Uma vida interior com Deus é o único meio para viver em público por Ele. Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substitui-Lo pelo ego. Tenho muito temor de que se manifeste um grande ativismo quando há pouca comunhão com o Senhor. Todo verdadeiro serviço deve resultar do conhecimento do próprio Cristo.
(John Nelson Darby)
Não é só nas grandes ocasiões que devemos ser fiéis à vontade de Deus; as ocasiões se sucedem, e iremos ficar surpresos ao compreender quanto nosso desenvolvimento espiritual depende das pequenas obediências.
(Madame Swetchine)
A melhor prova de que Deus nunca cessará de nos amar reside no fato de Ele nunca ter começado.
(Geerhardus Vos)
Você acredita ser convertido? Então, não espere impossibilidades desse mundo. Não suponha que virá o dia em que você não encontrará fraqueza no coração, não terá incoerência em suas orações, não haverá distrações durante a leitura bíblica, nem desejos indiferentes na adoração pública a Deus, nenhuma carne para atormentar, nem diabo para tentar, nem ciladas para lhe fazer cair. Não espere nada disso. Conversão não é perfeição! Conversão não é céu! O velho homem dentro de você ainda está vivo, o mundo ao seu redor ainda está cheio de perigos, o diabo não morreu. Lembre-se de que um pecador convertido continua sendo um pobre e fraco pecador, necessitado de Cristo a cada dia. Lembre-se disso, e você não ficará desapontado.
(J. C. Ryle)
A oração não foi estabelecida como um meio de informar a Deus aquilo de que necessitamos, mas foi projetada como nossa confissão a Ele de que estamos cônscios de nossa necessidade. Na oração, como em tudo o mais, os pensamentos de Deus não são os nossos. Ele requer que Seus dons e Suas dádivas sejam procurados, que nos empenhemos em buscá-los. Ele é honrado quando pedimos, da mesma forma que devemos agradecer-Lhe assim que nos concede Sua bênção.
(A. W. Pink)
Cristo habita naquele coração que mais eminentemente se esvaziou de si mesmo.
(Thomas Brooks)
Enquanto a liderança espiritual não voltar a ser ocupada por homens que preferem a obscuridade, continuaremos a presenciar uma constante deterioração da qualidade do cristianismo popular, e possivelmente chegaremos ao ponto em que o Espírito Santo, entristecido, se retirará, como a glória de Deus se apartou do templo.
Quando você se encontrou desocupado, logo o Diabo bateu em sua porta e entrou. E, na realidade, isso não é de se estranhar: tudo no mundo ao nosso redor parece nos ensinar a mesma lição. É a água parada que se torna estagnada e impura: os riachos de água corrente estão sempre limpos. Se você possui uma máquina a vapor, precisa fazê-la movimentar-se, ou então ela logo deixará de funcionar. Se você tem um cavalo, precisa exercitá-lo. Ele nunca estará tão bem como quando exerce um trabalho regular. Se você mesmo deseja ter boa saúde física, você precisa se exercitar. Se você ficar sempre sentado e parado, mais cedo ou mais tarde é certo que o seu corpo reclamará. E assim também é com a alma. A mente ativa e movimentada é um alvo difícil para o Diabo acertar com seus dardos. Tente se encher sempre de serviços úteis; assim seu inimigo achará difícil encontrar lugar para semear ervas daninhas.
(J. C. Ryle)
O que é a igreja? No livro de Apocalipse, as sete igrejas são apresentadas como sete candeeiros de ouro (1.20). Um candeeiro, por sua vez, não é um objeto com fim em si mesmo. O propósito de um candeeiro é sustentar a luz de modo que todos possam vê-la. Da mesma forma, a igreja não existe para si própria, ela não é um fim em si mesma, mas é um meio para que o objetivo seja alcançado. O objetivo da igreja é sustentar o testemunho de Jesus de modo que todos possam vê-Lo, de modo que todos possam ver a luz. E, se a igreja falhar em expressar, manifestar a luz do testemunho de Jesus, então, ela terá falhado em sua missão. A igreja não tem como objetivo final atrair as pessoas para si mesma; a igreja tem como objetivo conduzir as pessoas a Cristo.
(Stephen Kaung)
O plano de Deus sempre triunfa, apesar dos contratempos que o povo sofre, da oposição dos seus inimigos e da fraqueza humana.
(Paul Hoff)
Aprendi a amar o escuro da tristeza, porque ali vejo o brilho de Sua face.
(Madame Guyon)
O segredo jaz exatamente aqui: que nossa vontade, que é a fonte de todas as nossas ações, esteve no passado sob o controle do pecado e do eu, os quais operaram em nós todo bom prazer deles. Mas agora Deus apela para que submetamos nossa vontade a Ele, a fim de que Ele possa controlá-la e operar em nós o querer e o efetuar de Seu bom prazer. Se obedecermos a esse apelo, e nos apresentarmos a Ele como um sacrifício vivo, Ele tomará posse de nossa vontade submissa e começará logo a operar em nós “o que é agradável a Sua vista, por Jesus Cristo”, dando-nos a mente de Cristo e nos transformando conforme a Sua imagem (Rm 12.1,2).
(Hanna W. Smith)
Viver mediante regras e ritos não é ser cristão; é ser religioso. O cristianismo não é uma religião que dependa de fórmulas para obter o favor divino, mas é, antes, um relacionamento dinâmico com Deus mediante Jesus Cristo.
(Malcolm Smith)
O crente em união com Deus descansa dos argumentos. É difícil para a alma reprimir a argumentação enquanto está alienada de Deus. Ela argumenta porque perdeu o Deus da razão. O crente verdadeiramente restaurado cessa da argumentação viciosa e complicada da natureza. A verdadeira sabedoria é desejar conhecer tudo aquilo que Deus deseja que conheçamos; é empregar nossa faculdade de percepção e raciocínio sob a direção divina e não buscar nada além desse limite. Você que busca a verdade, tendo exercitado sua razão até descobrir que não existe paz nela, descanse no Deus da razão. O que você não sabe, Deus sabe. Ande com os olhos vendados e Deus, com Sua mão, guiará você.
