Categorias
Cruz Deus Disciplina Encorajamento Sofrimento T. Austin-Sparks

A cruz e o Deus de esperança (T. Austin-Sparks)

Deus opera por meio da cruz

“Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15.13)

“O Deus de esperança vos encha […] para que abundeis em esperança!”

Como você sabe, o apóstolo desenvolveu seu caminho até esse ponto ao longo de um argumento longo e detalhado. Ele seguiu o curso completo das coisas desde o primeiro pecado de Adão, traçando todas as suas consequências e seus desdobramentos, ao longo de todas as gerações, até Cristo; então, colocou no fim de tudo isso a cruz do Senhor Jesus. A partir desse ponto, abriu um panorama e um futuro totalmente novos. A cruz é o ponto terminal até o qual todas as coisas conduziram e a partir do qual tudo recebe uma nova ascensão. Seguindo toda essa história, explicação e ensino, o apóstolo chega à plenitude deste título abrangente: o Deus de esperança.

Conforme vemos a grande situação que é apresentada neste livro e no Novo Testamento, encontramo-nos diante de algo estranho, que parece um paradoxo. Trata-se disto: Deus escreveu por todo o curso da história o significado da cruz de tal forma que a única resposta que Ele pode dar ao pecado, ao mal, à desobediência, e a todos seus frutos e consequências, é tribulação, desespero e morte. E mesmo assim, não obstante, Ele é o Deus da Esperança. Ele está dizendo que tribulação, paixão, desespero e morte são o único meio de esperança. Isso está escrito em toda a história dos tratos de Deus com o homem. Desde o pecado de Adão, e da queda da raça (nele), Deus tem tido de trabalhar sobre a base da cruz de Cristo. A cruz está implícita em todos os tratos de Deus com o homem, e não apenas com o homem em geral, mas em particular com Seu próprio povo.

A cruz está implícita em todos os tratos de Deus com o homem.

A cruz significa sofrimento; é o próprio símbolo do sofrimento – nós sabemos disso. A cruz significa tribulação e angústia – nós sabemos disso. A cruz significa desespero. O grande clamor no final daquela provação foi o clamor de desespero: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” E a cruz é morte. Mas, com tudo isso, na intenção e no desejo de Deus, ela é para alegria, para pura gratidão; ela é para esperança, uma nova esperança; ela é para vida – todas as coisas que são exatamente o oposto do que a cruz parece dizer.

Deus é o Deus de esperança, mesmo quando você olha para o Calvário, e para tudo o que está acontecendo naquele lugar, e vê o Eleito ali, e ouve Seu amargo clamor. Se você entende isto, e se você olha para a história – o pecado de Adão, a queda, e tudo aquilo no que a raça foi envolvida a partir de então, toda a tragédia e a angústia e a paixão e o mal das gerações – e vê porque Deus, não apenas permitiu isso, mas teve de estabelecer esse regime, resultando em desespero – a resposta, estranho dizer, é: Ele é o Deus de esperança. Esse é Seu meio de esperança, e Seu único meio de esperança.

A cruz sempre foi o meio de salvação de Deus, a solução de Deus. É uma solução muito drástica, muito terrível, mas é a solução de Deus. E, se for uma solução efetiva, então, ela produz esperança; é algo com esperança – nova esperança – como seu resultado. A cruz não é um símbolo; a cruz não é um objeto. A cruz é um grande poder, um poder perpétuo; um decreto único na história, mas um poder operando por todas as eras – nós dissemos que ele está implícito na velha dispensação e explícito nesta dispensação. Do primeiro ao último pecado, a cruz é um poder operante.

Agora, existe uma coisa contra a qual a cruz se mantém: a saber, um estado que é diferente daquele que Deus planejou. Isso tem, claro, muitos aspectos. Vamos olhar apenas para um ou dois deles. Eles são perfeitamente claros na Bíblia.

A cruz contra um estado alterado

Primeiramente, a cruz se levanta contra a natureza das coisas quando essa natureza se torna diferente. Sempre que a natureza das coisas foi alterada daquilo como Deus fez no início, ou planejou que o fosse, Deus introduziu a cruz de alguma forma; imediatamente Ele apresentou a cruz. A natureza do homem foi alterada no princípio; ele se tornou algo diferente em natureza daquilo que Deus planejou. Todos nós sabemos disso por nossa herança. E imediatamente o Senhor introduziu a cruz na lei da tribulação, da paixão, da adversidade; Ele escreveu imediatamente acima desse estado: Desespero e Morte. A cruz se levantou contra esse estado alterado. A única esperança de recuperar o estado, a condição e a natureza das coisas divinamente planejados repousa na cruz.

A cruz é o grande agente purificador – e purificar significa simplesmente tornar-se livre de mistura. Quando há coisas que não se correspondem ou não se adéquam exatamente, que são de duas naturezas, de duas esferas – dois elementos conflitantes –; quando há impureza, adulteração, a cruz se levanta firmemente contra isso, a fim de purificar. A primeira coisa com respeito a Deus – seja no indivíduo, ou em alguma associação de Seu povo localmente ou na Igreja universal – é a pureza, a incorruptibilidade, a separação de toda iniquidade e de toda mistura. A vida cristã é baseada na cruz, individualmente, localmente e universalmente. A cruz vê a poderosa, terrível e eterna declaração de Deus contra a impureza – a contaminação e corrupção que veio para criar um estado, no homem e no mundo, que Ele nunca planejou.

A única forma de purificação é por tornar perfeitamente claro, em crua realidade, a desesperança, do ponto de vista de Deus, daquilo que não é puro. Quão verdadeiro isto é, de maneira geral, quando olhamos para o mundo: a desesperança de um estado de coisas impuro, maculado e misturado. O Deus de esperança exige, portanto, completa limpeza nessa esfera e a constituição de algo puro, algo limpo, algo não-misturado, imaculado. Se você olhar na Bíblia, com todo seu maravilhoso simbolismo do que é o pensamento de Deus, descobrirá que Seu pensamento é a transparência, a clareza do cristal. O fim da operação de Deus nessa criação, como vemos por fim no livro de Apocalipse, é uma pedra de jaspe – uma coisa pura, clara como cristal. E são a cruz e o sangue do Cordeiro que conduzem a isso.

Se, portanto, o Senhor enxergar algum estado que Ele nunca planejou que fosse, que contradiz Sua mente sobre o assunto, Ele introduzirá a cruz como um poder operante; e, onde aquilo for encontrado, começará a se manifestar uma situação. Nós descobrimos que chegamos a uma paralisação, que Deus não está avançando; estamos estressados; estamos atribulados; estamos angustiados; estamos em desespero; estamos morrendo. A cruz está operando dessa forma a fim de produzir uma situação cheia de esperança, cheia de expectativa. A lei é bastante clara.

A primeira coisa que vemos, então, é que qualquer estado que não esteja de acordo com a intenção de Deus deve ser limpo mediante a aplicação do excelente princípio da cruz. Não há esperança para nada que não seja puro ao olhos de Deus.

