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A. W. Tozer Citações Gotas de orvalho J. C. Ryle John Piper Leonard Ravenhill Martin Lloyd-Jones Matthew Henry Thomas Brooks

Gotas de Orvalho (42)

Orvalho do céu para os que buscam o Senhor!

O caminho para uma nova unção de poder, tanto individual como coletiva, poderia ser como segue: em primeiro lugar, renunciar a todo pecado conhecido; em segundo lugar, confessar com pesar por termos fracassado, lamentavelmente, satisfeitos por longos anos com o status quo; em terceiro lugar, buscar a face do Senhor em fervorosa oração; e, finalmente, estudar diligentemente a Bíblia, a fim de descobrir as promessas de Deus para esta geração perdida e para as necessidades das igrejas.

(Leonard Ravenhill)

Se você parar de buscar satisfação em Deus, você vai parar de amar as pessoas.

(John Piper)

Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, nosso coração é quebrantado, não pode ser duro, e não podemos negar o perdão.

(Martyn Lloyd-Jones)

Em todos os nossos pensamentos acerca de Cristo, nunca esqueçamos de Sua segunda vinda.

(J. C. Ryle)

A felicidade não consiste em possuir aquelas coisas que não podem consolar a um homem em seu leito de morte.

(Thomas Brooks)

Os que se afastam de Deus nunca podem achar repouso em nenhuma outra parte.

(Mathew Henry)

Ouvir mandamentos e deixar de lhes obedecer é infinitamente pior do que nunca os ter ouvido, especialmente à luz do iminente retorno de Cristo e Seu juízo vindouro.

(A. W. Tozer)

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Amor Cristo Escatologia Hinos & Poesia Indicações de sexta Segunda vinda Watchman Nee

Primeiro Indicações de sexta de 2016

Você quer que Ele venha logo?

Este é o primeiro artigo da série Indicações de sexta de 2016. Ou, se você preferir, é o último de 2015, pois foi preparado dia 31 de dezembro.

Iniciamos essa série em 2015; às vezes, por motivos alheios a nossa vontade, não conseguimos publicá-la, mas sempre procuramos apresentar aqui alimento substancial para os sequiosos filhos de Deus.

O artigo de hoje é um pouco diferente de todos os outros. É um resumo de tudo o que pretendemos (falo em nome de todos os que têm trabalhado para produzir o Campos de Boaz, pessoas que serão formalmente apresentadas em breve) neste blogue. Tudo o que publicamos, todas as ênfases que desejamos dar com os artigos, todo o anelo por trás de nosso trabalho voluntário é despertar os filhos de Deus para amarem mais e conhecerem mais o Senhor Jesus, e para desejarem Sua volta.

Esses três itens estão intimamente ligados. Quanto mais O conhecemos mais O amamos, pois mais conhecemos quão digno de nosso amor Ele é. E, quanto mais O amarmos, mais desejaremos que Ele volte. Isso também implicará permitir que Seu morrer opere em nós. E, quanto mais morrermos para esse mundo, mais desejaremos que Ele volte.

Muitos cristãos, infelizmente, estão presos a este mundo, cegados para as verdades mais profundas e necessárias do Evangelho, enganados por falsos ensinos, seguindo lobos mal disfarçados de ovelhas. Por isso, oramos a fim de que, se ao aprouver ao Senhor, nosso trabalho sirva para despertar pelo menos um de Seus filhos. Se isso ocorrer, já nos sentiremos gratos e honrados por termos sido usados por Aquele que é o único merecedor de toda honra, glória e consagração.

Nosso desejo, expresso neste hino, é que Ele volte. Logo.

Hino que honra a Deus

Desde Betânia

Letra de Watchman Nee; música: Danny Boy (melodia tradicional irlandesa)

Letra em português

Desde Betânia

Desde Betânia, quando nos deixaste,
Saudade imensa inundou meu ser.
Não tenho mais tocado a minha harpa –
Como tocar, se a Ti não posso ver?
Na solidão da noite tão profunda,
Fico em silêncio e calmo a meditar
Nessa distância, pois de mim tão longe estás
E há quanto tempo prometeste regressar!

Sem lar, recordo Tua manjedoura,
Olhando a cruz não posso me alegrar.
E Tu me lembras o meu lar futuro,
Mas é a Ti quem mais quero encontrar.
Sem Ti não tem sabor minha alegria;
Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar,
Vazios são meus dias, pois aqui não estás.
Senhor, Te peço, não demores a voltar.

Embora aqui Tua presença eu goze,
De Ti saudade estou sempre a sentir.
Mesmo gozando o Teu amor imenso,
Anseio pelo dia em que hás de vir.
Mesmo na paz me sinto tão sozinho;
Por Ti suspiro em meio do prazer.
Jamais minha alma tem satisfação total,
Pois o Teu rosto amado não consigo ver.

Com sua terra sonha o peregrino,
Com sua pátria, o exilado, além.
Distante, o noivo pensa em sua amada.
De amados pais, saudade os filhos têm.
Assim também anelo ver Teu rosto,
Ó meu querido e amado Salvador.
Ah! se eu pudesse, agora, a Tua face ver!
Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?

Tu lembras que buscar-me prometeste,
E junto a Ti em breve me levar?
Mas tantos dias e anos já passaram,
Cansado estou e peço-Te lembrar.
Tuas pegadas vejo tão distantes,
E quanto tempo ainda vai passar?
Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador:
Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.

O dia nasce e morre, e assim as noites.
E quantos santos já não estão aqui
Tanto esperaram pela Tua volta,
E há muito tempo estão dormindo em Ti.
Ó meu Senhor, por que não Te manifestas?
Espesso véu está a Te ocultar –
Quantos remidos Teus estão a Te esperar!
Será que a nossa espera não vai mais findar?

Sei que também anseias por voltares
E arrebatar os redimidos Teus.
Por isso peço não mais demorares;
Depressa vem levar-nos para Deus.
Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama;
Não ouves Tua Noiva a Te chamar?
Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar:
“Amado Noivo, não demores a voltar!”

História

Esta letra foi escrita por Watchman Nee depois da invasão comunista na China, a qual resultaria em sua prisão em 1952 e da qual nunca foi libertado, ali morrendo vinte anos depois. O hino expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso, real, desesperado anelo pela volta do Senhor. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento.

Há variações da letra em diferentes fontes e, em muitas delas, o autor é dado como desconhecido. Há um doce galardão em não ser conhecido por ninguém a não ser pelo Senhor.

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Indicações de sexta (17)

A Bíblia é nossa regra de fé e de prática!

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que você precisa ler

  1. É importante conhecer a impossibilidade do homem conhecer a Deus por seus próprios esforços. É a depravação total, aqui ensinada por Joel Beeke.
  2. Qualquer cristão sincero reconhecerá que orar é difícil e manter uma vida de oração é ainda mais difícil. Este artigo de Mark Jones traz preciosa e prática ajuda para todo aquele que deseja orar.
  3. Para o bom testemunho da família cristã, devem ser conhecidos Os respectivos deveres dos maridos e das esposas (por John Gill). Que Deus nos ajude a termos um lar que Lhe traga honra e cumpra Sua vontade.
  4. O que pode sustentar você? Horatius Bonar responde.

Mensagem que você precisa ouvir

Não há apóstolos hoje, por Augustus Nicodemus

Essa mensagem difere um pouco das que normalmente apresentamos aqui. No entanto, dada a seriedade do assunto, ela deve ser ouvida com atenção. O povo de Deus está sendo muitíssimo enganado e destruído por dar ouvido a esses falsos apóstolos modernos.

