui é a mesma usada em 1Coríntios 9:27, onde Paulo disse que temia que embora tivesse pregado o evangelho a outros, ele mesmo fosse desqualificado e não fosse mais usado por Deus nesta era e no reino. Ser rejeitado, ser desqualificado, significa que Deus rejeitará tal pessoa e não a usará mais no reino. Segunda coisa, esta pessoa “perto está da maldição”. O versículo não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é semelhante a uma maldição. Ela não perecerá eternamente, mas sofrerá o dano da segunda morte e padecerá a Geena de fogo no reino. Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. Que é isso? Por exemplo, há algumas semanas eu quis fazer uma queimada em algumas terras em Jen-ru. Poderia eu queimar a terra etername nte? Poderia queimar a terra pelo menos por cinco anos? O queimar aqui se refere a algo temporário.

Aqui se fala sobre queimar, enquanto Mateus 5 diz que alguns estarão sujeitos à Geena de fogo. Se você puser essas duas passagens juntas, elas se combinarão. Se um cristão recebe todas essas coisas maravilhosas, mas não produz bom fruto para Deus, e, sim, cardos e abrolhos, ele será queimado. Entretanto, esse queimar será apenas por breve tempo. Até mesmo um aluno do primário sabe que se você atear fogo em um terreno, o fogo irá parar após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará no máximo mil anos. Quanto tempo vai durar a queimada, na verdade, dependerá de você. Se você tiver produzido muitos cardos e abrolhos, então haverá mais queima. Se tiver produzido poucos cardos e abrolhos, então haverá menos queima.

Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas coisas não foram limpas pelo sangue do Senhor, e quantas coisas ainda não foram confessadas, tratadas e resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e abrolhos a que o Senhor se refere. Mateus 5 diz que ninguém poderá sair dali enquanto não pagar o último centavo. Toda dívida terá de ser paga. Quando tudo houver sido queimado, toda dívida terá sido paga.

Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que somente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido queimados? Isso é impossível. O que é queimado são os cardos e abrolhos. O terreno em si não pode ser queimado. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que serão queimadas. Elas serão o material que será queimado na Geena de fogo. A vida que Deus nos concedeu não pode ser tocada pelo fogo. Portanto, depois que os cardos e abrolhos forem queimados, o terreno ainda permanecerá. Nenhuma parte dele será tirada. Não há absolutamente nenhum problema com a nossa salvação, mas sim com o que vier a crescer sobre ela, com o que for prov eniente da carne. Se tais coisas não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algum tratamento.

Agora vejamos Hebreus 10.26-29:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança”.

Esses versículos referem-se a alguém que rejeitou a Cristo e voltou ao judaísmo. Ele acha que gastando alguns dólares pode comprar um touro ou um bode como oferta pelo pecado. Se, porém, alguém conheceu a Cristo e voltou ao judaísmo, ele calcou aos pés o Filho de Deus e considerou Seu sangue como algo comum. Ele está tratando o Senhor como um touro ou um bode. Para ele não existe diferença entre o Senhor e um touro ou um bode. O versículo conclui: “E ultrajou o Espírito da graça”. Enquanto o Espírito Santo está lhe dando graça, ele O está insultando por voltar ao judaísmo. Esses versículos nos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria que tal pessoa seja salva; somente diria que pode ser que ela seja salva; talvez nem seja salva. O apóstolo não nos diz se tal pessoa é salva ou não. Ele diz apenas que, se uma pessoa veio a Cristo e depois voltou ao judaísmo, ela sofrerá pior punição. Seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador. Aqui vemos uma espécie de fogo.

Juntamente com todas essas passagens, temos também as próprias palavras do Senhor em João 15. O versículo 2 diz: “Todo ramo em Mim que não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto Ele o limpa”. Esses não são ramos que nada têm que ver com Ele; são ramos que estão Nele. O que é mostrado aqui, pode não referir-se à punição temporária, mas à disciplina nesta era. Mas atente para o versículo 6: “Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; e os apanham, lançam no fogo, e são queimados”. Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns ramos cresceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tenham vida interiormente, eles não têm fruto exteriormente. O Senhor Jesus disse que eles serão lançados fora, secarão, e queimarão no fogo. Aqui vemos claramente que os cristãos podem ter de passar pelo fogo.

Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um cristão não lidar adequadamente com seus pecados, haverá punição à sua espera. A Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma punição comum, mas a punição da “Geena de fogo”. Contudo será o fogo no reino, não o fogo na eternidade.

A questão agora é esta: que tipo de pecado levará a essa condição? Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela lide com seus pecados. Nenhum dos pecados que ela tenha confessado, do qual tenha se arrependido, tratado e feito remissão pelo sangue do Senhor Jesus, voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados terão passado. Até mesmo o maior dos pecados terá passado. Mas existem muitos pecados que não serão omitidos; são os pecados que alguém contempla em seu coração. Salmos 66.18 diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Quais são os pecados que o coração contempla? O coração é o lugar onde residem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção. Ele representa o homem psicológico. Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão pelo pecado, tampouco condenação do pecado. Tal pessoa o Senhor não ouvirá. Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido, ou se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procedemos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratar com estas coisas de modo específico. Ao mesmo tempo, temos de colocá-las debaixo do sangue do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas, e estaremos livres do julgamento vindouro.