A cruz contra a diminuição das coisas divinas

A seguir, suponha que as coisas tenham se tornado menos do que aquilo que Deus planejou que fossem. Deus planejou algo pleno, grande, e as coisas se tornaram menores do que Ele planejou. E a história do cristianismo é a história dessa tendência – é mais do que uma tendência, é um trabalho real – de o homem reduzir Deus e as coisas de Deus a sua própria medida humana, trazer tudo de Deus e a próprio Deus para dentro do compasso do homem; é o homem reduzindo Deus a sua própria medida, tornando Deus menor do que Ele é e as coisas de Deus menores do que realmente são. Nós podemos ver como isso prosseguiu e está em todo o tempo prosseguindo, como uma tendência, como uma orientação, como alguma operação. E nós estamos sempre próximos do risco de as coisas se tornarem menores do que Deus planejou que fossem. Deus planejou algo muito excelente; e aqui há perda, ou o risco da perda, redução; as coisas se tornando menores, perdendo algo.

Sempre que o Senhor vê essa operação, ou esse risco, tornando-se muito real, Ele introduz a cruz, e a tribulação, o estresse e o sofrimento começam; tudo chega a uma esfera de incerteza e fraqueza e questionamento. Uma sensação de fracasso e desespero está desenhada – “Nós não vamos prosseguir, não vamos conseguir passar por isso!”. Deus planejou algo grande, e algo dessa grandeza se perdeu, ou falhou em seguir para essa grandeza; tornou-se algo menor do que Ele planejou. Ele não permitirá isso; Ele reage. E, oh!, que tremendas reações a história nos mostra relacionadas a isso.

Tome apenas o caso ilustrativo de Israel. Embora Israel fosse o povo escolhido, tomado de dentre as nações para Deus, Deus nunca, nunca planejou que Israel se tornasse algo em si mesmo. Ele nunca quis que Israel fosse o princípio e o fim de todo Seu trabalho. Ele planejou que Israel fosse uma “luz para os gentios”; que fosse um testemunho de Deus para todas as nações; que fosse um ministério, um instrumento missionário, para todos os povos, para todas as nações andarem na luz de Israel ou se achegarem à luz de Deus juntamente com os israelitas. Eles foram levantados, não para si mesmos como um fim, mas para o mundo todo, como nação apostólica de Deus, para evangelizar as nações com o conhecimento de Deus.

O que Israel veio a fazer? Desprezar as nações; chamá-las de “cães”, excluí-las e manter-se fechado para elas, em si mesmo, nada tendo a ver com elas; olhar para elas como coisas a serem desprezadas, serem rejeitadas, serem cortadas. “Nós somos o povo; tudo começa e termina conosco!” A nação se tornou algo menor do que Deus planejou que fosse, e não há esperança nessa direção. O fim da história é que Israel, enquanto mantiver essa mente, deve ser deixado de lado, ser quebrado, esmagado, levado ao desespero, à falta de esperança.

Existe uma ampla lição para nós aprendermos e sempre trazer à mente: tudo o que Deus deu para Israel, e tudo que Deus está desejando derramar sobre nós, não é para nós mesmos, não é para terminar em nós mesmos. Nem é para permitir que nos faça algo em nós mesmos, que “Nós somos o povo”. É uma confiança – uma confiança para todos os homens. O apóstolo Paulo reconheceu isso; e que tremenda coisa significou seu reconhecimento em seu próprio caso, quando se pensa nele como um típico israelita. Sua visão e seu ministério abrangeram “todos os homens” – “para que apresentemos todo homem – não todo judeu!, mas –, “todo homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl 1.28). Ele é o homem que traz à tona a imensidão das coisas, não é? A imensidão de Cristo, a imensidão da Igreja. Se há alguma coisa sobre a Igreja que é tão evidente no Novo Testamento é sua grandeza. Quão grande é isso! Ela toma seu caráter e suas dimensões do Senhor Jesus. Qualquer um que tenha visto a grandeza de Cristo nunca poderá tolerar uma Igreja “pequena”, uma comunhão “pequena” – uma coisa pequena e exclusiva que é um fim em si mesma. Deve haver uma visão universal e um coração universal. Para alcançar isso, qualquer tendência a se tornar algo menor será encontrada pela cruz e, então, virá a falta de esperança, o desespero, a apreensão, uma sensação de falta de caminho, uma grande dose de sofrimento interior, dificuldade e perplexidade.

A cruz é o meio de salvação. Porém, é um meio doloroso.

A cruz é o meio de salvação: é o meio de salvação de algo ser menor do que Deus planejou. Porém, é um meio doloroso, é o caminho de tribulação. A cruz liberta de toda pequenez. O Senhor Jesus tornou isso claro em Suas próprias palavras: “Vim lançar fogo na terra […] Importa, porém, que seja batizado com um certo batismo; e como Me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lc 12.49,50). “Como Me angustio!” Pelo batismo da cruz, da paixão, sendo cumprido, Ele é liberto de toda a Sua angústia. Isso não é um movimento nacional agora; isso não é limitado à Palestina ou a qualquer outro lugar. Ele é libertado, pela cruz, de toda pequenez do judaísmo, do israelitismo, do palestinianismo! Ele é libertado para o universal. Mas essa libertação é por um meio doloroso; é um quebrantar-se e um rasgar-se. Então, o Senhor sempre nos fará lembrar que Ele reage, e reage muito dolorosamente por nós, se algo que planejou para representar Sua grandeza e Sua plenitude se torna menos do que isso.

A cruz contra a sabedoria humana

Mais uma vez, quando algo se torna governado pela sabedoria humana, pela mente dos homens, quando é trazido para o cativeiro dos “escribas”, o Senhor sempre introduz a cruz contra isso. Você vê isso novamente em Israel. A cruz foi introduzida contra aquela situação em que os escribas e os governantes de Israel deram às coisas divinas sua própria interpretação humana, impondo sobre as coisas de Deus sua própria mente, criando esse grande e intolerável fardo ao qual Cristo se referiu: simplesmente a mente do homem imposta sobre as coisas divinas. E isso sempre significa cativeiro. O Senhor não permitirá isso. E, então, Ele reage novamente, e chega-se a um impasse. E qual é a natureza dessa nova crise? Absoluta desorientação; uma situação em que você não sabe o que fazer, para onde olhar, em que direção se mover, como resolver a situação. É completamente além da sabedoria humana. É um impasse de contradição, confusão e desespero. “O que podemos fazer? O que devemos fazer? Como resolver essa situação?” Você será derrotado a despeito de qualquer esforço que aplique.

O Senhor deve nos resgatar para fora de qualquer exploração meramente humana ou mental das coisas divinas e levar-nos para dentro da esfera da revelação divina. É uma coisa tremenda que Deus deve – essa esfera onde Ele é perfeitamente livre, se Ele quiser, para dar nova luz que pode parecer derrubar todas as nossas interpretações – todo o poder mental dos escribas e dos fariseus – derrubar a coisa toda.