Hino que honra a Deus

Desde Betânia

Letra de Watchman Nee; música: Danny Boy (melodia tradicional irlandesa)

Letra em português

Desde Betânia

Desde Betânia, quando nos deixaste,
Saudade imensa inundou meu ser.
Não tenho mais tocado a minha harpa –
Como tocar, se a Ti não posso ver?
Na solidão da noite tão profunda,
Fico em silêncio e calmo a meditar
Nessa distância, pois de mim tão longe estás
E há quanto tempo prometeste regressar!

Sem lar, recordo Tua manjedoura,
Olhando a cruz não posso me alegrar.
E Tu me lembras o meu lar futuro,
Mas é a Ti quem mais quero encontrar.
Sem Ti não tem sabor minha alegria;
Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar,
Vazios são meus dias, pois aqui não estás.
Senhor, Te peço, não demores a voltar.

Embora aqui Tua presença eu goze,
De Ti saudade estou sempre a sentir.
Mesmo gozando o Teu amor imenso,
Anseio pelo dia em que hás de vir.
Mesmo na paz me sinto tão sozinho;
Por Ti suspiro em meio do prazer.
Jamais minha alma tem satisfação total,
Pois o Teu rosto amado não consigo ver.

Com sua terra sonha o peregrino,
Com sua pátria, o exilado, além.
Distante, o noivo pensa em sua amada.
De amados pais, saudade os filhos têm.
Assim também anelo ver Teu rosto,
Ó meu querido e amado Salvador.
Ah! se eu pudesse, agora, a Tua face ver!
Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?

Tu lembras que buscar-me prometeste,
E junto a Ti em breve me levar?
Mas tantos dias e anos já passaram,
Cansado estou e peço-Te lembrar.
Tuas pegadas vejo tão distantes,
E quanto tempo ainda vai passar?
Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador:
Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.

O dia nasce e morre, e assim as noites.
E quantos santos já não estão aqui
Tanto esperaram pela Tua volta,
E há muito tempo estão dormindo em Ti.
Ó meu Senhor, por que não Te manifestas?
Espesso véu está a Te ocultar –
Quantos remidos Teus estão a Te esperar!
Será que a nossa espera não vai mais findar?

Sei que também anseias por voltares
E arrebatar os redimidos Teus.
Por isso peço não mais demorares;
Depressa vem levar-nos para Deus.
Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama;
Não ouves Tua Noiva a Te chamar?
Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar:
“Amado Noivo, não demores a voltar!”

História

Esta letra foi escrita por Watchman Nee depois da invasão comunista na China, a qual resultaria em sua prisão em 1952 e da qual nunca foi libertado, ali morrendo vinte anos depois. O hino expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso, real, desesperado anelo pela volta do Senhor. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento.

Há variações da letra em diferentes fontes e, em muitas delas, o autor é dado como desconhecido. Há um doce galardão em não ser conhecido por ninguém a não ser pelo Senhor.

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Indicações de sexta (12)

A Bíblia é nossa regra de fé e de prática!

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Você já teve dificuldades de explicar o relacionamento de Davi e Jônatas quando ele é usado como “apoio bíblico” para a prática do homossexualismo? Entao, leia este artigo de Wilson Porte e habilite-se a defender a fé escriturística e a condenação sobre o pecado.
  2. Ainda sobre o assunto homossexualismo, este outro artigo de Wilson Porte desmonta a falácia de alguns que dizem que Romanos 1 não condena essa prática. Os homossexuais não são menos pecadores que o restante da humanidade, mas seu pecado é especialmente condenado nas Escrituras.
  3. Você já deve ter-se deparado com mensagens falando das assim chamadas luas de sangue, as quais, segundo seus “seguidores”, sempre estão ligadas a fatos extraordinários na história de Israel. Por essa razão, a tétrade de luas de sangue desse ano seria um sinal do fim do mundo ou da volta do Senhor Jesus. Leia dois artigos de Hugh Ross, astrofísico cristão, que demonstra a bobagem dessa interpretação, tanto do ponto de vista científico quanto do bíblico. Os artigos estão em inglês.
  4. A beleza da santidade, por A. W. Pink. Por que vale a pena ser santo? Por que a santidade é bela?

Mensagem que merece ser ouvida

O chamado para o arrependimento e a fé, por Paul Washer.

Hino que merece ser ouvido

O Love that wilt not let me go

Letra de George Ma­the­son (1882) e música de Al­bert Lister Peace (1884).

Letra original

O Love that Will Not Let Me Go

O Love that wilt not let me go,
I rest my weary soul in thee;
I give thee back the life I owe,
That in thine ocean depths its flow
May richer, fuller be.

O light that followest all my way,
I yield my flickering torch to thee;
My heart restores its borrowed ray,
That in thy sunshine’s blaze its day
May brighter, fairer be.

O Joy that seekest me through pain,
I cannot close my heart to thee;
I trace the rainbow through the rain,
And feel the promise is not vain,
That morn shall tearless be.

O Cross that liftest up my head,
I dare not ask to fly from thee;
I lay in dust life’s glory dead,
And from the ground there blossoms red
Life that shall endless be.

Tradução para o português

Ó amor que não me deixas ir

Ó amor que não me deixas ir,
descanso minha cansada alma em ti;
eu te dou de volta a vida que devo a ti,
para que, nas profundidades de teu oceano, seu fluir
a faça mais rica, mais plena.

Ó luz que me seguiste por todo meu caminho,
eu rendo minha tocha bruxuleante a ti;
meu coração restaura o raio que de ti tomou emprestado
para que na chama de tua luz do sol seu dia
seja mais brilhante, mais justa.

Ó alegria que me procuras em meio à dor:
eu não posso fechar meu coração para ti.
Eu sigo o arco-íris no meio da chuva
E sinto que a promessa não é vã,
que a manhã será sem lágrimas.

Ó cruz que ergueste minha cabeça,
não me atrevo a pedir para voar para longe de ti.
Eu joguei ao pó a glória morta da vida
e, desse chão, irá florescer
a vida que será sem fim.

Versão em português

Amor que não me largas nunca

Amor! que não me largas nunca!
Minh’alma achou descanso em Ti;
Desejo dar-Te minha vida,
A Ti, de quem a recebi,
E só por Ti viver.

Ó Luz! que sempre me iluminas!
Por Ti, Senhor, eu posso ver;
E já que a luz celeste brilha,
Nenhum farol preciso ter,
Mas, sim, a luz do céu.

Ó Gozo! que minh’alma inundas!
Que penas Teu poder desfaz!
Na chuva ao ver um arco-íris,
Sei que a promessa cumprirás,
Que o pranto cessará.

Ó Cruz! Levantas minha fronte;
Alentas tu meu coração;
O sangue por Jesus vertido
Garante minha salvação
E dá-me paz com Deus.

História

George Matheson (27.3.1842–28.8.1906) nasceu com deficiência visual e, aos 15 anos, soube que estava ficando cego. Em lugar de ficar desencorajado com isso, matriculou-se na Universidade de Glasgow e graduou-se aos 19 anos. Aos 20, ficou completamente cego e resolveu entrar para o ministério, dedicando-se aos estudos teológicos.

Suas três irmãs o ajudaram nos estudos, de tal modo que aprenderam hebraico, grego e latim para poderem auxiliá-lo. Após formar-se, pastoreou igrejas na Escócia. Foi um dos mais destacados ministros de seus dias, servindo até 1899, quando teve de se aposentar por conta da precária saúde.

