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Salvação Sociedade

Segurança em um mundo instável

Em 13 de novembro último assistimos pelos meios de comunicação ao pior ataque terrorista a atingir a França desde a 2a. Guerra Mundial, segundo a Folha de São Paulo, com um saldo de 129 mortos e apenas dez meses depois do ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo.

Diariamente notícias sobre toda sorte de violência inundam os telejornais, propagando uma onda de temor e insegurança. Será que existe um lugar onde se pode encontrar segurança e estabilidade diante do que aconteça no mundo ou em nós mesmos? Podemos olhar para o futuro com esperança, sem levar em consideração as circunstâncias da vida?

Leia este artigo e veja onde encontrar segurança nestes últimos dias:

http://www.suaescolha.com/experiencia/seguranca/

Nestes dias de incertezas, que o Senhor traga esperança a seu coração.

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Dinheiro John Wesley Vida cristã

O que Wesley praticou e pregou sobre o dinheiro? (Charles Edward White)

John Wesley pregou muitas vezes sobre o uso do dinheiro. Possuindo provavelmente o maior salário já recebido na Inglaterra, ele teve oportunidades de colocar suas idéias em prática. O que ele disse a respeito do dinheiro? E o que fez com o próprio dinheiro?

John Wesley experimentou uma pobreza opressiva quando criança. Seu pai, Samuel Wesley, era pastor anglicano numa das paróquias que pagavam os menores salários do país. Ele tinha nove filhos para sustentar e raramente ficava sem dívidas. Uma vez John viu seu pai sendo levado para a prisão dos devedores. Portanto, quando seguiu seu pai no ministério, não tinha ilusão alguma acerca das recompensas financeiras.
É provável que tenha sido uma surpresa para John Wesley que, embora Deus o houvesse chamado para mesma vocação de seu pai, não o havia chamado para ser tão pobre quanto ele. Em vez de ser pastor numa paróquia, John sentiu a direção de Deus para ensinar na Universidade de Oxford. Lá, ele foi escolhido para ser membro do conselho do Lincoln College. Sua posição lhe garantia pelo menos trinta libras por ano, mais do que o suficiente para um rapaz solteiro viver. John parecia desfrutar de sua relativa prosperidade. Gastou seu dinheiro em jogos de cartas, tabaco e conhaque.
Enquanto estava em Oxford, um incidente transformou sua perspectiva acerca do dinheiro. Ele havia acabado de comprar alguns quadros para colocar em seu quarto, quando uma das camareiras chegou à sua porta. Era um dia frio de inverno, e ele notou que ela não tinha nada para se proteger, exceto uma capa de linho. Ele enfiou a mão no bolso para dar-lhe algum dinheiro para comprar um casaco, mas percebeu que havia sobrado bem pouco. Imediatamente, ficou perplexo com o pensamento de que Deus não havia se agradado pela forma como havia gasto seu dinheiro. Ele perguntou a si mesmo: O mestre me dirá “Muito bem servo bom e fiel”? Tu adornaste as paredes com o dinheiro que poderia ter protegido essa pobre criatura do frio! Ó justiça! Ó misericórdia! Esses quadros não são o sangue dessa pobre empregada?

O que Wesley fez?

Talvez, como resultado desse incidente, em 1731, Wesley começou a limitar seus gastos para que pudesse ter mais dinheiro para dar aos pobres. Ele registrou que, em determinado ano, sua renda fora de 30 libras, suas despesas, 28, assim, tivera duas libras para dar. No ano seguinte, sua renda dobrou, mas ele continuou administrando seus gastos para viver com 28, desse modo, restaram-lhe 32 libras para dar aos pobres. No terceiro ano, sua renda saltou para 90 libras. Em vez de deixar suas despesas crescerem juntamente com sua renda, ele as manteve em 28 e doou 62 libras. No quarto ano, recebeu 120 libras. Do mesmo modo que antes, suas despesas se mantiveram em 28 libras e, assim, suas doações subiram para 92.
Wesley sentia que o crente não deveria simplesmente dar o dízimo, mas dar toda sua renda excedente, uma vez que já tivesse suprido a família e os credores. Ele cria que com o crescimento da renda, o que deveria aumentar não era o padrão de vida, mas sim o padrão de doações.
Essa prática começou em Oxford e continuou por toda a sua vida. Mesmo quando sua renda ultrapassou mil libras esterlinas, ele viveu de modo simples, doando rapidamente seu dinheiro excedente. Houve um ano em que seu salário superou 1400 libras. Ele viveu com 30 e doou aproximadamente 1400. Por não ter uma família para cuidar, não precisava poupar. Ele tinha medo de acumular tesouros na terra, portanto, seu dinheiro ia para as obras de caridade assim que chegava às suas mãos. Ele registrou que nunca permaneceu com 100 libras.
Wesley limitava suas despesas, não adquirindo coisas que eram tidas como essenciais para um homem de sua posição. Em 1776, os fiscais de impostos inspecionaram suas restituições e lhe escreveram a seguinte sentença: “Não temos dúvidas de que o senhor possui algumas baixelas de prata para cada item que o senhor não declarou até agora”. Eles queriam dizer que um homem proeminente como ele, certamente possuía alguns pratos de prata em sua casa, e o acusavam de sonegação. Wesley lhes respondeu: “Tenho duas colheres de prata em Londres e duas em Bristol. Essa é toda a prata que possuo no momento e não comprarei mais prata alguma, visto que muitos ao meu redor almejam por pão”.
A outra forma pela qual Wesley limitava seus gastos era identificando-se com os pobres. Ele pregava que os crentes deveriam se considerar como membros dos pobres, a quem Deus havia dado dinheiro para ajudá-los. Portanto, ele vivia e comia com os pobres. Sob a liderança de Wesley, a igreja Metodista de Londres estabeleceu dois abrigos para viúvas na cidade. Elas eram sustentadas pelas ofertas recolhidas nos encontros e nas celebrações da Ceia do Senhor. Em 1748, nove viúvas, uma mulher cega e duas crianças viviam ali. Juntamente com elas, vivia John Wesley e outro pregador metodista que se encontrava na cidade naquela ocasião. Wesley se alegrava em comer da mesma comida que elas, à mesma mesa, antevendo o banquete celestial que todos os crentes compartilharão.
Durante quatro anos, a dieta de Wesley consistia principalmente em batatas, em partes para melhorar sua saúde, mas também para economizar dinheiro. Ele dizia: “Aquilo que eu guardo para comprar carne pode alimentar alguém que não possui comida alguma”. Em 1744, Wesley escreveu: “Quando eu morrer, se eu deixar dez libras para trás… você e toda a humanidade poderão testemunhar contra mim, dizendo que tenho vivido e morrido como um ladrão e salteador”. Quando ele morreu em 1791, o único dinheiro que estava em sua posse eram algumas moedas, encontradas em seus bolsos e em sua gaveta de roupas.
O que havia acontecido ao restante do dinheiro que ele ganhara em toda a sua vida, uma quantia estimada em trinta mil libras?[i] Ele o havia doado. Como Wesley havia dito: “Não poderei evitar deixar meus livros para trás quando Deus me chamar, porém minhas próprias mãos executarão a doação de todas as demais coisas”.