Isso é o que você encontra no Novo Testamento, no livro de Atos. Aqui está Pedro, um representante de Israel; aqui está Paulo, um daqueles intérpretes da lei, que mantiveram todas as coisas dentro dos limites de seus próprios intelectos, e disseram, Nossa palavra é final! Nossa interpretação é a autoridade! Você deve se curvar diante dela! O que o Senhor está fazendo com homens como Pedro e Paulo, e outros neste livro? Ele os está levantando contra situações em que, se Deus não entrar agora com alguma nova luz e alguma nova revelação, eles ficam estagnados. Ele os levou juntamente para além de suas melhores tradições, suas mais fortes convicções, e a suas interpretações enraizadas, e os fez ver que a Bíblia significava mais do que eles, com todo seu aprendizado e conhecimento, perceberam que ela significava.

Sim, Levítico 11 mantém-se verdadeiro acerca de não se comer criaturas imundas e répteis. O Espírito Santo se contradiz quando ordena a Pedro: “Levanta-te, mata e come” (At 10.11-16)? De forma alguma. Levítico 11 tinha um significado que Pedro nunca havia visto. Ele se levanta contra algo que parece contradizer seu conhecimento da Escritura, mas em princípio não contradiz – simplesmente não contradiz. Alguém pode apenas dar um palpite em relação a isso. Nós amarramos a Palavra de Deus, e não deixamos Deus livre para alargar a revelação, para Ele que está querendo dar nova luz. E, se isso é um risco ou se chegamos ao ponto em que nossas interpretações estão amarrando e limitando, Ele introduzirá a cruz e nos levará a um ponto de total confusão, no qual, se Deus não fornecer alguma nova luz, estaremos acabados – nós não possuímos a sabedoria para a situação. O que Ele está fazendo? O Deus de esperança está se livrando de uma situação sem esperança. E é sempre sem esperança quando o homem é a última palavra em alguma coisa!

A cruz contra o legalismo

Por fim, quando as coisas se tornam um sistema legal, levando cativa qualquer coisa de Deus, Ele tem reagido com a cruz, e tem sido uma reação terrível, devastadora. A quebra do legalismo, da servidão à Lei, foi um negócio terrível, e sempre é. O Senhor não tolerará nada como tornar em uma tirania da lei Suas coisas do Espírito. Ele reagirá pela completa liberdade do Espírito em todas as coisas.

Então, nós vemos que a cruz se mantém entre um estado puro, não-adulterado, e uma condição misturada e, portanto, impura. A cruz se mantém entre a plena intenção de Deus e algo menor do que aquilo que Ele planejou. Sim, a cruz exige plenitude, não imperfeição, não algo menor, mesmo em grau. Se a cruz realmente é um poder operante em qualquer lugar, ela não permitirá paralisação. Ela sempre exigirá um prosseguir, e se manter sempre prosseguindo, porque ela abre o caminho para isso.

A cruz se mantém entre um conhecimento ou uma sabedoria sem vida e o conhecimento espiritual que é vida. Adão fez sua escolha, seu apelo pelo conhecimento, e ele o obteve sem vida. A árvore da vida foi guardada – ele teve conhecimento sem vida. Deus não tolera isso. Sabemos como mesmo o conhecimento religioso pode ser sem vida e morto! Isso pode ser verdade em relação a nós, que possuímos um monte conhecimento, mas onde está a vida mensurável? O Senhor é contrário a isso, e Ele diz: “Eu não posso continuar”. Nós temos algum problema em relação a isso; nós devemos ter alguma dor, alguma angústia em relação a isso: todo conhecimento deve possuir uma vida correspondente. O conhecimento deve ser vivo, deve ser associado com a vida. Você pode comer da “árvore do conhecimento” (eu me refiro àquela outra árvore do conhecimento, o conhecimento do Senhor, das coisas celestiais), mas, mesmo assim, você deve comer da “árvore da vida” para manter o equilíbrio. Conhecimento e vida se correspondem, andam juntos. O Senhor é contrário a qualquer estado diferente deste.

A cruz se mantém entre um conhecimento ou uma sabedoria sem vida e o conhecimento espiritual que é vida.

Novamente, formato, formato exato, formato perfeito, no ensino e na prática, sem poder, é algo que Deus não permitirá. Ensino e prática devem ser perfeitamente corretos: sim, mas e quanto ao poder? Israel possuía os oráculos, tinha a Lei, tinha a verdade, mas onde estava o poder espiritual? Não havia nenhum. A cruz agirá para corrigir isso. Não há nada a ser dito contra o procedimento “correto” e a acurada e sã doutrina; eles devem existir. Mas o Senhor garantirá que, ao manter as coisas avançando, em prática, em dores de parto, em dificuldade, toda a questão de poder se tornará bastante real. Temos tanto ensino, mas temos muito pouco poder – isso deve se tornar em angústia, uma verdadeira angústia. Tudo o que temos, e todo o nosso jeito de fazer as coisas que pensamos estar tão certo, de acordo com o Novo Testamento, deve possuir um poder e um impacto correspondentes. E, então, o Senhor não permitirá pausa nisso.

De todas as formas, Ele é o Deus de esperança: pela tribulação há esperança, pelo desespero há esperança. Esse é o Seu caminho, Seu modo de agir. Que Ele nos dê entendimento.

 

(Primeira publicação na revista A Witness and A Testimony, julho-agosto 1959, vol. 37-4)

 


 

(Traduzido por Erik Cabral de The Cross and the God of Hope, de T. Austin-Sparks. Revisado por Francisco Nunes. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)

Categorias
Bíblia Cristo Cruz Deus Encorajamento Estudo bíblico Hinos & Poesia Igreja Indicações de sexta Jessie Penn-Lewis Pecado Salvação Sofrimento

Indicações de sexta (10)

A verdade está neste Livro!

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Você está descontente?, de Erik Raymond. O contentamento é uma ordem bíblica. Mas como cumpri-la? E como saber que não a estamos cumprindo?
  2. O problema de Mateus 11.12, de Clóvis Gonçalves. O que este versículo descreve é uma coisa boa ou ruim?
  3. Tudo o que não provém de fé é pecado — sério?, de John Piper. Qual o significado da afirmação de Paulo? Ele estava mesmo se referindo a tudo?
  4. O lado vida da cruz, de Jessie Penn-Lewis. Sem dúvida, a cruz implica morte, mas há também um aspecto de vida nela, e é fundamental que o conheçamos.

Mensagem que merece ser ouvida

Deserto, oração e avivamento, por Wilson Porte

Hino que merece ser ouvido

I have a Friend whose faithful love

Letra de C. A. Tydeman, música de autor anônimo.

I have a Friend whose faithful love

I have a Friend, whose faithful love
Is more than all the world to me:
’Tis higher than the heights above,
And deeper than the soundless sea;
So old, so new,
So strong, so true;
Before the earth received its frame,
He loved me—Blessed be His name!