No dia em que uma de suas irmãs estava se casando, Matheson escreveu esse hino. Ele registrou a experiência em seu diário:

Meu hino foi composto na casa pastoral de Inellan na noite de 6 de junho de 1882. Eu estava sozinho naquele momento. Era o dia do casamento da minha irmã, e o resto de minha família foi passar a noite em Glasgow. Alguma coisa tinha acontecido para mim, que era conhecida apenas por mim, e que me causou o mais severo sofrimento mental. O hino foi fruto daquele sofrimento. Ele foi o mais rápido trabalho que já fiz na minha vida. Eu tive a impressão de ter sido ditado a mim por alguma voz interior mais do que de ter sido obra minha. Tenho certeza de que todo o trabalho foi concluído em cinco minutos, e estou igualmente certo de que nunca recebeu de minhas mãos qualquer retoque ou correção. Eu não tenho nenhum dom natural para ritmo. Todos os outros versos que escrevi são artigos manufaturados; esse veio como o amanhecer. Eu nunca fui capaz de expressar outra vez o mesmo fervor em versos.

Mesmo não tendo citado qual seria “o mais severo sofrimento mental” que sofrera, a história de Matheson permite deduzi-lo. Anos antes, ele estava noivo, quando soube que ficaria completamente cego. Então, perguntou à noiva se ela tinha disposição de estar ao lado de um homem que, além de cego, por quem os médicos nada podiam fazer, escolhera ser ministro do evangelho. Ela respondeu que lhe seria demais, que não tinha condições de viver daquele modo, e terminou o noivado com ele. Isso o entristeceu profundamente. Nos anos seguintes, aquela irmã que se casava tinha sido parte fundamental de seu ministério. Além de cuidar dele, ajudava-o a redigir seus sermões e a memorizar as Escrituras. Segundo pessoas que assistiam aos cultos, ninguém saberia dizer que Matheson era cego dada a facilidade com que recitava porções da Bíblia e pregava.

Agora, sua irmã não poderia estar mais com ele. Isso, provavelmente, tenha lhe trazido nova percepção de sua limitação, de sua dor, de sua insuficiência, nova lembrança dolorosa de que ele mesmo não tivera o prazer de casar-se. Então, Deus o lembrou que nunca o havia deixado, que uma luz mais real que aquela do sol o havia guiado todos os dias. E isso foi registrado nesse maravilhoso hino.

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D. M. Panton Escatologia Horatius Bonar Vários

Vencedores

“Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono” (Ap 3.21).

Como tudo depende do significado das palavras “Ao que vencer”, pode ajudar os que não têm conhecimento dessa verdade ou até agora duvidaram dela, ouvir alguns estudiosos competentes no assunto dos vencedores1.

David Morrieson Panton

“Assim como a glória eterna de Cristo, a glória que Ele tinha com o Pai antes que o mundo existisse, Ele a herda como o Filho de Deus, Sua glória milenar descansa em Sua perfeita obediência como homem; por isso, nossa glória eterna repousa unicamente em sermos filhos de Deus, enquanto nossa glória milenar só pode ser alcançada por nossa obediência como servos.”

“A vitória de nosso Senhor, sendo perfeita, alcança uma recompensa que é única; ninguém, homem ou anjo, compartilha com Ele do trono de Deus. ‘Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono; assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono’ (v. 21). Nosso Senhor venceu para ter o reino milenar, Ele não o herdou. Assim, o prêmio do reino milenar também foi um dos incentivos que inspiraram a vitória de nosso Senhor: “Pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12.2). Os laodicenses, os apóstatas, que se despertarem do sono, que deixarem o ouro terrestre pelo celestial, que se erguerem para o santo, feliz e inabalável serviço – até mesmo os laodicenses podem alcançar a incomparável dignidade, a impressionante maravilha da glória vindoura: na verdade, partilhar do trono de Cristo.”

G. H. Lang

“A exortação ao final de todas as sete epístolas [de Apocalipse] para vencer denota a vitória de uma vida de fé inabalável sobre as tentações e provações e sobre todas as coisas adversas em geral.”

Professor Henry Barclay Swete

“O Filho Unigênito confere a Seus irmãos, na medida em que a filiação deles é já confirmada pela vitória, Seu próprio poder sobre as nações.”

Horatius Bonar

“Ele fala aos vencedores. Embora os dons não sejam salários, eles dependem de vencermos uma batalha. Eles são algo além da mera salvação.”

Professor Moses Stuart

“Esta entronização será concedida a todos os que provarem ser vencedores na luta contra o mundo, a carne e o diabo.”

Steir

“Seguramente é para o reino milenar que, em certo sentido, todas essas promessas apontam: que o poder sobre as nações está aqui estendido, como galardão, àqueles que venceram está muito claro.”

“A colheita é composta por aqueles por quem Cristo venceu, as primícias são aqueles em quem e por meio de quem Ele venceu, bem como venceu por eles.”

A. Champion

“O apóstolo Paulo não tinha nenhuma dúvida sobre seu lugar no corpo principal, pois seu testemunho é claro: ‘Eu sei em quem tenho crido e estou certo de que [Ele] é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2Tm 1.12). Quando, porém, escreveu aos filipenses, disse-lhes que havia uma coisa que ele estava buscando acima de tudo, “o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.13), para que ele pudesse, de alguma maneira alcançar a ressurreição extraordinária2 dentre os mortos (v. 11). Ele tinha certeza de ter um lugar na colheita geral, mas não tinha certeza, ainda, de ser uma das primícias como vencedor.”

“Se Pedro, Tiago, João e André precisavam das advertências dadas por nosso Senhor para acautelarem-se, para vigiar e orar (Mc 13.3,5,9,23,33) e para estarem apercebidos (Mt 24.44), é claro que algo mais se requer de nós, além da fé em Cristo para a [eterna] salvação, se quisermos estar maduros o suficiente para as primícias. O ensinamento de que todo aquele que crê está pronto para a vinda do Senhor é um narcótico mortal. Não é de admirar que a Igreja esteja dormindo!”

“Se, por outro lado, vemos que, sendo salvos, há ainda um prêmio a ser ganho pelo qual vale a pena considerar tudo como lixo, então encontramos nele um poderoso estimulante para uma vida santa e vitoriosa em união com nosso Senhor que virá.”

Governantes no milênio, vencedores e tronos

Governantes no milênio

James Black, em suas críticas drásticas à verdade sobre o milênio (Edingburgh Record, jan. de 1925), aponta o dedo – como outros críticos hostis fizeram antes dele – em um ponto fraco do ensino atual sobre o reino de Deus. “Esses mártires (são somente os mártires, lembre-se!)”, diz ele, comentando sobre Apocalipse 20.4, “ressuscitam e juntam-se a Ele [Cristo], reinando com Ele mil anos. As únicas pessoas mencionadas como ‘reinando com Cristo’ são os mártires. Se você interpretar isso literalmente, não há base alguma nessa passagem para toda a elaborada doutrina dos pré-milenaristas, que dizem que eles representam Cristo e todo Seu povo cristão governando este mundo por mil anos.”