RESUMO

Vamos agora resumir o que vimos. O futuro dos cristãos é muito simples. Para uma pessoa salva o assunto do novo céu e nova terra, incluindo toda a eternidade, está resolvido. No entanto, a era do reino é duvidosa. Ninguém ousa dizer algo sobre o que ocorrerá. O que temos de resolver hoje é o problema do reino. No reino há muitas posições de cristãos. Muitos reinarão com Cristo por ter trabalhado fielmente e por ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento. Alguns podem não ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento, contudo eles também não têm pecados. Eles viveram uma vida limpa. Apesar de não terem feito nada que mereça um mérito especial, eles pelo menos deram um copo de água para um pequenino por causa do nome do Senhor (Mt 10.42). Eles também receberão uma recompensa; entretanto, sua recompensa será bem pequena.

Na era do reino, alguns cristãos receberão recompensa no reino. Alguns receberão uma grande recompensa; outros receberão uma recompensa pequena.

Os que não receberão recompensa também estão divididos em algumas categorias. Um grupo não entrará no reino de modo algum. A Bíblia não nos diz para onde eles irão; diz apenas que serão mantidos fora do reino, nas trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13; 25.30; Lc 13.28). Eles serão deixados fora da glória de Deus. Haverá também muitos que, além de não terem trabalhado bem, têm pecados específicos que ainda não foram tratados. Eles são salvos, mas ao morrer, ainda têm pecados com os quais não trataram e dos quais não se arrependeram; eles ainda têm o problema do pecado. Esses tais serão temporariamente submetidos ao fogo, e sairão somente depois de terem pago todo seu débito. Eu não sei, na verdade, de quanto tempo esse período será, mas durará no máximo até o final do reino.

Ainda há muitas coisas das quais não estamos esclarecidos acerca do futuro, mas a Bíblia mostrou-nos o suficiente. Embora haja detalhes que ainda não vimos, nós de fato sabemos o que os filhos de Deus enfrentarão. Alguns receberão uma recompensa; alguns experimentarão corrupção. Alguns serão aprisionados, e outros serão lançados no fogo e serão queimados.

A questão da nossa salvação está muito clara. Quando um homem crê no Senhor Jesus, tanto a salvação como a vida eterna estão determinadas para ele. Mas, da salvação até sua morte, as obras de uma pessoa, isto é, seus fracassos ou suas vitórias, determinarão seu destino no reino. Nosso Deus é um Deus justo. Por um lado, nossa salvação é livre, e os que crêem terão vida eterna. Ninguém pode contrariar esse fato. Por outro lado, não podemos pecar à vontade, simplesmente porque recebemos a vida eterna. Se produzirmos cardos e abrolhos, seremos queimados. Se o Senhor Jesus não pode desligar-nos de nossos pecados e se não resolvermos todas as coisas em nossa vida, Deus não terá escolha a não ser castigar-nos no futuro; Ele não terá escolha, senão purificar-nos com punições específicas, de maneira que possamos estar juntos com Ele no novo céu e nova terra. Deus é um Deus justo. O que Ele preparou também é justo. Desde que tenhamos visto estas coisas, devemos aprender a lição e acatar as advertências de Deus.

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“Nem cheiro de fogo” (T. Austin-Sparks)

1Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”

Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”

Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.

E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.

(Daniel 3.16-27)

 

Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.

(1Pedro 1.6-8)

 

A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.

O resultado da prova
1. A autodestruição do inimigo

Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.

Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo. Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.

2. O desatamento das amarras
Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.

Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?

Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.

3. Comunhão próxima com o Senhor
Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos: “Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.” Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.

4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável
Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado. Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pe 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”. Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de talvez anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.

Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra2 estava no Continente3. Ele havia sido aprisionada por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que ele tomou, por pelo menos três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não é o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.

 

A necessidade de vigilância

O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.

Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria. Outra vez, o Senhor toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu” (v. 1). Olha para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que você se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está bem na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.

Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!

Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é: “Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é a glória de Deus em nós.”

 

 

(Traduzido por Francisco Nunes do livreto “Nor… the smell of fire…”, publicado por Emmanuel Church, Tulsa, OK, EUA; 1a. Edição, 1994. A reprodução é permitida desde que o texto não seja alterado, essas informações sejam mantidas e seja usado em publicações gratuitas.)

1Da revista A Witness and A Testimony, jul-ago, 1949, pp. 86,87

2Segunda Guerra Mundial (N. do T.)

3Europa (N. do T.)

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Eu odeio pornografia (Eric Simmons)

Pornografia é um problema.

A pornografia é como uma droga, que seqüestra o cérebro, redefine a sexualidade humana e, enquanto faz isso, arruína vidas, destrói famílias e desestabiliza ministérios [cristãos]. E, sinceramente, é um problema que me cansa – canso-me da devastação que Satanás está causando a crianças, mulheres, famílias, pastores, igrejas, e ao mundo com esse mal trágico.

Pornografia se tornou um problema para mim quando eu tinha apenas seis anos e, pela graça de Deus, esse problema acabou quando Jesus me salvou, aos dezessete anos. Mas eu sei que isso raramente acontece de modo tão completo. Ela ainda é uma tentação, sim; a tentação abunda na cidade em que vivo e com o coração que eu tenho, mas a graça abunda ainda mais em Jesus Cristo.