Se já morremos com Ele, não pode haver nenhuma dificuldade. Nossa face deve estar a todo momento voltada para Jerusalém. Durante toda a vida do Senhor, Ele aprendeu a lição de obediência. Por meio do sofrimento, Ele aprendeu obediência. Assim, também nós deveríamos nos armar com a disposição para sofrer.
(C. H. Yu, irmão chinês, quando em uma prisão comunista)
Esteja mais desejoso de ajuda interior e livramento do que da remoção da mão de Deus, quando Ele lançar aflição sobre você.
(Robert Chapman)
A incredulidade coloca as circunstâncias entre nós e Cristo, de modo a não vê-Lo, como os discípulos que não O conheceram através da cerração e gritaram de medo. A fé põe Cristo entre nós e as circunstâncias, de modo a não vê-las, por causa da glória daquela luz.
(F. B. Meyer)
O Sermão do Monte indica que o único direito em que o santo insiste é o direito de entregar os seus direitos.
(Oswald Chambers)
A vontade de Deus e a minha felicidade são sinônimos.
(Evan Hopkins)
Até a morte, terei empregado tudo o que existe em mim para amá-Lo.
(Irmão Lawrence)
Não há ganho algum, senão por uma perda;
Não há salvação, senão por uma cruz.
O grão de trigo, para multiplicar-se,
Precisa cair na terra e morrer.
Onde quer que você contemple campos maduros
Acenando a Deus suas copas douradas,
Esteja certo de que algum grão de trigo morreu,
Alguma alma foi ali crucificada;
Alguém lutou, chorou e orou,
E, impávido, legiões do inferno combateu.
Aquele que não se prepara para a morte é mais do que um tolo qualquer. É um louco.
(Charlos H. Spurgeon)
Os mandamentos que recebemos de nosso Senhor ou dos apóstolos não podem ser negligenciados nem ignorados por cristãos sérios e comprometidos. Deus nunca ensinou que devíamos ponderar Seus desejos e Seus mandamentos para nós, tomando por base nosso próprio julgamento e, então, decidir o que queremos fazer a respeito deles.
(A. W. Tozer)
Você que se encontra em grande prova e tentação não precisa desejar uma trilha mais fácil, pois pode ser que você, que está de guarda no meio dessa tentação, esteja mais seguro agora do que os que não são ferozmente provados e estão correndo o perigo da preguiça e da indiferença espiritual. As frias montanhas da prova podem ser mais seguras do que as tentadoras planícies do prazer.
(Charles H. Spurgeon)
Cuidado se você tem muito desejo de aprender com homens e não muito desejo de ficar calado diante de Deus. Concentrado apenas em bons livros, você aprende seus ensinos, mas não cria em você o que Deus criou no autor deles. Podemos papagaiar a Glória de Deus, repetindo o que lemos e ouvimos, mas sem autoridade para falar dela.
(Paul Washer)
Invoco a Deus como testemunha, para o dia em que deva comparecer ante nosso Senhor Jesus, que nunca alterei nem sequer uma sílaba da Palavra de Deus contra minha consciência, nem o faria hoje, ainda que me entregassem tudo quanto nesta terra há, seja honra, prazeres ou riquezas.
(William Tyndale)
Um bom cristão bendirá a Deus não apenas no amanhecer, mas também no pôr do sol. Que tenhamos seguramente, na pior circunstância que nos sobrevier, um salmo de gratidão, porque todas as coisas cooperam para o bem. Oh, que sejamos frequentes em bendizer a Deus! Nós daremos graças a Ele que nos trata sempre com favor.
(Thomas Watson)
A aflição nos ensina a conhecermos a nós mesmos. Na prosperidade, somos, na maioria das vezes, estranhos a nós mesmos. Deus nos aflige para que possamos nos conhecer melhor. É em tempo de aflições que vemos aquela corrupção em nosso coração que não acreditaríamos que estava lá. A água parece limpa num copo, mas, ponha-a no fogo, e sua impureza vai fervilhar. Na prosperidade, um homem parece ser humilde e grato, a água parece limpa; mas, ponha esse homem um pouco no fogo da aflição, e suas impurezas começam a fervilhar; muita impaciência e incredulidade começam a aparecer. “Oh”, diz um cristão, “eu nunca pensei que tinha um coração tão mau! Agora eu vejo que tenho! Eu nunca pensei que minhas corrupções fossem tão fortes e minhas virtudes, tão fracas!”
Por que alguns cristãos, apesar de ouvirem mil bons sermões, não têm avanço na vida espiritual? Porque eles negligenciam sua obrigação, seu quarto fechado, a solidão com Deus […] eles não meditam no que ouviram. Eles “amam” o trigo, mas não moê-lo. Eles querem o milho, mas não irão ao campo colhê-lo. O fruto está pendurado, mas eles não vão estender a mão. A água está fluindo em seus pés, mas eles não vão se inclinar para beber […] irão reclamar porque outros não fazem isso para eles. De tal loucura livrai-nos, ó Deus!
(Charles H. Spurgeon)
[Oro] algumas horas todos os dias. E ainda vivo no espírito de oração; oro enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a orar até a receber. Nunca deixo de orar!
(George Müller)
Ainda que eu seja o principal dos pecadores
Jesus derramou Seu sangue por mim;
Morreu para que eu vivesse a vida sublime,
E vive para que eu jamais morra.
(William McComb)
O Calvário é a prova objetiva, absoluta e irrefutável do amor de Deus por nós.
(Jerry Bridges)
Oração é a mais elevada atividade da alma humana e, portanto, é, ao mesmo tempo, o teste definitivo da verdadeira condição espiritual do homem – não há nada como a vida de oração para falar a verdade sobre nós, como cristãos. Tudo o que fazemos na vida cristã é mais fácil que a oração.
(Martin Lloyd-Jones)
Cada homem obedece a Cristo na medida em que O considera Cristo, e de nenhuma outra maneira.
(Thomas Brooks)
O que o Senhor disse quanto a carregar a cruz e obedecer não está no rodapé. Está em negrito, bem na capa do contrato.
Deus nos vê como somos, nos ama como somos e nos aceita como somos. Mas, por Sua graça, Ele não nos deixa como somos.
(Tim Keller)
A Lei de Deus não nos restringe, mas nos direciona. Obediência é sempre um convite à alegria.