Vencedores

É fato que muitos da Igreja sub-apostólica assim entendiam o apóstolo João. Além disso, é verdade que a ênfase extraordinária colocada sobre os mártires deveria ter alertado a Igreja de que a co-realeza com Cristo na era vindoura – distinta do reino eterno após ela – não abrangia, de forma alguma, todos os redimidos como tem sido suposto. Mas também é verdade que esses críticos têm negligenciado a primeira divisão dos tronos quádruplos: (1) vencedores: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles” (Ap 20.4); (2) mártires cristãos; (3) mártires do Antigo Testamento e (4) mártires sob o anticristo. O primeiro grupo, vencedores não necessariamente martirizados, é assim definido por nosso Senhor: “Ao que vencer e guardar até o fim as Minhas obras, Eu lhe darei poder sobre as nações e com vara de ferra as regerá” (2.26,27).

Tronos

“Que objetivo refulgente! ‘E vi tronos.’ Tronos! Não um, mas muitos; não o grande trono branco, erguido em solidão, sem nenhum outro trono perto dele, mas uma grande multidão de tronos, tronos co-iguais. Não um cetro, mas milhões de cetros. Não o exercício independente de autoridade, mas, sim, em dominação associada: há união entre essa confederação de reis celestiais.” (Arthur Augustus Rees).

 

Notas

1 “Nós fazemos bem em lembrar que a consciência do que está em jogo, uma condicional participação no trono, fornece um incentivo de poder extraordinário, enquanto o ensino comum – de que o pior apóstata irá partilhar o trono de Cristo – rouba cada crente deste tremendo impulso.” (D. M. Panton) (N. do E.)

2 No v. 10, Paulo usa a palavra grega anastasis, que significa “ressurreição”, mas no v. 11 a palavra usada é exanastasis, indicando uma ressurreição superior, extraordinária, adicional. (N. do T.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “Overcomers”, sem indicação de autor. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Lar! (Horatius Bonar)

No céu, nosso lar definitivo!

As aflições estão preparando para nós uma entrada amplamente concedida (2Pe 1.11), uma coroa de maior peso, uma veste mais branca, um descanso mais doce, um lar feito duplamente precioso por causa do longo exílio e dos muitos sofrimentos aqui embaixo.

Embora nossa milícia terrena possa ser desesperadora, ela não é para sempre. Não! Ela é breve, muito breve. Seu fim está próximo, muito próximo. E com o fim virão triunfo, honra e cânticos de vitória. Então, também, a paz se seguirá e o retorno do soldado desgastado na guerra para sua morada tranqüila.

Essa é a alegria do santo. Ele combateu o bom combate, ele terminou a carreira, ele guardou a fé. Desde agora, está guardada para ele a coroa da justiça (2Tm 4.7,8). Sua batalha acabou, e, a seguir, para ele há descanso e repouso.

Lar!

Sim, lar! E que lar para nós ao qual voltar e permanecer para sempre! O lar preparado antes da fundação do mundo. O lar de muitas mansões1. O lar mais próximo do trono e do coração de Deus. Um lar cuja paz nunca será quebrada pelo som de guerra ou de tempestade. Um lar cujo brilho jamais será encoberto pela mais remota sombra de uma nuvem.

Quão consolador ao espírito cansado pensar em um lugar de descanso tão perto de Deus, e que lugar de descanso na casa do Pai, onde não mais haverá fome nem sede, onde o sol não nos queima nem qualquer calor, onde o Cordeiro, que está no meio do trono, nos alimenta e nos leva às fontes das águas da vida, e o próprio Deus enxugará todas as lágrimas de nossos olhos (Ap 21.4)!

O tempo está chegando.

Os conflitos estão quase no fim.

Nossas lutas e tristezas estão perto de terminar.

Mais alguns anos, e nós devemos ou ser colocados para descansar tranquilamente ou levados para as nuvens, a encontrar o Senhor em Sua vinda.

Mais algumas mortes, e, então, seremos unidos em fraternidade eterna com todos os membros dispersos da família de Deus.

Mais alguns sóis devem nascer e se pôr, e, então, nós subiremos na força daquele Sol que nunca se põe (v. 23).

 

Os conflitos estão quase no fim. Nossas lutas e tristezas estão perto de terminar.

 

Mais alguns dias devem amanhecer e escurecer, e, a seguir, resplandecerá o dia sem fim.

Mais algumas nuvens devem se reunir sobre nós, e, depois, o mundo será sem sombras para sempre.

Mais alguns breves anos, e vamos entrar pelas portas na cidade, sentar sob a sombra da árvore da vida, alimentando-nos do maná escondido e bebendo do rio puro claro como cristal, que sai da trono de Deus e do Cordeiro (22.1)!

Mais alguns breves anos e veremos Sua face, e Seu nome estará sobre nossa testa!

Por ora, temos apenas o antegozo. O brilho completo está reservado, e sabemos que tudo o que é possível ou concebível do que é bom, justo e abençoado um dia será real e visível.

Depois de todo o mal vem o bem;

do pecado vem santidade;

da escuridão, a luz;

da morte, a vida eterna;

da fraqueza, a força;

do desvanecimento, a floração;

de podridão e ruína, beleza e majestade;

da maldição vem a bênção, o incorruptível,

o imortal, o glorioso, o imaculado!

Nossa porção presente, no entanto, é apenas a promessa, não a herança. A herança está reservada para o aparecimento do Senhor. Aqui vemos, mas através de um vidro escuro. Ainda não se manifestou o que havemos de ser.

Estamos agora somente como peregrinos, vagando na noite solitária, que vêem vagamente sobre o pico da montanha distante o reflexo de um sol que nunca se levanta aqui, mas que nunca se apagará nos “novos céus” a seguir.

E isso é o suficiente. Isso nos conforta e nos anima no caminho escuro e áspero. Não será necessário a seguir, mas é o suficiente agora.

Este deserto existirá até cruzarmos para Canaã. A tenda existirá até que a cidade eterna venha.

A alegria de crer é suficiente, até entrarmos na alegria de ver.

Estamos contentes com o “monte da mirra e o outeiro do incenso”, até que “refresque o dia e fujam as sombras” (Ct 4.6).

Lar!

 

Nota

1 Apesar do entendimento comum de que a expressão “Na casa de Meu Pai há muitas moradas” (Jo 14.2) se refere à Nova Jerusalém, ele não se ajusta à revelação de toda a Bíblia. A palavra traduzida por “mansões” na KJ e, corretamente, por “moradas” na ACF é usada duas vezes no NT, apenas por João. A segunda vez é no v. 23: “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra, e Meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”. (Aqui, a KJ já não usa mansão, mas morada.) O segundo versículo explica o primeiro: as moradas são aqueles que crêem. O Senhor Jesus disse: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também”. Ele não estava indo para o céu a fim de, ali, preparar lugar para os que crêem: Ele foi para o Pai (vv. 12,28), onde Ele já estava (vv. 11,20). Ele foi preparar lugar a fim de que os crêem pudessem estar onde Ele já estava: em Deus. Por causa do pecado, todos os homens ficaram “sem Deus no mundo” (Ef 2.12). “Mas agora em [não apenas por meio de] Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe [de Deus], pelo sangue de Cristo chegastes perto [de Deus]” (v. 13). “No qual [em Cristo] também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (v. 22). O cap. 15 de João enfatiza esta mútua habitação: os que crêem estão em Cristo e Cristo está nos que crêem. E Cristo está em Deus e Deus e Cristo estão naqueles que crêem. O Senhor Jesus, por meio de Sua morte, foi ao Pai, apresentando a Ele Seu sangue, o pagamento pelos pecados daqueles que estavam sem Deus. Então, Ele voltou, por meio do Espírito Santo, no Pentecoste, para unir a Si mesmo – e, por conseguinte, a Deus – os salvos, em quem Ele e o Pai passaram a habitar. Se imaginamos a Nova Jerusalém como uma cidade física, com mansões físicas e com uma rua de ouro física, estamos dizendo que Cristo morreu por uma coisa (por mais bonita que seja) e que essa coisa será Sua noiva (Ap 21.2,3). A Nova Jerusalém é um símbolo do povo redimido de Deus que com Ele habitará pela eternidade, não uma construção física de ouro e pedras preciosas. (N. do R.)


