Gosto de ver pessoas cheias de água viva, tão cheias que não conseguem contê-la, tão cheias que precisam sair e proclamar o evangelho da graça de Deus. Quando alguém fica tão cheio que não pode mais se conter, então, está pronto para o serviço de Deus.
(D. L. Moody)
Há tantos mundanos que se consideram homens religiosos, que fazem de Cristo apenas um servo de seus interesses egoístas e buscam os céus apenas como uma reserva para quando nada mais lhes restar na terra. Tais homens são apegados a certas coisas deste mundo que lhes são tão queridas, ao ponto de não poderem abandoná-las nem mesmo pela esperança da glória. Assim, entregam-se a Cristo com secretas exceções e reservas, em virtude de sua prosperidade no mundo. Tudo isso porque nunca conheceram uma conversão genuína, a qual deveria ter arrancado de seu coração esse interesse mundano e tê-los libertado inteira e absolutamente para Cristo.
(Richard Baxter)
Uma pessoa espiritual ama as coisas santas pela mesma razão que a não-espiritual as odeia – e o que uma pessoa não-espiritual odeia nas coisas espirituais é precisamente sua santidade! Assim também, é a santidade das coisas santas que uma pessoa espiritual ama. Vemos isso nos santos e nos anjos no céu. O que lhes cativa a mente e o coração é a glória e a beleza da santidade de Deus. “E clamavam uns para os outros dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia de Sua glória” (Is 6.3). “Não têm descanso nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir” (Ap 4.7). “Quem não temerá e não glorificará o Teu nome, ó Senhor? […] Pois só Tu és santo” (15.4). E, assim como é nos céus, assim também deveria ser na terra. “Exaltai ao Senhor, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de Seus pés, porque Ele é santo” (Sl 99.5). Podemos testar nossos desejos pelo céu por essa regra. Queremos estar lá pela santa beleza de que ali brilha? Ou nosso desejo pelo céu é baseado numa simples ansiedade pela felicidade egoísta?
(Jonathan Edwards)
Ele é um Deus que perdoa pecados: não apenas Ele pode perdoar, mas Ele está mais pronto a perdoar, mais pronto a esquecer do que nós estamos prontos a nos arrepender.
(Matthew Henry)
Hipócritas laboram mais em prol de um bom nome do que de um bom coração; mais por uma boa repercussão de seus feitos do que por uma boa consciência. Eles são como violinistas, mais cuidadosos em afinar seus instrumentos do que em vigiar sua alma. Hipócritas são como prata, porém escurecem; eles possuem uma aparente santificação externa, mas interiormente são cheios de malícia, mundanismo, orgulho, inveja, etc. São como almofadas de sofá, feitas de veludo e ricamente bordadas, mas cujo interior é cheio de feno. Um hipócrita pode oferecer sacrifício como Caim, correr como Jezabel, se humilhar como Acabe, chorar com as lágrimas de Esaú, beijar Cristo como Judas, seguir a Cristo como Demas,e aparentar compromisso como Simão, o mago; e, apesar de tudo isso, seu interior ser tão mau quanto qualquer um deles.
(Thomas Brooks)
Pais, não deixem que seus filhos vejam coisa alguma em vocês exceto aquilo que é recomendável e digno de imitação. Tornem-se capazes de dizer a suas crianças: “Meu filho, siga-me como você me vê seguir a Cristo”. Seu exemplo pode fazer muito no sentido da salvação de seus filhos, suas obras irão trabalhar mais sobre seus filhos do que suas palavras; seus padrões farão mais do que seus preceitos; sua imitação mais do que seus conselhos.
(Cotton Mather)
É melhor trazer juízo sobre si mesmo, pregando plena e fielmente a outros, do que deter a verdade pela injustiça, a fim de proteger-se do poder condenador da Palavra.
O problema de grande parte do ensino sobre santidade é que ele deixa de fora o Sermão da Montanha e nos pede que experimentemos a santificação. Esse não é o método bíblico.
(D. Martyn Lloyd-Jones)
Muitos daqueles que se denominam cristãos só possuem religiosidade suficiente para torná-los miseráveis. Não conseguem mais apreciar o mundo e ainda não entraram na “alegria do Senhor”. Permanecem ali no meio do caminho, privados dos “pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos” do Egito e, também, sem o leite e o mel e o melhor do trigo de Canaã. Esse é um lugar miserável para se estar.
(R. A. Torrey)
Quando um homem não está profundamente convicto de seus pecados, é um sinal bem certo de que ainda não se arrependeu de verdade. A experiência tem me ensinado que as pessoas que têm uma convicção muito superficial de seus pecados, cedo ou tarde recaem na velha vida que tinham. Nos últimos anos, tenho estado bem mais ansioso por uma profunda e verdadeira obra de Deus entre os já convertidos do que em alcançar grandes números [de novos convertidos]. Se um homem confessa ser convertido sem reconhecer a atrocidade de seus pecados, provavelmente se transformará num ouvinte endurecido que não irá muito longe. No primeiro sopro de oposição, na primeira onda de perseguição ou ridículo, ele será carregado de volta para o mundo.
(D. L. Moody)
Segue a sinceridade. Sê o que pareces ser. Não sejas como os remadores, que olham para um lado e remam para outro. Não olhes para o céu, com tua profissão de fé, para, então, remar em direção ao inferno, com tuas práticas. Não finjas ter o amor de Deus, ao mesmo tempo que amas o pecado. A piedade fingida é uma dupla iniqüidade.
(Thomas Watson, em seu último sermão)
“A tolice”, diz Salomão “está ligada ao coração da criança” (Pv 22.15). “A criança deixada a si mesma traz vergonha à sua mãe” (24.15). Nosso coração é como a terra onde andamos; deixe-a a si mesma, e é certo que ela produzirá ervas daninhas. Se você deseja, portanto, lidar de modo sábio com seus filhos, não deve deixar que eles sejam guiados pela própria vontade. Pense por eles, julgue por eles, aja por eles, assim como você faria por alguém que se encontra em estado de fraqueza e de cegueira; mas, pela misericórdia, nunca os entregue a suas próprias vontades e inclinações rebeldes. Não são os gostos e desejos deles que devem ser consultados. Eles ainda não sabem o que é bom para sua mente e alma, assim como também não sabem o que é bom para seu corpo. Você não deixa que eles decidam o que vão comer ou beber, ou como se vestirão. Seja consistente, e lide com a mente deles da mesma maneira. Treine-os no caminho que é bíblico e correto, e não no caminho que eles imaginam e desejam. A vontade própria é quase sempre a primeira coisa a aparecer na mente de uma criança; e seu primeiro passo deve ser resistir a ela.
(J.C.Ryle)
As menores coisas se tornam grandes quando Deus as requer de nós. Elas são pequenas somente em si mesmas. Elas são sempre grandes quando feitas por Deus e quando servem para unir-nos com Ele eternamente.
(François Fénelon)
A inquietação sempre terminará em pecado. Pensamos que um pouco de ansiedade e preocupação é indício de que somos de fato sensatos; mas é muito mais indício de que somos de fato pecadores. A impaciência brota da determinação de desejarmos fazer aquilo que queremos. O Senhor nunca se preocupava e nunca se mostrava ansioso, porque não estava aqui para concretizar Suas próprias idéias; estava aqui para pôr em prática as idéias de Deus. Se você é filho de Deus, a impaciência é pecado. Será que você tem estado alimentando sua alma com a idéia de que sua situação é grave demais para esperar em Deus? Ponha de lado todas as “suposições” e “habite na sombra do Onipotente” (Sl 91.1). Diga firmemente a Deus que você não mais se impacientará com qualquer situação. Toda a nossa impaciência e preocupação é conseqüência de fazermos planos sem levar os planos de Deus e a forma de Deus em conta.
Se não vale a pena esperar por aquilo que você orou, então, não vale a pena pedir.
(David Wilkerson)
Certamente a essência da sabedoria está em, antes de começarmos a agir ou de tentar agradar a Deus, descobrir o que Deus tem a dizer sobre o assunto.
(Martyn Lloyd-Jones)
Duas coisas sempre vêm juntas na experiência de um crente genuíno:
uma crescente descoberta da própria vileza
e uma profunda apreciação da preciosidade de Cristo.