(R. C. Sproul Jr)
Em nossas instabilidades de sentimentos, é bom lembrar que Jesus não tem mudanças em Suas afeições; nosso coração não é a bússola pela qual Jesus navega.
(Samuel Rutherford)
Nunca estamos mais perto de Cristo do que quando nos encontramos perdidos, maravilhados com Seu amor indizível.
(John Owen)
Se eu pudesse ouvir Cristo intercedendo por mim no quarto ao lado, não temeria um milhão de inimigos. No entanto, a distância não faz diferença: Ele está intercedendo por mim!
(Robert Murray M’Cheyne)
Quando atiramos uma flecha, ficamos olhando onde ela cairá; quando enviamos um navio ao mar, esperamos seu retorno; e quando lançamos uma semente, esperamos a colheita. Assim também, quando semeamos nossas orações no coração de Deus, não devemos esperar uma resposta?
(Richard Sibbes)
Cristo não irá guardar-nos se nos colocarmos descuidada e temerariamente no caminho da tentação.
(F. B. Meyer)
Satanás nunca coloca diante dos homens um prato que eles não apreciem.
“Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra aguilhões” (At 26.14).
Essas palavras foram ditas pelo Senhor a Paulo na estrada de Damasco. A expressão “recalcitrar contra os aguilhões” era um provérbio rústico extraído da vida agrícola e usado pelos gregos para indicar resistência manifesta a um poder superior. O aguilhão é um instrumento empregado para dirigir os bois. Consiste de uma vara de cerca de dois metros de comprimento, pontiaguda, algumas vezes revestida de ferro na ponta. Quando era colocado na canga pela primeira vez, o boi ainda jovem geralmente se ressentia dela e tentava fugir. Se estivesse jungido a um arado dirigido com uma só mão, o lavrador levava na outra um aguilhão que mantinha próximo aos cascos do boi, e, sempre que este escoiceava, a ponta o feria cada vez mais profundamente. O boi tinha de aprender a submeter-se ao jugo da maneira mais difícil, como aconteceu com Paulo.
Com essa ideia como pano de fundo, podemos extrair uma preciosa lição do que o Senhor aparentemente disse a Paulo naquele dia. Foi algo como isto: “Submeta-se a Meu jugo e faça Minha obra em Meu campo! Saulo, você sempre se ressentiu desse chamado porque sempre desejou seguir seu próprio caminho! Saiba perfeitamente que Meu caminho é contrário ao seu, e Minha obra, contrária a sua. Essa é a razão porque uso hoje o aguilhão em você. Apesar de Me ter rejeitado muitas vezes, deve ter agora compreendido que é na verdade difícil protestar contra o aguilhão. Saulo, você se rende agora? Está muito ferido? Já teve o suficiente, não é? Você está disposto a submeter-se a Mim incondicionalmente doravante, para que Eu possa guiá-lo e dominá-lo, e a fim de que Minha vontade seja feita por seu intermédio?”
A oração é um instrumento poderoso, não para fazer com que a vontade do homem seja feita no céu, mas para fazer com que a vontade de Deus seja feita na terra.
(Robert Law)
A vida do cristão não deve ser nada mais do que uma representação visível de Cristo.
(Thomas Brooks)
Se Satanás ousou utilizar as Escrituras para tentar nosso Senhor, não terá escrúpulos em usá-las para enganar os homens.
(Donald MacLeod)
Oração e vida santa são uma só coisa. Elas agem e reagem mutuamente. Nenhuma delas pode sobreviver sozinha. A ausência de uma implica a ausência da outra.
(E. M. Bounds)
A esperança nunca vai mal quando a fé vai bem.
(John Bunyan)
Quem contemplou de fato a cruz de Cristo não pode jamais falar de casos sem esperança.
(G. Campbell Morgan)
Para escapar ao erro da salvação pelas obras, temos caído no erro oposto da salvação sem obediência.
(A. W. Tozer)
Os auto-suficientes não oram; os auto-satisfeitos não querem orar; os auto-justificados não conseguem orar.
(Leonard Ravenhill)
Um coração orgulhoso e um monte elevado são sempre estéreis.
Como manter uma comunhão ininterrupta com Deus é a grande pergunta em muitos corações. Pois a nova vida espiritual, dada a nós quando recebemos o Senhor Jesus (Jo 1.12), só pode ser sustentada por comunhão constante com Deus, que é a sua fonte – assim como ocorre na esfera física: precisamos respirar uma vez e outra vez e ainda mais uma vez a fim de continuarmos vivendo.
Há muito que o bebê tem de aprender enquanto cresce, mas uma coisa antes de todas as demais ele deve fazer: deve respirar! Assim é com os filhos do Senhor: eles têm muito para aprender, e Ele tem muito para fazer no treinamento deles, mas, acima de todas as coisas, eles também devem respirar: respirar na nova vida, dia após dia, em comunhão com Ele. Eles devem, portanto, aprender como viver nessa viva união e comunicação com Ele, e Ele os conduzirá em outras questões de modo gentil, conforme forem capazes de suportar.
A palavra comunhão
O dicionário dá o significado da palavra comunhão como “conversa, intercâmbio de pensamento”, e descreve a comunhão como o ato de “consultar, conversar ou falar com outro”. Isto é o que a comunhão com Deus realmente significa: uma “consulta” incessante a Ele, uma abençoada conversa sobre todos os problemas e dificuldades que nos vêm em nossa peregrinação por este mundo mau de hoje.
O profeta Amós escreveu: “Podem dois caminhar juntos a menos que combinem [ou, marquem um encontro]?” (Am 3.3).
Deus marca um encontro para se reunir com o pecador na cruz do Calvário, e a conversa deve começar lá. Por natureza estamos em inimizade com Deus, mas Deus estava em Cristo reconciliando o mundo com Ele mesmo, e a paz foi feita pelo sangue na Cruz de Jesus (Cl 1.20). Assim, tudo está claro do lado de Deus, e Ele lança um apelo a Seus inimigos e marca um encontro para reunir-se com eles no Calvário, o lugar da reconciliação.
Como o Senhor Jesus pode viver em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?