O que Wesley Pregou?

O ensino de Wesley sobre o dinheiro oferece diretrizes simples e práticas para qualquer cristão.

A primeira regra de Wesley acerca do dinheiro era “Ganhe o máximo que puder”. Apesar de seu potencial para o mau uso, o dinheiro em si é algo bom. O bem que ele pode fazer é infinito: “Nas mãos dos filhos de Deus, ele é comida para os famintos, água para os sedentos, roupas para os que estão descobertos. Ele dá ao viajante e ao estrangeiro um lugar onde pousar a cabeça. Por meio dele, podemos manter a viúva, no lugar de seu marido, e aos órfãos, no lugar de seu pai. Podemos ser uma defesa para os oprimidos, levar saúde aos doentes e alívio aos que têm dor. Ele pode ser como olhos para o cego, como pés para o coxo e como o socorro para livrar alguém dos portões da morte”!
Wesley acrescenta que ao ganhar o máximo que podem, os crentes devem ser cuidadosos para não prejudicar sua própria alma, mente e corpo ou a alma, mente e corpo de quem quer seja. Desse modo, ele proibiu o ganho de dinheiro em empresas que poluem o meio ambiente ou causam danos aos trabalhadores.

A segunda regra de Wesley para o uso correto do dinheiro era “Poupe o máximo que puder”. Ele insistiu para que seus ouvintes não gastassem dinheiro somente para satisfazer a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Ele clamava contra comidas caras, roupas luxuosas e móveis elegantes. “Cortem todas essas despesas! Desprezem as iguarias e a variedade, e estejam contentes com o que a simples natureza requer”.
Wesley tinha duas razões para dizer aos crentes para comprarem somente o necessário. Uma era óbvia: para que não desperdiçassem dinheiro. A segunda era para que seus desejos não aumentassem. O antigo pregador destacou sabiamente que, quando as pessoas gastam dinheiro em coisas que, de fato, não precisam, elas começam a desejar mais coisas das quais não precisam. Em vez de satisfazerem aos seus desejos, elas apenas os fazem aumentar: “Quem dependeria de qualquer coisa para satisfazer esses desejos, se considerasse que satisfazê-los é o mesmo que fazê-los crescer? Nada é mais verdadeiro do que isto: A experiência diária demonstra que quanto mais os satisfazemos, mais eles aumentam”.
Wesley advertiu principalmente sobre a questão de comprarmos muitas coisas para os filhos. Pessoas que raramente gastam dinheiro consigo mesmas podem ser bem mais indulgentes com seus filhos. Ao ensinar o princípio de que gratificar um desejo desnecessariamente tende a intensificá-lo, ele perguntou a esses pais bem-intencionados: “Por que você compraria para eles mais orgulho ou cobiça, mais vaidade, tolice e desejos prejudiciais? …Por que você teria um gasto extra apenas para trazer-lhes mais tentações e ciladas, e para transpassá-los com mais tristezas”.

A terceira regra de John Wesley era “Doe o máximo que puder”. A oferta de uma pessoa deve começar com o dízimo. Ele disse àqueles que não dizimavam: “Não há dúvidas de que vocês têm colocado o seu coração no seu ouro”. E advertia: “Isso ‘consumirá sua carne como o fogo’”! Entretanto, a oferta de uma pessoa não deve se limitar ao dízimo. Todo o dinheiro dos crentes pertence a Deus, não apenas a décima parte. Os crentes devem usar 100% de sua renda da forma como Deus direcionar.