Amigos, eu odeio pornografia. E aqui estão as razões.

Eu odeio pornografia porque é uma perversão do que Deus criou no homem e na mulher.

Odeio pornografia porque explora mulheres criadas à imagem de Deus e as faz uma imagem feita para a luxúria do homem.

Odeio pornografia porque faz das mulheres objetos, um produto de consumo em vez de uma gloriosa criatura que traz a imagem de Deus.

Odeio pornografia, porque eu amo as mulheres – em especial minha esposa e minhas três filhas.

Odeio pornografia porque ela rouba a experiência de satisfazer a alma do sexo com o cônjuge comprometido por meio de uma aliança e a transforma em uma experiência mirrada de sexo solitário de uma alma confusa.

Odeio pornografia porque transforma filhos e filhas de Deus em escravos do sexo.

Odeio pornografia porque ela transforma potenciais missionários em cristãos sem poder.

Odeio pornografia porque ela destrói casamentos, muitos antes mesmo de começar.

Odeio pornografia porque ela estende a adolescência e mantém homens como meninos.

Odeio pornografia porque ela mente aos homens sobre a beleza e os leva a buscar por uma estrela pornô em vez de por uma mulher que teme ao Senhor.

Odeio pornografia porque ela rouba homens e mulheres da plena alegria da obediência.

Odeio pornografia porque ela rompe a confiança entre marido e mulher.

Eu odeio pornografia porque é uma atividade diabólica e satânica que está sutilmente levando milhares e milhares para o inferno.

Odeio pornografia, pois ela leva a pastores desqualificados e a igrejas impotentes. (Pastor, se você é viciado em pornografia, você está desclassificado [para a função] e está matando sua igreja!)

Odeio pornografia porque suspeito que ela é a razão mais importante para não estarmos plantando mais igrejas nem enviando mais missionários.

Odeio pornografia porque desqualifica pregadores do evangelho que poderiam encher as igrejas vazias na minha cidade e de tantas outras.

Odeio pornografia por causa da decepção que os filhos têm de passar quando o pai lhes diz porque perderam o emprego ou a oportunidade de liderar na igreja.

Odeio pornografia porque ensina uma visão distorcida do sexo para as crianças antes que ele possa ser explicado por pais amorosos.

Odeio pornografia porque estou cansado de estar sentado em minha sala de estar com esposas soluçantes, confusas e devastadas e com maridos envergonhados, quebrados e condenados, que foram pegos [vendo pornografia].

Odeio pornografia, pois leva ao estupro, ao abuso sexual e à perversão que podem devastar as pessoas para o resto da vida.

Odeio pornografia porque transforma homens interiormente e sufoca sua ambição de santificar o nome de Deus.

Odeio pornografia porque ele diz que o pecado, Satanás e o mundo são mais satisfatórios do que nosso Deus triúno e Sua graça.

Odeio pornografia porque odeio culpa ímpia e condenação.

Eu odeio pornografia pelo medo que ela induz no coração dos pais em todos os lugares de que seu filho possa tropeçar por causa de uma olhadinha e ficar viciado.

 

Mas eu amo Jesus.

Eu amo Jesus porque Ele ama as pessoas com problemas com pornografia.

Eu amo Jesus porque Ele é poderoso para libertar corações escravizados à pornografia.

Aquele que não conheceu o vício da pornografia tornou-se o vício da pornografia para que o viciado em pornografia possa se tornar a justiça de Deus Nele.

Aquele que não tinha pecado se fez pecado por você para que você possa se tornar a justiça de Deus (2Coríntios 5.21).

Nessa frase brilhante, Paulo põe fim ao problema da pornografia.

 

Amigo [cristão], você não está mais em Adão, mas em Jesus. Jesus se tornou um substituto. Foi como se ele houvesse se tornado o viciado em pornografia, recebendo a justa condenação devido a nossa perversão, e você se tornou o filho justo ou a filha justa de Deus com todos os benefícios disso.

Amigo, em um ato de amor e justiça, na obra realizada por Jesus na cruz, mediante a fé Nele, agora você está limpo, santo e aceito, perdoado e livre. Deixe-me dizer isso novamente: livre!

Eu amo Jesus.

 

Artigos relacionados (em inglês)

 

Pornografia: a nova droga (John Piper)

Trazendo seu cérebro de volta da pornografia (John Piper)

Pornografia, orgulho e louvor (Heath Lambert)

 

 

(Traduzido por Francisco Nunes de I hate porn)

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Repreensão (Lutero)

Preferiria que mestres verdadeiros e fiéis me repreendessem e me condenassem, e até mesmo reprovassem meus caminhos, a que hipócritas me bajulassem e me aplaudissem como santo.

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Não pense que a pornografia é inofensiva

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Santidade (Jerry Bridges)

A busca pela santidade deve estar ancorada na graça de Deus. De outro modo, ela estará fadada ao fracasso.