(Traduzido por M. Luca, revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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O prêmio do trono (Jessie Penn-Lewis)

Quem participará do trono no céu com Cristo?

“Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3.21).

Essas palavras foram ditas diretamente pelo Cristo ascenso e descrevem o galardão clímax para todos os que preenchem as condições para obtê-lo. Muitos podem se perguntar por que devemos seguir no conflito e na guerra incensantes com as forças do mal. É para o prêmio do trono. Em suas mensagens para as igrejas, o Senhor considera claramente expõe todo o incentivo do galardão. Os escritos de Paulo estão cheios de referência ao galardão a todos que preencherem as condições.

Cristo ainda não está sentado em Seu trono. Em Sua ascensão, Deus Lhe disse: “Assenta-Te à Minha destra até que…” (Hb 1.13). Ele está sentado “à destra da Majestade nas alturas” (v. 3; 8.1; At 2.34,35; Hb 10.12; 12.2), à espera do momento em que terá Seu trono, com aqueles que estão para compartilhá-lo com Ele.

O trono é para os vencedores! Isso é possível? Eles irão compartilhar o trono do Filho de Deus? Podemos ver agora por que, conforme atravessamos os dias finais dessa era, deve haver um conflito tão terrível e por que o príncipe das trevas vai desafiar cada filho de Deus que quer vencer. É o teste final e o treinamento de todos os que irão partilhar do trono, e governar e reinar com Cristo.

Agora, qual é o trono que aguarda nosso Senhor ascenso? É o trono milenar de reinar e governar os reinos do mundo. Depois que esse trono Lhe é dado, a voz do céu diz: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11.15). Esse trono Deus prometeu a Ele quando, voltando nas eras da eternidade, Ele foi constituído “herdeiro de tudo” (Hb 1.2). Isso foi prenunciado em Daniel 7:13,14.

O trono é para os vencedores!

Após isso, o trono milenar de Cristo deve ser compartilhado com outros em certas condições, por oferta do próprio Cristo. “ Eu lhe concederei que se assente Comigo”. Paulo se refere a esses herdeiros em seu desvendar da obra do Espírito Santo em Romanos 8. “Co-herdeiros com Cristo […] se é certo que com Ele padecemos” (v. 17). Isso é prenunciado em Daniel 7.22-27, onde lemos: “Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. O fato de que o trono vindouro de Cristo será compartilhado por vencedores, que são constituídos pelo Pai para serem co-herdeiros com Ele, que foi constituído “herdeiro de todas as coisas”, é, portanto, bastante clara.

Vislumbres encontram-se, também, no tempo futuro, quando Cristo e aqueles que partilharão o trono com Ele reinarão. Paulo disse: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? […] Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1Co 6.2,3). Quais anjos? Certamente, não os que não caíram. A explicação é encontrada em 2Pedro 2.4: “Anjos que pecaram […] reservados para o juízo”. Esses anjos caídos – Satanás e sua hierarquia de poderes do mal – serão julgados por aqueles que reinarão com Cristo em Seu trono. Em breve, os que são vencedores – aqueles que venceram o mundo e Satanás – serão os juízes das hostes caídas do mal, quando esses vencedores forem glorificados com Cristo em Seu trono.

A obtenção do prêmio dessa “soberana vocação”, partilhar do trono com Cristo, foi o incentivo que instou Paulo para considerar todas as coisas como perda para obtê-lo e estar desejoso de ser feito conforme à morte de Cristo como o principal meio para atingir esse fim (Fp 3.10-14), pois cada crente que atinge o prêmio do trono segue pelo caminho nos passos do Senhor ascenso. “Para conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição […] sendo feito conforme à Sua morte, para ver se, de alguma maneira, posso chegar à ressurreição dentre os mortos”, escreveu Paulo. Em grego, isso significa a ressurreição “para fora de entre os mortos”. Um pouco depois, neste mesmo capítulo, Paulo diz: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (v. 14).

O que está em jogo para cada crente na presente guerra com Satanás é a coroa e o trono milenares.

Note a palavra “se” que Paulo usa: “Para ver se, de alguma maneira, posso chegar […]”. “Se”. Paulo estava perfeitamente seguro de sua salvação eterna como um dom gratuito de Deus por meio da obra consumada de Cristo. Romanos 4.4; 6.23 e muitas outras passagens deixam isso claro, mas ele seguidamente se refere a um galardão [prêmio, recompensa] do qual ainda não podia ter certeza, a menos que se esforçasse a preencher as condições para obtê-lo. Em Romanos 8.17, o mesmo se entra novamente em conexão com o mesmo assunto: “Co-herdeiros de Cristo, se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” Seremos “co-herdeiros de Cristo” e seremos “glorificado” com Ele, quando Lhe for dado o trono milenar de visivelmente governar sobre os reinos do mundo, se estivermos dispostos para o caminho que Ele trilhou. Ele obteve a vida eterna como um dom gratuito para todos os que crêem Nele; mas, para Seu novo governo sobre o mundo, quando este for retomado da mão do inimigo, Ele deve ter aqueles que já passaram pelo mesmo caminho de serem aperfeiçoados pelas aflições (Hb 2.10) que Lhe deu o trono.

O que está em jogo, portanto, para cada crente na presente guerra com Satanás, a qual deve se intensificar conforme a era se conclui, é a coroa e o trono milenares. A pergunta para cada um é: como manter toda a vitória espiritual já obtida, para que não percamos a coroa? Pois devemos esperar que Satanás vá desafiar cada um que ele vê se mover em direção ao trono, onde, com Cristo, esse vencedor vai julgar anjos. Em breve, Satanás tentará ganhar os futuros juízes das hostes malignas das trevas quando tentar ganhar e impedir aqueles que, como Paulo, avançam para o alvo.

Agora, considere a qualificação para a obtenção do prêmio do trono. O Senhor ascenso a apresenta nas palavras: “Ao que vencer lhe concederei” – um presente pessoal – “que se assente Comigo” – uma partilha pessoal com Ele – “no Meu trono” – o próprio trono de Cristo aberta ao vencedor – “assim como Eu venci.” Aqui, a qualificação e o caminho são apresentados de modo claro.

Observe mais uma vez que, na fase de qualificação para o prêmio, cada crente deve permanecer sozinho. Ele será dado “ao que vencer”. Cada futuro governante com Cristo deve ser preparado e formado individualmente, e seu meio ambiente e os ataques de Satanás sobre ele serão especialmente permitida e pesados por Cristo (1Co 10.13) a fim de trazer os resultados desejados. Cada herdeiro de uma vasta propriedade deve ser cuidadosamente treinado de acordo com suas capacidades e esfera [em que irá atuar] (Gl 4.1,2). Pode haver somente um colocado pelo Cabeça da Igreja “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13), mas ele deve vencer, ou perderá sua coroa. Ele não deve olhar para outro a fim de vencer com ele, pois “um só leva o prêmio” (1Co 9.24). Ele, sozinho, deve sozinho se qualificar para o trono, graças a uma fé desenvolvida por meio da provação (1Pe 1.7) e triunfar sobre Satanás por causa do Espírito de Deus nele como o poder capacitador.