E como Deus direciona os crentes a usarem sua renda? Wesley listou quatro prioridades bíblicas:

1. Providencie o que é necessário para você e sua família (1 Tm 5.8). O crente deve estar certo de que sua família possui suas necessidades e comodidades supridas, ou seja, “quantidade suficiente de uma comida modesta e saudável para comer, e roupas adequadas para vestir”. O crente também deve garantir que a família tenha o suficiente para viver caso haja imprevistos em relação ao seu ganha-pão.
2. “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1 Tm 6.8). Wesley acrescentou que a palavra traduzida para “vestir” é literalmente “cobrir”, o que inclui tanto moradia como roupas. “Conclui-se claramente que tudo o que tivermos além dessas coisas, no sentido empregado pelos apóstolos, é riqueza – tudo quanto estiver além das necessidades, ou no máximo, além das comodidades da vida. Qualquer um que tenha comida suficiente para comer, roupas para vestir, um lugar onde repousar a cabeça, e mais alguma outra coisa, é rico”.
3. Providencie o necessário para “fazer o bem perante todos os homens” (Rm 12.17) e não fique devendo nada a ninguém (Rm 13.8). Wesley disse que a reivindicação pelo dinheiro do crente que se seguia à família era a reivindicação dos credores. Ele acrescentou que aqueles que dirigiam o próprio negócio deveriam ter ferramentas adequadas, estoque ou o capital necessário para manter seu negócio.
4. “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). Após o crente ter provido o necessário para a família, credores e para o próprio negócio, sua próxima obrigação é utilizar todo o dinheiro que sobrou para suprir as necessidades dos outros.

Ao dar esses quatro princípios bíblicos, Wesley reconheceu que algumas situações não são assim tão claras. A forma como os crentes devem usar o dinheiro de Deus nem sempre é óbvia. Por essa razão, ele ofereceu quatro perguntas para ajudar seus ouvintes a decidirem como gastar seu dinheiro:

1. Ao gastar o dinheiro, estou agindo como se o possuísse ou como se fosse o curador de Deus?
2. O que as Escrituras exigem de mim ao gastar o dinheiro dessa maneira?
3. Posso oferecer essa compra como um sacrifício a Deus?
4. Deus me recompensará por esse gasto na ressurreição dos justos?

Finalmente, para um crente que ainda estivesse perplexo, John Wesley sugeriu a seguinte oração antes de realizar uma compra:

“Senhor, tu vês que estou para gastar esta quantia naquela comida, naquela roupa ou naquele móvel. Tu sabes que estou agindo com sinceridade nessa questão; como um mordomo de teus bens; gastando uma porção dele desta maneira, em conformidade com o desígnio que tu tens ao confiá-los a mim. Sabes que faço isso em obediência à tua Palavra, conforme tu ordenas e porque tu o ordenas. Peço-te que isso seja um sacrifício santo e aceitável a Ti, por meio de Jesus Cristo! Dá-me testemunho em mim mesmo de que, por meio desse esforço de amor, serei recompensado quando Tu recompensares a cada homem segundo as suas obras”.

Ele estava confiante que qualquer crente de consciência limpa que fizesse essa oração usaria o seu dinheiro com sabedoria.

[i] Essa quantia equivaleria a aproximadamente 30 milhões de dólares hoje.

Traduzido por: Waléria Coicev
Copyright© Charles Edward White
©Editora Fiel
Traduzido do original em inglês: What Welsley practiced and preached about Money?
O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

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Indicações de sexta (21)

A Bíblia é imutável como autoridade para todo ensinamento e toda prática!

 

Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
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Hino que honra a Deus

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Orelhas, brincos e como vemos os irmãos

Como vemos e ouvimos os irmãos?

Eu tenho tendência a desenvolver cistos sebáceos. Já fui operado algumas vezes disso, para extraí-los.

Duas bolinhas, uma no lóbulo de cada orelha. Eu sabia: mais dois cistos. Nada alarmante, mas precisava ser operado. Consulta, cirurgia marcada. Lá fui eu.

Cirurgia ambulatorial, sem nenhum drama maior. (Às vezes passo mal nessas circunstâncias corriqueiras. Eu e agulhas não nos damos muito bem.) Saí eu do hospital com curativos em ambas orelhas, visíveis, indisfarçáveis. E voltei para a empresa em que eu trabalhava, uma editora.

Essa empresa pertence à denominação (hoje eu a chamo de seita) em que eu me congregava na época. A maioria quase absoluta dos funcionários também pertencia à denominação, e seus diretores eram os grandes líderes dela na América do Sul. Éramos, aos nossos próprios olhos, o melhor tipo de cristão que havia.

Ao encontrar com meus colegas, recebi três tipos diferentes de reação. Grande parte dos que comentaram alguma coisa disseram: “Ih, tá usando brinco!” Depois, um único colega me disse: “Puxa, você permitiu que furassem sua orelha na porta, como o escravo de Deuteronômio. Agora, você pertence para sempre ao Senhor!” Eu mesmo nem havia pensado nessa passagem, mas a relação com ela me alegrou.

Fui trabalhando durante o dia. Mais tarde, tive uma reunião rápida com o diretor, um dos tais grandes líderes. Sua observação? Nenhuma. Absolutamente nada. Como se fosse a coisa mais comum do mundo eu ir trabalhar com pontos e esparadrapo nas orelhas.

Essa situação me faz pensar no modo como nos relacionamos com os irmãos, e creio serem três os modos, ilustrados por cada uma das reações.

Talvez a maneira mais comum com que nos relacionemos com nossos conservos, os outros redimidos pelo Senhor, seja mundana, segundo a carne, superficial. Fazemos comentários que qualquer pessoa faria, falamos sobre assuntos da moda, fazemos piadas de gosto duvidoso, criticamos e zombamos de maneira descuidada. Muitas vezes, parece-me que a única forma de alguns filhos de Deus terem assunto para conversar é depois de verem um capítulo da novela ou assistido a um filme ou lido o jornal do dia. Para muitos, a grande maioria talvez, é difícil conseguir ter Cristo de forma viva e real como o centro e o ambiente de seu contato com outros filhos de Deus.

