Esta oração é pronunciada por um homem chamado a ser testemunha ante as nações, e foram estas as palavras que disse ao seu Senhor no dia em que foi ordenado. Depois de os anciãos e ministros terem orado e pousado sobre ele as suas mãos, retirou-se para estar a sós com o seu Salvador, no silêncio, mais além do que os seus irmãos bem intencionados o podiam levar. E disse:
Senhor, escutei a tua voz e tive medo. Chamaste-me a uma tarefa solene numa hora grave e perigosa. Em breve abalarás todas as nações, a terra e também o céu, para que fique só aquilo que é inabalável. Senhor, nosso Senhor, aprouve-Te honrar-me chamando-me a ser teu servo. Só aceita esta honra aquele que é chamado a ser teu servo, visto ter de ministrar junto àqueles que são obstinados de coração e duros de ouvido. Eles Te rejeitaram, a Ti, que és o Amo, e não posso esperar que me recebam a mim, que sou o servo.
Meu Deus, não vou perder tempo a deplorar a minha fraqueza ou a minha incapacidade para o trabalho. A responsabilidade é tua, não minha, pois disseste: “Conheci-te, ordenei- te, santifiquei-te”, e também: “Irás a todos aqueles a quem Eu te enviar, e falarás tudo aquilo que Eu te ordenar”. Quem sou eu para argumentar contigo ou para pôr em dúvida a tua escolha soberana? A decisão não é minha, mas sim tua. Assim seja, Senhor; cumpra-se a tua vontade e não a minha.
Bem sei, Deus dos profetas e dos apóstolos, que, enquanto eu Te honrar, Tu me honrarás a mim. Ajuda-me, portanto, a fazer este voto solene de Te honrar em toda a minha vida e trabalho futuros, quer ganhando quer perdendo, na vida ou na morte, e a manter intacto esse voto enquanto eu viver.
É tempo, ó Deus, de agires, pois o inimigo entrou nos teus pastos e as ovelhas são dilaceradas e dispersas. Abundam também falsos pastores que negam o perigo e se riem das ameaças que rodeiam o teu rebanho. As ovelhas são enganadas por estes mercenários e seguem-nos com fidelidade, enquanto o lobo se acerca para matar e destruir. Imploro-Te que me dês olhos bem abertos para descobrir a presença do inimigo; que me dês compreensão para distinguir entre o falso e o verdadeiro amigo. Dá-me visão para ver e coragem para declarar fielmente o que vejo. Torna a minha voz tão parecida com a tua que até as ovelhas doentes a reconheçam e Te sigam.
Senhor Jesus, aproximo-me de Ti em busca de preparação espiritual. Pousa a tua mão sobre mim. Unge-me com o óleo do profeta do Novo Testamento. Impede que eu me transforme num religioso e perca assim a minha vocação profética. Salva-me da maldição que paira sombriamente sobre o sacerdócio moderno; a maldição da transigência, da imitação, do profissionalismo. Salva-me do erro de julgar uma igreja pelo número de seus membros, pela sua popularidade ou pelo total de suas ofertas anuais. Ajuda-me a lembrar-me de que eu sou profeta, não um animador, não um gerente religioso, mas um profeta. Que eu nunca me transforme num escravo das multidões. Cura a minha alma das ambições carnais e livra-me do prurido da publicidade. Salva-me da servidão das coisas materiais. Impede-me de gastar o tempo entretendo-me com as coisas da minha casa. Faze o teu terror pousar sobre mim, ó Deus, e impele-me para o lugar de oração onde eu possa lutar com os principados, e potestades, e príncipes das trevas deste mundo. Livra-me de comer demais e de dormir demais. Ensina-me a auto-disciplina para que eu possa ser um bom soldado de Jesus Cristo.
Aceito trabalho duro e pequenas compensações nesta vida. Não peço um cargo fácil. Procurarei ser cego aos pequenos processos de facilitar a vida. Se outros procuram o caminho mais plano, eu procurarei o caminho mais árduo, sem os julgar com demasiada severidade. Esperarei oposição e procurarei aceitá-la serenamente quando ela vier. Ou se, como por vezes sucede aos teus servos, o teu povo bondoso me obrigar a aceitar ofertas expressivas de gratidão, conserva-Te ao meu lado e salva-me da praga que a isso freqüentemente se segue; ensina-me a usar o que porventura receber de tal modo que não prejudique a minha alma nem diminua o meu poder espiritual. E se a tua providência permitir que me advenham honras da tua Igreja, que eu não esqueça naquela hora que sou indigno da mais ínfima das tuas misericórdias, e que, se os homens me conhecessem tão intimamente como eu me conheço a mim próprio, me retirariam tais honrarias para as darem a outros mais dignos delas.
E agora, Senhor do céu e da terra, consagro-Te o resto dos meus dias, sejam eles muitos ou poucos, consoante a tua vontade. Quer eu me erga perante os grandes quer ministre aos pobres e humildes, essa escolha não é minha, e eu não a influenciaria, mesmo que pudesse. Sou teu servo para cumprir a tua vontade. Ela é mais doce para mim do que a posição, ou as riquezas, ou a fama, e escolho-a acima de tudo o mais na terra ou no céu.
Embora eu tenha sido escolhido por Ti e honrado por uma alta e santa vocação, que eu nunca esqueça que não passo de um homem de pó e cinza com todos os defeitos e paixões naturais que atormentam a humanidade. Rogo-Te, portanto, meu Senhor e Redentor, que me salves de mim próprio e de todo o mal que eu puder fazer a mim mesmo enquanto procuro ser uma bênção para os outros. Enche-me do teu poder pelo Espírito Santo, e eu caminharei na tua força e proclamarei a tua justiça – a Tua tão somente. Anunciarei a mensagem do teu amor redentor enquanto tiver forças.
E, Senhor amado, quando eu for velho e estiver fatigado, demasiado cansado para prosseguir, prepara-me um lugar lá em cima e conta-me entre o número dos teus santos na glória eterna. Amém.
“E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados” (Mt 10.30).
Que promessa preciosa temos aqui! Tudo o que diz respeito a você, até mesmo o número dos cabelos de sua cabeça, tudo Deus conhece! Nada acontece por acaso ou por acidente. Nada escapa a Sua inspeção. A folha que cai na floresta, o inseto que esvoaça, o agitar das asas dos anjos, a destruição de um povo: tudo Ele conhece por igual! O homem fala de coisas grandes e de coisas pequenas, mas Deus desconhece essa diferença.
Como é confortante pensar nesse terno cuidado com referência a Seu próprio povo, o povo da aliança: Ele é quem distribui todas as alegrias e todas as tristezas de Seu povo! Todo doce, e todo amargo, é Ele quem ordena. Até mesmo “noites longas e enfadonhas” são “ordenadas” por Ele. Nenhum sofrimento meu, nenhuma lágrima que derramo, nada acontece que Lhe seja desconhecido. Aquilo que comumente chamamos de “negras nuvens” são as ordens da invariável fidelidade Dele. O homem pode errar, seus caminhos são constantemente tortuosos; mas “o caminho de Deus é perfeito” (2Sm 22.31; Sl 18.30)!
Ele recolhe em Seu odre as minhas lágrimas. Em todo momento, Seus braços eternos me sustentam e me rodeiam. Ele cuida de mim “como à menina do olho” (Sl 17.8). Ele me trata como um homem trata o próprio filho (103.13)!
Você está preocupado com o futuro? Há muita coisa incerta e misteriosa aguardando você? Talvez haja até muitos presságios ruins. Confie Nele! Tudo o que lhe diz respeito já está designado. Os perigos serão afastados; labirintos confusos se mostrarão entrelaçados e entremeados de misericórdia. “Os pés dos Seus santos [Deus] guardará” (1Sm 2.9). Nem um cabelo da sua cabeça será tocado.
Às vezes, Ele nos guia por caminhos escuros; às vezes, por caminhos de sofrimento; com freqüência, por caminhos tortuosos e aflitivos, que nós mesmos não teríamos escolhido. Mas Ele sempre nos conduz sabiamente, sempre com ternura. Com todos esses intrincados e sinuosos desvios, com todas as suas asperezas e severidades, o crente não só está em um caminho certo, mas está no caminho certo, o melhor caminho que o amor e a sabedoria do pacto poderiam escolher para ele.
Jeremias Taylor diz: “Não há nada que aquiete a mente no meio da agitação e da turbulência das coisas presentes do que olhar acima delas e olhar além delas. Acima delas, para a firme e amorosa mão que as está regendo; e além delas, para o doce e belo final a que, por essa mão, as circunstâncias serão conduzidas”. Thomas Brooks diz: “O Grande Consolador põe nuvens e escuridão em torno de Si, pedindo que atendamos a Seu chamamento do meio da nuvem, prometendo um eterno e ininterrupto raiar do sol no outro lado”. Nesse “outro lado” haveremos de ver como todo golpe de vento, aparentemente rude, cooperou para conduzir nosso barco para mais perto do céu desejado.
Eu posso muito bem confiar a guarda de minha alma a Jesus, com absoluta certeza de que Ele a guardará segura – Ele é o fiel Criador. Ele deu a Si mesmo por mim. Essa tão grande prova de amor é a garantia da concessão de toda e qualquer outra bênção que seja necessária (Rm 8.32). Oh, que pensamento abençoado: minhas tristezas estão todas contadas pelo Homem de Dores; minhas lágrimas estão todas contadas por Ele, que primeiro derramou Suas lágrimas e, então, Seu sangue por mim! Ele não vai me impor nenhum fardo inútil, e não exigirá nenhum sacrifício desnecessário. Não havia nenhuma gota desnecessária no cálice de Seus próprios sofrimentos, nem haverá no cálice de Seu povo.