O lugar chamado Calvário
É aqui, à plena vista deste sacrifício maravilhoso do Filho de Deus (Hb 9.26), que Ele nos traz para o acordo Consigo mesmo. No início, são-nos mostrados nossos pecados pregados no madeiro com Seu Filho (1Pe 2.24), mas a salvação inclui muito mais do que isso. Devemos ser poupados de anos de lutas e fracassos se aprendemos de imediato, como aconteceu com os convertidos nos dias de Paulo, o apóstolo, que nós mesmos fomos mortos na morte de Cristo. O passado foi apagado, o pecador perdoado foi considerado crucificado com o Senhor crucificado, a partir dali unido a Ele e participando de Sua vida. Isso é de fato salvação! “Salvo por compartilhar de Sua vida” (Rm 5.10, Conybeare).
A vontade rendida
Para que essa salvação gloriosa seja percebida em toda a profundidade de seu significado, é necessário que nos rendamos inteiramente a Deus (6.13). Como podemos ser libertados da escravidão do ego e do pecado, se retivermos alguma coisa para o ego? Como pode o Senhor Jesus habitar em nós e manifestar Sua própria vida em nós, se não damos o trono inteiramente a Ele?
Nossa vontade é tudo o que realmente temos de dar para nosso querido Senhor. Ele faz toda a obra se nós apenas O deixamos ter o direito absoluto da direção. Não podemos nem nos salvar nem nos livrar de nossos pecados, nem do ego de forma alguma. Ele nos remiu na cruz do Calvário e fará a obra em nós, se dermos a Ele o controle total. Ele apenas nos pede decisivamente que nos coloquemos do lado Dele contra tudo em nós e em nossa vida do que Ele deve nos colocar em liberdade (2Co 6.14-18).
Em resumo, devemos entregar-nos irrevogavelmente a Suas mãos, para que Ele faça de nós o que Lhe agrada; por Sua graça deve resolutamente dizer: “Sim, Senhor”, para cada indicação de Sua vontade.
O Espírito de Cristo que em nós habita
Quando rendemos a Ele todo o nosso ser, o Espírito Santo toma posse do coração e o limpa de seus velhos desejos (At 15.9) e revela o Cristo vivo como o habitante do que se rende, vivendo no espírito do redimido filho de Deus por Seu Espírito, para que possamos contar daqui por diante com “a provisão do Espírito de Jesus” (Fp 1.19) para todas as nossas necessidades.
O caminhar em feliz conversação começou. O próprio Pai nos ama, porque amamos Seu Filho (Jo 16.27), e Ele conversa com Seus filhos, sussurrando: “Viverei neles e neles andarei” (2Co 6.16).
O ponto mais importante nesse abençoado caminhar com Jesus é que não deve haver nenhuma falha na comunhão.
Depois do primeiro “acordo” com Deus, há muito o que aprender, e não devemos ser desencorajados ou acovardados se não entendermos de imediato como andar com Ele fielmente.
Condições para a comunhão
Vamos ver algumas condições para a manutenção da comunhão.
1. Devemos cuidar para dar ao Senhor de fato os primeiros momentos do dia para consultá-Lo sobre nossa vida
O Senhor precisa de tempo para soprar Sua vida em nós e falar conosco sobre Seus propósitos para nós como revelados em Sua Palavra. Deixe que a primeira meia hora, ou uma hora, do dia, se isso for possível, seja uma real comunhão de coração.
Vamos entrar em Sua presença e sentar aos pés de nosso Pai, aproximando-nos Dele com coração verdadeiro na plena certeza de fé, pois podemos contar com o acesso imediato mediante o sangue precioso de Jesus (Hb 10.19,20), tendo “ousadia para entrar no santo dos santos” por meio Dele.
Tendo entrado na presença do Pai pela fé, abra a Palavra escrita e peça a seu Pai para falar-lhe por meio dela. Volte a sua porção para aquele dia e a leia, não tanto para estudá-la quanto para escutar o que Deus, o Senhor, lhe dirá por ela.
Fale com seu Pai sobre ela, peça-Lhe para revelar seu significado, que alerta ela tem para você. Que repreensão? Que ordem? Que consolação? Enquanto você lê Sua carta, responda a Ele dizendo-Lhe que obedecerá assim que souber como; que confiará Nele para cuidar de você, para guardá-lo durante o dia que está começando. Então, derrame o desejo de seu coração diante Dele, seu desejo profundo de conhecê-Lo melhor e de ser Seu filho obediente.
2. Devemos nos alimentar da comida celestial provida a nós na Palavra do Deus (Mt 4.4)
Há uma vasta diferença entre alimentar-nos espiritualmente da Palavra do Deus (Jr 15.16) e estudá-la com o intelecto. Muitos gastam todo o tempo buscando entender todas as “coisas difíceis de serem entendidas” (2Pe 3.16), ou alimentando a mente curiosa com todos os problemas que podem encontrar, para que sua alma fique de fato faminta em meio da abundância. No horário da manhã, devemos aprender a tomar nosso desjejum espiritual (Jó 23.12).
Lembre-se de que oEspírito Santo é o autor do Livro; portanto, antes de lê-lo, reconheça a presença do Autor, fale com Ele e peça-Lhe para abrir seus olhos a fim de ver coisas maravilhosas na lei Dele.
Podemos pensar na Bíblia como um depósito de comida armazenada para os filhos de Deus durante sua peregrinação na terra, e podemos conhecer a porção que Deus proveu para nossa refeição matinal pelas passagens que são claras e simples para nós, já que o Espírito Santo distribui a cada um segundo sua necessidade e capacidade. Vamos ser como criancinhas e tomar o alimento que é conveniente para nós. Ao chegarmos às “palavras difíceis”, deixemo-las de lado, pois elas fazem parte do alimento sólido (Hb .14), provido para nossas necessidades nos anos futuros, quando formos filhos de Deus plenamente amadurecidos.
Vamos procurar por Deus em Sua Palavra, mais do que por conhecimento sobre Ele, e Ele vai nos revelar a Si mesmo cada vez mais. Ele nos ensinará como estudar Sua Palavra a fim de ganharmos o conhecimento exato dela, mas, principalmente, o que é realmente nosso é somente aquilo que somos capazes de assimilar e viver na vida diária.
3. Devemos aprender a viver momento a momento
Como temos visto, a comunhão com Deus se parece muito com a respiração: só pode ser mantida apenas um momento de cada vez. Devemos recusar a olhar para trás ou para frente, por mais que o inimigo possa nos tentar a assim fazê-lo. Vãs remorsos do passado e temores vagos pelo futuro nos atormentarão a mente o bastante para quebrar nossa comunhão com Deus.