O segundo comentário, ligando minha cirurgia à consagração testemunhada pelas orelhas furadas no umbral da porta, indica-me a maneira correta de nos relacionarmos com outros a quem nosso Senhor redimiu. A Palavra tem de ser nosso ambiente, Cristo tem de ser o assunto e o limite, Sua glória tem de sempre ser respeitada. Isso não significa, é óbvio, que tenhamos de sempre estar citando versículos ou falando de assuntos “espirituais”. Significa, sim, que devemos estar permeados pela Palavra de tal modo que, de modo sábio e espontâneo, saibamos ligar todos os fatos a ela e, a partir deles, apresentá-la.

“A boca fala do que o coração está cheio” é verdade indiscutível revelada pelo Senhor. Se a primeira idéia que nos vem à mente é de brincos, é sinal evidente de que o coração está cheio de determinados conceitos. A boca não consegue falar de outra coisa.

Por outro lado, se a reação espontânea é relacionar tudo à Palavra, é sinal de que ela ocupa um bom lugar no coração, determinando, assim, o que a boca vai dizer. Somente desse modo poderemos ver em cada situação uma oportunidade de falar algo de Cristo, de Seu amor ou de Sua justiça, de Sua vida ou vinda. Do contrário, faremos apenas comentários bobos que qualquer incrédulo faria. Melhor seria ficar calado.

Precisamos de gigantes pequeninos!

Há a última reação. E ela foi a que mais me chocou, escandalizou mesmo. Poucas coisas ferem mais os filhos de Deus do que a indiferença por parte de outros cristãos. Há quem deseje ser tão espiritual, ou que quer que outros pensem que é, que, para alcançar isso, supõe ser necessário viver isolado deste mundo, indiferente às pessoas, avesso a reações muito “humanas”. Não sei se aquele líder fingiu alguma coisa, mas, no mínimo, refreou sua curiosidade – sim, uma característica humana, de gente que ainda está deste lado da eternidade! Há algum problema em perguntar a alguém: “Que é isso na sua orelha?” Seria menos celestial?

Esse mesmo líder, quando meu pai faleceu, falou comigo sobre o trabalho, mas nada disse, uma palavra sequer, sobre o que havia acontecido. Nem o mais tradicional e burocrático “meus pêsames” saiu daquele homem espiritual, maduro e equilibrado. Capaz de lidar com assuntos complexos do governo da seita, mas incapaz de se enternecer com alguém que havia ficado órfão de pai. Estranho, muito estranho.

Somos seres humanos. Sim, redimidos pelo sangue de Cristo, salvos para habitar com Ele pela eternidade na glória, povo escolhido de Deus, propriedade exclusiva de Deus – mas ainda seres humanos. Ainda gente de carne e osso, emoções e dores, sofrimentos e dúvidas, angústias e medos, sonhos e carências. Ainda não somos anjos. Ainda sofremos todas as limitações da carne. E ainda precisamos de gente que nos compreenda e se interesse por nós.

Não estou falando aqui de desequilíbrios emocionais, como a autocomiseração, a síndrome do ninguém-me-ama. Mas refiro-me a necessidades comuns, pés-no-chão, como: um ombro para chorar, alguém com quem rir ou orar, um amigo para ouvir um desabafo. Não precisamos de gigantes espirituais inatingíveis, que assustam por sua inacessibilidade, por seu padrão tão alto que, em lugar de atrair outros, repele-os. Precisamos de gigantes pequeninos, gigantes que se humilham, poderosos homens de Deus capazes de sentar no chão e chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Não é esta a ordenança bíblica?

A igreja primitiva atraía as pessoas por ser humanamente celestial e celestialmente humana. Ela não era desencarnada, indiferente, fria. Mas era muito viva. Ela se importava com mulheres que pediam comida e era comovida com a necessidade de irmãos pobres. Vemos como o apóstolo Paulo era preocupado com gente. Basta ler Romanos 16 para ver a maneira tão humana e cheia de vida com que ele fala de muitos irmãos. Este é o evangelho!

Um dos autores publicados por aquela editora em que eu trabalhei disse que não devemos ter amigos na igreja. E acrescentou, sem disfarçar o orgulho, que nunca trocou um presente ou uma brincadeirinha sequer com outro irmão, ao lado de quem serviu por 18 anos. Sinto muita pena dele. Triste alguém que nunca teve amigos, mas apenas irmãos, cooperadores, esposas (teve duas) e filhos. Pena ter desperdiçado muitas oportunidades de presentear alguém a quem amava. Que tolice não ter trocado um gracejo com alguém em quem confiava.

Não quero ser como esses homens espirituais. Quero, antes, o evangelho que torna o homem a plenitude daquilo que Deus concebeu que ele fosse. Quero um evangelho cheio da Palavra de Deus e de amigos, de troca de presentes e de boas risadas. Quero um evangelho que me autorize a perguntar: “Irmão, que é isso na sua orelha?” e a lhe dar os pêsames e abraçá-lo quando estiver triste pela morte do pai. E isso sem fazer com que eu seja menos espiritual, menos santo ou menos consagrado.

 

(Francisco Nunes, 20.12.04, publicado originalmente em 15.11.07, atualizado e republicado em 3.12.15. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Mortos e enterrados! (T. Austin-Sparks)


Talvez o maior problema da maior parte dos filhos de Deus seja manter a linha de separação entre aquilo que são neles mesmos e aquilo que Cristo é neles.

A grande frente de ataque do inimigo é trazer o que somos continuamente à tona e nos ocupar com isso, obscurecendo assim a Cristo. O grande objetivo do Espírito Santo em Sua oposição a Satanás é trazer Cristo à vista e ocupar-nos com Ele para obscurecer a nós mesmos. É aí que se levanta a grande dificuldade para a maioria dos filhos do Senhor. Existe sempre essa investida para nos manter ocupados com nós mesmos e com aquilo que somos, a fim de nos manter longe de estarmos ocupados com Cristo e com o que Ele é; de forma a abrir uma brecha, um abismo, uma separação e ter-se a linha limítrofe removida para que então haja confusão. Deus começa com o Primogênito. Isso implica algo completamente diferente daquilo que somos, e é importante ver o que Deus diz e como Deus vê aqueles que são apresentados como estando em Cristo e em quem Cristo está […].