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Devo me casar com um homem que luta contra a pornografia? (Russell D. Moore)

Alguns meses atrás, eu postei no meu blog uma pergunta sobre um dilema ético que uma mulher que acabou de noivar estava enfrentando. Ela havia acabado de descobrir que o seu noivo tinha “constantes batalhas contra a pornografia”. Ela não tem certeza do que fazer ou como se certificar de que está lidando com a questão da melhor forma. Aqui está a minha resposta:

Cara noiva confusa,

Muitas mulheres estão assistindo “Diário de uma paixão” ou “Crepúsculo” como referência do tipo de homem com quem deveriam se casar. Ao invés disso, você provavelmente deveria assistir “O lobisomem”.

Você já viu algum daqueles filmes antigos de lobisomem? Você sabe, aqueles em que o homem aterrorizado, encharcado de suor, se acorrenta no porão e diz aos seus amigos “o que quer que aconteça, não importa o que eu diga ou o quanto eu implore, não me deixem sair daqui”. Ele sabe que a lua cheia se aproxima e está tomando providências para proteger todos de si mesmo.

De uma forma bem real, a vida cristã é semelhante a isso. Todos nós temos pontos de vulnerabilidade, áreas de suscetibilidade ao erro e à autodestruição. Há seres soltos no universo que observam essas áreas e sabem como colaborar com a nossa fisiologia e o nosso ambiente para nos aprisionar.

A sabedoria reside em saber quais são essas áreas, saber reconhecer as armadilhas que aparecem e tomar os cuidados necessários para manter a fidelidade a Cristo e àqueles quem Deus nos deu.

O que me preocupa mais na sua situação não é que o seu potencial marido tenha uma fraqueza por pornografia, mas que você só tenha descoberto ela agora. Isso me diz que, ou ele não enxerga isso como o horror matrimonial que é, ou ele estava muito paralisado pela vergonha.

O que você precisa não é de um homem sem pecado. Você precisa de um homem profundamente consciente de seus pecados e de seu potencial para pecar mais ainda. Você precisa de um homem que enxerga o quanto é capaz de destruir a si mesmo e a sua própria família. Você precisa de um homem com a sabedoria para, como Jesus diz, arrancar e lançar fora qualquer coisa que o leve ao caminho da autodestruição.

Isso significa um homem que sabe como subverter a si mesmo. Eu, no seu lugar, iria querer saber quem, na vida dele, sabe sobre esse problema da pornografia e como essas pessoas, juntamente com ele, tem trabalhado para impedi-lo de pecar, sem expô-lo. Eu iria querer saber, dele, como ele planeja agir de forma que não consiga esconder de você essa tentação após o casamento.

Pode ser que, por conta da natureza dessa tentação, vocês dois não possam ter um computador em casa. Talvez signifique que você deva receber relatórios em tempo real de toda a atividade dele na internet. Há uma série de obstáculos que podem ser colocados no caminho. O ponto é: como forma de demonstrar amor por você, ele deve lutar (Efésios 5.25; João 10), e parte dessa luta será contra si mesmo.

Pornografia é uma tentação universal precisamente porque provoca exatamente o que os poderes satânicos desejam provocar. Ela agride a natureza trinitariana da realidade, a comunhão em amor de pessoas, substituindo por um unitarianismo masturbatório.

E a pornografia também agride a figura de Cristo e sua igreja ao interromper a união de um só corpo, deixando os casais em situação semelhante à dos nossos ancestrais, escondendo-se um do outro e de Deus, por conta da vergonha.

E a pornografia ataca, como Satanás sempre faz, a Encarnação (1 João 4.2-3), ao substituir a intimidade corporal do casal pela ilusão de intimidade remota.

Não há garantia que você possa manter seu marido longe da infidelidade, seja digital ou carnal, mas você pode se certificar que o homem que você está prestes a seguir sabe o que está em risco, sabe como se arrepender e sabe o que significa lutar contra o mundo, a carne e o Diabo por todo o caminho até a cruz.

Resumindo, encontre um homem que sabe qual é a sua “lua cheia”, o que o leva a ficar vulnerável à sua fera interior. Encontre um homem que saiba lutar consigo mesmo e saiba buscar ajuda de outras pessoas para isso.

Você não vai encontrar uma bala de prata para esse caso, mas talvez você encontre um lobisomem que vive pelo evangelho.

 

Russell D. Moore. Website: http://www.russellmoore.com. Original: Should I Marry a Man with Pornography Struggles? My Response

Traduzido por Filipe Schulz. Por iPródigo.com. Original: Devo me casar com um homem que luta contra a pornografia?

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Simulação, exagero e predomínio (T. Austin-Sparks)

Da revista A Witness and A Testimony de jan/fev de 1970, pp. 15-18

 

Intérpretes da Bíblia estão convencidos de que as palavras ostensivamente dirigidas ao “rei de Babilônia” em Isaías 14 têm um contexto mais amplo que só pode ser exaurido se visto como referência a um antigo ser angélico. Essa convicção é fortemente apoiada por outras declarações e alusões em diferentes partes da Bíblia, como Judas 6, 2Pedro 2.4 e Lucas 10.18.

Se isso é verdade, então, o que é dito torna claro os três passos que levaram à queda de Satanás. Eles também indicam a queda de muitas coisas que tiveram um bom começo. Há um ensinamento muito solene e valioso aqui, apesar do assunto não ser agradável.