Vamos olhar por um momento para Apocalipse 12.1-12 e ver a última hora dos crentes sendo preparados para compartilhar o trono milenar. O versículo 5 descreve os vencedores preparados para o trono destinado, com Cristo vencendo e sentando-se com Seu Pai em Seu trono. Aqui vemos a atitude do dragão em relação às almas que venceram, que vão compartilhar o trono com Cristo e participar com Ele em Sua obra de julgar o mundo e os anjos caídos. (Ver também 2.26,27.) Encontramos, na hora da crise, o “grande dragão vermelho” erguido e pronto para devorar os vencedores, à medida que surgem na esfera entre a terra e o céu, na estrada ascensional ao trono, unindo-se ao Senhor conquistador, para compartilhar com Ele o exercício final do julgamento do Calvário sobre o inimigo.

Os que serão vencedores estão em direto conflito pessoal com Satanás agora.

Note, também, que o conflito no céu, entre o arcanjo Miguel e seus exércitos de luz contra Satanás e seus anjos caídos, aparentemente ocorre durante a transladação dos que vão participar do trono. E isso resulta na expulsão do acusador. “Ele [Satanás] foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”; e, em seguida, o que tem a visão ouviu “uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegad[o] […] o reino do nosso Deus e o poder do Seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (12.9,10). A parte dos vencedores no conflito é mostrada no versículo 11. Eles estão em direto conflito pessoal com Satanás agora, não só com suas obras, pois “eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”.

A partir deste ponto, vamos dar uma olhada do futuro e, em Apocalipse 17.14, ver Cristo e os vencedores com Ele, o Herdeiro e os co-herdeiros, realizando o julgamento. Em Apocalipse 17, Cristo está realizando coisas terríveis sobre Seus inimigos; “estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos e fiéis”. Os santos hão de julgar o mundo, os santos hão de participar na execução do juízo. Eles vão comparecer perante o tribunal, primeiro para eles mesmos serem julgados (2Co 5.10), e, em seguida, eles, a quem é dado compartilhar o trono de Cristo, os “chamados, e eleitos e fiéis”, vão estar com Ele no Seu trato com o mundo.

Você pode dizer: “Desde que comecei a testemunhar da derrota de Satanás no Calvário e a orar contra ele, ele tem-me atacado.” Isso é porque ele vê o prêmio diante de você. Ele está atacando aqueles que julgarão os anjos caídos, caso obtenham o prêmio do trono. Será que você não guardar firmemente sua coroa (Ap 3.11)? Como você faz isso? Apenas com um objetivo inabalável e constante de, a qualquer preço, ser fiel a Cristo e à luz que Ele lhe deu. Diga a si mesmo: “O Senhor está me treinando para o trono.” Diga de novo e de novo: “Maior é Aquele que está em mim do que aquele que está no mundo.” “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Em cada pequena área de conflito haverá ganho. Por isso, Paulo disse: “Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

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“O vencedor é manifestamente aquele que persevera até o fim; ele não o faz só por um tempo […] eles vão tomar parte na primeira ressurreição. Eles vão comer do maná escondido; isto é, eles vão ser secretamente sustentados […] A eles será concedida capacidade de governar; assim, serão semelhantes a Cristo, pois só quando alguém conquista ou governa a si próprio está qualificado para governar os outros. […] O vencedor será uma coluna no templo de Deus. Se você tem sido alguém que se dispersa, que se abateu e não edificou, não pode ser estabelecido no templo de Deus Você vai reinar com Cristo! Se sofre, você terá o privilégio de estar na Soberania com Ele, e uma herança gloriosa aguarda aqueles que desistiram da herança terrena […] porque eles herdarão todas as coisas. Que o Senhor nos faça vencedores!”
(Jesse Sayer, D.D.)

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(Traduzido por Francisco Nunes de “The Prize of the Throne”, de Jessie Penn-Lewis. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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A eterna segurança do crente (W. P. Clarke)

Eternamente seguros nas mãos do Pai

Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.

Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.

A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!

Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.

Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.

Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!

A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).

Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.

Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).

Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.

Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.

Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).

No tribunal de Cristo receberemos galardão ou disciplina

Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.

Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.

Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).

Notas

1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)

2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)

3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)

4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.

5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)


(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Tribulação não é julgamento (D. M. Panton)

Os amigos de Jó não entendiam que tribulação não é julgamento

Uma lição que é terrivelmente urgente que todos nós aprendamos hoje é uma lição para a qual não só existe um livro inteiro da Bíblia dedicado a ela, Jó, mas que esse livro foi, supostamente, o primeiro da Bíblia a ser escrito. Em um desafio de Deus a Satanás, e no desafio de Satanás em resposta a Deus, o Altíssimo seleciona um homem, um dos maiores patriarcas na aurora do mundo, a fim de resumir para sempre um único fato: que um filho de Deus, do mais elevado caráter, pode sofrer perda indescritível – propriedades, família, saúde, tudo dizimado exatamente como um ataque aéreo pode fazê-lo – e isso não ser nenhum julgamento sobre o pecado em caráter ou serviço, mas simplesmente ser o plano profundo do Altíssimo servindo a propósitos de que esse filho de Deus é totalmente ignorante.

Um homem perfeito

O livro se inicia com uma definição de Jó dada pelo próprio Deus. “Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele” – o Senhor escolheu o caráter mais elevado que podia ser encontrado, então, sobre a terra –, “homem íntegro e reto”. Homem íntegro, perfeito no sentido bíblico: não sem pecado, mas totalmente maduro, não um botão, mas uma flor plenamente desabrochada – “temente a Deus e que se desvia do mal” (1.8). Deus, então, entrega Jó ao poder1 de Satanás, impedindo-o de matar o homem, e as aflições caem como relâmpagos. Rapidamente, sua riqueza desaparece, seus filhos e filhas são eliminados e, em seguida, uma doença desagradável destrói seu corpo. Jó instantaneamente se torna um dos homens que mais tristemente sofre na Bíblia, exceto os do martírio2.

Fé em agonia

Agora nós encaramos, como Satanás fez e foi planejado que fizesse, a reação de um fiel servo de Deus à infinita tristeza. Após o esmagamento de sua casa e de seus entes queridos, Jó exclama: “O Senhor deu e o Senhor tirou: bendito seja o nome do Senhor” (v. 21). A fé repousa, não sobre o que Deus faz neste momento ou naquele, mas no que Ele é: Deus é amor; e a fé de ouro de Jó triunfa sobre todas as trevas, o mistério e a morte. Assim, Jeová desafia Satanás desafia: “Observaste o meu servo Jó? […] Ainda retém a sua sinceridade [integridade], havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa” (2.3). No final, Jó tinha perdido todas as coisas que Satanás dissera serem o único fundamento de sua lealdade a Deus; mas, mesmo com aquela perda, sua lealdade a Deus permaneceu um halo dourado em volta da testa do homem doente. E isso é mais maravilhoso porque, tanto quanto sabemos, Jó não tinha tais revelações claras como nós temos. “Nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas” (2Co 4.17,18). “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).