Quando Cristo está em nós, Deus nos vê por intermédio de Cristo. Oh, que reconheçamos isto: que, quando Cristo está em nós, há a corporificação do pensamento de Deus, e Ele é capaz de dizer isso de nós. Seu lidar conosco relaciona-se a Cristo que agora está em nós pelo Espírito Santo, e em Quem estamos. O fato do Primogênito estar invariavelmente ligado à morte e à ressurreição é a maneira de Deus dizer que aquilo que somos em nós mesmos por natureza está enterrado, de Seu ponto de vista, e é Seu Filho somente que propicia o lugar onde estamos como o Ressurreto, o Único que vive diante Dele. Tudo mais está morto e enterrado à vista de Deus, e Deus espera que tomemos essa atitude. Lembremos que estamos mortos e enterrados.


(Traduzido por Tathyane Faoth. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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O chamamento celestial (T. Austin-Sparks)


É-nos dito que no passado Deus falou “de várias maneiras”, não apenas em diferentes partes, mas de diferentes maneiras. Levaria muito tempo voltarmos ao Antigo Testamento para ver todas as maneiras pelas quais Deus falou. Ele falou por milhares de maneiras diferentes: às vezes por palavras e às vezes por atos. As formas eram de fato “diversas”. Contudo, a declaração aqui é que, no fim, Ele fala de um único modo, um modo todo-inclusivo, que é em Seu Filho. O Filho de Deus é Sua maneira final e inclusiva de falar. Por um lado, ninguém vai obter qualquer coisa de Deus fora de Jesus Cristo. Deus irá absolutamente se recusar a falar de outra forma que não em Seu Filho. Se quisermos saber o que Deus quer nos dizer, devemos vir a Seu Filho. De outro lado, em Jesus Cristo temos tudo o que Deus sempre quis dizer […].

Sim, temos mais do falar de Deus em Seu Filho do que podemos ainda entender. Não temos nada fora de Jesus Cristo, e não precisamos de nada além Dele. Podemos ler tudo que já foi escrito sobre a doutrina cristã, e ainda assim sermos o mesmo homem ou a mesma mulher. Os caminhos de Deus são muito práticos, e Ele nos ensina pela experiência. Essa experiência é às vezes muito difícil e é chamada aqui de “treinamento de filhos”. Que o Senhor Jesus impressione nosso coração novamente com essas coisas! Deus ainda fala em Seu Filho, e Seu falar visa obter companheiros para Seu Filho. Os companheiros de Cristo nesse chamamento celestial irão entrar numa difícil escola e terão de aprender muitas lições duras, mas, ao aprenderem-nas, virão a entender quão grande é sua herança no Senhor Jesus.


(Traduzido por Tathyane Faoth. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Indicações de sexta (20)

A Bíblia é imutável como autoridade para todo ensinamento e toda prática!

 

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Artigos que você precisa ler

  1. O povo de Deus tem sido distraído (e destruído) por sua busca por coisas sobrenaturais, teoricamente divinas, aceitando qualquer manifestação desse tipo como seguramente vinda de Deus. É o caso daqueles que têm sede de visões e sonhos. Charles Spurgeon expõe o erro e o perigo disso.
  2. Qual é o significado prático de Cristo ser tudo em todos? Leia o esclarecedor artigo de T. Austin-Sparks sobre esse assunto fundamental e central da Bíblia.

Mensagem que você precisa ouvir

Duas formas de morrer, por Martin Lloyd-Jones

Hino que honra a Deus

Hallelujah! What A Saviour! (Man of Sorrows, What A Name)

Letra e música: Phil­ip P. Bliss (1875)

História

Escrito […] pouco antes de sua morte, este foi o último hino que eu ouvi o sr. Bliss cantar. Foi em uma reunião em Farwell Hall, em Chicago [Illinois], conduzida por Henry Moorehouse. Algumas semanas antes de sua morte, o sr. Bliss visitou a prisão estadual em Jackson, Michigan, onde, depois de uma pregação muito comovente sobre “O Varão de dores”, ele cantou este hino com grande efeito. Muitos dos prisioneiros datam sua conversão como tendo ocorrido naquele dia.

Quando o sr. Moody e eu estávamos em Paris, realizando reuniões na antiga igreja que Napoleão havia dado aos evangélicos, freqüentemente cantei este hino como um solo, pedindo à congregação que participasse da singela “Aleluia, que Salvador!”, o que fazia com um esplêndido resultado. Diz-se que a palavra “Aleluia” é igual em todas as línguas. Parece que Deus a preparou para o grande júbilo no céu, quando todos os Seus filhos serão recebidos para cantar “Aleluia ao Cordeiro!”.

(Ira Sankey)

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T. Austin-Sparks Vida cristã

A fidelidade de Deus e nossa falsidade (T. Austin-Sparks)


Todo sistema religioso que apenas trata com o exterior e encobre a vida interior por mero rito e ritual é falso, não é verdadeiro. A obra de Deus é reconstituir a natureza humana. E isso, é claro, envolve duas coisas. De um lado, envolve uma destruição. E, se sabemos algo sobre o tratamento de Deus com as vidas que vêm a Suas mãos, sabemos que sem dúvida é assim mesmo: uma destruição progressiva, um chegar à raiz das coisas,  e desiludir-nos. Se tivermos quaisquer ilusões sobre nós mesmos, todas elas se irão quando Deus tiver terminado conosco. Se somos governados por qualquer tipo de falsa idéia a respeito de nós mesmos, de nossa posição ou de nosso trabalho, quando Deus terminar Sua obra em nós, tudo aquilo terá desaparecido. Ele irá nos esgotar até que vejamos a nós mesmos rendidos, como algo sujo, e a toda nossa justiça, como trapos de imundícia. Ele irá destruir-nos, e Ele o fará.