1. Simulação

“Serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14.14)

Há muitas passagens nas Escrituras que mostram que um dos principais métodos de Satanás é a imitação de Deus e da verdade de Deus. Tanto é assim que ênfase e importância tremendas são colocadas no discernimento espiritual como dom e marca do ungido. De fato, isso é uma característica daquele que é espiritual, do homem espiritual. Podemos dizer que uma obra e função primária do Espírito Santo é o discernimento. É dito que o Espírito Santo tem, ou Ele é representado tendo, “sete olhos”, que significa a perfeição da visão espiritual. Podemos aqui introduzir outro parágrafo de muito peso de Tozer:

 

Poderia ser essa nossa mais crítica necessidade?

“Quando vemos o cenário religioso hoje, somos tentados a nos fixar em uma ou outra fraqueza e dizer: ‘É isso que está errado com a Igreja. Se isso for corrigido, poderemos recapturar a glória da Igreja primitiva e ter tempos pentecostais de volta conosco outra vez.’

“Essa tendência de supersimplificar é, em si mesma, uma fraqueza, e devemos nos guardar sempre dela… Por essa razão, estou hesitante em apontar para qualquer defeito na cristandade de hoje e fazer todos os nossos problemas saírem dele apenas. Que a assim chamada “religião da Bíblia” está sofrendo rápido declínio em nosso tempo é tão evidente que não é preciso prová-lo; mas exatamente o que está trazendo esse declínio não é fácil de descobrir. Somente posso dizer que tenho observado significativa falha entre cristãos evangélicos que podem se mostrar como a causa real da maioria de nossos problemas espirituais; e, sem dúvida, se isso for verdade, então, o atendimento daquela falha deve ser nossa mais crítica necessidade.

“A maior deficiência a que me refiro é a falta de discernimento espiritual, especialmente entre nossos líderes. Como pode haver tanto conhecimento bíblico e tão pouca percepção, assim como influência moral, é um dos enigmas do mundo religioso hoje. Eu penso que seja completamente acurado dizer que nunca houve um tempo na história da Igreja em que pessoas estivessem engajadas no estudo da Bíblia como estão hoje. Se o conhecimento da doutrina bíblica fosse alguma garantia de piedade, essa seria, sem dúvida, conhecida na história como a era da santidade. Em lugar disso, poderá bem ser conhecida como a era do cativeiro babilônico da Igreja ou a era do mundanismo, em que a Noiva de Cristo professa permitiu-se ser, de modo bem-sucedido, cortejada por incontáveis caídos filhos dos homens. O corpo dos crentes evangélicos, sob influências malignas, tem, durante os últimos 25 anos1, ido mais para o mundo em completa e abjeta sujeição, evitando apenas um pouco dos pecados mais grosseiros, como bebedice e promiscuidade sexual.

“Essa desgraçada traição que tomou lugar em plena luz do dia com o pleno consentimento de nossos mestres da Bíblia e evangelistas é um dos mais terríveis adultérios na história espiritual do mundo. No entanto, eu não posso crer que a grande sujeição tenha sido negociada por homens de coração mau que estabeleceram deliberadamente destruir a fé que herdamos de nossos pais. Muitas pessoas boas e de viver correto colaboraram com os colaboracionistas que nos traíram. Por quê? A resposta só pode ser: por falta de visão espiritual. Algo como uma névoa se estabeleceu sobre a Igreja como “a face da cobertura com que todos os povos andam cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem” (Isaías 25.7). Tal véu uma vez desceu sobre Israel… Aquela foi a hora trágica de Israel. Deus levantou a Igreja e temporariamente deixou de lado Seu antigo povo. Ele não podia confiar Sua obra a homens cegos. Certamente precisamos de um batismo de visão clara se quisermos escapar do destino de Israel… certamente uma das maiores necessidades é do surgimento de líderes cristãos com visão profética2. Nós desesperadamente precisamos daqueles que sejam capazes de ver pela névoa. A menos que eles venham logo, será muito tarde para essa geração. E, se eles vierem, iremos, sem dúvida, crucificar alguns deles em nome de nossa ortodoxia mundana. Mas a cruz é sempre o prenúncio da ressurreição. Mero evangelismo não é nossa necessidade presente. Evangelismo não faz mais do que estender a religião, seja ela do tipo que for. Ele produz aceitação para a religião entre grande número de pessoas sem dar muita reflexão à qualidade daquela religião. A tragédia é que o evangelismo atual aceita a corrente forma de cristandade como a verdadeira religião dos apóstolos e se ocupa em fazer convertidos a ela sem questionar nada. E, a todo tempo, estamos nos afastando mais e mais do padrão do Novo Testamento. Precisamos ter uma nova reforma. É preciso vir um violento rompimento com a pseudo-religião irresponsável, de louca diversão paganizada que se passa hoje pela fé de Cristo e que está sendo espalhada por todo o mundo por homens não-espirituais usando métodos não-escriturísticos para alcançar seus objetivos.” (A. W. Tozer)

 