“Ainda que Ele me mate, Nele esperarei” (Jó 13.15)!
“Portanto, consolai-vos uns aos outros com essas palavras” (1Ts 4.18).
O estabelecimento de um sacerdócio humano como uma classe distinta dos outros cristãos é uma negação da verdade da fé cristã. De acordo com o Novo Testamento, todos os cristãos são sacerdotes: eles oferecem oração e louvor a Deus.
No Novo Testamento temos:
Sacerdotes judeus
O sacerdote pagão de Júpiter
Melquisedeque (contemporâneo de Abraão)
O próprio Cristo como o Sumo Sacerdote
Não existe absolutamente nenhuma referência a alguns cristãos tendo a distinção de serem sacerdotes. Em lugar disso, todos os cristãos são sacerdotes. Uma classe diferenciada de sacerdotes dentre os cristãos na terra é totalmente estranha ao Novo Testamento. Todos os cristãos pertencem a um sacerdócio real e santo – tudo o mais é falso e contrário às Escrituras.
Veja os seguintes versículos:
“Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Cristo Jesus” (1Pd 2.5).
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas Daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pd 2.9).
“Àquele que nos ama, e pelo Seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus, Seu Pai” (Ap 1.5,6).
“Por Ele [Jesus], pois, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13.15). (A palavra sacerdote não é usada aqui, mas apenas sacerdotes oferecem sacrifícios.)
Cristo é o grande Sumo Sacerdote; todos os cristãos são sacerdotes. No antigo sistema, os sacerdotes ofereciam dons e sacrifícios pelos pecados em benefício do povo que não podia se aproximar do altar para o fazer. Era, sem dúvida, antes do próprio sacrifício de Cristo na cruz. A fé cristã é fundamentada no perfeito sacrifício de Cristo, no valor e na eficácia do que é eterno. A Epístola aos Hebreus enfatiza que, como a obra de Cristo fora de uma vez por todas, não pode haver qualquer outro sacrifício pelos pecados (ver 10.26).
No tabernáculo judeu havia dois véus. As pessoas comuns não podiam passar por nenhum deles. Os sacerdotes podiam passar pelo primeiro a fim de oferecer incenso, porém, pelo véu que dava para o Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote podia passar sozinho, uma vez por ano, com o sangue da propiciação aspergido sobre o propiciatório. Assim, Deus se escondia dentro do véu. O adorador comum não podia se aproximar de Deus diretamente para oferecer dons e sacrifícios. O sacerdote os recebia e os oferecia. Deus habitava em densa escuridão.
A fé cristã é o completo oposto de tudo isso. O véu foi rasgado de alto a baixo (ver Mc 15.38); Deus revelou a Si mesmo. Em lugar de não podermos nos aproximar de Deus, Deus se aproximou de nós. Isso se aplica até ao maior dos pecadores (Paulo). Agora:
“A graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11).
“As trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz” (1Jo 2.8).
“Pois que Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2Co 5.19).
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1.14).
“Nele [em Cristo] estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (Jo 1.4).
“Deus nos deu vida eterna, e essa vida está em Seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida” (1Jo 5.12).
Por meio disso deduzimos que, quando um cristão assume a autoridade exclusiva de conduzir uma reunião ou um grupo, ele está agindo segundo a antiga ordem judaica. Está, de fato, dizendo que a pessoa comum não pode se aproximar pessoalmente, mas que deve ter um ministro ordenado da igreja para se aproximar por ele. Isso é uma negação de toda a eficácia da fé cristã e do lugar no qual todos os cristãos foram colocados.
Mas a luz de Deus brilhou mais, “e devemos andar na luz assim como Ele [Deus] na luz está” (1Jo 1.7). Aproximo-me pelo sangue de Cristo, a luz me mostra que estou perfeitamente limpo. Se requeiro que outro entre na presença de Deus em meu benefício, não devo considerar a mim mesmo como puro. Mas estou limpo, por causa da obra de Cristo. Sou, portanto, um sacerdote, e devo oferecer louvor, gratidão e adoração ao próprio Deus. E posso fazer isso a qualquer hora.
Seria algo maravilhoso se todos os que professam o Evangelho pudessem, juntamente com o apóstolo, regozijar-se no testemunho da consciência, de que vivem em simplicidade e em sinceridade. Quantos males e escândalos seriam evitados! Mas, ah!, são tantos os que usam o nome de Cristo que parecem não ter a menor idéia dessa parte essencial do caráter cristão. Acredito que algumas poucas considerações sobre esse assunto tão pouco tratado nos serão de bom proveito. Aquele que está mais avançado na vida cristã ainda tem algo para aprender sobre isso; e, quanto mais avançarmos no assunto, maior será nossa paz interior e mais haverá de brilhar nossa luz diante dos homens, para glória de nosso Pai celestial.
A simplicidade e a sinceridade, embora sejam inseparáveis, não são a mesma coisa. A primeira é o fundamento que dá origem à segunda. A simplicidade, antes de tudo, diz respeito à disposição de nosso espírito à vista de Deus, enquanto a sinceridade diz respeito à nossa conduta observável por nossos semelhantes. É verdade, os termos são freqüentemente usados de modo intercambiável, e isso pode ocorrer sem provocar grandes erros; mas, como não são exatamente a mesma coisa, julgo adequado, se queremos falar corretamente, deixar bem clara essa distinção.
Algumas pessoas, mais encantadas com o nome simplicidade do que com a essência do que essa palavra significa, têm atribuído a ela o sentido de infantilidade no falar e no agir, como se entendessem a palavra simples apenas no sentido vulgar, como equivalente de tolo. Mas essa infantilidade produz autêntico desgosto naqueles que têm verdadeiro gosto pelas coisas de Deus e adequado juízo sobre elas. Uma simplicidade artificial ou aparente é uma contradição de termos, e difere tanto da simplicidade do Evangelho quanto a maquiagem difere da beleza.
A simplicidade verdadeira, que é a honra e a força de um crente, é o efeito de uma percepção espiritual das verdades do Evangelho. Ela surge da percepção que temos (e cresce à medida que essa consciência se intensifica) de nossa própria indignidade, do poder e da graça de Cristo e da grandeza de nosso comprometimento com Ele. À medida que o conhecimento dessas coisas passa a fazer parte de nossas vida e experiência, isso nos tornará simples de coração. Essa simplicidade pode ser considerada de duas formas: uma simplicidade de intenção e uma simplicidade de confiança. A primeira se opõe a nossas obras corruptas; a segunda, ao falso raciocínio incrédulo.
A simplicidade de intenção significa que temos somente um alvo, para o qual dirigimos e ao qual subordinamos todos os nossos desejos e tudo o que nos interessa, deliberadamente e sem reservas. Em resumo: que estamos devotados ao Senhor, e pela graça fomos capacitados a escolhê-Lo e a nos consagrar a Ele, de forma que nossa felicidade está em Seu favor, e fazemos da glória e da vontade Dele o supremo alvo de todas as ações. Ele é digno disso. Ele é o supremo bem. Só Ele é capaz de satisfazer a imensa capacidade que nos concedeu, pois Ele nos formou para Si mesmo. E, aqueles que já provaram que Ele é gracioso, sabem que Sua graça “é melhor do que a vida” (cf. Sl 63.3a), e que Sua presença e plenitude podem suprir a falta ou a perda de toda e qualquer necessidade pessoal.
Da mesma forma, Ele, com justiça, requer que sejamos totalmente Dele; pois, além de, como Suas criaturas, estarmos em Suas mãos como barro nas mãos do oleiro, Ele tem um documento de redenção para nós: Ele nos amou e nos comprou com Seu próprio sangue. Ele não hesitou nem vacilou entre dois pensamentos, quando se empenhou em redimir nossa alma da maldição da lei e do poder de Satanás. Ele, no momento de Sua agonia, poderia ter convocado legiões de anjos (se fosse necessário) para Lhe darem assistência ou poderia ter destruído Seus inimigos com uma palavra ou um simples olhar. Ele poderia facilmente ter-se salvado; mas como então teria sido salvo Seu povo ou como teriam se cumprido as promessas das Escrituras? Por essa razão, Ele voluntariamente suportou a cruz, Ele ofereceu as costas a Seus torturadores, Ele derramou Seu sangue, Ele renunciou à própria vida. Nele nós vemos uma admirável simplicidade de intenção!
“E nós, ó Amigo das almas,
não deveríamos ser simples de coração
e totalmente entregues a Ti?
Deveríamos recusar o cálice da aflição de Tua mão ou por Tua causa?
Ou deveríamos desejar beber o cálice do prazer pecaminoso,
quando lembramos o que nossos pecados custaram para Ti?
Devemos desejar ser amados pelo mundo que Te odiou
ou ser admirados pelo mundo que Te desprezou?
Devemos nos envergonhar de professar nossa ligação com um Salvador assim?
Não, Senhor, não permitas que isso aconteça!
Faze com que Teu amor nos constranja;
que Teu nome seja glorificado e Tua vontade seja feita, por nós e em nós.
Que consideremos todas as coisas como escória e esterco
pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, nosso Senhor.
Que não desejemos nada que Tu julgues por bem nos negar,
nem nos lamentemos por aquilo de que queres que abramos mão.