Permissão

No entanto, ao mesmo tempo, Jó é para sempre um alerta para nós. Fundamentalmente, ele nunca vacilou em sua confiança em Deus, como é belamente provado quando sua esposa disse: “Amaldiçoa a Deus e morre”, e ele respondeu: “Receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal?” (Jó 2.9,10). No entanto, ele afundou em um pessimismo por se ressentir amargamente de suas aflições. “Ele consome ao perfeito e ao ímpio” (9.22). Nunca brilhou para Jó que a enormidade de seus infortúnios revelava a estimativa que Deus havia colocado sobre a força de seu caráter. Era como Paulo disse: “Não veio sobre vós tentação, senão humana [ou seja, que um homem pode suportar]; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis” (1Co 10.13). Assim, todas as palavras de Jó de desgosto e desespero nunca precisariam ter cruzado seus lábios de acordo com a estimativa divina sobre seu caráter. “Jó nunca poderia ter apresentado uma paciência [perseverança] que soa ao longo dos séculos, até nós ouvirmos falar dela, se ele não tivesse conhecido aflição extraordinária” (C. H. Spurgeon).

Culpa

Chegamos agora ao coração do problema no erro gigantesco (embora muito natural) feito pelos amigos de Jó. [Para eles], toda a pressão daqueles sofrimentos pessoais tinham apenas uma explicação: culpa pessoal. “Sabe, pois, que Deus exige de ti”, disse Zofar, “menos do que merece a tua iniqüidade” (11.6). No entanto, ao final, Jeová diz: “Não falastes de mim o que era reto” (42.7). O princípio pelo qual eles contenderam, que o pecado traz julgamento sobre os servos de Deus, é absolutamente verdadeiro e se aplica a inúmeros crentes. Porém, o enorme erro que eles cometeram, que é igualmente perigo para nós nesses dias em que crescente tribulação se aproxima, é que o sofrimento é, necessariamente, julgamento3. Ao longo de sua fala, Jó nunca hesitou por um momento em afirmar sua integridade, pois sabia que ela era um fato; contudo, seus amigos nunca especificaram com exatidão um único pecado em sua vida passada, nem sequer tentaram fazê-lo, enquanto atribuíam todo o sofrimento dele a uma vida tão pecadora que merecia esse julgamento esmagador4.

Deus

O próprio Jeová agora intervém nesse tremendo drama; e responde a Jó com uma palavra apenas: Deus. Na mais maravilhosa descrição da criação já dada, Ele desafia Jó: “Onde estavas tu quando Eu fundava a terra? […] Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam e todos os filhos de Deus jubilavam?” (38.4,7). Você é competente para criticar Deus? Nossa profunda ignorância das maravilhas da criação e, portanto, dos planos e propósitos insondáveis ainda mais maravilhosas que repousam, invisíveis, por trás da criação, faz todo o julgamento das ações de Deus nada menos do que um absurdo. Deus reina em meio à confusão, ao terror e à morte tão completamente como quando tudo está em perfeita ordem. Mesmo quando Jeová estava falando a Jó, a causa de seu sofrimento ainda era totalmente desconhecida para o patriarca: Jó era totalmente ignorante do drama do qual ele era a figura central e o ator principal. Menos ainda poderia ele saber que, visto por céu e inferno, esse drama, registrada no livro de abertura da Bíblia5, era provar para sempre que um filho de Deus, despojado de tudo, pode ser como o ouro purificado pelo fogo.

Penitência

Então, agora conhecemos a reação de Jó. Embora fosse “perfeito”, na medida em que os seres humanos podem ser, ele exigiu uma experiência espiritual nova. Repetidamente, e de modo quase desafiador, Jó tinha pedido ao Altíssimo que lhe concedesse uma entrevista, na qual ele poderia pleitear sua causa. Agora que ele está cara a cara com Deus, exclama: “Relatei o que não entendia […] Com o ouvir de meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos” (42.3,5). Por fim, brilhou para Jó que suas aflições era apenas um dos pensamentos primorosamente planejados de Deus, assim como Ele tinha feito a maravilhosa beleza da criação. Agora ele viu Deus em tudo, e que essa visão resolve todos os problemas. E uma revelação muito mais profunda de si mesmo acompanha a visão celestial. “Por isso”, Jó exclama, “me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (v. 6). O desespero com que ele conheceu o mistério do Senhor ao lidar com ele e a maldição sobre o dia de seu nascimento revelaram a esse nobre servo de Deus o que Paulo tinha aprendido: “Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7.18.). E, assim, a própria tragédia de sua agonia completava a santidade do santo de Deus.

Recompensa

Por fim, chegamos ao que é sempre o objetivo de Deus: “E o Senhor virou o cativeiro de Jó […] e o Senhor acrescentou em dobro a tudo quanto Jó antes possuía” (42.10,12)6. Jó não tinha sido alguém que ensinava que só deve buscar a Deus quando tudo está bem, mas um fiel seguidor de seu Senhor, a despeito da catástrofe terrível, assim confundindo Satanás completamente; e, apesar de sua paixão e dos discursos precipitados de desespero, ele não tinha perdido o favor de Deus, e agora tinha confessado e abandonado seu pecado. Nas palavras do apóstolo Tiago: “Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso [compassivo]” (5.11). O resumo que Deus dá a Jó, séculos depois, está em Ezequiel: “Quando uma terra pecar contra mim […] ainda que estivessem no meio dela estes três homens: Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas a sua alma” (14.14). Então, aqui, no primeiro livro da Bíblia, toda a doutrina do galardão desponta. Como nosso Senhor a expressa, embora muito mais amplamente do que uma recompensa em dobro: “Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos ou campos, por amor de Mim” – Jó tinha perdido tudo por amor a Deus, na divina controvérsia com Satanás – “e do evangelho, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos e campos, com perseguições, e no século futuro a vida eterna7” (Mc 10.29,30) –, na glória do reino8.

 


(Traduzido por Francisco Nunes de “Tribulation that is not judgment”, de D. M. Panton, M. A. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

1Ele se encaixa apropriadamente a nosso próprio dia, em que nos lembramos de que, ao passo que o poder original de Satanás é descrito como dunamis, um poder inerente (Lc 10.19), desde o Calvário, quando seu poder foi paralisado (Hb 2.14), ele é exousia, uma autoridade puramente concedida (Ef 2.2; At 26.18). (N. do A.)

2O autor não quer significar que os mártires ou mesmo Jó estavam tristes por sofrer (talvez, em alguma medida, isso possa ser dito de Jó), mas que seu sofrimento inspirava tristeza em quem os via (veja o exemplo dos amigos de Jó). (N. do T.)

3Embora essa inculpabilidade possa ser aplicada aos convertidos durante a Grande Tribulação, ela não se aplica aos cristãos que entraram nela, uma vez que estes, se dignos, teriam escapado (Lc 21.36; Ap 3.10). (N. do A.)

4Eles justamente manchado críticas de coração partido de Jó da Providência, mas este pecado foi após o desastre, e, portanto, não poderia ser causa do mesmo.]

5Não no sentido de ser o primeiro que o leitor encontra na Bíblia, mas o primeiro escrito, como o autor já afirmou no primeiro parágrafo do texto. (N. do T.)

6É belo notar que seus filhos e filhas também foram exatamente em dobro, na medida em que os cinco anteriores ainda eram dele, embora no Paraíso (isto é, no Hades/Sheol) com seu Senhor. (N. do A.)