Porém existe outro lado, é claro, sempre há, pois Deus não é apenas negativo o tempo todo; há um edificar no lugar onde tudo o que é falso, tudo o que não é absolutamente transparente e verdadeiro, reto e claro é odioso para nós. Mais e mais nosso homem interior se revolta contra nossa própria falsidade. A repulsa volta a nós novamente com a convicção de que exageramos ao falar algo; toda falsa declaração nos abate duramente, e sabemos que não falamos a verdade. É algo tremendo estar nas mãos do Espírito Santo, até que, como Deus, odiemos tudo o que é falso. “Odeio”, disse Davi, “toda falsa vereda”. Detenhamo-nos aqui. Sejamos amantes da verdade. Ela irá nos perseguir em todos os lugares; até em nosso próprio relacionamento com nós mesmos, não nos enganaremos mais. Diante de Deus sabemos exatamente o que Ele pensa a nosso respeito, sabemos onde estamos na luz […] Quanto mais perto chegamos do Senhor, mais meticuloso o Espírito Santo se torna em relação à verdade; mais próximos são Seus tratos conosco. É muito verdadeira, portanto, a “perfeita santidade no temor do Senhor” – perfeita. Quanto mais perto chegamos do fim, mais severos serão os tratamentos do Senhor com qualquer coisa falsa em nossa vida. É uma questão de tempo, mas Deus é fiel – muito fiel; Ele não deixa as coisas passarem. Queremos que Ele seja fiel? Bem, não é confortável dizer “Sim”, mas é bom que Ele seja fiel com cada inconsistência, cada contradição e com toda a falsidade no nosso interior.


(Traduzido por Tathyane Faoth. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Citações Gotas de orvalho John Owen John Stott Martin Lloyd-Jones Oração

Gotas de orvalho (25)

Uma gota de orvalho dos céus para cada dia da semana

Eu preferiria ensinar um homem a orar do que dez homens a pregar.

(Charles Spurgeon)

Na oração, é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem um coração.

(John Bunyan)

Não há nada que diga a verdade a nosso respeito como cristãos tanto quanto nossa vida de oração.

(Martyn Lloyd-Jones)

Não é a singularidade do “cristianismo” como um sistema que nós defendemos, mas a singularidade de Cristo. […] Então, porque em nenhuma outra pessoa, senão em Jesus de Nazaré, Deus primeiro se fez tornou humano (em Seu nascimento), em seguida carregou nossos pecados (em Sua morte), depois venceu a morte (em Sua ressurreição) e, então, habitou em Seu povo (por Seu Espírito), Ele é singularmente capaz de salvar pecadores. Ninguém mais tem Suas qualificações.

(John R. W. Stott)

É bem conhecido que Cristo constantemente usou a expressão “seguidor”. Ele nunca pediu por admiradores, adoradores ou adeptos. Não, ele chama discípulos. Não são adeptos de um ensinamento, mas seguidores de uma vida que Cristo está procurando.

(Soren Kierkegaard)

Perseverança em crer não exclui todas as tentações. Quando dizemos que uma árvore está firmemente arraigada, não dizemos que o vento nunca sopra sobre ela.

(John Owen)

Quando aflições nos prendem, nós murmuramos e resmungamos e lutamos até que vejamos que é Deus que nos golpeia.

(Thomas Brooks)

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T. Austin-Sparks Vida cristã

Cristo como vida para o corpo (T. Austin-Sparks)

“Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também no nosso corpo” (2Co 4.10).

Existem valores no Cristo ressurreto para nosso corpo agora. Sua vida ressurreta pode energizar esse corpo agora; não para, no presente, transformá-lo à semelhança de Seu corpo glorioso, mas para estimulá-lo ao serviço. Há vida ressurreta para os corpos mortais agora, porém ela deve ser possuída, escolhida e evocada deliberadamente. É inútil para mim quando estou doente e fraco sentar e dizer: “Ó Senhor, levanta-me e faça-me sentir-me bem!” O Senhor nunca age assim.

Uma coisa aprendi: que em tempos de desesperada fraqueza e abatimento físico, de completa inabilidade, qualquer tipo de visitação do Senhor sempre é precedida por Ele fazendo-me apegar-me a Ele. O Senhor nunca vem e me faz sentir subitamente pleno, cheio de vida e de disposição. Conheço bem o momento quando o Senhor, não em voz audível, mas, quando muito, com uma sugestão, um lembrete, diz: “Usufrua da Vida; tire partido de Mim como sua Vida!” Não houve palavras faladas, mas uma sugestão que produziu um efeito: chegou o tempo de repudiar o atual estado e lançar mão de Cristo como Vida! É como uma renovação para mais um tempo de serviço. O Senhor não nos toma como um robô; antes nos leva a cooperar com Ele mesmo no princípio de Sua Vida ressurreta. Encontramos todas as riquezas do Cristo ressurreto por meio de nossa deliberada e definitiva possessão de Sua vida sublime. Ou seja, ao repudiar Adão, quer seja no corpo, na alma ou no espírito, e ao permanecer em Cristo em qualquer que seja a necessidade. Ela é espiritual? Mental? Sentimental? Diz respeito à vontade? Ao corpo? O essencial é permanecer continuamente em Cristo nas situações […] Todo reino da experiência de Cristo e sua abrangência dependem dessa Vida ressurreta em nós e de nosso desfrute dela, permanecendo nela. O Senhor nos mostre mais o que isso significa.