E que nem mesmo nos regozijemos naquilo que nos concederes,
a não ser que possamos aproveitá-lo para Ti;
e que sempre desejemos mais Teu amor do que nossa mais cara alegria!”
Essa é a linguagem do coração que foi abençoado com a simplicidade do Evangelho. Ele já foi a fortaleza do pecado, o trono do interesse próprio; mas agora o egoísmo foi destronado, e Jesus reina pelo cetro dourado do amor. Esse princípio preserva a alma das buscas inferiores, sórdidas e idólatras. Ele não admitirá nenhum rival perto do Amado, nem se renderá aos subornos e às ameaças do mundo.
Quão confortante é, e quão apropriado para nossa declaração de fé, ser capaz de confiar no Senhor na estrada do dever! Crer que Ele suprirá nossas necessidades, dirigirá nossos passos, defenderá nossa causa e controlará nossos inimigos! É isso que Ele prometeu, e faz parte do Evangelho a simplicidade de aceitar Sua palavra contra todo desânimo.
Há, igualmente uma simplicidade de confiança. A incredulidade está constantemente levantando objeções, ressaltando e multiplicando dificuldades. Mas a fé no poder e nas promessas de Deus inspira uma nobre simplicidade e lança sobre Ele cada preocupação, Ele que é capaz e se comprometeu a sustentar e a cuidar.
Dessa forma, quando Abraão, em obediência ao chamado de Deus, deixou sua terra e sua parentela, o apóstolo observa: ele “partiu sem saber aonde ia” (Hb 11.8). Para Abraão, era suficiente saber a quem estava seguindo: o Deus todo-suficiente era seu guia, seu escudo e seu grandíssimo galardão (Gn 15.1). Assim, quando forçado a esperar longamente pelo cumprimento de uma promessa, ele não se abalou, não discutiu nem duvidou, mas simplesmente dependeu de Deus, que tinha falado e que também era poderoso para cumprir o que prometera. De forma semelhante, quando recebeu a dura ordem de oferecer o próprio filho, a respeito do qual tinha sido dito: “Em Isaque será chamada a tua descendência”, ele simplesmente obedeceu e dependeu do Senhor para que cumprisse a própria palavra (Hb 11.18,19).
Foi nesse espírito que Davi saiu para enfrentar Golias, e o venceu. E dessa forma os três notáveis não temeram as ameaças de Nabucodonosor, escolhendo antes ser lançados numa fornalha acesa do que pecar contra o Senhor. E dessa forma Elias, num tempo de fome, foi preservado de preocupação e necessidade, e foi sustentado por meios extraordinários (1Rs 17.1-7).
Em nossos tempos, não ficamos na expectativa de milagres, no sentido estrito da palavra, mas aqueles que dependem de Deus de forma simples haverão de deparar-se com tais indicações de Sua intervenção em tempos de necessidade, o que, para eles pelo menos, será uma prova satisfatória de que Ele tem cuidado deles. Quão confortante é, e quão apropriado para nossa declaração de fé, ser capaz de confiar no Senhor na estrada do dever! Crer que Ele suprirá nossas necessidades, dirigirá nossos passos, defenderá nossa causa e controlará nossos inimigos! É isso que Ele prometeu, e faz parte do Evangelho a simplicidade de aceitar Sua palavra contra todo desânimo. Isso nos encorajará a usar todos os meios legítimos, porque o Senhor nos ordenou esperar Nele baseados em Sua Palavra; mas também haverá de inspirar confiança e esperança quando tudo parece falhar (Hc 3.17,18).
Quando não exercem essa dependência, muitos desonram sua profissão de fé, e chegam até a naufragar na fé. O coração deles não é simples; eles não confiam no Senhor; pelo contrário, apoiam-se no próprio entendimento, e suas esperanças e medos recebem influência de vermes como eles mesmos. Isso provoca uma duplicidade de conduta. Eles temem o Senhor, mas servem a outros deuses. Reparando na linguagem deles, às vezes se pensa que o desejo deles é servir apenas ao Senhor; mas, se ficam com medo de que Ele não vai protegê-los ou suprir-lhes as necessidades, fazem aliança com o mundo e procuram tanto segurança quanto vantagens em aquiescências pecaminosas. Eles não podem regozijar-se no testemunho de uma consciência boa. Vivem de forma miserável. Tentam reconciliar aquilo que o Senhor declarou ser totalmente incompatível: servir a Deus e ao dinheiro.
Eles conhecem o suficiente da religião ao ponto de seus interesses mundanos se tornarem desagradáveis, e têm tanta estima pelo mundo que isso os impede de receber qualquer bem-estar verdadeiro da religião. Esses são os mornos na fé, nem quentes nem frios: nem aprovados pelos homens nem aceitos por Deus. É possível que participem das ordenanças [batismo e Ceia do Senhor] e falem como cristãos, mas o gênio deles não é santificado e sua conduta é irregular e reprovável. Eles não são simples e, por essa razão, não podem ser sinceros.
Não preciso me dar ao trabalho de provar que o efeito da simplicidade será a sinceridade. Visto que aqueles que amam o Senhor acima de tudo, que preferem a luz do Seu rosto a milhares de ouro e prata, que foram capacitados a confiar Nele quanto a todas as preocupações e que preferem que Ele lhes controle a vida em vez de eles mesmos fazerem isso – esses serão pouco tentados à insinceridade. Os princípios e os motivos que regem a conduta deles são os mesmos tanto em público como em particular. O comportamento deles será íntegro, pois eles têm um só propósito. Eles falarão a verdade em amor, serão rigidamente pontuais nos negócios e tratarão os outros como gostariam de ser tratados. Porque essas coisas são essenciais para o grande alvo deles: glorificar seu Senhor e manter comunhão com Ele.
Um temor de desonrar Seu nome e de entristecer Seu Espírito os ensinará não só a evitar pecados grosseiros e conhecidos, mas a absterem-se de toda aparência de mal. A conduta deles, por isso, será consistente, e serão capacitados a dizer a todos os que os conhecem que “com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus” eles têm se conduzido no mundo (2Co 1.12).
Para um cristão sincero, o engano e a esperteza, que são considerados sabedoria no mundo, são considerados não apenas ilegítimos, mas também desnecessários. Ele não precisa de pequenos subterfúgios, evasivas e disfarces, pelos quais homens astuciosos se esforçam (embora muitas vezes em vão) para esconder seu verdadeiro caráter e fugir de merecido desprezo. Ele é o que parece ser, e por isso não teme ser descoberto. Ele anda na luz da sabedoria que é lá do alto e se apoia no braço do Todo-Poderoso; por isso, anda com liberdade, confiando no Senhor, a quem serve em espírito no evangelho de Seu Filho.
O que é o evangelho em si mesmo além de uma temperança misericordiosa, na qual a obediência de Cristo é estimada como nossa, e nossos pecados são lançados sobre Ele, em que Deus, sendo juiz, se torna nosso Pai, perdoando nossos pecados e aceitando nossa obediência, ainda que fraca e defeituosa? Somos agora trazidos ao céu sob a aliança da graça por um caminho de amor e misericórdia.
(Richard Sibbes)
Contemple pela fé o Cordeiro de Deus, sem pecado e sem mancha, como tendo suportado o peso, sofrido pelos pecados, morrido pelas transgressões, e aceite a verdade preciosa de que foi o eterno amor de Deus que os colocou todos em Jesus, e que nada lhe foi deixado para fazer além de crer em Jesus, pois Ele salva totalmente todos os que vêm a Deus por Seu intermédio.
(Octavius Winslow)
Não existe maior sinal de um orgulho confirmado do que julgar-nos suficientemente humildes.
(William Law)
Nunca suavize o Evangelho. Se a verdade ofende, então, deixe que ofenda. As pessoas passam sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento.
(John MacArthur)
Embora nossos desejos privados sejam sempre tão confusos, nossos pedidos particulares sempre tão imperfeitos e nossos próprios suspiros sempre tão escondidos dos homens, mesmo assim Deus os vê, lembra-se deles e os põe no arquivo do céu, e um dia os coroará com respostas e retornos gloriosos.
(Thomas Brooks)
Quando agimos, colhemos os frutos de nosso trabalho, mas, quando oramos, colhemos os frutos do trabalho de Deus.
(Hans Von Staden)
Quando procuramos colocar a lei de Deus contra Seu amor, mostramo-nos ignorantes sobre ambos.
Estamos às vésperas de um novo ano. Podemos dizer, sem dúvida, que o Senhor nos trouxe até aqui: abençoou-nos, guardou-nos, corrigiu-nos, encorajou-nos, repreendeu-nos, alegrou-nos, sustentou-nos, capacitou-nos, renovou-nos, ensinou-nos, transformou-nos, amou-nos, disciplinou-nos, misericordiou-nos (como dizia certa irmã que conheci). Suas misericórdias se renovaram em cada uma das 365 últimas manhãs, permitindo-nos ter mais um ano.
Quer tenhamos andado no vale da sombra da morte, quer tenhamos desfrutado apenas de pastos verdejantes, o certo é que o Senhor não nos desamparou nem abandonou em nenhum momento. Ele é Emanuel, Deus conosco todo o tempo, mesmo quando está em silêncio, mesmo quando não O vemos, mesmo quando tudo indica que Ele nos deixou. Cada manhã é a garantia de que na próxima manhã Ele ainda estará conosco, com novas misericórdias.