“Eis que sou vil” (Jó 40.4).
“Miserável homem que eu sou!” (Romanos 7.24).
“Sim, Ele é totalmente desejável” (Cântico dos cânticos 5.16).
“E assim para vós, os que credes, é preciosa [Ele, a Rocha]” (1Pedro 2.7).
(Arthur Pink)
Se a Bíblia é falsa, como alguns homens soberbos se atrevem a dizer, não há motivo para manter um dia da semana santo, não há utilidade em honrar a igreja e exercer uma profissão de fé; não somos melhores do que os animais que perecem e a melhor coisa que um homem pode fazer é comer, beber e viver como lhe agrada. Se a Bíblia só é metade verdadeira, como algumas pessoas infelizes lutam por torná-la, não há certeza sobre nossa alma eterna: todo o Cristianismo é dúvida, obscuridade e suposição, nunca poderemos conhecer o que cremos ser necessário para salvação, nunca poderemos estar certos que nos apossamos das palavras de vida eterna. Abandone sua Bíblia e você não terá uma polegada quadrada de certeza e confiança para manter-se em posição; você pode pensar, imaginar e ter opinião própria, mas você não poderá me mostrar qualquer prova ou autoridade satisfatória de que está certo; você meramente está construindo algo apoiado em seu próprio julgamento; você coloca seus olhos para fora, por assim dizer, e como alguém no escuro, não sabe para onde realmente está indo.
Mas, amado, se a Bíblia é de fato a Palavra do próprio Deus e completamente verdadeira, então pode ser comprovada por inúmeras testemunhas; se a Bíblia é de fato verdade e nosso único guia para o céu – e isso eu confio que você esteja pronto em consentir – certamente deve ser o dever de todo homem pensante e sábio colocar no coração cada doutrina contida nela, e não acrescentar nada a ela, e ser cuidadoso para não tirar nada dela.
(J. C. Ryle)
Eu não sou o que eu deveria ser. Ah, quão imperfeito e deficiente sou!
Eu não sou o que quero ser. Abomino o que é mau, e eu, no poder de Deus, dia a dia quero abrir caminho para o que é bom, a conformidade com Cristo!
Eu não sou o que eu espero ser. Logo, logo devo ser liberto de toda mortalidade, e com a mortalidade, todo pecado e imperfeição partirão.
No entanto, embora eu não seja o que eu deveria ser,
nem o que eu quero ser,
nem o que eu espero ser,
eu posso verdadeiramente dizer que eu não sou o que eu era antes;
ESCRAVO do pecado, das paixões e de Satanás;
e posso sinceramente juntar-me com o apóstolo, e reconhecer,
“Pela graça de Deus sou o que sou.”
(John Newton)
Não conheço outro prazer tão rico, tão puro, tão santificador em suas influências ou ainda tão constante em seus benefícios como aquele que resulta da verdadeira e espiritual adoração a Deus.
(Richard Watson)
É melhor ir ao céu sozinho do que ao inferno acompanhado!
Toda sexta-feira, indicação de artigos, de uma mensagem e de um hino recomendados. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que você precisa ler
A pequena Epístola de Judas é tão importante quanto o restante dos livros inspirados da Bíblia. Este estudo de H. Rossier vai apresentar algumas das riquezas espirituais dessa porção das Escrituras.
Moisés, servo de Deus (estudo 1), por Dana Congdon
Hino que honra a Deus
The Power of the Cross
Letra e música de Keith Getty e Stuart Townend
The Power of the Cross
Oh, to see the dawn
Of the darkest day:
Christ on the road to Calvary.
Tried by sinful men,
Torn and beaten, then
Nailed to a cross of wood.
Chorus:
This, the pow’r of the cross:
Christ became sin for us;
Took the blame, bore the wrath””
We stand forgiven at the cross.
Oh, to see the pain
Written on Your face,
Bearing the awesome weight of sin.
Ev’ry bitter thought,
Ev’ry evil deed
Crowning Your bloodstained brow.
Now the daylight flees;
Now the ground beneath
Quakes as its Maker bows His head.
Curtain torn in two,
Dead are raised to life;
“Finished!” the vict’ry cry.
Oh, to see my name
Written in the wounds,
For through Your suffering I am free.
Death is crushed to death;
Life is mine to live,
Won through Your selfless love.
Final Chorus:
This, the pow’r of the cross:
Son of God””slain for us.
What a love! What a cost!
We stand forgiven at the cross.
Eu tenho tendência a desenvolver cistos sebáceos. Já fui operado algumas vezes disso, para extraí-los.
Duas bolinhas, uma no lóbulo de cada orelha. Eu sabia: mais dois cistos. Nada alarmante, mas precisava ser operado. Consulta, cirurgia marcada. Lá fui eu.
Cirurgia ambulatorial, sem nenhum drama maior. (Às vezes passo mal nessas circunstâncias corriqueiras. Eu e agulhas não nos damos muito bem.) Saí eu do hospital com curativos em ambas orelhas, visíveis, indisfarçáveis. E voltei para a empresa em que eu trabalhava, uma editora.
Essa empresa pertence à denominação (hoje eu a chamo de seita) em que eu me congregava na época. A maioria quase absoluta dos funcionários também pertencia à denominação, e seus diretores eram os grandes líderes dela na América do Sul. Éramos, aos nossos próprios olhos, o melhor tipo de cristão que havia.
Ao encontrar com meus colegas, recebi três tipos diferentes de reação. Grande parte dos que comentaram alguma coisa disseram: “Ih, tá usando brinco!” Depois, um único colega me disse: “Puxa, você permitiu que furassem sua orelha na porta, como o escravo de Deuteronômio. Agora, você pertence para sempre ao Senhor!” Eu mesmo nem havia pensado nessa passagem, mas a relação com ela me alegrou.
Fui trabalhando durante o dia. Mais tarde, tive uma reunião rápida com o diretor, um dos tais grandes líderes. Sua observação? Nenhuma. Absolutamente nada. Como se fosse a coisa mais comum do mundo eu ir trabalhar com pontos e esparadrapo nas orelhas.
Essa situação me faz pensar no modo como nos relacionamos com os irmãos, e creio serem três os modos, ilustrados por cada uma das reações.
Talvez a maneira mais comum com que nos relacionemos com nossos conservos, os outros redimidos pelo Senhor, seja mundana, segundo a carne, superficial. Fazemos comentários que qualquer pessoa faria, falamos sobre assuntos da moda, fazemos piadas de gosto duvidoso, criticamos e zombamos de maneira descuidada. Muitas vezes, parece-me que a única forma de alguns filhos de Deus terem assunto para conversar é depois de verem um capítulo da novela ou assistido a um filme ou lido o jornal do dia. Para muitos, a grande maioria talvez, é difícil conseguir ter Cristo de forma viva e real como o centro e o ambiente de seu contato com outros filhos de Deus.
O segundo comentário, ligando minha cirurgia à consagração testemunhada pelas orelhas furadas no umbral da porta, indica-me a maneira correta de nos relacionarmos com outros a quem nosso Senhor redimiu. A Palavra tem de ser nosso ambiente, Cristo tem de ser o assunto e o limite, Sua glória tem de sempre ser respeitada. Isso não significa, é óbvio, que tenhamos de sempre estar citando versículos ou falando de assuntos “espirituais”. Significa, sim, que devemos estar permeados pela Palavra de tal modo que, de modo sábio e espontâneo, saibamos ligar todos os fatos a ela e, a partir deles, apresentá-la.
“A boca fala do que o coração está cheio” é verdade indiscutível revelada pelo Senhor. Se a primeira idéia que nos vem à mente é de brincos, é sinal evidente de que o coração está cheio de determinados conceitos. A boca não consegue falar de outra coisa.
Por outro lado, se a reação espontânea é relacionar tudo à Palavra, é sinal de que ela ocupa um bom lugar no coração, determinando, assim, o que a boca vai dizer. Somente desse modo poderemos ver em cada situação uma oportunidade de falar algo de Cristo, de Seu amor ou de Sua justiça, de Sua vida ou vinda. Do contrário, faremos apenas comentários bobos que qualquer incrédulo faria. Melhor seria ficar calado.