(Traduzido por Tathyane Faoth. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

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Pecado Sociedade Vida cristã

O pecado socialmente aceitável (Jason Todd)

Muitos cristãos hoje gostam de dizer que todos os pecados são “iguais” aos olhos de Deus, que não há uma escala de pecados menores ou piores, que uma mentirinha ou um homicídio são ambos o suficiente para que Cristo precisasse morrer na cruz. Todos dizemos isso na teoria, mas na prática, sabemos que uma “mentirinha branca” não vai te tirar da liderança da igreja. E um homicídio provavelmente vai.

Na prática, há alguns pecados que são socialmente aceitáveis, mesmo na igreja. Há um pecado em particular que tem permeado nossa sociedade e nossas igrejas tão silenciosamente que nós raramente prestamos atenção, que é a busca constante por mais, por além do que é suficiente. Ou, usando uma palavra mais feia, o que nós chamamos de glutonaria.

Quando eu penso sobre glutonaria, eu penso em meu desejo de devorar uma dúzia de rosquinhas, ajudando a descer com um copo de achocolatado. Ou talvez minha tendência de alimentar meu estômago com salgadinhos quando já nem estou mais com fome. Muitos de nós podem olhar para o pecado da glutonaria e pensar “não é bem com isso que eu luto” ou “que mal há nisso?”. Afinal, a maioria das congregações possuem pessoas que comem demais, e elas não são consideradas “menos espirituais” ou “relapsas” por isso.

Mas a glutonaria não é meramente um vício por comida. E se olharmos em sua definição e contexto originais, a glutonaria se torna muito mais próxima das nossas vidas do que gostaríamos de admitir.

Em sua forma mais básica, glutonaria é o vício da alma no excesso. Ela ocorre quando o gosto domina sobre a fome, quando o querer domina sobre o precisar. E em nossa sociedade, onde “crescer na vida” é o mais comum dos ideais, muitas vezes é difícil distinguir uma conquista merecida de um excesso indulgente. Nesse sentido, mesmo os mais atléticos e musculosos entre nós podem ser glutões. Qualquer um de nós pode ser.

Todo desejo por excesso provém de uma falta de satisfação. Eu não estou satisfeito com a minha porção – seja a porção no meu prato, no leito matrimonial ou na minha conta bancária. Por não estar satisfeito com minha porção, eu busco uma porção maior. Mas porque cada porção é uma parte finita de um todo finito, estou constantemente buscando um excesso que nunca poderá satisfazer.

Essa é a história de Gênesis 3. Qual foi o pecado do Jardim do Éden, se não um desejo por excesso? Adão e Eva receberam um paraíso para os olhos e para o paladar, em total ausência de qualquer vergonha, mas o que fazia do jardim um paraíso não era nada disso. Ali era um paraíso porque Deus andava na viração do dia com eles. Apesar disso, a queda de Adão e Eva ocorreu porque eles consideraram que mesmo isso não era suficiente. Eles não estavam contentes com sua porção no paraíso, e então foram em busca – com consequências desastrosas – de mais.

E como eles, somos seres vorazes. Incorporamos desejos sem fundo sempre à procura da próxima coisa atrativa. Nossos apetites são tão fortes quanto a morte, nos diz Provérbios 27.20. Estamos sempre indo em busca da próxima coisa que poderá satisfazer e aplacar nossa sede infinda. Essa inclinação sem fim é o que move a glutonaria. É o que propulsiona nossas almas sempre em direção ao excesso.

E mesmo assim, o desejo por “mais” não é inerentemente mau, mas é quase sempre mal direcionado. O que nós precisamos é de um apetite incansável pelo divino. Precisamos de uma santa voracidade. Nossas carentes almas podem se voltar e serem capturadas por uma bondade encontrada na presença do Deus todo glorioso. Há apenas uma fonte infinita de satisfação que pode satisfazer nossos desejos sem fim.

Uma pequena prova de Sua graça suprema é o suficiente para atrair um apetite há muito prisioneiro de porções menores. Se água roubada é doce, graça abundante é ainda mais doce.

E há um efeito colateral estranho: quanto mais bebemos do amor sem fim do Deus infinito, mais nossos gostos serão transformados. A essência da graça vai permear cada vez mais fundo as almas incansáveis dos mais carentes.

Na busca por porções menores, nosso paladar foi anestesiado. Nos tornamos dormentes para nossa fome real, nos enchendo com efemeridades. Mas quando voltamos à fonte, nossos sentidos são renovados.

O Salmo 34.8 nos desafia a enxergar a diferença: “Provai e vede que o SENHOR é bom”. Eu entendo que Paulo entendeu esse verso quando disse ao povo de Listra que Deus dá fartura e alegria para que nossos corações se convertam de coisas vãs e se voltem para a satisfação suprema em quem Deus é (Atos 14.15.17).

Consequentemente, se Deus ordenou que sua bondade seja vista e provada (e, implicitamente, ouvida, cheirada e tocada), isso tem, pelo menos, duas implicações diretas. Primeiro, isso significa que cada prazer e satisfação finitos tem o objetivo de nos apontar para o prazer e a satisfação infinitos em Deus. Minha admiração por um pôr-do-Sol não precisa, assim, parar no horizonte, mas deve continuar e subir em adoração e gratidão. Em segundo lugar, isso significa que se nosso desejo por “mais” for mal-direcionado, então certamente ele pode ser redirecionado na direção certa.