Muitas pessoas supõem que tudo se fará novo (elas mesmas, o mundo, a sociedade) pelo simples fato de um novo ano se iniciar. Evidentemente, isso é uma tolice, uma expectativa que se frustrará logo no primeiro dia. Mas o início de um novo ano é um bom momento para considerarmos nossa caminhada passada com o Senhor, para renovarmos nossa entrega a Ele, para estabelecermos alvos na vida cristã. A leitura diária da Bíblia, por exemplo, é um desses louváveis compromissos a assumir com Deus, contando, sem dúvida, com Sua graça para cumpri-lo.
A equipe do Campos de Boaz decidiu partilhar com os leitores um pouco do que aprendeu com o Senhor nesse ano. Sem dúvida, foi um ano de experiências profundas, as quais não seria possível descrever aqui em sua totalidade. Decidimos, então, por apresentar um artigo Gotas de orvalho especial, mas escolhemos chamá-lo de Gotas de orvalho especiais, por conterem um pouco da história particular de cada um de nós com nosso amado Senhor.
Rafael Bernard
Seu Livro Antigo busca me dar esperança e refrigério:
Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
(Mateus 6.26)
Não é necessário cedermos ao peso deste mundo, pois o Senhor pediu que nossa carga a colocássemos sobre Ele. E, seguindo a atenção requerida pelas palavras do Mestre, um poema-canção de Stenius Marcius encoraja e corrige, pois Sua graça nos basta:
Acordo
Me diga, andorinha, você que já voou o mundo inteiro
Se houve um momento só, por cima de um continente,
Por sobre qualquer cidade, em que te faltou o céu?
Será que o infinito espaço a teu redor é suficiente
Pra voares livre e viveres feliz?
Me diga, peixinho dourado, senhor do vasto oceano,
Que brinca nas correntezas, se esconde em velhos navios
Mergulha nas profundezas, sem nunca chegar ao fim:
Será que os sete mares que são teus têm bastante água
Pra nadares livre e viveres feliz?
Puxa uma cadeira, minh’alma, que eu quero te perguntar:
Por que me roubas a calma, me botas tristeza no olhar?
Vamos entrar num acordo, vida tranqüila viver:
Lembra daquilo que o Mestre falou:
“A Minha graça te basta!”
Portanto:
Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
(Mateus 6.32,33)
Jacilara Conceição
Minha gota é um hino/poema (citado abaixo) extraído de um livro em que ele foi mencionado, e fala de estágios de consagração da vida cristã.
Esse livro me trouxe muita luz com respeito ao que é ter uma vida conduzida pelo Espírito Santo, e o hino me impactou bastante, complementando a mensagem. Creio (mesmo em fraqueza e ainda não tendo alcançado esse nível) que, para termos uma vida cheio de Cristo e sermos conduzidos por Sua perfeita vontade, completando a carreira que nos foi proposta, precisamos nos dar completamente ao Senhor e vivermos na dependência Dele. Por isso, sugiro esse hino aos leitores do Campos de Boaz e oro para que não desviemos nossos olhos do Senhor, mas que busquemos conhecê-Lo mais e mais no próximo ano; que consagremos toda nossa vida ao Senhor, todos os dias de 2017. Assim, certamente, teremos um novo ano pleno e feliz na presença Daquele em quem há plenitude de alegria e delícias perpetuamente.
Grande abraço!
Ai! Que tempo vergonhoso, quando altivo resisti,
Ao meu Salvador bondoso, respondendo desdenhoso:
Quero o eu, não quero a Ti!
Mas o Seu amor vencia, quando sobre a Cruz o vi;
E Jesus por mim pedia, já meu coração dizia:
Quero o eu e quero a Ti!
Com ternura me amparava, graça e força recebi;
Mais e mais eu exultava, mais humilde segredava:
Menos do eu e mais de Ti!
Por seu grande amor vencido, tudo ao Senhor cedi;
Ao meu Salvador unido, este agora é meu pedido:
Não mais eu, só quero a Ti!
(Robert Hawkey Moreton)
Servant
Bem, a razão em especial da frase abaixo:
A consciência de nossos próprios males, falhas, incompreensões, escuridão e o nosso conhecimento parcial, deveria operar em nós uma opinião caridosa para com as pobres criaturas que, encontrando-se em erro, assim estão com os corações sinceros e retos, com postura semelhante aos que estão com a verdade.
(John Owen)
deve-se ao fato de Owen resumir, de modo tão claro, a extrema cegueira que se abatera sobre mim, quando fui legalista-fariseu. Todos estavam errados, menos eu, em termos de doutrina! Doutrina era (e é) importante para mim, mas ela não é um fim em si mesma, mas o meio pelo qual eu devo ter comunhão com o Senhor Deus. Eu percebi que, quanto mais legalista, mais vazio eu era. Quanto mais fariseu, mais “seco” por dentro eu me tornava. E menos apto a discernir o certo do errado! Sim! Por ser fariseu, eu imaginava que eu, não Deus, era o ponto focal da Verdade. Graças a Deus que Ele teve compaixão e misericórdia de mim.
O versículo bíblico seria Atos 20.24, por ser este versículo como o resumo ideal e perfeito de todo o ministério do Apóstolo para os Gentios. Resume de modo cabal o que deve ser o ministério de todo servo do Senhor:
Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
Rogo humildemente suas orações, a fim de que eu glorifique a Cristo com meu viver. Isso é tudo o que importa, isso é tudo o que vale a pena.
Tathyane Faoth
Uma frase que me foi útil durante o ano:
Um casamento baseado em necessidades não dá testemunho da glória de Deus; focaliza-se em demandas pessoais que competem por supremacia.
(Dave Harvey).
Essa frase foi libertadora para mim porque me levou a perceber que buscar um casamento em que todas as necessidades fossem supridas não era o alvo de Deus para meu marido e para mim; mas que, ao contrário, nosso esperar em Deus, nossa fé, nosso exercício da misericórdia, nossa renúncia, nosso deixar sobre a cruz todo o nosso querer e confiar Nele e em Sua obra, isso, sim, traz a glória de Deus!
Maria de Luca
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por qualquer tribulação, por intermédio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.
(2Coríntios 1.3,4).
No meio de toda tribulação que passei esse ano, fui sempre lembrada que a Palavra de Deus é suficiente para alimentar a fé. Eu mesma precisei ser relembrada disso todos os dias, porque as muitas distrações, e as muitas dores, podem nos fazer esquecer das promessas de Deus. Em um momento especialmente difícil, repeti a estrofe de um hino de que gosto muito. Diz assim:
Se tribulado por provas
Meu coração desmaiar,
A minha fé esvair-se
E a esperança findar:
Que Tua fé me sustente
Com Teu divino poder,
E das riquezas na glória
Parte então eu vou ter.
Tens doce voz,
Ó Senhor da esperança
Meu coração se alegra em Ti.
As orações dos irmãos a nosso favor, as manifestações de carinho, as respostas às orações me relembravam do amor e do cuidado de Deus por nós. Fui lembrada das promessas de que, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, não precisamos temer mal algum, porque Ele está sempre conosco. Que o Senhor dirige nossa vida tão frágil e, apesar de tão indignos, Ele insiste em nos dar provas de Seu amor, ainda que a maior delas já tenha sido dada no Calvário.
Francisco Nunes
Esse foi um ano ímpar, sob vários aspectos. Ou, talvez, um ano absolutamente comum, como pode ser um ano para um pecador à espera da plena redenção. Nada há de novo debaixo do sol: por que me surpreendo, então?
Mas algo me surpreendeu, sim. Várias vezes, e cada vez eu era surpreendido como se fosse pela primeira vez. Expressei isso numa frase:
Que os filhos de Deus nunca deixem de se maravilhar com o fato de que um Deus perfeito atende a imperfeitas orações.
Quão consolador, quão encorajador, quão terno, quão indescritível, quão imerecido: Deus ouve nossas orações! Orações imperfeitas, orações titubeantes, orações medrosas, orações sem fé. Mas Deus as ouve. Não sabemos orar como convém, mas Deus nos ouve. Não perseveremos em oração como o Senhor disse ser nosso dever, mas Deus nos ouve.
Devemos orar, aprender a orar, continuar orando, insistir em orar, almejar ter uma vida de oração séria e profunda, mas nunca esquecendo: não é por nada disso que nossas orações são ouvidas. Elas são ouvidas simplesmente porque Deus é bom e as ouve.
Gotas de orvalho
A graça ilimitada de Cristo confronta nossas mais profundas necessidades. A presença prometida de Cristo confronta nossa triste e melancólica solidão. Jesus assim encheu de graça tão transbordante, com amor tão tenro, com simpatia tão requintada, com poder tão ilimitado, com recursos tão amplos, com uma natureza tão imutável, os quais permanecem diante de nós e dizem a cada coração cambaleante: “Não temas!”
(Octavius Winslow)
Cristo se manifesta especialmente em tempos de aflição, porque então a alma se une de modo mais íntimo a Ele pela fé. A alma, em tempos de prosperidade, dispersa seus afetos, folgando na criatura; mas há um poder unificador na aflição santa, pelo qual o crente (como na chuva uma galinha apanha material para seu ninho) reúne suas melhores afeições em seu Pai e seu Deus.
(Richard Sibbes)
Deus não olha para a oratória de suas orações, ou para quão elegante elas são; nem para a geometria delas, ou para quão longas elas são; nem para sua aritmética, ou para quantas elas são; nem para a lógica de suas orações, ou para quão metódicas elas são. Para a sinceridade delas: é para isso que Ele olha.