Precisamos de gigantes pequeninos!
Há a última reação. E ela foi a que mais me chocou, escandalizou mesmo. Poucas coisas ferem mais os filhos de Deus do que a indiferença por parte de outros cristãos. Há quem deseje ser tão espiritual, ou que quer que outros pensem que é, que, para alcançar isso, supõe ser necessário viver isolado deste mundo, indiferente às pessoas, avesso a reações muito “humanas”. Não sei se aquele líder fingiu alguma coisa, mas, no mínimo, refreou sua curiosidade – sim, uma característica humana, de gente que ainda está deste lado da eternidade! Há algum problema em perguntar a alguém: “Que é isso na sua orelha?” Seria menos celestial?
Esse mesmo líder, quando meu pai faleceu, falou comigo sobre o trabalho, mas nada disse, uma palavra sequer, sobre o que havia acontecido. Nem o mais tradicional e burocrático “meus pêsames” saiu daquele homem espiritual, maduro e equilibrado. Capaz de lidar com assuntos complexos do governo da seita, mas incapaz de se enternecer com alguém que havia ficado órfão de pai. Estranho, muito estranho.
Somos seres humanos. Sim, redimidos pelo sangue de Cristo, salvos para habitar com Ele pela eternidade na glória, povo escolhido de Deus, propriedade exclusiva de Deus – mas ainda seres humanos. Ainda gente de carne e osso, emoções e dores, sofrimentos e dúvidas, angústias e medos, sonhos e carências. Ainda não somos anjos. Ainda sofremos todas as limitações da carne. E ainda precisamos de gente que nos compreenda e se interesse por nós.
Não estou falando aqui de desequilíbrios emocionais, como a autocomiseração, a síndrome do ninguém-me-ama. Mas refiro-me a necessidades comuns, pés-no-chão, como: um ombro para chorar, alguém com quem rir ou orar, um amigo para ouvir um desabafo. Não precisamos de gigantes espirituais inatingíveis, que assustam por sua inacessibilidade, por seu padrão tão alto que, em lugar de atrair outros, repele-os. Precisamos de gigantes pequeninos, gigantes que se humilham, poderosos homens de Deus capazes de sentar no chão e chorar com os que choram e se alegrar com os que se alegram. Não é esta a ordenança bíblica?
A igreja primitiva atraía as pessoas por ser humanamente celestial e celestialmente humana. Ela não era desencarnada, indiferente, fria. Mas era muito viva. Ela se importava com mulheres que pediam comida e era comovida com a necessidade de irmãos pobres. Vemos como o apóstolo Paulo era preocupado com gente. Basta ler Romanos 16 para ver a maneira tão humana e cheia de vida com que ele fala de muitos irmãos. Este é o evangelho!
Um dos autores publicados por aquela editora em que eu trabalhei disse que não devemos ter amigos na igreja. E acrescentou, sem disfarçar o orgulho, que nunca trocou um presente ou uma brincadeirinha sequer com outro irmão, ao lado de quem serviu por 18 anos. Sinto muita pena dele. Triste alguém que nunca teve amigos, mas apenas irmãos, cooperadores, esposas (teve duas) e filhos. Pena ter desperdiçado muitas oportunidades de presentear alguém a quem amava. Que tolice não ter trocado um gracejo com alguém em quem confiava.
Não quero ser como esses homens espirituais. Quero, antes, o evangelho que torna o homem a plenitude daquilo que Deus concebeu que ele fosse. Quero um evangelho cheio da Palavra de Deus e de amigos, de troca de presentes e de boas risadas. Quero um evangelho que me autorize a perguntar: “Irmão, que é isso na sua orelha?” e a lhe dar os pêsames e abraçá-lo quando estiver triste pela morte do pai. E isso sem fazer com que eu seja menos espiritual, menos santo ou menos consagrado.
(Francisco Nunes, 20.12.04, publicado originalmente em 15.11.07, atualizado e republicado em 3.12.15. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
“E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (Jo 12.32).
Venham, obreiros, sejam encorajados. Vocês temem que não possam atrair uma congregação. Tentem a pregação de um Salvador crucificado, ressurreto e ascendido, pois esse é o maior “ímã” que já foi manifestado entre os homens. O que atraiu vocês a Cristo senão o próprio Cristo? O que os atrai a Ele agora além de Seu próprio bendito ser? Se vocês tivessem sido atraídos para a fé por qualquer outra coisa, logo teriam sido afastados dela. Mas Jesus mantém vocês e os manterá até o fim. Por que, então, duvidar de Seu poder de atrair outros? Vão com o nome de Jesus àqueles que até agora têm sido teimosos e vejam se isso não os atrai.
Nenhum tipo de homem está fora do alcance desse poder de atração. Velhos e novos, ricos e pobres, ignorantes e letrados, depravados ou amáveis – todo homem pode sentir a força atrativa. Jesus é o ímã. Não pensemos em nenhum outro. A música não levará a Jesus, tampouco a eloquência, a lógica, o cerimonial ou barulho. O próprio Jesus atrai os homens para Si mesmo; e Ele é totalmente capacitado para essa obra em todos os casos. Não sejam tentados pelas charlatanices do dia; mas, como obreiros para o Senhor, ajam à maneira Dele e atraiam com as próprias cordas do Senhor. Atraiam para Cristo e atraiam por Cristo; então, Cristo atrairá por vocês.
(Traduzido por Tathyane Faoth. Revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução, revisão e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo).
É indispensável trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha para tudo a partir de um único ponto de vista, avalia tudo por uma única regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu ponto de vista é Cristo. Ele valoriza as coisas se elas podem estar conectadas com o Filho do Seu Amor, e nada além. Tudo é feito para Cristo, tudo que é feito por Ele é precioso para Deus. Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo o quanto este serviço está conectado à Cristo. Sua grande questão será: este serviço foi realizado em e para o Nome de Jesus? Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será rejeitado e queimado.
Não importa o que os homens possam pensar sobre um trabalho específico. Eles podem ser elogiados sobejamente por algo que estejam fazendo; eles podem ostentar seu nome nos jornais; eles podem fazer do seu nome o assunto no seu círculo de amigos; eles podem ter um grande nome como pregador, mestre, escritor, filantro, reformador moral, mas se não pode conectar seu trabalho com o nome de Jesus – se este não é feito para Ele e para a Sua glória – se não é fruto do constrangimento do amor de Cristo, será todo soprado fora como a palha do chão da debulha de verão, e cairá no esquecimento.
Um homem pode procurar um silencioso, humilde, modesto serviço, desconhecido e não noticiado. Seu nome pode nunca ser ouvido, seu trabalho pode nunca ser reconhecido, mas o que foi feito, foi feito simplesmente por amor a Cristo. Ele serviu na obscuridade com seus olhos no seu Mestre. O sorriso do seu Senhor é o suficiente para ele. Ele não pensou em nenhum momento em receber a aprovação dos homens; ele nunca procurou cativar o sorriso do homem ou evitar a sua censura. Ele tem procurado padronizar o sentido do seu caminho, simplesmente olhando para Cristo e agindo para Ele. Seu serviço irá permanecer. Este será lembrado e recompensado, porém ele não faz o serviço pensando na lembrança e na recompensa, mas simplesmente por amor a Cristo. Este é o serviço correto, a moeda genuína que irá subsistir ao fogo do dia do Senhor.
O pensamento de tudo isto é muito solene, e também muito reconfortante. É solene para aqueles que servem segundo um padrão aos olhos dos seus seguidores, mas reconfortante para todos aqueles que servem sob os olhos do seu Senhor. Esta é uma impronunciável misericórdia ser salvo do tempo da servidão, do espírito de agradar a homens presente hoje em dia e ser permitido andar diante do Senhor – poder iniciar, executar e concluir nossos serviços Nele.
Vamos analisar a mais amável e tocante ilustração sobre isto, nos apresentada na “casa do Simão o leproso” e registrada em Mateus 26. “Jesus está em Betânia, na casa de Simão o leproso, então veio até Ele uma mulher possuindo um vaso de alabastro contendo um ungüento de grande valor, e derramou sobre a sua cabeça quando Ele estava sentado à mesa”.