He held the highest place above,
Adored by all the sons of flame,
Yet such His self-denying love,
He laid aside His crown and came
To seek the lost,
And at the cost
Of heavenly rank and earthly fame
He sought me—Blessed be His name!

It was a lonely path He trod,
From every human soul apart;
Known only to Himself and God
Was all the grief that filled His heart,
Yet from the track
He turned not back,
Till where I lay in want and shame,
He found me—Blessed be His name!

Then dawned at last that day of dread,
When desolate, yet undismayed,
With wearied frame and thorn-crowned head,
He, God-forsaken, man-betrayed,
Was then made sin
On Calvary,
And, dying there in grief and shame,
He saved me—Blessed be His name!

Long as I live my song shall tell
The wonders of His dying love;
And when at last I go to dwell
With Him His sovereign grace to prove,
My joy shall be
His face to see,
And bowing there with loud acclaim
I’ll praise Him—Blessed be His name!

Tradução

Eu tenho um Amigo cujo amor fiel

Eu tenho um Amigo, cujo amor fiel
é mais do que o mundo todo para mim:
é mais elevado do que as mais altas alturas
e mais profundo do que o mar em som.
Tão antigo tão novo,
tão forte, tão verdadeiro.
Antes que a Terra fosse desenhada,
Ele já me amava. Bendito seja Seu nome!

Ele mantinha o lugar mais elevado nos céus,
adorado por todos os filhos de chama;
no entanto, por esse Seu amor abnegado,
Ele pôs de lado Sua coroa e veio
Para buscar os perdidos,
E, ao custo
Do posto celestial e da fama terrena,
Ele me procurou. Bendito seja Seu nome!

Foi um caminho solitário que Ele trilhou,
De cada alma humana em pedaços;
conhecida apenas por Si mesmo e por Deus
era toda a tristeza que Lhe enchia o coração.
No entanto, desde que veio
Ele não voltou atrás;
foi até onde eu estava em falta e vergonha:
Ele me encontrou. Bendito seja Seu nome!

Então, raiou o último dia de temor de,
quando, desolado, no entanto impávido,
com um quadro sobre a cabeça coroada de espinhos,
Ele, esquecido por Deus e traído pelo homem,
foi, então, feito pecado
no Calvário
e lá morreu em tristeza e vergonha.
Ele me salvou! Bendito seja Seu nome!

Enquanto eu viver, minha canção irá falar
das maravilhas de Seu amor que O levou à morte.
E quando, por fim, eu for morar
com Ele, Sua graça soberana provar,
minha alegria será
Seu rosto ver,
E, curvando-me ali, com voz alta clamarei,
vou louvá-Lo: “Bendito seja Seu nome!”

Versão em português

Do meu Senhor, o amor fiel
É mais que o mundo pode dar:
Mais alto que os mais altos céus,
E mais profundo que o mar.
Antigo amor,
Superior,
Pois antes da criação de Deus
Amou-me — glória ao nome Seu!

O alto trono era Seu,
Dos anjos, tinha adoração;
Mas tudo, por amor, deixou,
Descendo aqui em servidão.
Me procurou —
Sacrificou
A alta posição do céu;
Buscou-me — glória ao nome Seu!

Sozinho a senda percorreu,
Sofreu do homem rejeição;
E conhecido só por Deus,
De angústia, encheu Seu coração.
Não hesitou
Nem recuou,
Mas indo aonde estava eu,
Achou-me — glória ao nome Seu!

Rompendo o dia de temor,
Mui só, mas com intrepidez,
Cruéis escárnios suportou;
Deus O abandonou e O fez
Pecado, sim,
Na cruz por mim;
E em vergonha e dor morreu.
Salvou-me — glória ao nome Seu!

Enquanto aqui viver, direi
Das maravilhas desse amor.
Por fim com Ele estarei
Provando a graça superior.
Oh! que prazer
Seu rosto ver!
Prostrado, renderei, fiel,
Louvores — glória ao nome Seu!

História

A única informação que encontramos foi esta: “Afirma-se que esse hino foi escrito por certo C. A. Tydeman, mas, quem ele é, ninguém sabe.”

Categorias
Bíblia Biografia Casamento Conselho aos pais Cristo Cruz Evangelho Família Heresias Hinos & Poesia Humildade Indicações de sexta Leonard Ravenhill Modernismos Oração Paul Washer Pecado Salvação Santidade Sexo Sociedade Vida cristã

Indicações de sexta (9)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Ashley Madison: Infidelidade. O que a revelação de dados de usuários de um sítio de adultério revela sobre todos nós.
  2. A perda da masculinidade nos nossos dias, por Paul Washer. Meninos que querem viver como homens sem serem homens. Homens que querem continuar se comportando como meninos. O que a Bíblia tem a dizer sobre ser homem? E por que isso é tão fundamental para a saúda da família e da igreja?
  3. Como ler a Bíblia experimentalmente. Como ler a Bíblia respeitando-a como a Palavra revelada de Deus?
  4. Ensinando as partes explícitas da Bíblia para as crianças. Algumas passagens da Bíblia causam preocupação aos pais quando elas são apresentadas aos filhosl. Como lidar com isso? Por que não devemos ocultá-las das crianças?

Mensagem que merece ser ouvida

Chorando entre o átrio e o altar, de Leonard Ravenhill

Hino que merece ser ouvido

I Surrender All

Letra de Judson W. Van de Venter (1855-1939), música de Winfield Scott Weeden (1847-1908). Inspirada em Lucas 14.33.

Letra original

All to Jesus I surrender,
All to him I freely give;
I will ever love and trust him,
In his presence daily live.

Refrain
I surrender all,
I surrender all,
All to thee, my blessed Savior,
I surrender all.

All to Jesus I surrender,
Humbly at his feet I bow,
Worldly pleasures all forsaken,
Take me, Jesus, take me now.

All to Jesus I surrender;
Make me, Savior, wholly thine;
Let me feel the Holy Spirit,
Truly know that thou art mine.

All to Jesus I surrender,
Lord, I give myself to thee,
Fill me with thy love and power,
Let thy blessing fall on me.

All to Jesus I surrender;
Now I feel the sacred flame.
Oh, the joy of full salvation!
Glory, glory, to his name!

Tradução

Tudo a Jesus eu rendo,
Tudo a Ele livremente dou.
Eu irei amá-Lo e confiar nele,
Em Sua presença diariamente viver.

Coro
Eu rendo tudo,
Eu rendo tudo,
Tudo a Ti, meu bendito Salvador,
Eu rendo tudo.

Tudo a Jesus eu rendo,
Humildemente, a Teus pés, eu me curvo.
Prazeres mundanos, todos renunciados.
Toma-me, Jesus, toma-me agora.