A mente não pode estar ocupada com dois assuntos ao mesmo tempo; por isso, temos de confiar em nosso Senhor para nos guardar permanentemente, até mesmo inconscientemente, enquanto damos nossa atenção completamente a nosso dever em fazer todas as coisas a Seu modo (Cl 3.23).
Mas suponhamos que saibamos ter errado: não deveríamos consertá-lo?
“Comungar” significa consultar-se com o Senhor. Faça isto imediatamente! Dê todos os “erros” reais e até os aparentes imediatamente a Ele. Quando você expuser sua causa diante Dele, peça a Ele para lhe mostrar tudo que deseja que você faça, algum passo que você tenha de refazer.
Se Ele lhe mostrar algo acerca de outra pessoa com quem você tenha errado, Sua Palavra é clara: “Confessai as vossas culpas uns aos outros” (Tg 5.16; ver também Mt 5.23; 18.15).
Isto é sempre necessário para não quebrar a comunhão: uma consciência livre de ofensa para com o homem bem como para com Deus (At 24.16)! Se nenhuma luz especial for dada, deixe todo o assunto com seu Senhor; Ele promete que “Sua glória [presença] será a tua recompensa” (Is 58.8). Ele pode organizar e endireitar tudo que está atrás de você bem como as coisas tortas diante de você. O passado e o futuro estão sob o Seu controle.
4. Devemos estar atentos em não ter nenhuma quebra na comunhão
Se estivermos de fato na caminhada com Deus, veremos que o abençoado Espírito nos faz cada vez mais sensíveis a qualquer brecha nessa santa amizade. Quando estamos conscientes de um fracasso real, devemos voar imediatamente para o trono da graça e nos lançar pela fé na presença de nosso Deus Pai (ver Hb 10.19,20), tendo assegurado o acesso por causa do sangue precioso de Jesus. Oh, precisamos entender mais e mais que viemos a Jesus, o Mediador, e ao sangue da aspersão que fala eternamente por nós no céu (12.22-24)! Somente Seu sangue nos dá a entrada à presença do Pai, não nossa experiência, não nossa obediência, nada, nada a não ser o sangue precioso.
5. Devemos tratar rapidamente com a falha
Não é fácil ir imediatamente a Deus quando conscientes de termos falhado. De fato, a batalha se volta mais sobre este ponto, pois, assim que vamos, somos salvos no próprio ir. O diabo, nossa consciência, nossa vergonha e nosso remorso combinam-se para nos manter longe. Temos um sentimento de que deveríamos primeiro ser “miseráveis” durante algumas horas! Parece tão presunçoso levar o pecado à luz, ousar correr para Deus imediatamente; e, contudo, se nós retardarmos, sabemos que uma queda é apenas a precursora de muitas. O pecado será a mesma coisa horrível e pior três horas mais tarde.
O caminho da vitória na hora da derrota é levantar imediatamente e ir ao Pai, dizendo: “Pai, pequei”, sabendo que está escrito: “E Eu disse: Depois que fizer tudo isto, voltará para Mim […] Somente reconhece a tua iniqüidade […]” (Jr 3.7,13).
É da confissão franca e imediata a Deus que o diabo procura nos afastar e, como não conhecemos bem nosso Pai nos primeiros dias, muitas vezes ele tem sucesso e ficamos afastados de Deus; até em amarga tristeza somos conduzidos para trás.
Veja aquele pobre jovem! Ele havia caído na lama e suas roupas estavam imundas. Talvez tenha sentado na lama e dito: “Eu jamais conseguirei me erguer e manter minhas vestes brancas!”
Não, filhinho do Pai, o desânimo e o lamento só aumentam seu pecado. Levante-se e volte para seu Pai, clamando pelo sangue precioso, pois “quando ainda estava longe, o seu pai o viu, e, movido de íntima compaixão, correndo, lançou-se ao pescoço e o beijou” (Lc 15.20).
Devemos, contudo, nesse ponto, enfatizar que a transgressão e a restauração constantes não são o objetivo de Deus para os Seus remidos.
6. Devemos esperar não cair
Não devemos esperar cair muitas vezes no mesmo pecado, pois o Senhor vivo (Hb 7.25) é capaz de nos guardar de tropeçar (Jd 24). Uma quebra na comunhão mostra que a alma está fora do poder guardador de Deus, e, quando ela vai ao Senhor para restauração, deve esperar diante Dele para saber a causa de sua transgressão: provavelmente algum passo fora da vontade de Deus, pois somente no caminho de Sua vontade Deus se compromete a guardar-nos.
Está escrito: “Se andarmos na luz, como Ele está na luz […] o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos limpa de todo o pecado” (1Jo 1.7). À parte da confissão definida, quando estamos conscientes do fracasso definido, precisamos da aplicação contínua do sangue precioso para manter a comunhão límpida com Deus (1Pe 1.2), e podemos contar com isso se andarmos na luz. Isso está explicado em João 3.21: “Quem pratica a verdade vem para a luz, para que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (ver tb. Ef 5.3).
O sangue de Jesus limpa (gr., continua a limpar) se incessantemente vivermos sob o holofote de Deus, desejando sinceramente que Ele teste (1Ts 2.4) nossa vida, já que toda a obra é feita por Ele e Nele para Sua glória.
Mas e se estivermos conscientes de que há algo bloqueando a comunhão e não soubermos a causa?
Mais uma vez, o remédio é consultar o Senhor. Vá uma vez mais ao trono da graça e peça à Fiel Testemunha (Ap 3.14) para dizer-lhe a verdade e mostrar-lhe o que está errado. Confie que o bendito Espírito irá aplicar o sangue da aspersão, e, enquanto você aguarda, se nada específico é trazido a sua mente, deixe tudo com Deus e siga em calma confiança e descanse sob o sangue purificador. Cuide para não ficar morbidamente ocupado consigo mesmo, pois isso é introspecção, e, se você voltar-se para si mesmo, perderá a comunhão com o Senhor.
Alguém pode dizer: “Sim, eu volto imediatamente a Deus quando estou consciente de ter falhado, e confesso, mas não há a imediata restauração da paz e a consciência da comunhão”. Pode haver uma ou duas razões para isso.