Se nós perguntássemos para essa mulher enquanto ela caminhava em direção a casa de Simão, para que é isto? É para ostentar a excelência do perfume deste ungüento ou o material e forma da caixa do alabastro? É para obter o louvor dos homens pelo seu ato? É para alcançar um grande nome pela extraordinária devoção a Cristo no meio do pequeno grupo de amigos pessoais do Salvador? Não, caro leitor, não é para nenhuma destas coisas. Como nós sabemos disto? Por causa do Deus altíssimo, o Criador de todas as coisas, que conhece os mais profundos segredos de todos os corações e a verdadeira motivação de cada ação é exposta, e Ele pesou a ação dela com a balança do santuário e colocou nela o selo de Sua aprovação. Ele estava lá na pessoa de Jesus de Nazaré – Ele o Deus do conhecimento através de quem todas as ações são pesadas. Ele enviou adiante sua ação com uma moeda genuína do reino. Ele não gostaria, não poderia fazer isto se houvesse alguma mistura, qualquer falsa motivação, qualquer pretensão oculta. Seu santo e penetrante olho penetrou as maiores profundezas da alma da mulher. Ele sabia, não somente o que ela havia feito, mas como e porque ela havia feito aquilo, e Ele declarou, “ela praticou uma boa ação para comigo”.
Em uma palavra, o próprio Cristo tem o propósito imediato da alma da mulher, e foi isso que valorizou o seu ato e elevou o cheiro do ungüento com cheiro suave ao trono de Deus. De modo nenhum ela sabia ou pensava que milhões leriam o registro de sua profunda devoção pessoal. De modo nenhum ela imaginou que seu ato seria gravado pela mão do Mestre nas páginas da eternidade, e nunca seria esquecido. Ela não pensou nisto. Nem tão pouco ela procurou ou sonhou com tamanha notoriedade; se ela tivesse feito assim, teria roubado a beleza do seu ato e desprovido toda a fragrância de seu sacrifício.
Mas o abençoado Senhor para quem o ato foi feito, cuidou para que não fosse esquecido. Ele não somente o defendeu naquele momento, mas o transmitiu para o futuro. Isto foi suficiente para o coração daquela mulher. Tendo a aprovação do seu Senhor, ela teve condições de suportar a “indignação” até dos “discípulos” e de ouvir que seu ato foi um “desperdício”. Foi suficiente para ela que o Seu coração foi refrescado. Todo o resto não foi nada por aquilo que tem valor. Ela nunca se preocupou em manter o louvor do homem ou evitar o seu escárnio. Seu único indivisível objetivo do principio ao fim, foi Cristo. Do momento em que ela pegou o vaso de alabastro, até que ela o quebrou e derramou o seu conteúdo sobre Sua sagrada Pessoa, ela pensou somente Nele. Ela teve uma intuição perspectiva do que poderia ser conveniente e agradável ao seu Senhor na solene circunstância em que Ele estava inserido naquele momento, e com apurado tato ela fez aquilo. Ela nunca considerou o valor do ungüento; ou, se ela considerou, ela sabia que Ele valia dez mil vezes mais. Quanto “aos pobres”, eles possuem o seu próprio lugar e suas súplicas também, mas ela sentiu que Jesus era mais para ela do que todos os pobres do mundo.
Em resumo, o coração da mulher estava cheio de Cristo, e foi isto que caracterizou o seu ato. Outros poderiam pronunciar que era um “desperdício”, mas nós podemos descansar seguros sabendo que nada que é gasto para Cristo é um desperdício. Então a mulher julgou, e ela estava certa. Para honrá-lo naquele momento em que o mundo e o inferno estavam se levantando contra Ele, este era o maior serviço que um homem ou anjo poderia executar. Ele estava indo para ser oferecido. As sombras estavam se estendendo, as trevas estavam se intensificando, a escuridão crescendo. A cruz com todos os seus horrores estava mais próxima; esta mulher se antecipou a todos e ungiu o corpo do seu adorável Senhor.
Marque o resultado. Veja como imediatamente o abençoado Senhor veio em sua defesa e a protegeu da indignação e do escárnio daqueles que pensavam saber mais do que ela. “Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho seja pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua”.
Aqui está uma gloriosa defesa na presença de quem toda a indignação humana, escárnios e falta de entendimento deve passar como a neblina da manhã antes do calor do nascer do sol. “Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa ação para comigo”. Isto terminou com todo o resto. Tudo deve ser pesado de acordo com sua conexão com Cristo.
Um homem pode andar o mundo inteiro levando seus nobres atos de filantropia; ele pode espalhar com nobreza os frutos do seu grande coração benevolente; ele pode dar todos os seus bens para alimentar os pobres; ele pode ir às últimas conseqüências no tocante a religiosidade e moralidade e não fazer uma única coisa em que Cristo possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”.
Caro leitor, seja quem você for ou o quanto você esteja engajado, pondere nisso. Veja que você mantenha os seus olhos diretamente em Cristo em tudo o que você faz. Faça de Jesus o objetivo imediato de cada pequeno serviço, não importa o quê. Procure servir de forma que Ele possa dizer, “este foi um bom serviço para Mim”. Não esteja preocupado com os pensamentos dos homens sobre os seus caminhos ou serviços. Não se importe com sua indignação ou sua falta de entendimento, mas derrame o seu vaso de alabastro sobre a pessoa do seu Senhor. Certifique-se que todos os seus atos sejam frutos da apreciação do seu coração a Ele. Então se assegure que Ele irá apreciar o seu serviço e te anunciar junto à assembléia dos anjos.
Deste modo é a mulher sobre a qual estamos lendo. Ela pegou seu vaso de alabastro e fez o seu caminho até a casa de Simão o leproso com um único objetivo no seu coração, nomeadamente, Jesus e o que estava a sua frente. Ela está absorvida por Ele. Ela não pensou em mais nada, a não ser o de derramar seu precioso ungüento sobre a Sua cabeça. E como resultado, seu ato chegou até nós através dos registros do Evangelho, unido ao Seu santo Nome. Ninguém pode ler o Evangelho sem ler o memorial desta pessoa devotada. Impérios surgiram, floresceram e caíram no esquecimento. Monumentos foram erigidos para comemorar gênios, homens generosos e filantrópicos, e estes monumentos se tornaram um monte de pó, mas o ato desta mulher ainda vive e viverá para sempre. A mão do Mestre erigiu um monumento para ela, que nunca irá perecer. Que possamos ter a graça para imitá-la; e nestes dias onde existe um grande esforço humano em favor da filantropia, que nosso servir, sejam eles quais forem, seja o fruto da apreciação de nossos corações a um distante, rejeitado e crucificado Senhor!
Nada testa mais profundamente o coração do que a doutrina da cruz – o caminho do rejeitado, crucificado Jesus de Nazaré. Ela prova o coração do homem no mais profundo do seu interior. Se for meramente uma questão religiosa, o homem pode ir muito longe, mas Cristo não é religiosidade. Nós não precisamos ir muito além das linhas reveladas de nosso capítulo (Mt 26) para ver notável prova disto. Olhe para o palácio do sumo sacerdote e que você vê? Uma reunião especial das cabeças e lideres do povo. “Depois os príncipes dos sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo reuniram-se no palácio do sumo sacerdote que se chamava Caifás”.
Aqui vemos a religião em uma forma muito imponente. Nós precisamos lembrar que estes sacerdotes, escribas e anciãos foram estabelecidos pelo professo povo de Deus como os depositários dos ensinos sagrados, assim como a máxima autoridade em todos os assuntos relacionados com a religião e como os assessores perante Deus no sistema que foi estabelecido por Deus nos dias de Moisés. Esta assembléia no palácio de Caifás não era composta por sacerdotes pagãos e profetas da Grécia e Roma, mas pelos professos líderes e guias da nação Judaica. O que eles estavam fazendo nesta reunião solene? Eles “consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com dolo e O matarem”.
A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo que é aceitável para Deus, tanto na vida e conduta individual do cristão como em tudo que ocorre nas assembleias.