(Thomas Brooks)
Prazer em Deus é a saúde de sua alma. Essa é a chave da adoração aceitável. Deus não está satisfeito, nem nós somos renovados, por uma obediência repleta de tarefas, mas isenta de prazer.
(Richard Baxter)
Não há nada que nos faça amar tanto uma pessoa quanto orar por ela.
(Willian Law)
Eu orei pedindo fé, achando que ela me atingiria como um raio. Mas não recebi fé. Um dia eu li: “A fé é pelo ouvir, e o ouvir, pela Palavra de Deus” (Rm 10.17). Eu havia fechado a Bíblia e pedido fé. Agora, estou estudando minha Bíblia, e minha fé está crescendo dia a dia.
(D. L. Moody)
Quanto mais maduro para a glória estiver um crente, à semelhança do milho maduro, tanto mais inclinará a cabeça para o chão. Quanto mais brilhante e clara for sua luz, tanto mais perceberá suas falhas e fraquezas, aninhadas em seu próprio coração. Quando ele, a princípio, converteu-se, diria que percebia bem pouco dessas falhas e fraquezas, em confronto com o que percebe agora. Quer alguém saber se está crescendo na graça? Verifique, em seu próprio interior, se sua humildade está aumentando.
(J. C. Ryle)
Hino a ser cantado no início de um novo ano… e a cada dia!
I Surrender All
Letra de Judson W. Van de Venter (1855-1939), música de Winfield Scott Weeden (1847-1908). Inspirada em Lucas 14.33.
Letra original
All to Jesus I surrender,
All to him I freely give;
I will ever love and trust him,
In his presence daily live.
Refrain
I surrender all,
I surrender all,
All to thee, my blessed Savior,
I surrender all.
All to Jesus I surrender,
Humbly at his feet I bow,
Worldly pleasures all forsaken,
Take me, Jesus, take me now.
All to Jesus I surrender;
Make me, Savior, wholly thine;
Let me feel the Holy Spirit,
Truly know that thou art mine.
All to Jesus I surrender,
Lord, I give myself to thee,
Fill me with thy love and power,
Let thy blessing fall on me.
All to Jesus I surrender;
Now I feel the sacred flame.
Oh, the joy of full salvation!
Glory, glory, to his name!
Tradução
Tudo a Jesus eu rendo,
Tudo a Ele livremente dou.
Eu irei amá-Lo e confiar nele,
Em Sua presença diariamente viver.
Coro
Eu rendo tudo,
Eu rendo tudo,
Tudo a Ti, meu bendito Salvador,
Eu rendo tudo.
Tudo a Jesus eu rendo,
Humildemente, a Teus pés, eu me curvo.
Prazeres mundanos, todos renunciados.
Toma-me, Jesus, toma-me agora.
Tudo a Jesus eu rendo,
Faz-me, Salvador, totalmente Teu.
Deixa-me sentir o Espírito Santo
Realmente saber que Tu és meu.
Tudo a Jesus eu rendo,
Senhor, eu me dou a Ti.
Enche-me com Teu amor e poder,
Deixa Tua bênção vir sobre mim.
Tudo a Jesus eu rendo,
Agora eu sinto a chama sagrada.
Oh, a alegria da plena salvação!
Glória, glória, a Seu nome!
Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
tudo, sim, por Ti darei.
Resoluto, mas submisso,
sempre sempre seguirei.
Coro
Tudo entregarei, tudo entregarei;
Sim, por Ti, Jesus bendito, tudo entregarei.
Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
corpo e alma eis aqui.
Este mundo mau renego,
ó Jesus, me aceita a mim!
Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
quero ser somente Teu.
Tão submisso à Tua vontade,
como os anjos lá no céu.
Tudo, ó Cristo, a Ti entrego.
Oh! Eu sinto Teu amor
transformar a minha vida
e meu coração, Senhor.
Tudo, ó Cristo, a Ti entrego –
oh, que gozo, meu Senhor!
Paz perfeita, paz completa,
glória, glória ao Salvador!
História
Judson W. Van DeVenter foi criado em um lar cristão. Aos 17 anos, creu no Senhor Jesus. Na universidade, graduou-se em arte e trabalhou como professor e administrador de arte do ensino médio. Viajou muito, visitando várias galerias de arte em toda a Europa.
Van DeVenter também estudou e ensinou música. Ele dominava 13 instrumentos diferentes, cantava e compunha. Ele estava muito envolvido no ministério de música da igreja metodista episcopal de que participava. Então, ficou dividido entre a carreira docente bem-sucedida e seu desejo de fazer parte de uma equipe evangelística. Essa luta interior durou quase cinco anos.
Em 1896, Van DeVenter estava conduzindo a música de um evento da igreja. Foi durante essas reuniões que ele finalmente rendeu seus desejos completamente a Deus: ele tomou a decisão de se tornar evangelista de tempo integral. Ele mesmo narra:
A canção foi escrita enquanto eu estava conduzindo uma reunião em East Palestine, Ohio (EUA), na casa de George Sebring (notável evangelista, fundador da Conferência Bíblica Campmeeting Sebring, em Sebring, Ohio, e mais tarde desenvolvedor da cidade de Sebring, Florida). Por algum tempo, eu tinha lutado entre desenvolver meus talentos no campo da arte e ir para o trabalho evangelístico em tempo integral. Por fim, a hora crucial de minha vida veio, e eu entreguei tudo. Um novo dia se iniciou em minha vida. Eu me tornei evangelista e descobri, no fundo de minha alma, um talento até então desconhecido para mim. Deus havia escondido uma canção em meu coração e, tocando um doce acorde, Ele me fez cantar.
Ao se submeter completamente à vontade de seu Senhor, uma canção nasceu em seu coração.
Winfield Scott Weeden publicou vários livros de música religiosa, mas esta canção parece ter sido sua favorita: o título dela está gravado em sua lápide.
O versículo-chave de 2Timóteo 4 é este: “Sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (v. 5).
Tudo na vida deve ser considerado como uma oportunidade, quer para desenvolver as virtudes cristãs, quer para realizar a obra que Deus nos confiou. Negligenciar as oportunidades é um grande perigo, tanto na vida cristã como no serviço ao Senhor. Esse capítulo apresenta sete coisas que não devemos negligenciar.
1. O uso das oportunidades (vv. 1,2)
A realidade do juízo vindouro deve estar sempre diante de nós. Os vivos serão julgados na vinda do Senhor para estabelecer Seu reino, e os mortos, no término de Seu reino milenar – mas a única forma de alguém escapar da certeza do juízo é pela justificação que vem pela fé em Cristo. “Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto” (Ec 12.14).
Portanto, devemos estar sempre vigilantes a fim de aproveitar as oportunidades que possam surgir para pregar a Palavra. A palavra traduzida “pregues” (v. 2) traz a idéia de um servo do rei enviado para proclamar um decreto real. Isso enfatiza a dignidade de ser mensageiro do Senhor. As oportunidades não se limitam a certos dias ou horas; devemos sempre estar prontos para falar em nome do Senhor. As diferentes oportunidades exigem várias maneiras de agir – “redarguas, repreendas, exortes” –, mas sempre com paciência, e sempre com sã doutrina.
2. A vigilância contra a falsidade (vv. 3-5)
Também é muito perigoso negligenciar a vigilância contra a falsa doutrina. Paulo não se refere ao desejo de receber mais iluminação da Palavra de Deus, mas sim a pessoas que sempre querem ouvir qualquer novidade, contanto que não seja a sã doutrina, a qual “não suportarão”.
“Atendei ao que ides ouvir” (Mc 4.24) e “Vede […] como ouvis” (Lc 8.18) são palavras do Senhor Jesus que nos preparam para evitar a doutrina falsa. No versículo 5, Paulo dá a Timóteo quatro conselhos que o conservariam no caminho da verdade.
“Sê sóbrio em tudo”: a necessidade de ouvir e estudar a verdade com seriedade e perseverança.
“Sofre as aflições”: a necessidade de provar a verdade das promessas de Deus no meio das aflições.
“Faze a obra de um evangelista”: a necessidade de se envolver na obra de ganhar almas, mesmo não tendo dom especial para isso.
“Cumpre o teu ministério”: a necessidade de reconhecer e realizar o serviço que Deus lhe confiou, “como despenseiros dos mistérios de Deus” (1Co 4.1).
3. A importância de fidelidade (vv. 6-8)
Não podemos negligenciar a necessidade de fidelidade e consagração ao Senhor até o fim. É relativamente fácil ser fiel quando tudo vai bem, mas, quando surgem oposições ou sofrimentos, somos tentados a desistir. Paulo estava aguardando o cumprimento de seu serviço fiel, pronto para selar seu testemunho com o próprio sangue. Ele usa cinco figuras como ilustrações disso.
A libação, uma oferta de vinho que era derramada sobre o sacrifício no altar. Paulo está dizendo com isso que queria derramar todo o conteúdo de sua vida sobre o sacrifício de Cristo, sem reservar nada para si.
O viajante – “o tempo da minha partida”. Ele considerava a morte como o início de mais uma viagem, para estar ausente do corpo e presente com o Senhor.
O guerreiro. Paulo era como Eleazar, filho de Dodó, um dos valentes de Davi, que não largou mão da espada até que o Senhor tivesse efetuado um grande livramento (2Sm 23.10).
O atleta – “acabei a carreira”. Alguns começam a corrida da vida cristã em alta velocidade, mas desistem antes do final. Paulo perseverou até o fim.