Não conhecemos suficientemente a eficácia do sangue precioso para trazer-nos a certeza da paz. É mesmo possível que possamos, inconscientemente, estar confiando mais em nossa confissão do que na operação de Deus pelo Espírito Santo. Não é a confissão, mas a aplicação do sangue purificador pelo Espírito Santo que restaura imediatamente a comunhão quebrada com Deus. A confissão do pecado é o lado humano, a condição necessária para Deus cumprir Sua parte de perdão e purificação.
Quando pecamos contra o Senhor, e O buscamos para o perdão, devemos nos deixar humildemente em Sua mão para que Ele nos trate como achar apropriado. Ele conhece nosso caráter, e para alguns de nós poderia parecer que o pecado não é tão excessivamente pecaminoso se Ele rapidamente restaurasse o gozo de nossa salvação (Sl 51.12). Pode até ser possível que confessemos nosso fracasso com a tristeza pela perda da alegria, e não com a tristeza por causar dor a Ele. Ele precisa ensinar a Seus filhos quão pecaminoso é o pecado, e fazê-los entender quanto Ele é ofendido (Ef 4.30), muito embora o sangue precioso nos limpe e estejamos novamente em comunhão com Ele (ver Mq 7.7-9).
7. Devemos andar em obediência direta à luz
Se devemos andar em comunhão com o Senhor, é razoável que Ele espere que obedeçamos à toda luz que Ele nos dá, e podemos tomar Dele o espírito de obediência para nos capacitar a obedecer (Ez 36.27). “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando” (Jo 1.14), Ele disse a Seus discípulos, e a amizade com Jesus deve significar que nos alegramos em cumprir cada desejo Dele.
Se andarmos em obediência no que é de nosso conhecimento, podemos certamente confiar que o fiel Senhor nos parará no momento em que nos vê perto de dar um passo incorreto (Is 30.21). Deve ser dito, como regra, que a marca de andar no caminho da vontade de Deus é um profundo descanso de coração.
É melhor nunca agir quando estivermos em qualquer condição agitada ou apressada da mente; por isso, temos de cultivar a tranqüilidade de espírito e a consciência da presença do Espírito de nosso invisível Amigo.
8. Devemos nos lembrar que a tentação não é pecado
O adversário faz disso sua ocupação para cortar a comunicação entre a alma e o Senhor. Ele ajusta suas táticas àquele que está atacando e atormenta as almas sensíveis procurando mantê-las em constante condenação (veja suas razões em 1Jo 3.21,22) a uma suposta desobediência ou falta de rendição. Se algum passo de obediência é sugerido, e a alma recuar, o maligno de imediato dirá: “Não está rendida!”
O remédio para isso é, mais uma vez, o mesmo: consultar-se com o Senhor.
Enfrente todas as acusações de falta de rendição pela entrega definitiva ao Senhor do ponto específico em questão. Diga-Lhe que Ele sabe que você vai obedecer se puder ter certeza de Sua vontade, e, então, descanse na fidelidade de seu Deus Pai para tornar claro o caminho para você. Ele não espera que Seu filho obedeça sem conhecimento claro da mente do Pai. Sempre que há uma dúvida, é sempre bom submeter o assunto a Deus e esperar, certo de que Ele se encarrega disso.
A tentação não é pecado. Alguém utilmente definiu a verdadeira transgressão como o sim da vontade à tentação. Se a vontade imediatamente rejeita qualquer sugestão maligna, o tentador foi frustrado em seu ataque, embora mesmo nessa situação seja mais seguro buscar de imediato que o Espírito Santo aplique o sangue de Cristo – tão delicada é a comunhão com Deus.
É da maior importância que aprendamos a viver na vontade, e não no campo de nossos sentimentos. A vontade é o ego, a verdadeira pessoa, e é mediante o poder central da vontade que Deus nos controla.
Em todos os ataques da tentação, seja ela súbita ou aguçada, mantenha a calma. Mesmo que multidões de pensamentos terríveis sejam derramadas por sua mente, volte-se de pronto para seu Senhor, e silenciosamente estabeleça diante Dele sua atitude com respeito a todas essas coisas. “Vou escolhê-las ou recusá-las?” “Eu as rejeito!”; então, graças a Deus!, é vitória; o inimigo é posto em fuga.
Por fim, não vamos desonrar nosso Senhor pensando que toda coisa desagradável deve ser Sua vontade. Se estivermos realmente rendidos a Ele, procurando fazer Sua vontade e andando com Ele em comunhão e obediência, tanto quanto pudermos, experimentaremos o que Ele disse: “É Deus que opera em vós tanto o querer como o efetuar” (Fp 2.13). “Porei as Minhas leis em seus corações, e lhes escreverei em suas mentes” (Hb 10.16).
Contanto que em nossa vontade estejamos firmemente decididos a obedecer a Ele, e confiamos a Ele cada momento para nos impedir da busca própria e da auto-indulgência em todas as formas, podemos confiar Nele para inclinar o nosso coração para guardar Sua lei.
Assim, comprovaremos realmente que Seus mandamentos não são penosos e veremos que Seu jugo é suave e Seu fardo é leve.
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós” (2Co 13.14).
Um pequeno feixe da vontade de Deus está sempre atado a cada hora.
(F. W. Faber)
Aquele que crê no Senhor não se preocupa com o amanhã, mas labuta alegremente com o coração sereno.
(Martinho Lutero)
Antes que nosso conhecimento possa ser de muito proveito para outros, deve tornar-se um canal de comunhão secreta entre nossa própria alma e Deus.
(Robert C. Chapman)
A fé são os pés que nos levam a Jesus. Pés aleijados ainda são pés. Aquele que vem vagarosamente, de alguma forma vem.
(George Müller)
Aqueles que apreciam a graça com mais profundidade não continuam no pecado. Além disso, o medo produz a obediência dos escravos; o amor gera a obediência dos filhos.
(J. W. Sanderson Jr.)
Devemos nos aproximar da Palavra de Deus não apenas com fé e com amor, mas com o desejo de obedecer.
(Ruth Paxon)
O evangelho tem de ser antagonista a tudo o que é contrário a Deus.