Caro leitor, pondere nisso. Aqui nós temos homens religiosos, homens que são mestres, homens de peso e com grande influência entre o povo; e também estes homens odiavam a Jesus, e eles se reuniram em conselho para tramar a Sua morte – para prendê-lo com dolo e o matarem. Agora estes homens podem ter falado com você sobre Deus e adoração a Ele, sobre Moisés e a lei, sobre o Sábado e todas as grandes ordenanças e solenidades da religião Judaica. Mas eles odiaram a Jesus. Lembre-se do fato mais solene. Homens podem ser muito religiosos; eles podem ser guias religiosos e professores de outros e ainda odiar o Cristo de Deus. Esta é uma grande lição para se aprender no palácio de Caifás, o sumo sacerdote. Cristo não é religiosidade; ao contrário, os religiosos mais zelosos normalmente são tristes e veementemente odeiam o Abençoado.
Mas, podem dizer, “os tempos mudaram”. Religião está tão intimamente ligada ao Nome de Jesus, que para ser um homem religioso, é necessário ser um servo de Jesus. “Você não poderia mais encontrar ninguém respondendo como no palácio de Caifás.” Isto é mesmo uma realidade? Nós não podemos crer nisto por um momento. O Nome de Jesus é tão odiado hoje no meio dos cristãos como Ele foi odiado no palácio de Caifás. E aqueles que buscarem seguir a Jesus serão odiados da mesma forma. Não precisamos ir muito longe para provar isto. Jesus continua a ser rejeitado no mundo. Onde você irá ouvir o Seu Nome? Onde Ele é um tema bem vindo? Fale Dele onde você for, nas salas de visita dos ricos e elegantes, nos vagões dos trens, nos salões dos cruzeiros, nos cafés ou salões de jantar, em resumo, em qualquer lugar onde os homens frequentam, eles dirão a você, na maioria das vezes, que este tema está fora de propósito.
Você pode falar de qualquer outra coisa – política, dinheiro, negócios, prazer, besteiras. Estas coisas estão sempre no propósito, em qualquer lugar; Jesus não está em nenhum lugar. Nós vemos em nossas cidades, com freqüência, ruas sendo interrompidas para a passagem de desfiles, festivais e shows, e eles nunca são molestados, reprovados e impelidos a mudarem de lugar. Mas deixe um homem nestes lugares falar de Jesus e ele será insultado ou será levado a mudar de lugar e não interferir no tráfego. Em linguagem clara, existe lugar para o diabo em qualquer lugar deste mundo, mas não existe lugar para o Cristo de Deus. O lema do mundo para Cristo é: “Oh! Nem sussurre Seu Nome”.
Mas, graças a Deus, se o que você vê a sua volta são aquelas respostas do palácio do sumo sacerdote, nós também podemos ver aqui ou ali, aquilo que é correspondente com a casa de Simão o leproso. Lá estão, louvado seja Deus, aqueles que amam a Jesus e o consideram digno de receber o vaso de alabastro. Lá estão aqueles que não se envergonham da Sua cruz – aqueles que encontram Nele o seu objetivo mais cativante e que consideram sua principal alegria e maior honra o poder derramar e ser derramado para Ele em qualquer situação. Não é para eles uma questão de serviço, um mecanismo religioso, de correr aqui e ali, ou fazer isto ou aquilo: Não, é Cristo, é estar perto Dele e estar ocupado com Ele; é sentar aos Seus pés e derramar o precioso ungüento do coração verdadeiro sobre Ele.
Caro leitor, esteja bem seguro de que este é o segredo do poder em ambos, serviço e testemunho. A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo que é aceitável para Deus, tanto na vida e conduta individual do cristão como em tudo que ocorre nas assembleias. A genuína união com Cristo e dedicação a Ele deve nos caracterizar pessoalmente e coletivamente, senão nossa vida e história irão provar um pouco do peso do julgamento nos céus, porém este ainda pode ser um julgamento na terra. Nós sabemos que nada pode conceder mais poder moral ao caminhar individual e caráter do que uma intensa devoção à Pessoa de Cristo. Este não é meramente um homem de grande fé, um homem de oração, um estudante que toca profundamente na Palavra, um erudito, um pregador abençoado ou um poderoso escritor. Não, é ser um servo de Cristo.
Assim também deve ser a assembléia; qual é o verdadeiro segredo do poder? É o talento, eloqüência, música refinada ou um cerimonial imponente? Não, é o gozo da presença de Cristo. Onde Ele está tudo é luz, vida e poder. Onde Ele não está tudo são trevas, morte e desolação. Uma assembléia onde Cristo não está é uma tumba, ainda que aja uma oratória fascinante, todos os atrativos da música refinada e toda a influencia de um ritual imponente. Todas estas coisas podem ser perfeitas, e ainda os devotos servos de Jesus podem clamar: “Ai de mim! Eles levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram.” Mas, em contrapartida, onde a presença de Jesus é percebida, onde Sua voz é ouvida e onde o Seu verdadeiro toque é sentido, ali há poder e benção, ainda que do ponto de vista humano, tudo possa parecer a mais completa fraqueza.
Que os cristãos se lembrem destas coisas, que ponderem sobre elas, os deixem perceberem que eles estão na presença do Senhor em suas assembléias, e se eles não puderem dizer isso, deixe eles se humilharem e esperar Nele, pois deve haver um motivo para isto. Ele disse, “onde houverem dois ou três reunidos em Meu Nome ali Eu estarei no meio deles” (Mt 18:20). Que nunca se esqueçam disso, para alcançar resultados divinos, deve-se encontrar a condição divina para isso.
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que merecem ser lidos
Você já teve dificuldades de explicar o relacionamento de Davi e Jônatas quando ele é usado como “apoio bíblico” para a prática do homossexualismo? Entao, leia este artigo de Wilson Porte e habilite-se a defender a fé escriturística e a condenação sobre o pecado.
Ainda sobre o assunto homossexualismo, este outro artigo de Wilson Porte desmonta a falácia de alguns que dizem que Romanos 1 não condena essa prática. Os homossexuais não são menos pecadores que o restante da humanidade, mas seu pecado é especialmente condenado nas Escrituras.
Você já deve ter-se deparado com mensagens falando das assim chamadas luas de sangue, as quais, segundo seus “seguidores”, sempre estão ligadas a fatos extraordinários na história de Israel. Por essa razão, a tétrade de luas de sangue desse ano seria um sinal do fim do mundo ou da volta do Senhor Jesus. Leia doisartigos de Hugh Ross, astrofísico cristão, que demonstra a bobagem dessa interpretação, tanto do ponto de vista científico quanto do bíblico. Os artigos estão em inglês.
A beleza da santidade, por A. W. Pink. Por que vale a pena ser santo? Por que a santidade é bela?
Mensagem que merece ser ouvida
O chamado para o arrependimento e a fé, por Paul Washer.
Hino que merece ser ouvido
O Love that wilt not let me go
Letra de George Matheson (1882) e música de Albert Lister Peace (1884).
Letra original
O Love that Will Not Let Me Go
O Love that wilt not let me go,
I rest my weary soul in thee;
I give thee back the life I owe,
That in thine ocean depths its flow
May richer, fuller be.
O light that followest all my way,
I yield my flickering torch to thee;
My heart restores its borrowed ray,
That in thy sunshine’s blaze its day
May brighter, fairer be.
O Joy that seekest me through pain,
I cannot close my heart to thee;
I trace the rainbow through the rain,
And feel the promise is not vain,
That morn shall tearless be.
O Cross that liftest up my head,
I dare not ask to fly from thee;
I lay in dust life’s glory dead,
And from the ground there blossoms red
Life that shall endless be.
Tradução para o português
Ó amor que não me deixas ir
Ó amor que não me deixas ir,
descanso minha cansada alma em ti;
eu te dou de volta a vida que devo a ti,
para que, nas profundidades de teu oceano, seu fluir
a faça mais rica, mais plena.
Ó luz que me seguiste por todo meu caminho,
eu rendo minha tocha bruxuleante a ti;
meu coração restaura o raio que de ti tomou emprestado
para que na chama de tua luz do sol seu dia
seja mais brilhante, mais justa.
Ó alegria que me procuras em meio à dor:
eu não posso fechar meu coração para ti.
Eu sigo o arco-íris no meio da chuva
E sinto que a promessa não é vã,
que a manhã será sem lágrimas.