A sentinela. Sempre vigilante para repelir qualquer ataque do inimigo contra a verdade.
Assim, aquele que sofreu tanto dos injustos juízes humanos tinha certeza de receber um galardão da mão do justo Juiz. Mas ele não será o único a receber; o galardão é para “todos os que amarem a Sua vinda”. A vinda do Senhor é algo que o crente fiel ama, antecipando o sorriso e a recompensa de seu Senhor; mas, para outros, ela será motivo de vergonha (1Jo 2.28).
4. As necessidades dos companheiros (vv. 9-12)
Paulo sempre apreciou seus companheiros. Agora na prisão, esperando ser morto em breve, ele ainda pensava em seus colaboradores, seguindo os movimentos deles e orando pela bênção de Deus sobre seu serviço. Lucas ficou com ele, e Paulo queria que Timóteo voltasse também, a fim de o confortar por causa do abandono de Demas, que amou “o presente século”.
Parece que Paulo, na prisão, dependia muito de Demas, e sentiu muito quando este o “desamparou”. No original, Paulo usa a mesma palavra que o Senhor usou na cruz, quando disse: “Por que me desamparaste?”. Não é sempre fácil ajudar um prisioneiro, e Demas acabou amando mais o mundo do que o aflito apóstolo, e o abandonou. Ele foi para Tessalônica; não sabemos por que, mas certamente não foi para visitar a igreja. Não devemos negligenciar o dever de assistir fielmente irmãos aflitos em suas necessidades.
5. As próprias necessidades (v. 13)
O inverno estava chegando, e Paulo já sentia a falta da capa que deixara em Trôade. É lícito e importante cuidar do corpo e da saúde. Mas Paulo sentiu uma necessidade ainda mais urgente: “os livros, principalmente os pergaminhos”. Talvez os “livros” fossem suas epístolas ou outro escrito que formaria parte do Novo Testamento. Mas, com certeza, os “pergaminhos” eram as Sagradas Escrituras do Antigo Testamento.
Maltratado pelos romanos e desamparado por seus amigos, Paulo queria “a paciência e consolação das Escrituras” (Rm 15.4). Ele não ia escrever mais cartas nem pregar mais sermões. Em poucos dias seria martirizado. Mas nos seus últimos dias ele ainda desejava afetuosamente, como menino novamente nascido (1Pe 2.2), o leite racional da Palavra de Deus. A Bíblia vem ao encontro de nossa necessidade, tanto na meninice como na juventude, tanto na meia idade como na velhice, tanto na vida de trabalho como na hora da morte.
6. Atitude em face da oposição (vv. 14-18)
Nesses versículos vamos observar a atitude do apóstolo diante dos que se opunham a ele. Alexandre, o latoeiro, causou-lhe muitos males. Sem dúvida, Paulo já o perdoara muitas vezes, mas seu último recurso é orar e entregá-lo ao Senhor (v. 14). Além disso, o apóstolo não deixou de aconselhar os outros acerca daquele homem (v. 15). Quanto aos que o abandonaram, sua atitude foi perdoar: “Que isto lhes não seja imputado” (v. 16). Quanto à obra, seu único motivo foi perseverar até cumprir totalmente a comissão que recebera (v. 17). E quanto ao futuro, ia apenas confiar no livramento do Senhor e sempre adorá-Lo. “A quem seja glória para todo o sempre. Amém” (v. 18).
7. A apreciação de amizades (vv. 19-22)
O nome de seus amigos e colaboradores era precioso a Paulo. Ele sempre fazia menção deles perante o trono da graça, e nunca esquecia de lhes mandar saudações em suas epístolas. Mas em tudo isso o apóstolo não queria negligenciar a coisa mais importante, desejando-lhes a bênção da presença e da amizade do Senhor: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito”. Assim, as últimas palavras da última epístola que Paulo escreveu, logo antes de morrer, são uma oração desejando que seus leitores desfrutem a realidade da sã doutrina que ele tinha ensinado: “A graça seja convosco. Amém.” Desse modo seriam guardados dos muitos perigos que cercam o povo de Deus.
Devoção significa uma vida dada ou dedicada a Deus. Quem o faz é, então, o homem devoto [piedoso], que não mais vive por sua própria vontade, ou pelo modo ou espírito do mundo, mas para a vontade exclusiva de Deus, que considera Deus em tudo, que serve a Deus em tudo, que rende todas as partes de sua vida comum, fazendo tudo em nome de Deus e sob regras tais que são conformes à glória de Deus.
(William Law)
Nossa medida de apreciação pelo amor de Deus é condicionada ao quanto O tememos. Quanto mais contemplamos Deus em Sua majestade infinita, santidade e glória transcendente, mais contemplaremos com maravilha e fascinação Seu amor derramado no Calvário.
(Jerry Bridges)
Por que somos tão vagarosos em confiar em um Deus infinito?
(William S. Plumer)
Fé é o poder de colocar o eu de lado para que Deus possa atuar sem impedimentos.
(F. B. Meyer)
Fé é a recusa de entrar em pânico.
(Martin Lloyd Jones)
Ele dá mais graça quando os fardos se tornam maiores,
Ele manda mais força quando a labuta aumenta;
À aflição extra Ele acrescenta Sua misericórdia,
Às provações multiplicadas, Sua paz multiplicada.
(Annie Johnson Flint)
Não consigo crer que um homem está a caminho do céu se pratica habitualmente o tipo de obras que indicam, pela lógica, que ele deve estar a caminho do inferno.
(A. W. Tozer)
A maneira correta de crescer é crescer menos a seus próprios olhos.
A auto-comiseração é certamente pecado, mas como podemos levar a Deus o que nosso coração ainda não está convencido de ser pecado? Deus nos mostra por intermédio do profeta Jonas.
Há uma jovem aqui nesse café fazendo o que não tenho me permitido fazer há muito tempo. Ela está chorando, e, pela primeira vez, estou com inveja das lágrimas de alguém.
Muitos dias se passaram desde que, pela primeira vez, me encontrei sem inspiração pela vida. Vida! A completa existência vindo da inexistência. 1 de 0. Algo do nada. Como eu poderia estar tão sem inspiração? Descobri que isso não é tão difícil assim quando, no interior, há uma insatisfação com o próprio Criador da vida. É essa insatisfação que tem privado meu coração do louvor e do arrependimento, endurecendo-o pela auto-comiseração.
Deficiência e aflição
O termo “insatisfação” é mais freqüentemente um identificador do que um descritor; geralmente estamos insatisfeitos com algo do que estamos simplesmente insatisfeitos. Nosso desprazer funciona como um cartaz, apontando-nos para deficiência de seu objeto; usualmente nossa insatisfação fala sobre seu sujeito. Na auto-piedade, nossa insatisfação revela muito sobre a deficiência dentro de nós mesmos.
Passei a primeira metade de 2016, na véspera desse entendimento, murmurando pela suposição de que o problema reside em minhas circunstâncias, e não dentro de mim. Eu era a vítima. Fui eu a privada de alegria. Eu era como Habacuque com os frutos da figueira sem florescer, vinhas e campos infrutíferos e estéreis, currais de rebanhos vazios (Hc 3.17) – estava arruinada. Mas, diferente de Habacuque (vv. 18,19), minha canção acabava ali; e, onde a canção acabou, a insatisfação cresceu. Tornou-se amargura, e abundou.
Essa amargura emergiu mais duramente em uma noite de verão; eu estava num pequeno grupo quando, para finalizar um sermão sobre a nova série sobre Salmos de nossa igreja, um irmão conduziu-nos em louvor com esta canção:
Que o fraco diga: “Sou forte!” Que o pobre diga: “Sou rico!” Por causa do que o Senhor fez por nós! Dai graças com um coração grato, Dai graças Àquele que é santo, Dai graças porque Ele deu Seu Filho, Jesus Cristo.
Mas eu não conseguia. Quem poderia dar aquilo que não tinha? Da boca dos gratos, louvores fluíam linda e suavemente a meu redor; mas eu continuava como estava: calada e intocada por causa da frieza embutida bem no fundo de mim. Eu não podia agradecer, não!, muito menos entoar sem sinceridade uma melodia sobre o que o Senhor tinha feito, porque eu não conseguia ver o que em Cristo Ele fizera por mim. E não estava disposta a admitir que não conseguia. Estava mais envergonhada do que “derrotada”, estava sem gratidão pela cruz.
Não admira que, então, quando mais tarde busquei pelo salmo que mais mencionamos, deparei-me imediatamente com o salmo 40.17a: “Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim” – palavras que eram outrora um hino, mas que agora estavam entalhadas contra meu coração. Em meu triste descontentamento, na fria, rígida e oca depressão, me perguntei: “Senhor, Tu realmente cuidas de mim? Tu realmente me amas?”
Uma história como a nossa
No centro da história de Jonas existe esta questão: “Deus, Tu realmente me amas?” Porque, se Deus de fato amasse a Jonas, Ele o enviaria para Nínive, a cidade assíria?
Para seu desprazer, Jonas é de fato comissionado a ir a Nínive para pregar a mensagem do arrependimento a fim de que Deus mostrasse Sua misericórdia por um povo mau. Porém Jonas não obedece. Ele conhece muito bem a maldade dessa cidade. Ele também conhece a bondade de Deus. Jonas não quer ver o arrependimento dessa cidade. Ele não quer ter parte na restauração daquelas pessoas. Então, ele foge, embarcando num navio que vai para Társis, cidade oposta a Nínive.