Há várias coisas no Novo Testamento que foram estabelecidas para uma testemunha de Cristo, para a edificação do Corpo de Cristo, para a glória de Cristo, as quais, pelas mesmas razões, têm sido tomadas por Satanás e simuladas, imitadas e sendo dadas como substituto para as verdadeiras, mas isso tem sido feito, no final, para desacreditar Cristo e fazer o oposto a Sua divina intenção. Parece ser muito real que muitos queridos do povo de Deus estão enganados, perplexos e sendo levados para o erro. Mistura de erro com verdade tem sido sempre um método muito bem-sucedido de sedução, desde o início. Deus é imitado na idolatria, na adoração falsa. Cristo é imitado no anticristo. O Espírito Santo é imitado na liderança e nos dons. O homem é enganado por simulação física daquilo que é espiritual. Pessoas, sob a pressão de colapso nervoso, neurose, esgotamento, acusações e condenações espirituais correm para o psiquiatra. O método é levá-las a se libertarem de suas tensões por meio da auto-expressão, divulgando coisas ocultas e, em casos extremos, pela hipnose. Isso tem um efeito psicológico e o paciente se sente “maravilhosamente livre”. Expressão; expressão! Auto-expressão! Um homem disse ao autor [deste texto] que viera do psiquiatra sentindo que ele havia “nascido de novo”, alguma coisa melhor ainda que sua conversão! Mas – sim, mas! – tudo o que ele sentia regrediu, e ficou pior do que antes.

Psicologia, a ciência da psiquê, pode ser3 a obra-prima de Satanás na simulação do espiritual e, então, mergulha a alma nas mais profundas profundezas do desespero.

Ao lado de que uma liberação do espírito em oração e louvor, e algumas vezes ela pode ser experimentada por esses meios, e a comunhão é um grande instrumento para essa bênção, há a falsificação do canto coral barulhento e almático4 e da repetição desequilibrada. A música é, frequentemente, a maior bênção e o maior perigo. “No Espírito” é a máxima divina.

2. Exagero

Subirei sobre as alturas das nuvens” (Isaías 14.14).

Este parágrafo todo – Isaías 14.9-15 – é um exagero, se o termo significa “acumular, ir além do normal, levar ao excesso”, etc.

Subirei sobre…” tem este significado: “Eu vou exceder”. É a ambição correndo em delírio. É o orgulho em abundância. É algo não restringido por modéstia, humildade e dependência. É a extravagância. É algo adicionado ao que é correto e verdadeiro. É ultrapassar o limite. É a inflar-se. Isso é o perigo da alma apaixonada. Se Satanás não pode deter uma pessoa, ele vai derrubá-la. Se ele encontra devoção honesta, ele vai fazer com que ela se exceda. Se ele encontrar uma mente ativa, vai fazer com que um extra seja adicionado à verdade, para que a verdade se torne não-verdadeira.

No “rei da Babilônia” nós temos o exagero da personalidade. “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei […]?” (Dn 4.30). O eu, o ego, é assertivo, pronunciado, sobrepujante. A liderança e a habilidade natural e o dom se tornam autocracia, ditadura, mesmo tirânica. Há muitas vezes uma linha fina entre autocracia e liderança espiritual, e é aqui que o discernimento é necessário. A primeira força, compele e se faz legal. A última vem de uma profunda história de sofrimento com Deus, estabelece um alto padrão e mantém-se nele. Isso pode ser difícil para a carne nos outros de aceitar, e eles podem interpretar isso erroneamente. Liderança é um dom divino e de grande importância. Ninguém irá muito longe sem isso. Por esse motivo, Satanás tem sempre marcado essa função e quem a possui com especial atenção para exagerá-la, e a derrota é seu verdadeiro objetivo. Dependência é o refúgio do líder espiritual, e o Senhor atenta muito plenamente para isso!

Há muitos movimentos exagerados em nosso tempo. O ensino é puxado até muito além de seu verdadeiro significado. Alguma coisa correta e boa e, então, a pitada de exagero. O propósito é ser muito espiritual, ter ensino avançado, mas a linha do real significado disso tem sido cruzada, e a confusão se segue por causa de uma ênfase desequilibrada. Isso tem sido muito freqüentemente a causa de seitas e grupos exóticos e excêntricos, e seu número é uma legião. A propensão ateniense era por “alguma novidade”, a qual normalmente significa alguma nova sensação. Quão poderosamente Satanás apoia tais exageros e faz o erro crescer sem proporções! Ele sabe muitíssimo bem que segue esse caminho para encher o mundo com pessoas desiludidas que em breve não creram em nada, principalmente na verdade. Foi exatamente isso que fez o apóstolo João apontar, de modo tão forte, quase veemente, a verdade com as expressões, repetidas de maneira constante: “Este é… Esta é… Isto é…”. Veja suas cartas e note a ênfase sobre a unção que ensina todas as coisas. O contexto é o anticristo e seus enganos.

3. Predomínio

Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono […]” (Isaías 14.13).

Exaltar”. “Acima”. O objetivo, o alvo, o clímax da aspiração de Satanás. Isso soa fantástico e remoto. Mas não é tão remoto e impensável como parece à primeira vista. Não é esse o motivo e o estímulo de todos os poderes políticos? Se tão-somente percebermos isto: o colocar abaixo esta pretensão foi a razão para a Encarnação, pois todo pecado tem florescido dessa raiz. O nascimento, a infância, a vida adulta, o ensino e a cruz de Jesus Cristo foram um positivo contrabalanço para o poder e a glória mundanos. Ele nunca procurou “causar uma boa impressão”, atrair pessoas para Si ou para Sua causa por meio de prestígio, artifícios, glamor ou por mostra de glória natural.