Ó cruz que ergueste minha cabeça,
não me atrevo a pedir para voar para longe de ti.
Eu joguei ao pó a glória morta da vida
e, desse chão, irá florescer
a vida que será sem fim.
Versão em português
Amor que não me largas nunca
Amor! que não me largas nunca!
Minh’alma achou descanso em Ti;
Desejo dar-Te minha vida,
A Ti, de quem a recebi,
E só por Ti viver.
Ó Luz! que sempre me iluminas!
Por Ti, Senhor, eu posso ver;
E já que a luz celeste brilha,
Nenhum farol preciso ter,
Mas, sim, a luz do céu.
Ó Gozo! que minh’alma inundas!
Que penas Teu poder desfaz!
Na chuva ao ver um arco-íris,
Sei que a promessa cumprirás,
Que o pranto cessará.
Ó Cruz! Levantas minha fronte;
Alentas tu meu coração;
O sangue por Jesus vertido
Garante minha salvação
E dá-me paz com Deus.
História
George Matheson (27.3.1842–28.8.1906) nasceu com deficiência visual e, aos 15 anos, soube que estava ficando cego. Em lugar de ficar desencorajado com isso, matriculou-se na Universidade de Glasgow e graduou-se aos 19 anos. Aos 20, ficou completamente cego e resolveu entrar para o ministério, dedicando-se aos estudos teológicos.
Suas três irmãs o ajudaram nos estudos, de tal modo que aprenderam hebraico, grego e latim para poderem auxiliá-lo. Após formar-se, pastoreou igrejas na Escócia. Foi um dos mais destacados ministros de seus dias, servindo até 1899, quando teve de se aposentar por conta da precária saúde.
No dia em que uma de suas irmãs estava se casando, Matheson escreveu esse hino. Ele registrou a experiência em seu diário:
Meu hino foi composto na casa pastoral de Inellan na noite de 6 de junho de 1882. Eu estava sozinho naquele momento. Era o dia do casamento da minha irmã, e o resto de minha família foi passar a noite em Glasgow. Alguma coisa tinha acontecido para mim, que era conhecida apenas por mim, e que me causou o mais severo sofrimento mental. O hino foi fruto daquele sofrimento. Ele foi o mais rápido trabalho que já fiz na minha vida. Eu tive a impressão de ter sido ditado a mim por alguma voz interior mais do que de ter sido obra minha. Tenho certeza de que todo o trabalho foi concluído em cinco minutos, e estou igualmente certo de que nunca recebeu de minhas mãos qualquer retoque ou correção. Eu não tenho nenhum dom natural para ritmo. Todos os outros versos que escrevi são artigos manufaturados; esse veio como o amanhecer. Eu nunca fui capaz de expressar outra vez o mesmo fervor em versos.
Mesmo não tendo citado qual seria “o mais severo sofrimento mental” que sofrera, a história de Matheson permite deduzi-lo. Anos antes, ele estava noivo, quando soube que ficaria completamente cego. Então, perguntou à noiva se ela tinha disposição de estar ao lado de um homem que, além de cego, por quem os médicos nada podiam fazer, escolhera ser ministro do evangelho. Ela respondeu que lhe seria demais, que não tinha condições de viver daquele modo, e terminou o noivado com ele. Isso o entristeceu profundamente. Nos anos seguintes, aquela irmã que se casava tinha sido parte fundamental de seu ministério. Além de cuidar dele, ajudava-o a redigir seus sermões e a memorizar as Escrituras. Segundo pessoas que assistiam aos cultos, ninguém saberia dizer que Matheson era cego dada a facilidade com que recitava porções da Bíblia e pregava.
Agora, sua irmã não poderia estar mais com ele. Isso, provavelmente, tenha lhe trazido nova percepção de sua limitação, de sua dor, de sua insuficiência, nova lembrança dolorosa de que ele mesmo não tivera o prazer de casar-se. Então, Deus o lembrou que nunca o havia deixado, que uma luz mais real que aquela do sol o havia guiado todos os dias. E isso foi registrado nesse maravilhoso hino.
Deus nos salvou para Si mesmo. “Mas prossigo”, diz Paulo, “para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus” (Fp 3.12). Não fomos conquistados apenas para a salvação eterna, mas para um propósito bem definido agora: sermos cooperadores de Deus! Qual é a obra Dele hoje? É reunir todas as coisas em Cristo (Ef 1.10); não deixar pequenas coisas de qualquer espécie no universo fora de harmonia com Seu Filho exaltado. Como posso cooperar com Deus? Como posso realizar tão grande obra? Não sei, mas, como Paulo, eu quero, acima de todas as coisas, ser conquistado para isso.
“Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (Ef 3.1).
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (4.1).
“Sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9).
“Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus” (2Tm 1.8).
Há um sentido muito real em que o apóstolo Paulo, em sua pessoa e experiência, foi uma corporificação da história da Igreja nesta era. Na verdade, parece ser um princípio na economia divina que aqueles a quem uma revelação foi confiada devem tê-la tão trabalhada em seu próprio ser e em sua história que sejam capazes de dizer: “Eu sou um sinal para vocês”. Ao considerar os trechos citados, vemos que o fim da vida de Paulo experimentou um processo de estreitamento e limitação operando por meio de “uma grande apostasia”, por um lado, e um confinamento do geral para o específico, em que ele, Paulo, representou o testemunho do outro. Isso é precisamente o que está predito quanto às condições relativas ao “fim”, e não é sem importância que seja especialmente mencionado nas declarações proféticas a Timóteo, na carta final. Desse modo, a ocorrência da expressão “o prisioneiro do [no] Senhor” nos últimos escritos é profética em seu significado, e maravilhosamente explicativa da forma final da soberania do Senhor.
O que temos aqui, então, é
1. O instrumento do testemunho do Senhor em um lugar de limitação, pela vontade de Deus.
Ao lermos o registro dos incidentes que levaram Paulo a Roma como prisioneiro – especialmente quando lemos as palavras de Agripa: “Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para César” (At 26.32) –, não podemos deixar de sentir que houve erros e acidentes, mas para os quais poderia ter havido um resultado muito mais propício, e o ministério geral do apóstolo poderia ter-se estendido. Pode ter havido momentos de estresse, quando o próprio Paulo foi tentado a se perguntar se não tinha sido impulsivo ao apelar ao imperador. Mas, conforme avançava, e quando o Senhor falou com ele, ocasionalmente, dando-lhe luz, ficou claro que, apesar da coisa ter sido humanamente realizada, havia o governo soberano de Deus em tudo e que ele estava na prisão, não como prisioneiro do imperador, mas como o prisioneiro no Senhor.
Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.
Talvez Paulo não tenha aceito isso tudo de uma vez. Possivelmente ele não tenha percebido como isso iria operar. Um julgamento e uma libertação mais ou menos rápidas podiam ter estado em sua mente. Alguma esperança de um ministério posterior entre os amados santos parece não estar ausente de sua correspondência. (Provavelmente, havia decorrido um curto período desde a libertação da primeira prisão.) Por fim, no entanto, ele aceitou totalmente que estava se tornando cada vez mais claro como o caminho do Senhor, e cresceu nele a certeza de que esse caminho estava de acordo com os maiores interesses do Corpo de Cristo. Assim, vemos que, quando vem o momento do povo do Senhor ser colocado face a face com as coisas últimas e supremas da revelação de Jesus Cristo – coisas além da salvação pessoal, coisas que se relacionam com a mente de Deus desde os tempos eternos e bem além de ser salvo –, então, tem de haver um estreitamento, um confinamento, um limitante. Muita atividade que foi feita, e tudo que foi feito a fim de trazer coisas para determinada posição e estado, agora cessam para levá-los mais adiante, e algo mais intensivo é necessário.
O que representa o testemunho em sua aproximação mais completa e mais próxima do propósito final de Deus, então, tem de ser despojado de muito do que tem sido bom, necessário e de Deus numa forma preparatória, e deve ser encarcerado para o que é final . O cativeiro não é uma verdade concebida ou uma aceitação doutrinária imposta. Ele é operado em cada fibra do ser pela experiência que segue à revelação, e a revelação interpreta a experiência. Não é a vitória de alguma interpretação defendida: é a própria vida dos instrumentos, e o instrumento é aquilo em seu próprio ser. Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.