O desejo pelo excesso é pecaminoso? Depende de se a alma está buscando um excesso finito ou um excesso infinito. Será que nós sequer pensamos vorazmente em Deus? Nos regozijamos nas chances de gastar alguns minutos a mais em oração, afastados do mundo apenas para provar mais uma vez do divino? Quando foi a última vez que ficamos compenetrados por muito tempo nas páginas de uma Bíblia aberta por não conseguirmos parar de admirar o sabor doce como o mel das verdades antigas? Se a Bíblia é a história do único bem infinito, por que gastamos tanto de nossas vidas em banquetes tão menores que ela?

Nós cristãos domamos nosso deleite em Deus de tal forma que sequer imaginamos como seria viver sempre em busca dEle. Se satisfazer em Deus é algo tão distante para a maioria de nós quanto um estômago vazio. Por que não focamos nossas almas na única bondade que pode lidar com nossos desejos? Por que corremos atrás dos efêmeros sabores do dinheiro, da comida e do sexo?

Como disse George MacDonald, “certas vezes eu acordo e, eis, já esqueci”. Dormir é como um botão de reinício e minha fome muitas vezes é mal direcionada. Penso ter fome do que é finito, mas minha necessidade real é Deus. Para nos lembrarmos disso, precisamos provar profunda, constante e diariamente a bondade de Deus. Então voltemo-nos e regozijemo-nos corretamente.


Traduzido por Filipe Schulz 
Recebido por e-mail. Fonte não mais disponível.

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Francis Schaeffer Oração Testemunho

O dia em que o avião de Francis Schaeffer quase caiu

Uma vez eu estava voando à noite no Atlântico Norte. Foi em 1947, e eu estava voltando da minha primeira visita à Europa. Nosso avião, um desses DC4 antigos com dois motores em cada asa, estava a dois ou três minutos no meio do Atlântico. De repente, dois motores numa asa pararam. Eu já tinha voado muito, e por isso eu pude sentir os motores com problemas. Eu me lembro de pensar: “Se eu for afundar no oceano, seria melhor eu pegar o meu casaco”. Quando eu peguei, eu disse à aeromoça: “Tem algo errado com os motores”. Ela foi um pouco mordaz e disse: “Vocês sempre acham que há algo errado com os motores”. Eu dei de ombros, mas peguei meu casaco. Tão logo sentei, as luzes se acenderam e um co-piloto muito agitado saiu da cabine. “Nós estamos em apuros”, ele disse. “Vistam rapidamente seus coletes salva-vidas”.

É possível ser salvo mediante a fé em Cristo e então passar muito de nossa vida na cadeira do materialismo. Nós podemos dizer que acreditamos num mundo sobrenatural, e ainda assim viver como se não houvesse nada sobrenatural no universo.

Assim, nós descemos, e caímos e caímos, até que, no meio da noite sem lugar, pudemos ver as ondas se quebrando debaixo de nós na escuridão. E enquanto nós estávamos descendo, eu orei. De forma bastante interessante, uma mensagem de rádio tinha sido transmitida, um S.O.S. que foi receptado e retransmitido imediatamente por todos os Estados Unidos num plantão de notícias: “há um avião caindo no meio do Atlântico”. Minha esposa ouviu falar disso e, imediatamente, ela juntou nossas três pequenas meninas e se ajoelharam e começaram a orar. Elas estavam orando em St. Louis, Missouri, e eu estava orando no avião. E nos não parávamos de cair.

Então, quando nós podíamos ver o quebrar das ondas em baixo de nós e todo mundo estava pronto para o impacto, de repente os dois motores voltaram a funcionar, e nós entramos em Gander. Quando pousamos, eu procurei o piloto e perguntei-lhe o que havia acontecido. “Bem,”, ele disse, “é uma coisa estranha, algo que nós não podemos explicar. Muito raramente dois motores param numa única asa, mas você pode estabelecer uma regra de que, quando isso acontece, eles não voltam a funcionar. Nós não entendemos isso”. Então virei para ele e disse: “Eu posso explicar”. E ele olhou para mim. “Como?”. E eu disse: “Meu Pai no Céu fez isto porque eu estava orando”. Aquele homem ficou com um olhar ainda mais estranho no seu rosto e foi embora.

[…]

O que se deve perceber é que ver o mundo como um cristão não significa simplesmente dizer: “eu sou um cristão. Eu acredito no mundo sobrenatural”, e parar por aí. É possível ser salvo mediante a fé em Cristo e então passar muito de nossa vida na cadeira do materialismo. Nós podemos dizer que acreditamos num mundo sobrenatural, e ainda assim viver como se não houvesse nada sobrenatural no universo. Não basta dizer simplesmente: “eu acredito num mundo sobrenatural”. Nós temos que perguntar: “em qual cadeira estou sentado neste determinado momento existencial?”. Nós temos que viver no presente: “Basta ao dia o seu próprio mal […] o pão nosso de cada dia dá-nos hoje”. O que conta é a cadeira na qual estou sentado em qualquer momento existencial.

O Cristianismo não é apenas um consentimento mental de que certas doutrinas são verdadeiras – nem mesmo que as doutrinas corretas são verdadeiras. Isto é só o começo. Isto seria como um homem faminto sentado em frente a grandes montões de comida e dizendo “eu acredito que a comida existe; eu acredito que é real”, e que, contudo, nunca come. Não basta dizer apenas “eu sou um cristão” e então, na prática, viver como se o contato presente com o sobrenatural fosse algo remoto e estranho. Muitos cristãos que conheço parecem agir como se entrassem em contato com o sobrenatural somente duas vezes – uma quando são justificadas e se tornam cristãos, e outra quando morrem. O resto do tempo eles agem como se estivessem sentados na cadeira do materialismo.


Fonte: Morte na Cidade (Editora Cultura Cristã), p. 94-96

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