Mesmo de sua glória e posição corretamente celestial Ele se esvaziou. Seu reino e Seu reinado não eram deste mundo.

Tudo isso foi para refazer algo que havia sido distorcido. Esse algo está em todos nós. Nós adoramos o ídolo do sucesso. Nós temos uma concepção totalmente falsa de força, poder e importância. Jesus veio para corrigir isso em Sua própria pessoa. “Fazes com [a fim de] que ele tenha domínio” (Sl 8.6).Sim, mas não auto-centrado. “Trazendo muitos filhos à glória” (Hb 2.10). Sim, mas à glória de Sua infinita graça, favor sem qualquer mérito! Nós reinaremos com Ele, sim, mas como adoradores do Cordeiro (cf. Ap 20.6)!

O teste para qualquer coisa é se ela realmente exalta Cristo. Não só em palavras, que podem ser uma forma de simulação e de exagero. A garota do templo possuída por demônios em Filipos podia patrocinar e pregar o evangelho, mas aquilo era uma coisa profunda de Satanás, e o apóstolo não estava barateando o evangelho para o diabo a fim de ganhar popularidade. A santidade de Cristo é o critério!

Assim, nós – muito brevemente, claro – notamos o caminho da maldição de Satanás, o caminho de sua queda. O julgamento sobre sua simulação, seu exagero e seu predomínio é: “E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo” (Is 14.15).

Que contra o que é falso, o Senhor produza a verdadeira similitude de Cristo, o verdadeiro magnificar de Cristo, a verdadeira exaltação e supremacia de Cristo!

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(Traduzido por Francisco Nunes de Simulation – Exaggeration – Predomination, publicado por Emmanuel Church, Tulsa, Oklahoma, EUA, 1995.)

1Como Tozer faleceu em 1963, e considerando-se que ele tenha escrito isso no último ano de vida, a afirmação se refere ao estado dos cristãos por volta do final da década de 1930! Infelizmente, a situação apenas piorou nos últimos 80 anos, incluindo os pecados que Tozer dizia serem ainda evitados. (N.T.)

2Com certeza, Tozer não estava se referindo àquilo que hoje é chamado de “profético”: dança, pintura, atos, declarações e outros tantos absurdos “proféticos”. A visão profética é de acordo com a Escritura: a denúncia de tudo aquilo que não é de acordo com a completa verdade Escriturística, que rouba o lugar de Deus como Senhor absoluto, que rouba o lugar de Sua Palavra como verdade absoluta, que entroniza o homem em lugar de Cristo, que desvia os filhos de Deus para homens em lugar de levá-los à submissão a Cristo. As “coisas proféticas” modernas são muito mais ocultismo e mundanismo do que a mínima prática profética bíblica. Tozer e Austin-Sparks podem ser considerados como profetas neste sentido bíblico. (N.T.)

3É importante notar que o autor não afirma que ela é, mas que pode ser. A psicologia desvinculada da verdade bíblica ignora a realidade do pecado, a natureza pecaminosa do homem, de sua inclinação espontânea para o mal, sua incapacidade de curar sua incapacidade de fazer somente o bem, etc. Ela propõe, grosso modo, que o homem faz o que faz mais por influência externa e que, por isso, tem condições de se curar, “reprogramando-se”, tomando novas atitudes e disposições. Isso, sem dúvida, é uma falsificação da obra profunda e única do Espírito Santo. (N.T.)

4Neologismo para traduzir o termo soulical, indicando o que tem origem na alma, procede da alma, diz respeito apenas à alma. (N.T.)

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Carta de amor a uma lésbica (Jackie Hill)

Jackie Hill

Querida ______,

Apenas quero que você saiba que eu entendo.

Entendo como é estar apaixonada por uma mulher. Querer nada mais do que estar com ela para sempre. Sentindo como se o universo tivesse pregado uma peça sem graça em seu coração ao permitir que você caísse nas mãos de uma criatura que se parece exatamente como você.

Eu também era lésbica. Tinha atração pelo mesmo sexo desde os cinco anos de idade. À medida que eu crescia, esses sentimentos nunca diminuiram. Apenas cresceram. Eu me via tendo quedas pelas minhas melhores amigas, mas tinha muita vergonha para admitir para elas – e muito menos para mim.

Aos 17 anos finalmente tomei a decisão de ir atrás desses desejos. Envolvi-me em um relacionamento com uma jovem que se tornou a minha “primeira”. Na primeira vez que nos beijamos pareceu extremamente natural, como se esse sentimento fosse tudo que eu sempre quis. Depois dela veio outra mulher, e depois outra. Ambos os relacionamentos foram bastante sérios, cada um levou mais de um ano. Curti esses relacionamentos e amei muito essas mulheres. E cheguei ao ponto de desejar renunciar a tudo, inclusive a minha alma, para desfrutar do amor delas na terra.