Tudo a Jesus eu rendo,
Faz-me, Salvador, totalmente Teu.
Deixa-me sentir o Espírito Santo
Realmente saber que Tu és meu.

Tudo a Jesus eu rendo,
Senhor, eu me dou a Ti.
Enche-me com Teu amor e poder,
Deixa Tua bênção vir sobre mim.

Tudo a Jesus eu rendo,
Agora eu sinto a chama sagrada.
Oh, a alegria da plena salvação!
Glória, glória, a Seu nome!

Versão em português

Tudo entregarei

Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
tudo, sim, por Ti darei.
Resoluto, mas submisso,
sempre sempre seguirei.

Coro
Tudo entregarei, tudo entregarei;
Sim, por Ti, Jesus bendito, tudo entregarei.

Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
corpo e alma eis aqui.
Este mundo mau renego,
ó Jesus, me aceita a mim!

Tudo, ó Cristo, a Ti entrego,
quero ser somente Teu.
Tão submisso à Tua vontade,
como os anjos lá no céu.

Tudo, ó Cristo, a Ti entrego.
Oh! Eu sinto Teu amor
transformar a minha vida
e meu coração, Senhor.

Tudo, ó Cristo, a Ti entrego –
oh, que gozo, meu Senhor!
Paz perfeita, paz completa,
glória, glória ao Salvador!

História

Judson W. Van DeVenter foi criado em um lar cristão. Aos 17 anos, creu no Senhor Jesus. Na universidade, graduou-se em arte e trabalhou como professor e administrador de arte do ensino médio. Viajou muito, visitando várias galerias de arte em toda a Europa.

Van DeVenter também estudou e ensinou música. Ele dominava 13 instrumentos diferentes, cantava e compunha. Ele estava muito envolvido no ministério de música da igreja metodista episcopal de que participava. Então, ficou dividido entre a carreira docente bem-sucedida e seu desejo de fazer parte de uma equipe evangelística. Essa luta interior durou quase cinco anos.

Em 1896, Van DeVenter estava conduzindo a música de um evento da igreja. Foi durante essas reuniões que ele finalmente rendeu seus desejos completamente a Deus: ele tomou a decisão de se tornar evangelista de tempo integral. Ele mesmo narra:

A canção foi escrita enquanto eu estava conduzindo uma reunião em East Palestine, Ohio (EUA), na casa de George Sebring (notável evangelista, fundador da Conferência Bíblica Campmeeting Sebring, em Sebring, Ohio, e mais tarde desenvolvedor da cidade de Sebring, Florida). Por algum tempo, eu tinha lutado entre desenvolver meus talentos no campo da arte e ir para o trabalho evangelístico em tempo integral. Por fim, a hora crucial de minha vida veio, e eu entreguei tudo. Um novo dia se iniciou em minha vida. Eu me tornei evangelista e descobri, no fundo de minha alma, um talento até então desconhecido para mim. Deus havia escondido uma canção em meu coração e, tocando um doce acorde, Ele me fez cantar.

Ao se submeter completamente à vontade de seu Senhor, uma canção nasceu em seu coração.

Winfield Scott Weeden publicou vários livros de música religiosa, mas esta canção parece ter sido sua favorita: o título dela está gravado em sua lápide.

Categorias
Consolo Cristo Cruz Horatius Bonar Humildade

O homem com o calcanhar ferido e a coroa de espinhos! (Horatius Bonar)

Somos honrados em seguir o Homem que foi coroado com espinhos

A crucificação de Jesus foi a cena final de toda uma vida de crucificação!

Ele carregava uma cruz desde a hora em que foi colocado na manjedoura. Todos os dias Ele carregou a cruz. Sua vida era apenas uma peregrinação ao Calvário com a cruz sobre os ombros. Todo o Seu curso sobre a terra foi uma jornada de sofrimento. Foi tudo opróbrio e tristeza, de Seu berço até o túmulo. Sua vida foi de aflição; Sua morte foi a suma de Suas muitas dores, a reunião de todas elas, espremendo-se para dentro de Seu cálice de uma vez, até que o vaso rompesse, porque ele não podia suportar mais.

Ao longo da vida Ele foi o “homem de dores”. Ele estava familiarizado, “experimentado nos sofrimentos” (Is 53.3).

Seu calcanhar ferido (cf. Gn 3.15) é apenas outra maneira de expressar Seu caráter como o Sofredor, o Filho do homem crucificado. É o Homem com o calcanhar ferido que ganhou nosso coração!

É a Ele que seguimos, e Seu calcanhar ferido nós o gravaremos em nossa bandeira como nosso emblema mais honroso. Somos seguidores do Homem com as mãos e os pés perfurados, o Homem que é todo coberto com as marcas das bofetadas, do flagelo e das cuspidas, o Homem com a coroa de espinhos!

 


(Traduzido por M. Luca, revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)

Categorias
Apologética Ciência Conselho aos pais Cosmovisão Cruz Dinheiro Encorajamento Família Hinos & Poesia História Soberania Sofrimento Vida cristã

Indicações de sexta (8)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Quatro razões para lembrar-se do Criador na juventude, de David Murray.
  2. Será que Deus te traiu? O que pensar de Deus quando estamos passando por sofrimento?
  3. A bênção de catequizar nossos filhos, de Joel Beeke. A importante tarefa dos pais: conduzir os filhos ao conhecimento do Senhor.
  4. O dízimo não é uma invenção da teologia da prosperidade, de Solano Portela. Por causa dos ensinos distorcidos dos pregadores da prosperidade, muitos cristãos têm evitado as práticas bíblicas quanto a ofertas. É preciso corrigir isso.

Mensagem que merece ser ouvida

Argumento moral

Como a existência de certo e errado, bem e mal prova a existência de Deus.

Hino que merece ser ouvido

Great is Thy faithfulness

Letra de Thomas Obediah Chisholm (1866–1960), música de William Marion Runyan (1870–1957). Baseado em Lm 3.22,23.

Letra original

Great is Thy faithfulness, O God my Father;
There is no shadow of turning with Thee,
Thou changest not, Thy compassions they fail not,
As Thou hast been,Thou forever wilt be.

Refrain
Great is Thy faithfulness!
Great is Thy faithfulness!
Morning by morning new mercies I see
All I have needed Thy hand hath provided
Great is Thy faithfulness, Lord unto me!

Summer and winter and springtime and harvest,
Sun, moon, and stars in their courses above;
Join with all nature in manifold witness,
To Thy great faithfulness, mercy, and love.

Refrain

Pardon for sin and a peace that endureth,
Thine own great presence to cheer and to guide;
Strength for today, and bright hope for tomorrow
Blessings all mine, with ten thousand beside.

Refrain

Tradução

Grande é a Tua fidelidade, ó Deus, meu Pai;
Não há sombra de variação em Ti:
Tu não mudas, Tuas compaixões não falham,
Como foste, Tu serás para sempre.