7A palavra grega aionios, traduzida por “eterna”, também pode ser traduzida como “duradoura pelas eras”, se o contexto assim o indica, como nesse versículo. A vida deve seguir a morte e a ressurreição. Portanto, Jó deve ser ressuscitado ao tempo da “primeira ressurreição” a fim de ser capacitado a desfrutar a vida na era por vir” (Ap 20.6). E assim está escrito: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida minha pele [isto é, depois da minha morte], contudo ainda em minha carne [isto é, em meu corpo ressuscitado], verei Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e meus olhos, e não outros, O contemplarão [isto é, sobre a terra, na era vindoura, depois da ressurreição dos justos]” (Jó 19.25-27). (N. do E.)

8É intensamente proveitoso notar que na aurora da Bíblia, o drama se encerra sobre a terra de modo que todo pecado tem apenas um perdão: sacrifício de sangue. Jeová diz a Elifaz: “A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos […] oferecei holocaustos por vós” (Jó 42.7). Ira e sangue: o sangue do Cordeiro é o único refúgio para o qual, se não-salvos, podemos fugir da ira vindoura. (N. do A.)

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Constante prontidão (Sarah Foulkes)

Prontidão constante para a volta do Senhor

A hora não avisada do retorno de nosso Senhor torna imperativa a constante prontidão.

Como um profeta predizendo Seu próprio advento, nosso Senhor dá a Seus discípulos advertências enfáticas e incisivos alertas para a prontidão vigilante (Mt 24; 25). Vigiai […] para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. E as coisas que vos digo, digo-as a todos: Vigiai” (Mc 13.36,37). Falando como alguém com autoridade, nosso Senhor começa e termina esse solene alerta sobre Sua vinda com a ordem simples e explícita para vigiar!

Cristãos que estão realmente se preparando para a vinda iminente do Senhor estão vivendo hoje na atitude sempre vigilante de coração, de vida e de conduta que brota de um constante e predominante objetivo: poderem ser considerados dignos de escapar do julgamento de ira que virá rapidamente no fim desta era.

Lucas 21.34-36 torna surpreendente e evidente que a transladação é um escape do julgamento. Muitos estão dando como certo que estão prontos para fugir. Quão presunçosa é sua suposição quando contrastada com o exemplo na Escritura apresentado por Paulo! Em antecipação, ele escreve aos filipenses: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus […] Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (3.12,14).

Paulo viveu sua experiência cristã diária como um homem em uma corrida com o propósito em vista de ganhar o prêmio. Na corrida, ele se despojou de si mesmo por causa da coroa reservada para todos os que venceram e viveram piedosamente em Cristo Jesus (Ap 12.11). Assim, Paulo pôde dizer: “Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo” (2Co 2.14). Para que pudesse ser um vencedor e não uma vítima de suas circunstâncias, Paulo colocou coração e alma em sua experiência cristã. Ele forçou cada nervo, dispôs cada músculo para alcançar aquilo para o que Cristo o havia ganho. Não muito tempo antes de partir, ele evidentemente atingiu a soberana vocação de Deus em Cristo, pois disse: “O tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (2Tm 4.6-8). Que certeza arrebatadora Paulo tinha! E ela pode ser nossa, se nós, como Paulo, buscarmos as superações que nos fazem mais do que vencedores sobre o mundo, a carne e Satanás.

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão.

Enoque foi trasladado porque tinha o testemunho de que agradara a Deus. “A inclinação da carne [ou mente carnal] é inimizade contra Deus” (Rm 8.7). Podemos, portanto, esperar andar com Deus e agradá-Lo enquanto temos qualquer carnalidade, liberdade da carne, mundanismo em nós? “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais […] Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” (1Co 3.1,3).

As palavras vigiar e orar estão constantemente nos lábios de nosso Senhor quando alerta sobre Sua súbita volta como ladrão. Todo o ensino, toda a pregação, toda a atividade que anula o aviso solene do Senhor a Seu povo de que deve cuidar de si mesmo e vigiar e orar sempre tornam o povo perigosamente desavisado. Essa é a razão pela qual muitos cristãos hoje estão caminhando despreocupadamente, como se estivessem indo a um piquenique, quando, como uma questão de fato, estamos na própria hora da vinda e do julgamento começar em Seu Santuário. O arrebatamento em si é um sinal do julgamento sobre aqueles que foram deixados. Daí, toda a estratégia de Satanás é impedir a vigilância e a atitude de alerta que o Senhor tão solenemente aconselhou.

E não o perceberam, até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um e deixado o outro […] Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor” (Mt 24.39-42).

Tem sido dito que a única diferença entre os que o Senhor toma na transladação e os que são deixados para os últimos julgamentos sobre Terra é a diferença de prontidão vigilante. Em seus últimos discursos, nosso Senhor procurou despertar com exortações a vigilância do discípulo não-vigilante, o o pai de família roubado e o mordomo infiel (caps. 24 e 25).

Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (25.13). Cristo sempre ressaltou muito a necessidade de estarmos sempre prontos. “Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias. E sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor […] Bem-aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!” (Lc 12.35-37).

Estamos às portas da volta de Cristo. Cada tique-taque do relógio nos aproxima disso. A escuridão da meia-noite da terra está espalhando. A vinda do Noivo está próxima. Então, Sua noiva está se aprontando. O espírito do anticristo está espalhado pelo mundo. A grande tribulação está lançando suas sombras diante de nós. Cristãos, olhem para cima! Estejam imediatamente prontos, vigilantes, atentos. “Já é hora de despertarmos do sono, porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado” (Rm 13.11,12).

Um movimento espiritual quase imperceptível está operando no coração de todos os verdadeiros crentes que separam o ouro da escória, o real do irreal, o precioso do vil, o joio do trigo. Ele vem como um silêncio sagrado sobre a alma, a sombra da Presença que se aproxima.

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso.

Cristo está vindo! Esteja pronto para quando Ele vier. Separe-se da indulgência do mundo. Desembarace-se de sua imersão nos negócios dessa vida. Vigie e ore sempre! Um cristão carnal não pode ser vigilante. Nós só podemos vigiar se nos mantivermos despertados espiritualmente. A palavra vigiar significa ser espiritualmente despertado, estar em alerta constante. “Eu dormia, mas o meu coração velava. E eis a voz do meu amado que está batendo: ‘Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite’” (Ct 5.2).

Ele vem quando não esperamos. Não haverá nenhum aviso. “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Um rápido e cegante refulgir, e o vigilante vai estar com o Senhor. O não-vigilante, de acordo com as próprias palavras de nosso Senhor, não vai escapar dos últimos julgamentos sobre a terra (Lc 21.34-36).

O espírito do homem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27). Em Sua parábola das virgens, nosso Senhor revela que haverá um reavivamento de preparar as lâmpadas às vésperas de Sua volta. Quanto tempo leva para preparar-se uma lâmpada? O sábio só tem tempo para preparar sua lâmpada, não para enchê-la, antes que a porta seja fechada. Encher exige constante e vigilante preparação do coração, da vida e dos lábios a fim de fazer-nos e manter-nos prontos para encontrar e saudar o Amado de nossa alma quando Ele, todo glorioso, vier para receber os “aceitos no Amado”.

Um não-abandonado pecado conhecido, uma ordem conhecida desobedecida, uma conhecida verdade não-crida, uma parte da vida conscientemente não-submetida, e nós estamos em perigo. As últimas sombras estão caindo sobre o mundo e, portanto, em sua vida. No entanto, você não está pronto. Mas há tempo para alcançar a vitória antes do sol se por. Seu Juiz vindouro é seu Salvador hoje” (The Midnight Cry).


(Traduzido por Francisco Nunes de “Constant Readiness”. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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