Em Outubro de 2008, aos 19 anos, minha superficial realidade foi sacudida por um amor mais profundo – um vindo de fora, um sobre o qual eu já tinha escutado antes, mas nunca tinha experimentado. Pela primeira vez, estava convencida do meu pecado de uma maneira que me fez considerar tudo aquilo que eu amava (idolatrava), e suas consequências. Olhei para a minha vida e vi que eu havia estado apaixonada por tudo, exceto por Deus, e que essas decisões iriam, em última instância, ser a minha morte, eternamente. Meus olhos foram abertos, e comecei a acreditar em tudo o que Deus diz em sua palavra. Comecei a crer que aquilo que ele fala sobre pecado, morte e inferno era completamente verdadeiro.

E surpreendentemente, ao mesmo tempo em que a penalidade pelo meu pecado se tornava verdadeira para mim, assim foi com a preciosidade da cruz. Uma visão do Filho de Deus crucificado, suportando a ira que eu merecia, e uma tumba vazia mostrando o poder dele sobre a morte – todas as coisas que antes eu tinha ouvido sem nenhum interesse se tornaram a mais gloriosa revelação de um amor tangível.

Depois de perceber tudo o que eu teria que abrir mão, eu disse a Deus: “Não posso deixar essas coisas e pessoas pelas minhas próprias forças. Eu as amo demais. Mas eu sei que você é bom e forte o suficiente para me ajudar”.

Agora, com 23 anos, posso dizer com toda a honestidade que Deus fez exatamente isso. Ele me ajudou a amá-lo mais do que qualquer outra coisa.

Mas por que estou te contando isso? Eu te dei um vislumbre da minha história porque quero que você entenda que eu entendo. Mas também quero que você saiba que eu também entendo como é estar apaixonada pelo Criador do universo. Querer nada mais do que estar com ele para sempre. Sentir sua graça, a melhor notícia já anunciada para a humanidade. Ver seu perdão, ao ponto dele pegar um coração tão perverso em suas mãos de misericórdia.

Mas com isso em mente, estamos em uma cultura em que histórias como a minha parecem impossíveis ou hilárias, dependendo de quem está ouvindo. A homosexualidade está em todo lugar – da música à TV, até mesmos nos esportes. Se você acreditar em tudo o que a sociedade tem a dizer sobre homosexualidade, você chegaria à conclusão de que é completamente normal, de certa forma até mesmo admirável. Mas isso está longe da verdade. Deus nos diz que a homosexualidade é pecaminosa, abominável e antinatural (Levítico 18.22, 20.13; Romanos 1.18-32, 1 Coríntios 6.9-11; 1 Timóteo 1.8-10). Mas se tivermos que ser honestos, às vezes a atração homosexual pode parecer natural para mim.

Não acho que estou exagerando ao dizer que esse talvez seja seu dilema também. Você vê o que Deus diz sobre homosexualidade, mas o seu coração não pronuncia os mesmos sentimentos. A palavra de Deus diz que é pecaminoso; seu coração diz que se sente bem. A palavra de Deus diz que é abominável; seu coração diz que é agradável. A palavra de Deus diz que é antinatural; seu coração diz que é totalmente normal. Você percebe que há uma clara divisória entre aquilo que a palavra de Deus diz e o que o seu coração sente?

Então em qual voz você deve acreditar?

Houve um tempo em minha caminhada com Cristo onde experimentei muitas tentações para voltar ao lesbianismo. Essas tentações me fizeram duvidar da palavra de Deus. Minhas tentações e desejos começaram a se tornar mais reais do que a verdade da Bíblia. Enquanto eu orava e meditava nessas coisas, Deus colocou essa impressão no meu coração: “Jackie, você precisa crer que minha palavra é verdade mesmo quando ela contradiz a maneira como você se sente”. Uau! É isso! Ou eu creio na palavra dele ou creio em meus próprios sentimentos. Ou olho para ele para encontrar o prazer que minha alma anseia ou busco o prazer em coisas menores. Ou ando em obediência àquilo que ele falou ou rejeito a verdade dele como se fosse uma mentira.

A luta com a homosexualidade é uma batalha de fé. Deus é minha alegria? Ele é bom o suficiente? Ou ainda estou olhando para cisternas rachadas para matar a sede que somente ele pode satisfazer? Essa é a batalha. Essa é a batalha para mim, e para você.

A escolha é sua, minha amiga. Oro para que você coloque sua fé em Cristo e fuja das mentiras da nossa sociedade que coincidem com as vozes do seu coração – um coração que a Escritura diz que é corrupto e enganoso (Jeremias 17.9). Ao invés disso, corra para Jesus.

Você foi feita para ele (Romanos 11.36). Ele é, em última análise, tudo o que você precisa! Ele é bom e sábio (Salmos 145.9). Ele é a fonte de todo conforto (2 Coríntios 1.3). Ele é gentil e paciente (2 Pedro 3.9). Ele é reto e fiel (Salmos 33.4). Ele é santo e justo (1 João 1.9). Ele é o nosso verdadeiro Rei (Salmos 47.7). Ele é o nosso Salvador (Judas 1.25). E ele está te convidando para ser não apenas serva dele, mas também sua amiga. Se amor eterno é o que você está procurando em algum outro lugar, você está perseguindo o vento, procurando o que você nunca irá encontrar, lentamente sendo destruida pela sua busca.

Mas em Jesus, há plenitude de alegria. Em Jesus, há um relacionamento que vale tudo, porque ele é tudo. Corra para ele.

Traduzido por Alex Daher | iPródigo.com | Original aqui

 

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