O caminho para uma nova unção de poder, tanto individual como coletiva, poderia ser como segue: em primeiro lugar, renunciar a todo pecado conhecido; em segundo lugar, confessar com pesar por termos fracassado, lamentavelmente, satisfeitos por longos anos com o status quo; em terceiro lugar, buscar a face do Senhor em fervorosa oração; e, finalmente, estudar diligentemente a Bíblia, a fim de descobrir as promessas de Deus para esta geração perdida e para as necessidades das igrejas.
(Leonard Ravenhill)
Se você parar de buscar satisfação em Deus, você vai parar de amar as pessoas.
(John Piper)
Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, nosso coração é quebrantado, não pode ser duro, e não podemos negar o perdão.
(Martyn Lloyd-Jones)
Em todos os nossos pensamentos acerca de Cristo, nunca esqueçamos de Sua segunda vinda.
(J. C. Ryle)
A felicidade não consiste em possuir aquelas coisas que não podem consolar a um homem em seu leito de morte.
(Thomas Brooks)
Os que se afastam de Deus nunca podem achar repouso em nenhuma outra parte.
(Mathew Henry)
Ouvir mandamentos e deixar de lhes obedecer é infinitamente pior do que nunca os ter ouvido, especialmente à luz do iminente retorno de Cristo e Seu juízo vindouro.
“Que é a verdade?” (Jo 18.38). Pilatos, com a consciência intranqüila, tendo feito essa pergunta a Jesus e sem esperar pela resposta, saiu para tentar desviar o povo de suas intenções homicidas. Todos estavam sob o poder de Satanás, pai da mentira e homicida desde o princípio (8.44). Pouco depois, o povo gritou: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
A pergunta permanece. Em todos os tempos, os sábios da terra têm tentado em vão respondê-la apenas com os recursos de sua mente. Essa pergunta deveria atormentar cada vez mais o mundo, se seu chefe não o seduzisse a fim de arrastá-lo para o juízo eterno.
Mas há uma resposta para toda alma que se inclina, pela fé, diante da tríplice declaração de Jesus:
“Eu sou […] a verdade” (14.6).
“Tua Palavra é a verdade” (17.17).
“O Espírito é a verdade” (1Jo 5.6).
Aquele que crê em Jesus Cristo, por quem veio a verdade:
é libertado do domínio de Satanás e dos enganos dos homens: “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Ef 4.14).
conhece a verdade, e esta o liberta: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.32).
está no Verdadeiro: “Sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1Jo 5.20).
a verdade está nele e ele está na verdade: “Por amor da verdade que está em nós, e para sempre estará conosco” (2Jo 2). “Disse-lhe, pois, Pilatos: ‘Logo, tu és rei?’ Jesus respondeu: ‘Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz’.” (Jo 18.37).
anda na verdade: “Muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade” (3Jo 3).
escuta a voz de Jesus, a voz da verdade: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem” (Jo 10.27).
Que graça, portanto, crer na verdade! Todos os que não crêem na verdade, mas se comprazem com a mentira, serão condenados (2Ts 2.12).
Como comprar a verdade?
Essa compra exclui, é importante dizer, a idéia de um preço que há de ser pago, de uma soma que se há de desembolsar. A prata não é pesada para comprar a verdade (Jó 28.15); nenhum recurso humano permite sua aquisição. Só a fé permite possuí-la, com a salvação que Deus dá em Jesus, seu dom inefável (2Co 9.15).
Então, nenhum sacrifício é necessário para essa bem-aventurada aquisição? Por certo que é! Primeiramente, uma renúncia de todo o ser, que se submete, segundo a obediência da fé (Rm 16.26), à ação do Espírito da verdade. Então, por Sua própria vontade, Deus opera na alma esse nascimento pela palavra da verdade (Tg 1.18). É a conversão.
Pensemos no apóstolo Paulo, interpelado por Cristo no caminho para Damasco. Se conhecemos nosso coração um pouco, compreenderemos o sentido da frase do Senhor: “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14). Paulo deveria abandonar toda a justiça própria, que exalta o homem, na qual se deleitava (Fp 3.4-9).
Esse é o preço que todos devemos aceitar para que nos seja possível comprar a verdade. Quantas pessoas tropeçam diante da necessidade de considerar como escória (v. 8) o que produz orgulho de sua vida, reta aos próprios olhos! Não é nada mais que escória! Que menosprezo por seu esforço por fazer o bem, por sua conduta digna, pela consideração dos demais, em que até agora estavam satisfeitas!
Mas, ao considerarmos como escória, concordamos com o Deus justo e santo, o qual nos mostra nosso estado de morte em nossos delitos e pecados. Essa convicção de pecado é ainda o trabalho de Sua graça em nosso coração. Essa é a primeira condição para a aquisição da verdade. Vamos, sem recursos próprios, despojados de toda pretensão, desprovidos de todo bem segundo Deus, e aceitamos o que Deus declara: “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.10,11).
Quantas pessoas tropeçam diante da necessidade de considerar como escória o que produz orgulho de sua vida, reta aos próprios olhos!
Então, também se faz ouvir a voz de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Nesse momento, Deus pode nos dizer: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Pv 23.26). É como uma segunda condição que Ele estabelece. Essa única coisa que Ele nos pede deixa de lado todo o atrativo que o mundo apresenta a nosso coração, pois acrescenta: “E os teus olhos observem os meus caminhos”.
Dar o coração… Freqüentemente essa expressão de Provérbios é usada para falar da conversão. Mas uma verdadeira conversão não é somente a adesão a um ensinamento bíblico; não pode acontecer de uma simples aproximação do coração produzida pelo evangelho. Não, pois dar o coração a Deus, ao Salvador, implica o que o Senhor disse ao jovem rico: “Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz e segue-me” (Mc 10.21). É a renúncia àquilo que até agora dominou o coração; é a obediência à verdade. Assim se compra a verdade. Todo o ser é agarrado por Cristo e, desde então, deseja apegar-se a Ele, aceitando também o peso de Seu opróbrio e do desprezo do mundo.
Dar o coração é mais do que a intenção de nutrir a imaginação ou de progredir no conhecimento religioso. Se não damos verdadeiramente todo o nosso coração a Jesus, para conhecer a verdade Nele e andar na verdade, podemos estar certos de que ficaremos entre os que sempre aprendem sem, contudo, chegar ao conhecimento da verdade (2Tm 3.7). É um estado de alma enganoso e cheio de perigos.