Refrão
Grande é a Tua fidelidade!
Grande é a Tua fidelidade!
Manhã após manhã novas misericórdias eu vejo.
Tudo o que preciso, Tua mão tem provido.
Grande é a Tua fidelidade, Senhor, a mim!

Verão e inverno e primavera e outono,
Sol, lua e estrelas em seu curso pelo céu;
Juntam-se a toda a natureza no testemunho multiforme
De Tua grande fidelidade, misericórdia e amor.

Refrão

Perdão para o pecado e uma paz permanente,
Tua própria grande presença para animar e orientar;
Força para hoje e esperança radiante para amanhã:
Bênçãos que são minhas, com dez mil ao lado.

Refrão

Versão: Tu és fiel

Tu és fiel, Senhor, ó Deus eterno!
Teus filhos sabem que não falharás!
Nunca mudaste, Tu nunca faltaste;
Tal como eras, sim, sempre serás.

Refrão
Tu és fiel, Senhor! Tu és fiel, Senhor!
Dias após dia Tuas bênçãos nos dás.
Tua mercê nos sustenta e nos guarda;
Sim, para sempre, ó Deus, fiel serás.

Nuvens no azul do céu, Sol refulgente,
Montes e vales, campinas em flor,
Tudo criaste na terra e nos ares,
E todos louvam-Te, fiel Senhor.

Refrão

Pleno perdão nos dás, que segurança!
Sempre nos guias na senda do bem;
E no porvir, oh! Que doce esperança!
Tu nos receberás no lar de além.

Refrão

História

Chisholm teve uma vida adulta difícil. De saúde muito frágil, várias vezes ficou acamado, impossibilitado de trabalhar. Ao ser salvo aos 27 anos, encontrou muito conforto nas Escrituras e no fato de que Deus era fiel para ser sua força no tempo de enfermidade e suprir suas necessidades. Lamentações 3.22,23 era uma de suas passagens favoritas: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã. Grande é a Tua fidelidade”.

Quando em viagens missionárias, Thomas escrevia com freqüência a William Runyan, um amigo, músico relativamente desconhecido. Vários poemas foram trocados nessas cartas. Runyan considerou esse poema de Williams tão comovente que decidiu compor uma trilha musical para acompanhá-lo. “Great is Thy Faithfulness” foi publicado em 1923. O hino permaneceu desconhecido por muitos anos, até que foi descoberto por um professor do Moody Bible Institute, que o apreciou muitíssimo e solicitou muitas vezes que fosse cantado nos cultos na capela, de tal modo que se tornou o hino não-oficial da faculdade. O hino se tornou mundialmente conhecido em 1945, quando George Beverly Shea começou a cantá-lo nas cruzadas evangelísticas de Billy Graham.

Thomas Chisholm morreu com 94 anos. Ele escreveu mais de 1.200 poemas e hinos, incluindo “O To Be Like Thee” (Oh! Ser como Tu) e “Living for Jesus” (Vivendo para Jesus).

Categorias
Apologética Ciência Comunhão Conselho aos pais Cosmovisão Cristo Cruz D. L. Moody Deus Espírito Santo Família Heresias Hinos & Poesia História Igreja Indicações de sexta Irmãos Modernismos Soberania Sofrimento Testemunho Vida cristã

Indicações de sexta (7)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. Carta aberta aos pais cristãos de filhos incrédulos. Poucas coisas angustiam tanto pais cristãos quanto filhos que ainda não obedecem à fé ou que dela apostataram. Esse artigo pode lhe trazer ajuda, consolo e orientação prática.
  2. O que é a comunhão da igreja? Basta os cristãos estarem juntos para haver comunhão? A genuína comunhão é marca distintiva da igreja que se reúne segundo o modelo do Novo Testamento.
  3. “Deus não é um prato de buffet que você monta de acordo com o seu gosto” ou “A verdade importa para você?”, de J. P. Moreland. Será verdade que não uma verdade absoluta não faz diferença ou que ela é impossível? Como argumentar com quem pensa assim?
  4. “Deus me revelou”. Devemos dar ouvidos a quem alega ter uma revelação nova de Deus, à parte de Sua Palavra?

Mensagem que merece ser ouvida

Amando a Deus com todo o nosso entendimento, por Héber Campos Júnior

Hino que merece ser ouvido

It’s well with my soul

Letra de Horatio G. Spafford (1873) e música, Ville du Havre, de Philip P. Bliss (1876). Inspirado em 2Reis 4.26 e Salmos 146.1. A música recebeu o nome do navio em que as filhas de Spafford pereceram. Ironicamente, Bliss morreu num trágico acidente de trem, ao tentar salvar a esposa, pouco tempo depois de escrever a música. Veja mais detalhes abaixo.

Enquanto lê a letra, ouça essa maravilhosa versão orquestral do hino.

Letra em inglês

When peace, like a river, attendeth my way,
When sorrows like sea billows roll;
Whatever my lot, Thou hast taught me to say,
It is well, it is well with my soul.

Refrain
It is well with my soul,
It is well with my soul,
It is well, it is well with my soul.

Though Satan should buffet, though trials should come,
Let this blest assurance control,
That Christ hath regarded my helpless estate,
And hath shed His own blood for my soul.

My sin—oh, the bliss of this glorious thought!—
My sin, not in part but the whole,
Is nailed to the cross, and I bear it no more,
Praise the Lord, praise the Lord, O my soul!

For me, be it Christ, be it Christ hence to live:
If Jordan above me shall roll
No pang shall be mine, for in death as in life
Thou wilt whisper Thy peace to my soul.

But, Lord, ’tis for Thee, for Thy coming we wait,
The sky, not the grave, is our goal;
Oh, trump of the angel! Oh, voice of the Lord!
Blessed hope, blessed rest of my soul!

And Lord, haste the day when the faith shall be sight,
The clouds be rolled back as a scroll;
The trump shall resound, and the Lord shall descend,
Even so, it is well with my soul.

Tradução literal em português

Está tudo bem com minha alma

Quando a paz, como um rio, estiver presente em meu caminho,
Quando tristezas se agitarem como ondas do mar –
Seja qual for minha sorte, Tu me ensinaste a dizer:
“Está tudo bem, está tudo bem com minha alma”.

Refrão
Está tudo bem com minha alma,
Está tudo bem com minha alma,
Está tudo bem, está tudo bem com minha alma.

Embora Satanás tenha de me esbofetear, embora provas tenham de vir,
Que esta certeza abençoada tome o controle:
Que Cristo considerou minha situação sem esperança
E derramou Seu próprio sangue por minha alma.

Meus pecados – Oh, a felicidade desse glorioso pensamento! –,
Meus pecados, não em parte, mas todos eles,
Estão pregados na cruz, e eu não os carrego mais.
Louve ao Senhor, louve ao Senhor, ó minha alma!

Para mim, seja Cristo, seja Cristo, portanto, a viver:
Se o Jordão1 acima devo atravessar,
Sem angústia estarei, pois, na morte como na vida,
Tu irás sussurrar Tua paz para minha alma.