Pelo fôlego de Deus, uma tempestade começa a se formar e as águas se enfurecem por conta da desobediência de Jonas. Ele é, então, jogado pelos marinheiros nas agitadas águas onde um grande peixe o engole inteiro. Por três dias e três noites, ali nas trevas do interior do peixe, Jonas é levado a aquietar-se e contemplar. Como tudo aquilo que antes era bom podia agora mover-se em declive para esse momento trevoso e solitário? Ali, no ventre do peixe, Jonas é trazido ao arrependimento e ao louvor, e, imediatamente após isso, é vomitado em terra firme.
Jonas ruma a Nínive para obedecer à comissão inicialmente designada a ele, e, como esperado, Nínive se quebranta em arrependimento. Mas Jonas está desagradado. “Eu Te falei que Tu eras gracioso e misericordioso, Deus. Eu Te falei. Eu sabia que Tu os perdoarias. Agora, permita-me morrer”. O Senhor responde desta forma: “É razoável essa tua ira?” (Jn 4.4). E, com isso, Jonas parte.
Sentado fora dos limites da cidade, Jonas olha para a distante Nínive no forte calor, quando, de repente, uma aboboreira brota e o livra do sol escaldante. Porém, rapidamente cai a noite. Novamente, Jonas está insatisfeito, e acha de novo melhor morrer do que viver.
Uma coisa. O Senhor responde mais uma vez ao exagerado apelo de Jonas com uma coisa: “É razoável essa tua ira por causa da aboboreira?” Jonas responde: “É justo que eu me enfade a ponto de desejar a morte” (v. 9). Sua amargura permanece a mesma, e também seu coração, imutável.
O pecado da auto-piedade
A auto-piedade é facilmente descoberta como um pecado; não obstante obrigue a uma suave canção, de todas as formas, é um pecado. Mas há mais dela do que um rápido e às vezes rejeitado chamado ao arrependimento revela, e a resposta de Deus à ira de Jonas demonstra exatamente isso. A auto-piedade tem várias faces: ira, tristeza, amargura (ou seja, ira não-tratada), desapontamento e dúvida, citando poucas delas – e todas elas apontam para alguma verdade de Deus e do mundo.
A auto-piedade é, essencialmente, idolatria
A auto-piedade corretamente revela que as coisas de modo geral não são do jeito que deveriam ser – que Jesus, também, lastimou por Seu amado amigo, chorando ao ver o corpo de Lázaro em repouso, e que nosso trabalho exaustivo também é parte da maldição de Adão ter de trabalhar pelo pão. A ira de Jonas corretamente reconhece que a fraqueza em qualquer de suas formas não é merecedora da graça de Deus. Não estamos errados em reclamar das injustiças da vida dentre de limites apropriados. Porém, tomando emprestadas as palavras de Ed Welch, “desejos não-atendidos se tornam desejos egoístas que se tornam necessidades”. A ira de Jonas – e a nossa também – que permanece sem ser atendida por Deus se torna ira egoísta e baseada em justiça própria. Ela se torna ira à qual se tem direito. E se torna idolatria.
É isso que a auto-piedade essencialmente é. É idolatria, porque a pergunta inicial: “Deus, Tu realmente me amas?”, é, na verdade, a declaração em nova forma: ”Deus, Tu não me amas; portanto, preciso me virar por mim mesmo”. Temos pena de nós mesmos porque cremos que não há ninguém mais que se compadeça de nós. Nosso próprio Deus nos traiu. Então, desejamos ser aprovados por qualquer ídolo. Desejamos ser justificados, porque, em nossa injustiça, nos sentimos esquecidos, abandonados, negligenciados, ignorados. Nós, como Jonas, temos pena de nós mesmos a fim de nos assegurarmos de que nossas lutas são de fato conhecidas.
Um novo fim
Em meio à irada miséria de Jonas, a palavra final do Senhor é esta:
“Tens compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que numa noite nasceu, e numa noite pereceu. E não hei Eu de ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entra a sua mão direita e a esquerda, e também muito gado?” (vv. 10-11).
Ao traduzirmos Jonas no curso de hebraico, meu professor Mike Kelly comentou: ”Por que ficar chateado? É algo passageiro. A aboboreira estava ali com um propósito; serviu a esse propósito e, então, morreu. Não se entristeça com isso”. Os antigos, ao lerem esse livro, talvez pensassem: “Onde está o Rei prometido? Quem são esses estrangeiros?” Eles talvez duvidassem de que Deus havia falado pelos profetas. Mas Deus nos confirma algo maior: Sua aliança. “Esses ninivitas estão servindo a Meu propósito. Eu estou no controle. Eles são parte de Meu plano. Porém, no grande esquema das coisas, são como essa aboboreira que cresceu sob a lua e pereceu na noite. Eles são temporários, e não irão frustrar Meu plano para Israel.”
Ao encararmos nossas lutas, podemos ser amargos como Jonas, mas, no final, essas coisas, todas essas coisas que surgem inesperadamente, que acabam inesperadamente, o nascer e o morrer das grandes coisas, das coisas terríveis – todas elas são coisas temporárias. Todas elas são transitórias e nenhuma delas, nem umazinha sequer, irá frustrar as promessas de Deus para nós, porque de fato até mesmo o mal mais vil não pode frustrar o plano de Deus para a salvação. Toda maldade tornou-se nada quando Cristo mergulhou nas profundezas de um grande peixe e levou tudo aquilo à cruz. Pela grande injustiça que Ele sofreu, somos redimidos.
E as frustrações? E as oportunidades perdidas? E os desapontamentos e arrependimentos? Ou talvez as profundas dores e sofrimentos? Anime-se, pois eles, também, não fazem oposição às promessas de Deus para nós – Suas promessas de nos perdoar e salvar; curar e limpar; justificar, adotar e santificar; guiar e proteger; ser para nós nossa paz e alegria; e nos levar um dia em glória para nosso verdadeiro lar. Pois todas as Suas promessas são sim e amém em Cristo – Naquele que sangrou, morreu e ressuscitou para nós, cuja pergunta: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” era, na verdade, a declaração: “Eu serei abandonado por Meu próprio Pai para que vós sejais bem-vindos”.
Não, não há porque termos pena de nós, pois somos amados.
Confiar em Deus nos momentos de adversidade é claramente algo difícil de fazer; não é como decidir ir ou não ao supermercado ou até mesmo realizar ou não um ato sacrificial.
A confiança em Deus é uma questão de fé, e a fé é um fruto do Espírito. Somente o Espírito Santo é capaz de tornar Sua Palavra viva em nosso coração e gerar a fé. Entretanto, somos nós que escolhemos pedir que Ele o faça; ou podemos escolher ser governados por nossos sentimentos de ansiedade, de ressentimento ou de pesar.
John Newton, autor do hino “Graça sublime” (Amazing Grace), viu o câncer consumir sua esposa lenta e dolorosamente no período de alguns meses. Caminhava de um lado para o outro no quarto, fazendo orações desconexas, fruto de um coração despedaçado pela dor.
Repentinamente, foi atingido por um pensamento com uma força incomum, que lhe comunicou o seguinte: “As promessas de Deus só podem ser verdadeiras; certamente o Senhor me ajudará, se eu tão-somente tiver a disposição de ser ajudado.”
Na mesma hora, ele disse em voz alta: “Senhor, eu certamente nada posso fazer sozinho, mas estou disposto, sem qualquer reserva, a ser ajudado por Ti.”
Durante toda aquela dolorosa provação, John Newton cumpriu, como de costume, com todos os seus deveres normais e ocasionais. Alguém que não o conhecesse, dificilmente seria capaz de dizer, por sua aparência, que estaria passando por momentos difíceis.
Como Newton foi ajudado? Ele optou por ser ajudado. Percebeu que seu dever era resistir ao pesar e à distração. Percebeu que era pecado se afundar na auto-comiseração e, então, se voltou para o Senhor sem fazer uma única pergunta, senão apenas sinalizando sua disposição de ser ajudado.
Ele não foi ajudado por consolações da mente, oriundas de sentimentos, mas por ser capacitado a perceber algumas das grandes e principais verdades da Palavra de Deus. O Espírito de Deus o ajudou, fazendo com que algumas das verdades necessárias da Palavra de Deus se tornassem vivas para ele.
Ele escolheu confiar em Deus; voltou-se para Ele com uma atitude de dependência e foi capacitado a discernir algumas das grandes verdades das Escrituras.
A escolha pessoal, a prática da oração e a leitura da Palavra foram os elementos cruciais para que ele fosse ajudado a confiar em Deus.
Não há nada mais poderoso que a oração perseverante, como a de Abraão pleiteando por Sodoma; como Jacó lutando no silêncio da noite; como Moisés permanecendo na brecha; como Ana, embriagada de tristeza; como Davi, com o coração quebrantado pelo arrependimento e pela dor; como Jesus suando sangue. Acrescente a essa relação, a partir dos registros da história da Igreja, sua própria observação e experiência pessoal, e sempre haverá o custo da paixão até o sangue. Essa é a oração eficaz que traz o poder, que traz o fogo, que traz a chuva. Ela traz a vida, ela traz a presença de Deus.
(Samuel Chandwick)
Tem cuidado com as más companhias. Evita qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem, mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente transmissível.
(Thomas Watson)
A fé não é uma noção, mas uma fome essencial poderosa, um desejo magnético atrativo de Cristo, que, uma vez que procede de uma semente da natureza divina em nós, atrai-nos para Ele e se une com Ele.