Não vender a verdade!
Mas Provérbios 23.23 também apresenta um dever com respeito à verdade: “Não a vendas”. Essa ordem se refere unicamente ao fato do Senhor ter dito: “De graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8) e: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35)? O apóstolo apresentava “de graça o evangelho de Cristo” (1Co 9.18). Por acaso, era para fechar a boca dos incrédulos, inclinados a dizer: “O cristianismo é uma religião de dinheiro; sempre nos é pedido para dar, até mesmo para ter um lugar no céu”? Não, pois seria anular o que Deus disse e repetiu: “Vinde […] os que não tendes dinheiro […] vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço” (Is 55.1). A salvação é o dom [presente] de Deus em Jesus, o qual é, Ele mesmo, o dom de Deus.
Portanto, qual é o sentido desta ordem relacionada com a verdade: “Não a vendas”? No campo das coisas terrenas, alguém não se desprende, nem mesmo por um grande preço, daquilo que quer muito; freqüentemente, o coração se apega mesmo aos objetos materiais como se eles tivessem alma. Evocam-se tantas recordações, o querido passado tem tanto valor para o coração… Vender a verdade? Instintivamente, o fiel se nega a fazê-lo. No entanto, tenhamos cuidado, porque há tantas maneiras de manifestar que a verdade, ao final das contas, não nos é tão preciosa como o afirmamos com palavras.
A esse respeito, lembremos dos mais humilhantes exemplos da Palavra.
Esaú vendeu sua primogenitura por um prato de lentilhas. Naquele momento de cansaço produzido pela tarefa de caçar, que lhe importavam as promessas feitas a Abraão e a espera “da cidade que tem fundamentos”? Perdeu todo direito à bênção, pelo que foi rejeitado, ainda que a tenha buscado com lágrimas (Hb 11.10; 12.16,17).
Judas, em quem Satanás ia entrar, já havia concluído com os homens religiosos e os chefes do povo o trato abjeto: por trinta peças de prata vendeu o Justo (Am 2.6) e entregou o sangue inocente. Por trezentos denários teria vendido o perfume de Maria, que era de um valor incalculável para o coração do Salvador.
Esses são os solenes descarrilhamentos do incrédulo ou do coração manchado com a horrível lepra do amor ao dinheiro. Nós, cristãos, estamos igualmente expostos a falhar, ainda que em menor grau; e isso seria um real menosprezo à verdade e às riquezas que ela contém em Jesus.
Podemos estar inclinados a vendê-la muito barato quando, por exemplo, desconhecendo o valor de congregar-nos em torno do Senhor, menosprezamos Seu dia santo ao andar em nossos próprios caminhos (Is 58.13,14), buscando distrações e prazeres mundanos em lugar dos benefícios de Sua presença no meio dos Seus. “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia”, é a exortação apostólica (Hb 10.25).
Temamos que nosso coração se aparte da verdade que está em Cristo Jesus. Manifestar indiferença a Seu respeito ou abandonar a verdade ainda que em pequena medida seria vendê-la. Mantenhamos nossa alma purificada “pelo Espírito na obediência à verdade” (1Pe 1.22).
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração” (Pv 4.23). Querido irmão, não esqueça dessa exortação. Se você entregou verdadeiramente seu coração ao Senhor, você permitiria que ele se unisse, quer aos incrédulos – o que seria a pior maneira de vender a verdade em lugar de estar a ela submisso –, quer mesmo a cristãos, os quais lhe levariam para fora da senda da fé traçada por Deus, no meio da confusão que reina na cristandade professante, ou seja, sem a vida?
Quantas vidas malogradas existem por falta da comunhão em Deus e com Deus e quantos problemas no lar, dia após dia! Que o Senhor guarde você. Não venda a verdade, à qual você deve estar submisso, quando a Palavra lhe ordena a não se unir em “jugo desigual” (2Co 6.14,15).
Temamos que nosso coração se aparte da verdade que está em Cristo Jesus.
Além disso, para nós, hoje, é grande o perigo de conceder à verdade menos valor do que teve para os que nos precederam no caminho da fé. Aqueles, por sua fidelidade, trabalharam para edificar “um muro” (Ez 13.5) para salvar sua alma e a nossa. Em seu tempo, eles compraram a verdade, pondo o conhecimento da verdade segundo Deus acima dos laços, ainda que muito estreitos, que os uniam a outros. Com verdadeira dor no coração, esses crentes fiéis se afastaram da cristandade professante, por obediência ao Senhor, para encontrar-se com Ele fora do arraial (Hb 13.13).
Agora nos compete fechar as brechas nesse muro que deixamos que fossem abertas no tocante a nossa segurança, com respeito a esse testemunho que devemos dar ao Senhor. Todos temos de velar sobre nossa alma. Não vendamos a verdade que era tão preciosa para aqueles cristãos fiéis no princípio do século 19.
Podemos compreender um pouco que o coração daqueles crentes foi agarrado pela verdade, ao constatar quão pouco havia, em sua época, do verdadeiro ensinamento evangélico. Que pobreza espiritual no que era pregado! Um evangelho privado de toda a sua substância divina, carente da pregação da cruz! Essas almas despertadas tinham fome da Palavra de Deus e sede da verdade!
Então, Deus levantou irmãos piedosos, mentes esclarecidas pelas quais Ele operava, afastando-os de toda organização humana, consagrando-os ao bem do rebanho, apresentando aos irmãos Cristo como alimento. Então, todas as verdades que emanam de Sua obra e dizem respeito a Sua pessoa, na expectativa de Seu regresso, foram recebidas com alegria e diligência por esses corações cujo caminhar na senda da verdade é-nos proposto como exemplo (Hb 13.7). E ainda hoje nos beneficiamos de sua fidelidade.
Não cedamos a um pessimismo que faz esquecer a graça do Deus fiel. Talvez nos oprima o sentimento dos esforços redobrados do adversário para prejudicar-nos. Ele sempre tentará fazer-nos desprezar a Palavra, nosso verdadeiro tesouro. Portanto, ponhamos cada vez mais atenção ao mandamento divino: “Compra a verdade e não a vendas”.