Mas, Senhor, é por Ti, por Tua vinda que esperamos,
O céu, não a sepultura, é nosso objetivo.
Oh, trombeta do anjo! Oh, a voz do Senhor!
Bendita esperança, abençoado descanso de minha alma!

E, Senhor, apressa o dia em que a fé será visão,
As nuvens serão enroladas como um pergaminho,
A trombeta ressoará e o Senhor descerá.
Todavia, estará tudo bem com minha alma.

Versão em português

Sou feliz com Jesus

Se paz a mais doce me deres gozar,
Se dor a mais forte sefrer;
Oh, seja o que for, Tu me fazes saber
Que feliz com Jesus hei de estar.

Refrão
Sou feliz com Jesus!
Sou feliz com Jesus,
Meu Senhor!

Embora me assalte o cruel Satanás,
E ataque com vis tentações,
Oh, sim certo estou, mesmo em tais provações,
Em Jesus acharei força e paz.

Jesus, meu Senhor, ao morrer sobre a cruz
Livrou-me da culpa e do mal;
Salvou-me Jesus, oh, mercê sem igual!
Sou feliz, hoje vivo na luz.

A vinda eu anseio do meu Salvador;
Em breve virá me buscar;
E então lá no céu vou pra sempre morar,
Com remidos na luz do Senhor

Nota biográfica

Esse hino foi escrito depois de dois grandes traumas na vida de Spafford, um devoto cristão e estudante das Escrituras, amigo de D. L. Moody e de Ira Sankey. O primeiro foi o enorme incêndio de Chicago em outubro de 1871, que o arruinou financeiramente (advogado rico, ele havia investido em imóveis na cidade). Em 1873, durante uma travessia do Atlântico, da qual ele havia desistido pouco antes da partida, as quatro filhas de Spafford (com 11, 9, 7 e 2 anos) morreram em uma colisão com outro navio. Sua esposa, Anna, sobreviveu e enviou-lhe o agora famoso telegrama: “Única salva”. Várias semanas depois, quando o navio em que Spafford estava (ele viajou para encontrar-se com a esposa) passou perto do local onde as filhas morreram, o Espírito Santo inspirou essas palavras. Elas falam da eterna esperança que todos os crentes têm, não importando a dor e o sofrimento eles tenham na terra. O hino foi cantado pela primeira vez em 24 de novembro de 1876, por Bliss mesmo, em uma grande reunião evangelística de Moody.

Nota

1 Referência à morte, muito usada antigamente pelos cristãos. (N. do R.)


(Tradução do hino por M. Luca. Revisão de Francisco Nunes)

Categorias
A. W. Tozer Augustus Nicodemus Lopes Bíblia Biografia Consolo Cruz

Indicações de sexta (6)

Confronte todas as coisas com a verdade da Bíblia

 

Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.
É importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.

Artigos que merecem ser lidos

  1. A verdadeira fé gera compromisso, de A. W. Tozer.
  2. O debate sobre o batismo com o Espírito Santo, de Augustus Nicodemus. Um estudo comparativo entre a posição de Martin Lloyd-Jones e a de John Stott.
  3. Fui Eu que fiz isso: texto encontrado na Bíblia de John Nelson Darby após sua morte.
  4. Biografia de George Vicesimus Wigram, cooperador de John Nelson Darby e um dos “irmãos“.

Mensagem que merece ser ouvida

Arrependimento bíblico, por Leonard Ravenhill

Hino que merece ser ouvido

Are you washed in the blood?

Letra e música de Elisha A. Hoffman, publicada em 1878

Letra original

Have you been to Jesus for the cleansing pow’r?
Are you washed in the blood of the Lamb?
Are you fully trusting in His grace this hour?
Are you washed in the blood of the Lamb?

Refrain:
Are you washed in the blood,
In the soul-cleansing blood of the Lamb?
Are your garments spotless? Are they white as snow?
Are you washed in the blood of the Lamb?

Are you walking daily by the Savior’s side?
Are you washed in the blood of the Lamb?
Do you rest each moment in the Crucified?
Are you washed in the blood of the Lamb?

When the Bridegroom cometh will your robes be white?
Are you washed in the blood of the Lamb?
Will your soul be ready for the mansions bright,
And be washed in the blood of the Lamb?

Lay aside the garments that are stained with sin,
And be washed in the blood of the Lamb;
There’s a fountain flowing for the soul unclean,
Oh, be washed in the blood of the Lamb!

Letra em português
Salvo Estás? Limpo Estás?

Tens achado em Cristo plena salvação
Pelo sangue vertido na cruz?
Toda mancha lava de teu coração
Este sangue eficaz de Jesus

Coro
Salvo estás, limpo estás
Pelo sangue de Cristo Jesus?
Tens teu coração mais alvo que a luz
Foste limpo no sangue eficaz?

Vives sempre ao lado do teu Salvador
Pelo sangue que mana da cruz?
Do pecado foste sempre vencedor
Como foi teu bendito Jesus?

Terás roupa branca quando vier Jesus
Foste limpo na fonte de amor?
Estás pronto pra seguir ao céu de luz
Pelo sangue purificador?

Cristo hoje dá pureza e mui poder:
Fita os olhos na cruz do Senhor
Dela, fonte sai que te enche de prazer
Que te farta de vida e vigor

Categorias
Cruz Deus Igreja Serviço cristão Soberania Sofrimento T. Austin-Sparks Testemunho Vida cristã

Cativeiro no Senhor (T. Austin-Sparks)

Plantado como semente na prisão

“Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (Ef 3.1).

“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (4.1).

“Sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9).

“Não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus” (2Tm 1.8).

Há um sentido muito real em que o apóstolo Paulo, em sua pessoa e experiência, foi uma corporificação da história da Igreja nesta era. Na verdade, parece ser um princípio na economia divina que aqueles a quem uma revelação foi confiada devem tê-la tão trabalhada em seu próprio ser e em sua história que sejam capazes de dizer: “Eu sou um sinal para vocês”. Ao considerar os trechos citados, vemos que o fim da vida de Paulo experimentou um processo de estreitamento e limitação operando por meio de “uma grande apostasia”, por um lado, e um confinamento do geral para o específico, em que ele, Paulo, representou o testemunho do outro. Isso é precisamente o que está predito quanto às condições relativas ao “fim”, e não é sem importância que seja especialmente mencionado nas declarações proféticas a Timóteo, na carta final. Desse modo, a ocorrência da expressão “o prisioneiro do [no] Senhor” nos últimos escritos é profética em seu significado, e maravilhosamente explicativa da forma final da soberania do Senhor.