2. A importância e o valor de ver e aceitar as coisas na luz de Deus
Isso se aplicava a Paulo e àqueles que estavam com ele. Para o apóstolo, estar confortável na soberana ordenação de Deus em sua prisão resultava em iluminação crescente que levava à emancipação espiritual.
Ninguém pode deixar de reconhecer o enorme enriquecimento do ministério como o contido nas que são chamadas de “epístolas da prisão”: [ Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom]. Se ele tivesse sido obstinado, ressentido, rebelde ou amargo, não teria havido o céu aberto, e um espírito de controvérsia com o Senhor teria fechado e selado a porta para as mais plenas revelações e aclaramentos divinos.
Quando tudo foi aceito de acordo com a mente do Senhor, logo “os lugares celestiais” se tornaram as extensões eternas de sua caminhada sobre a terra, e servidão terrena deu lugar à liberdade celestial. Assim deve ser com cada instrumento separado para os interesses superiores do testemunho do Senhor.
A leitura de certas passagens em suas cartas e o registro de sua prisão mostra como isso se aplicava aos outros. Considere as seguintes:
“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu” (2Tm 1.8).
“E Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia todos quantos vinham vê-lo […] e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.30,31).
“O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou” (2Tm 1.6,7).
É evidente que essas passagens indicam que tinha de haver uma compreensão divina e não apenas uma apreciação humana da posição de Paulo. Níveis humanos de mentalidade teriam produzido uma atmosfera de dúvida, desconfiança, questionamentos, e teriam deixado elementos de falsa imputação. Considerada em linhas meramente naturais, a associação com o prisioneiro teria envolvido tais associados em suspeita e preconceito. A dúvida sobre o servo do Senhor era muito difundida, e até mesmo muitos do povo do Senhor não tinham certeza sobre ele. Mas o Senhor estava fechando uma revelação muito importante para esse canal, e para os que estavam realmente em necessidade espiritual; estes que tinham de permanecer em uma relação viva com a plenitude do testemunho da identificação com Cristo na morte e na ressurreição, na união no trono com Ele, o poder sobre principados e potestades, e para o ministério “nos séculos vindouros”, tinham de ser postos de lado de todas considerações humanas, pessoais e diplomáticas, e permanecer bem ali com o instrumento com que Deus os colocou na prisão honrosa. Para a posse do que estava por vir por meio do vaso, tinha de haver uma ida ao lugar em que o vaso1 estava, sem consideração por reputação, influência ou popularidade.
Dessa forma, o Senhor peneira Seu povo e encontra quem realmente é inteiramente para Ele e para Seus testemunho, e quem age em qualquer medida por outras considerações e interesses. O instrumento nessa posição de rejeição popular é, portanto, a ferramenta de busca do Senhor pelos realmente necessitados e pobres de espírito. Eles serão encontrados e terão suas necessidades satisfeitas.
A outra verdade que permanece aqui, então, é que
3. Vergonha, desprezo e limitação são muitas vezes formas de Deus enriquecer todo o Corpo de Cristo.
Tem sido sempre assim. A medida de aproximação à plenitude da revelação tem sido sempre acompanhado por um custo relativo. Cada instrumento do testemunho tem sido colocada sob suspeita e desprezo em uma medida proporcional ao grau de valor para o Senhor, e isso fez com que, humanamente, eles sejam limitados a esse ponto. Muitos têm apostatado, caído, se afastado, duvidado, temido e questionado. Mas, como Paulo pôde dizer: “Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória” (Ef 3.13.), ou: “Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (v. 1), então, a medida de limitação no Senhor é a medida de enriquecimento de Seu povo. Quanto mais completa a revelação, menos aqueles que a apreendem ou maior o número daqueles que permanecem ao longe. Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação, e tê-los experimentalmente significa compartilhar o custo de alguma forma. Mas essa é a maneira divina de garantir para Deus um lote2 de semente espiritual.
Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação.
Um lote de sementes é uma coisa intensiva. Ali as coisas são reduzidas a dimensões muito limitadas. Não é algo visível de grande extensão que está imediatamente em vista, mas as coisas são consideradas, em primeiro lugar, à luz da semente. O verdadeiro significado das coisas não é sempre reconhecido lá, mas você pode viajar por todo o mundo e encontrar um grande número de jardins que são a expressão daquele intensivo e restrito lote de sementes. Se alguma vez houve tal lote de semente, foi a prisão de Paulo em Roma.
Tudo isso pode se aplicar a vidas individuais em relação ao testemunho do Senhor. Muitas vezes pode haver um atrito contra a limitação, o confinamento, e um desejo inquieto por aquilo que chamaríamos de algo mais amplo ou menos restrito. Se o Senhor nos quer no lugar em que estamos, nossa aceitação disso em fé pode provar que isso se torna uma coisa muito maior do que qualquer avaliação humana pode julgar. Gostaria de saber se Paulo tinha alguma idéia de que sua prisão significaria sua contínua expansão de valor para o Senhor Jesus ao longo 1.900 anos? O que se aplica a indivíduos também se aplica aos ajuntamentos, assembléias ou grupos do povo do Senhor espalhados na terra, mas um em sua comunhão com respeito ao testemunho pleno do Senhor.
Que o Senhor esteja graciosamente agradado de fazer com que o aspecto meramente humano dos muros da prisão sejam expulso e nos dê a percepção de que, longe de ser limitada por homens e circunstâncias, é prisão no Senhor, e isso significa que todas as era e todos os reinos entram por essa prisão.
(De Toward a Mark (Em direção à marca), jan-fev 1980, vol. 9-1.)
(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)
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1Instrumento e vaso, como visto neste artigo, são termos normalmente usados por Austin-Sparks para se referir aos servos de Deus. (N.T.)
2No sentido de um canteiro, um terreno pequeno. (N.T.)
“Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade […] Procura vir antes do inverno” (2Tm 4.13,21).
Preso pela segunda vez em Roma, como um criminoso comum, na prisão Mamertina, uma prisão úmida e sombria, de acordo com a história, onde ninguém podia sequer ficar em pé, o apóstolo Paulo, que tanto havia proclamado o evangelho por todo o império, percorrendo caminhos, rios e desertos, havia chegado ao final de sua vida: “O tempo da minha partida está próximo” (v. 6).
Um após o outro, os companheiros de antes, com exceção de Lucas, haviam partido; uns, é verdade, para o serviço do evangelho; outros, como Demas, por terem amado “o presente século” (v. 10). Eu sua defesa, ninguém esteve a seu lado, todos o abandonaram. Paulo, sendo pregador, apóstolo e mestre dos gentios, havia cumprido seu serviço perfeitamente, combatendo o bom combate e guardando a fé. Paulo havia se alegrado muito vendo a assembléia em Roma, cujos irmãos, anos antes, o haviam animado (At 28.15). Agora ninguém parecia se preocupar com este pobre e velho prisioneiro, que não tinha com que se proteger do frio que estava por chegar. Precisou pedir que lhe trouxessem sua velha capa, que estava na longínqua Trôade. Na verdade, “o inverno” já havia chegado.
Apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração.
E esta súplica se repete: a Timóteo, ele pede: “Procura vir ter comigo depressa […] Procura vir antes do inverno” (vs. 9,21). Em breve, os carrascos conduziriam o condenado ao suplício. Teria ele antes a ocasião e o consolo de ver seu “filho” Timóteo?
Muitos servos do Senhor que estão entre nós chegaram a uma idade avançada. Para eles, o “inverno” chegou; as forças declinaram, a resistência física falta, freqüentemente seus pensamentos se anuviam. Seguramente, eles também desejam que os mais jovens vão vê-los. Ficarão muito gratos por ter amigos que, sem esquecer as necessidades materiais, pensem principalmente naqueles que poderiam alegrar seu coração. Então, esses irmãos em Cristo serão para eles como um raio de luz em circunstâncias muitas vezes sombrias.