(William Law)
Os feitos mais gloriosos de um homem serão também seus maiores pecados. Basta terem sidos realizados para sua própria glória, e não para a glória de Deus.
(Thomas Brooks)
Não há maior obstáculo ao conhecimento do que o orgulho, e nenhuma condição mais essencial do que a humildade.
(John Stott)
Alguma forma de sofrimento é praticamente indispensável para a santificação.
(John Stott)
Um homem só prega bem um sermão a outros quando ele prega para sua própria alma. Se a Palavra não residir poderosamente em nós, não será poderosamente comunicada por nós.
Donizete, um amado irmão, é o marido de Maria de Luca, essa querida irmã que coopera com o Campos de Boaz como editora. Ela é que tem publicado os últimos Gotas de Orvalho. O Doni está há mais de um mês na UTI. Por causa de dores de cabeça, foi fazer uma tomografia, que revelou um tumor no cerebelo. Feita a cirurgia, teve meningite, trombose e outras complicações. Ele está bem, recuperando-se, mas ainda amarrado à cama, pois não deve se mover, com dificuldade para falar, cansado. Depois que tiver alta, terá um longo processo de recuperação pela frente.
Doni e Maria têm um lindo casal de filhos.
A situação não é apenas de expectativa e de sofrimento. Deus tem usado isso para operar algo novo, maravilhoso na família e em todos os que os conhecem (eu me incluo como um especial privilegiado pela amizade desse casal). Recentemente, Maria me enviou um texto pelo WhatsApp que, com a permissão dela, publico aqui.
Sei que o apoio e as orações dos irmãos é que estão nos sustentando. Eu estou aqui, esperando no Senhor. Sei que Ele é poderoso. A mim, cabe apenas me humilhar na presença Dele e clamar por Sua misericórdia e compaixão até que se compadeça de nós.
Eu tive uma conversa com as crianças essa semana. Eu lhes expliquei, usando o salmo 139, que todos os nossos dias foram escritos na presença de Deus. E que, se o Senhor não voltar antes, cada um de nós será chamado a Sua presença quando Ele determinar. E por isso nós poderíamos descansar. Porque o papai só pode morrer se for o momento em que o Senhor chamar. E, mesmo que alguém esteja com plena saúde, se Ele chamar, esse alguém morrerá.
Então, um dia depois, meu filho foi disputar um campeonato com a equipe da escola. Foram bem colocados e ganharam até medalha. No dia seguinte, o pai de um de seus colegas trabalhou o dia todo normalmente. À noite, ao chegar em casa, sentiu-se mal. Teve um ataque fulminante do coração e morreu. Meu filho me disse que se lembrou do que eu havia falado.
Olho para o Doni dormindo no hospital e penso em tantas coisas que o Senhor está me ensinando com tudo isso enquanto ele dorme. Ensinando a meus filhos e a toda nossa família. Vejo o quanto minha fé é vacilante e como gostamos de ter o controle sobre tudo o que nos acontece. Como somos relutantes em nos jogar nos braços do Pai e dizer-Lhe que faça Sua vontade! Como ainda tememos a morte! Como ainda nos falta a coragem e a bravura de irmãos do passado cuja única coisa que temiam era desagradar o Pai! Que o Senhor, em Sua misericórdia, me encontre vigilante.
Eu respondi a ela:
Maria, eu seria muito leviano se tentasse acrescentar qualquer coisa ao que você disse. Mesmo concordar com isso, eu sinto, é, de minha parte, superficial, pois só consigo imaginar o que seja esse tempo.
O pouco que conheço do Senhor me faz saber que Ele é sempre bondoso, mesmo quando nos conduz pelo vale da sombra da morte. Fugimos tanto dela, e ela é tão real, precisa e inevitável. E nossos filhos precisam saber disso, pois, em Adão, somos todos perecíveis.
Muito obrigado por partilhar isso comigo. Sinto-me honrado por vocês e agraciado pelo Senhor em poder ler isso. Se me permite, eu gostaria de publicar um artigo no Campos, pedindo oração dos leitores também e partilhando esse texto. Não o farei sem sua autorização.
Li ontem num livro do Spurgeon: “É bom ficar sabendo que Deus não põe fardos pesados sobre ombros inexperientes. […] Não pense que, à medida que você cresce em graça, a vereda se tornará mais suave sob seus pés e os céus, mais serenos sobre sua cabeça. Ao contrário, reconheça que, conforme Deus lhe dá maior habilidade como soldado, Ele o mandará para empreitadas mais árduas ainda.” Que lhes sirva de consolo saber que Deus capacitou seus ombros para isso.
Saibam que amamos imensamente vocês.
Alguns dias depois, ela também me escreveu o seguinte:
Eu estava terminando de ler um livro do Jerry Bridges quando tudo começou. O nome do livro é Confiando em Deus, mesmo quando a vida nos golpeia, aflige e fere. É um livro doce, resultado do estudo do autor sobre a soberania de Deus enquanto via o câncer consumir a saúde da esposa, até que o Senhor a tomou para Si. Foi uma leitura proveitosa, tanto para mim como para o Doni, que estava na metade do livro e terminou de lê-lo já no hospital, antes da cirurgia.
O autor mostra tantos exemplos bíblicos de pessoas que sofreram dor e perda e, ainda assim, confiaram no Senhor. Dois apóstolos foram presos: Tiago e Pedro. A igreja orou pela libertação dos dois. Pedro foi liberto milagrosamente, enquanto Tiago foi decapitado. O que pensou a esposa de cada um deles?
Tenho aprendido com estes e tantos outros exemplos que “nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória”. Os dias não têm sido fáceis. Um dia recebo uma boa notícia, no outro, uma ruim. Mas tenho comigo que nossa frágil vida está em mãos seguras. Como dizia Spurgeon, “a menos que Deus me chame, eu não posso morrer”. E o contrário é igualmente verdadeiro. Se Ele chamar você, não importa se goza de boa saúde ou tem prosperidade financeira que lhe garanta recursos mil, você irá se encontrar com Ele.
Tenho vivido cada dia. Um de cada vez. Sem querer previsões, sem querer saber o que houve em casos como o dele. Confio apenas que Deus cuida dos Seus um a um. Ele escreve nossa história de maneira única. Embora os testemunhos sirvam sempre para nos dar alento, Hebreus nos alerta que, olhando para aqueles testemunhos, devemos imitar a fé que tiveram – e não os atos de fé.
Conheço irmãos por quem oramos quando não havia mais esperança, e Deus os curou. Outros, igualmente piedosos, foram chamados a Sua presença. Então, aguardo em Deus o desfecho de tudo isso, sabendo que Ele é Deus e só Ele merece toda honra. Se Ele for glorificado com a cura do Doni, amém. Mas, se não, que Ele igualmente seja glorificado.
Eu sou tão fraca e tenho uma fé tão vacilante! Mas tenho pedido a Deus que me fortaleça para que eu possa testemunhar sobre a paz de Jesus aos médicos com quem converso diariamente.
Lembro-me sempre da paz que havia entre os irmãos morávios, a qual levou John Wesley a procurá-los, porque, mesmo em meio à grande tormenta, nem suas crianças temiam a morte. E aquilo o atraiu. Um irmão fez-lhe algumas perguntas que o levaram posteriormente a ter uma experiência real com Jesus, e ele se tornou o maior pregador da Inglaterra.
Que o Senhor continue nos conduzindo, apesar de nossa fraqueza e grande debilidade. Ele é forte, capaz, bom e Todo-poderoso.
Partilho tudo isso com você, prezado leitor do Campos de Boaz, em primeiro lugar para pedir suas orações por todos eles. Como costumo dizer, orações são sempre bem-vindas! Orações pela plena recuperação do Doni, sem nenhuma seqüela, por paciência e confiança para o tempo que ele ainda terá de passar no hospital. Oração pela Maria, para que o Senhor a capacite, dia após dia, a esperar, confiar e ajudar seus filhos a também confiarem e esperarem no Senhor. Pelos filhos, para que, apesar da pouca idade, conheçam o Senhor no meio desse sofrimento.
Partilho também para que sirva de alerta: qualquer um de nós, e qualquer pessoa a quem amamos, a qualquer momento, pode ser chamado à presença do Senhor. Você está preparado? E seus filhos? Já conhecem o Senhor? São ajudados a confiar no Senhor? E seus amigos e parentes, a quem você muito ama, estão prontos para se encontrar com o Criador?
Por fim, divido isso para que lhe sirva de encorajamento. Em toda situação, Deus quer apenas uma coisa: conformar-nos mais e mais à imagem de Seu Filho. Se O buscarmos, se nos submetermos a Sua vontade, por vezes misteriosa e cheia de dor, se exercitarmos nossa confiança e submissão a Ele, Deus obterá em nós o que deseja.
Em Cristo, seu conservo
Francisco Nunes
Atualização em 10 de dezembro de 2016
Recebi hoje a seguinte notícia de nossa amada irmã Maria.
Bom dia! Notícias do Doni
É com o coração cheio de gratidão que informo que o Doni já está em casa.
Ainda há um processo de reabilitação em curso. Está reaprendendo a andar e a comer. Creio que em breve estará totalmente recuperado.
Nossa sincera gratidão a você que orou por nós durante todo esse tempo. Foram tempos difíceis e cremos que só suportamos tudo isso por causa das orações que recebemos. Através delas a graça de Deus esteve presente conosco, nos fortalecendo quando nossos joelhos fraquejaram.
Que esta mesma graça seja com você e com toda a sua família!