Mas, apesar de o apóstolo estar consciente de sua solidão e do abandono em que se encontrava, a presença do Senhor predominava em seu coração. Alexandre lhe havia causado “muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras” (v. 14). Em seu processo, todos os abandonaram; “mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me […] o Senhor me livrará” (vv. 17,18). “Acabei a carreira […] A coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia” (vv. 7,8). Do caminho para Damasco até a prisão em Roma, o Senhor havia sido para ele o Amigo fiel que tantas vezes o havia animado: em Corinto, onde chegou com temor e tremor (At 18.9,10); em Jerusalém, na noite em que foi preso (23.11); durante a tempestade em alto mar (27.23-25), quando os passageiros haviam perdido toda a esperança de salvação. Havia chegado “o inverno” com seus tantos sofrimentos. Paulo estava desprovido de tudo, mas, uma vez mais, o Senhor se manteve a seu lado.
Que mensagem deixaria para seu jovem amigo Timóteo, a quem talvez nem sequer voltaria a ver? Uma última palavra, um último desejo: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito” (2Tm 4.22). Timóteo, por sua vez, também teria de sofrer e cumprir plenamente seu serviço, e onde acharia forças senão naquele que era o conteúdo da visão de seu pai espiritual? Por isso, Paulo disse não apenas “o Senhor seja contigo”, mas “com teu espírito”, o qual tão facilmente poderia desfalecer e abandonar a fé.
Não ocorre o mesmo conosco hoje? Se aqueles que nos guiaram durante nossa infância e juventude partirem, um após o outro, se a tarefa que está diante de nós, com as numerosas necessidades, for pesada, se dificuldades reais aparecerem por todos os lados, a mesma promessa permanece: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito”.
(G. A.)
Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego.
A carreira final
O amado apóstolo nos dá uma comovedora idéia das condições finais de seu combate e de sua carreira: a prisão, o frio, a nudez (1Co 4.11; 2Co 11.27; em 2Tm 4.13 pede sua capa), a maldade e a oposição dos homens (vv. 14,15), seu comparecimento diante de César Nero e a ausência de todos os amigos (v. 16). Esses haviam se dispersado, e Demas o havia abandonado. Não é possível fazer parte do grupo dos que amam “o presente século” [este mundo] (v. 10) e também ser dos que amam a vinda do Senhor (v. 8). A epístola termina mencionando o supremo recurso em um tempo de ruína: a graça. Era a saudação do apóstolo (1.2) e também sua despedida (v. 22). Que essa graça esteja com cada um de nós.
(J. K.)
O serviço
O que é o serviço? É ter parte no ministério de amor de Cristo.
Uma vida interior com Deus é o único meio para viver em público por Ele. Toda atividade exterior que não seja o fruto da vida interior tende a fazer-nos trabalhar sem Cristo e a substituí-Lo pelo ego. Tenho muito temor de que se manifeste um grande ativismo quando há pouco comunhão com o Senhor.
Todo verdadeiro serviço deve resultar do conhecimento do próprio Cristo.
(John Nelson Darby)
(Traduzido por Francisco Nunes de Un mensaje bíblico para todos, 10/2014, publicado por Ediciones Bíblicas Para Todos (Suíça). Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito.)
A devoção se caracteriza pelo fato de não estar condicionada à necessidade, como a obediência. Ela é o resultado de um impulso do coração, do centro das inclinações e dos motivos profundos. Não é a resposta a um mandamento, e se encontra acima de toda forma de subordinação, quer seja a vontade de outra pessoa ou a obrigação que se deriva de um relacionamento.
A devoção de Cristo
“Cristo […] pelo Espírito eterno se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus” (Hb 9.14). Eis aqui a expressão da maravilhosa devoção que fez Cristo agir voluntariamente e que revelou, assim, o motivo profundo de Seu coração: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu” (Sl 40.8).
Essa maneira espontânea de nosso Senhor agir, seguindo o movimento de Seu próprio coração, é o pensamento dominante do Evangelho de João. Encontramos ali a obra da cruz sob o caráter do holocausto. “Por isto o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou” (Jo 10.17,18). A morte do Senhor era necessária para nossa salvação, ambas são inseparáveis; mas o motivo específico do Evangelho de João é a devoção do Senhor. O holocausto evoca o que Deus encontrou na morte do Senhor, esse “cheiro suave” (Ef 5.2) que somente Ele podia apreciar e que, de uma maneira muito especial, respondia a Seu amor.
João 10 registra o restante do que o Senhor disse: “Tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de Meu Pai” (v. 18). Em virtude de Sua divindade, o Senhor era completamente livre com respeito à morte e à ressurreição, mas não fez nada de sua própria autoridade. Por isso, fala de um “mandamento”. Mas Seu ato de devoção se cumpria no perfeito acordo de Seu coração com o do Pai. Foi isso que o caracterizou em Sua vida de homem na terra.
A devoção de três valentes
Davi havia sido ungido rei, mas ainda não havia subido ao trono. Tinha de sofrer ainda a hostilidade de Saul e, além disso, lutar continuamente contra os filisteus para defender o povo de Deus. Um dia, durante o calor do tempo da sega, teve o desejo de beber da água do poço de seu povoado natal, ocupado pelos filisteus naquele momento, e deixou escapar as palavras: “Quem me dera beber da água da cisterna de Belém, que está junto à porta!” (2Sm 23.15). Três de seus homens o ouviram e, sem que ele os houvesse mandado, irromperam pelo acampamento dos filisteus e lhe trouxeram água daquele poço.
Por que essa água? Não havia água para tomar em outro lugar? Eles não se fizeram essas perguntas, pois, onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas. Davi sentiu profundamente essa devoção. Viu nessa água a vida de seus companheiros, que a expuseram por ele. Por isso, “derramou-a perante o Senhor” (v. 16). E podemos estar certos de que seus homens o compreenderam muito bem. Precisamente porque essa água era preciosa para Davi, ela pertencia a Deus. Muitos anos depois, o Espírito Santo dá deles este testemunho eterno: “Isto fizeram aqueles três poderosos” (v. 17).
Onde há verdadeira devoção, não é preciso fazer perguntas.
Mas notemos ainda isto: se a devoção não tem relação com a necessidade, isso não quer dizer que o ato em si seja inútil. Não foi inútil regozijar o coração de Davi, o que é manifestado pelo testemunho do Espírito Santo. Também não foi inútil o ato de Maria quando derramou sobre o Senhor Jesus um perfume de nardo puro de muito preço, mesmo que alguns considerassem isso um desperdício (Jo 12.3-5).
A devoção do apóstolo Paulo
“Eu de muito boa vontade gastarei e me deixarei gastar por vossa alma, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2Co 12.15).
Se houve um servo do Senhor do qual podemos aprender o que seja um serviço de devoção, é o apóstolo Paulo. Desde o dia em que o Senhor glorificado lhe apareceu na estrada de Damasco, para ele viver nada mais era que Cristo. Em Paulo, encontramos todas as virtudes de um servo: o amor pelo Senhor e pelas almas, o zelo, a perseverança, a humildade… Estava pronto para sofrer e para dar tudo o que tinha e era. Nele havia uma devoção sem limites.
A devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção.
Paulo era plenamente consciente de que “cada um receberá de Deus o louvor” (1Co 4.5), e essa aprovação orientava sua vida. A idéia do tribunal de Cristo o motivava a procurar ser agradável a Deus (2Co 5.9,10). E a coroa da justiça que receberia naquele dia era um consolo para a última e difícil etapa de sua carreira na terra (2Tm 4.8). Mas jamais a aprovação dos homens.
O versículo citado mais acima é uma palavra especialmente comovente que Paulo escreveu aos coríntios, os quais lhe causavam tanta preocupação. Talvez seja a mais emocionante que ele tenha escrito sobre si mesmo, pelo menos nessa carta que, do princípio ao fim, é um combate para ganhar o corações dos coríntios. Aqui vemos a devoção do servo: a devoção que entrega tudo, incluindo a si mesmo; não espera nada e, como conseqüência, está acima de toda decepção. “Meu galardão [está] perante o Meu Deus”: essa palavra de Isaías 49.4, que aplicamos com gosto ao Senhor Jesus, também pode ser aplicada ao apóstolo Paulo.
(E. E. Hücking. Traduzido por Francisco Nunes de “Devoción”, da revista Creced 1/2015, publicada por Ediciones Bíblicas, da Suíça. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)