O que temos aqui, então, é

1. O instrumento do testemunho do Senhor em um lugar de limitação, pela vontade de Deus.

Ao lermos o registro dos incidentes que levaram Paulo a Roma como prisioneiro – especialmente quando lemos as palavras de Agripa: “Bem podia soltar-se este homem, se não houvera apelado para César” (At 26.32) –, não podemos deixar de sentir que houve erros e acidentes, mas para os quais poderia ter havido um resultado muito mais propício, e o ministério geral do apóstolo poderia ter-se estendido. Pode ter havido momentos de estresse, quando o próprio Paulo foi tentado a se perguntar se não tinha sido impulsivo ao apelar ao imperador. Mas, conforme avançava, e quando o Senhor falou com ele, ocasionalmente, dando-lhe luz, ficou claro que, apesar da coisa ter sido humanamente realizada, havia o governo soberano de Deus em tudo e que ele estava na prisão, não como prisioneiro do imperador, mas como o prisioneiro no Senhor.

Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.

Talvez Paulo não tenha aceito isso tudo de uma vez. Possivelmente ele não tenha percebido como isso iria operar. Um julgamento e uma libertação mais ou menos rápidas podiam ter estado em sua mente. Alguma esperança de um ministério posterior entre os amados santos parece não estar ausente de sua correspondência. (Provavelmente, havia decorrido um curto período desde a libertação da primeira prisão.) Por fim, no entanto, ele aceitou totalmente que estava se tornando cada vez mais claro como o caminho do Senhor, e cresceu nele a certeza de que esse caminho estava de acordo com os maiores interesses do Corpo de Cristo. Assim, vemos que, quando vem o momento do povo do Senhor ser colocado face a face com as coisas últimas e supremas da revelação de Jesus Cristo – coisas além da salvação pessoal, coisas que se relacionam com a mente de Deus desde os tempos eternos e bem além de ser salvo –, então, tem de haver um estreitamento, um confinamento, um limitante. Muita atividade que foi feita, e tudo que foi feito a fim de trazer coisas para determinada posição e estado, agora cessam para levá-los mais adiante, e algo mais intensivo é necessário.

O que representa o testemunho em sua aproximação mais completa e mais próxima do propósito final de Deus, então, tem de ser despojado de muito do que tem sido bom, necessário e de Deus numa forma preparatória, e deve ser encarcerado para o que é final . O cativeiro não é uma verdade concebida ou uma aceitação doutrinária imposta. Ele é operado em cada fibra do ser pela experiência que segue à revelação, e a revelação interpreta a experiência. Não é a vitória de alguma interpretação defendida: é a própria vida dos instrumentos, e o instrumento é aquilo em seu próprio ser. Não está relacionado com querer ser ou não querer ser, mas a não poder ser nada a não ser um prisioneiro, algo feito pela soberania de Deus.

2. A importância e o valor de ver e aceitar as coisas na luz de Deus

Isso se aplicava a Paulo e àqueles que estavam com ele. Para o apóstolo, estar confortável na soberana ordenação de Deus em sua prisão resultava em iluminação crescente que levava à emancipação espiritual.

Ninguém pode deixar de reconhecer o enorme enriquecimento do ministério como o contido nas que são chamadas de “epístolas da prisão”: [ Efésios, Filipenses, Colossenses, Filemom]. Se ele tivesse sido obstinado, ressentido, rebelde ou amargo, não teria havido o céu aberto, e um espírito de controvérsia com o Senhor teria fechado e selado a porta para as mais plenas revelações e aclaramentos divinos.

Quando tudo foi aceito de acordo com a mente do Senhor, logo “os lugares celestiais” se tornaram as extensões eternas de sua caminhada sobre a terra, e servidão terrena deu lugar à liberdade celestial. Assim deve ser com cada instrumento separado para os interesses superiores do testemunho do Senhor.

A leitura de certas passagens em suas cartas e o registro de sua prisão mostra como isso se aplicava aos outros. Considere as seguintes:

“Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu” (2Tm 1.8).

“E Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara, e recebia todos quantos vinham vê-lo […] e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (At 28.30,31).

“O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias. Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou” (2Tm 1.6,7).

É evidente que essas passagens indicam que tinha de haver uma compreensão divina e não apenas uma apreciação humana da posição de Paulo. Níveis humanos de mentalidade teriam produzido uma atmosfera de dúvida, desconfiança, questionamentos, e teriam deixado elementos de falsa imputação. Considerada em linhas meramente naturais, a associação com o prisioneiro teria envolvido tais associados em suspeita e preconceito. A dúvida sobre o servo do Senhor era muito difundida, e até mesmo muitos do povo do Senhor não tinham certeza sobre ele. Mas o Senhor estava fechando uma revelação muito importante para esse canal, e para os que estavam realmente em necessidade espiritual; estes que tinham de permanecer em uma relação viva com a plenitude do testemunho da identificação com Cristo na morte e na ressurreição, na união no trono com Ele, o poder sobre principados e potestades, e para o ministério “nos séculos vindouros”, tinham de ser postos de lado de todas considerações humanas, pessoais e diplomáticas, e permanecer bem ali com o instrumento com que Deus os colocou na prisão honrosa. Para a posse do que estava por vir por meio do vaso, tinha de haver uma ida ao lugar em que o vaso1 estava, sem consideração por reputação, influência ou popularidade.

Dessa forma, o Senhor peneira Seu povo e encontra quem realmente é inteiramente para Ele e para Seus testemunho, e quem age em qualquer medida por outras considerações e interesses. O instrumento nessa posição de rejeição popular é, portanto, a ferramenta de busca do Senhor pelos realmente necessitados e pobres de espírito. Eles serão encontrados e terão suas necessidades satisfeitas.

A outra verdade que permanece aqui, então, é que

3. Vergonha, desprezo e limitação são muitas vezes formas de Deus enriquecer todo o Corpo de Cristo.

Tem sido sempre assim. A medida de aproximação à plenitude da revelação tem sido sempre acompanhado por um custo relativo. Cada instrumento do testemunho tem sido colocada sob suspeita e desprezo em uma medida proporcional ao grau de valor para o Senhor, e isso fez com que, humanamente, eles sejam limitados a esse ponto. Muitos têm apostatado, caído, se afastado, duvidado, temido e questionado. Mas, como Paulo pôde dizer: “Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória” (Ef 3.13.), ou: “Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios” (v. 1), então, a medida de limitação no Senhor é a medida de enriquecimento de Seu povo. Quanto mais completa a revelação, menos aqueles que a apreendem ou maior o número daqueles que permanecem ao longe. Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação, e tê-los experimentalmente significa compartilhar o custo de alguma forma. Mas essa é a maneira divina de garantir para Deus um lote2 de semente espiritual.

Revelação só vem por meio de sofrimento e limitação.

Um lote de sementes é uma coisa intensiva. Ali as coisas são reduzidas a dimensões muito limitadas. Não é algo visível de grande extensão que está imediatamente em vista, mas as coisas são consideradas, em primeiro lugar, à luz da semente. O verdadeiro significado das coisas não é sempre reconhecido , mas você pode viajar por todo o mundo e encontrar um grande número de jardins que são a expressão daquele intensivo e restrito lote de sementes. Se alguma vez houve tal lote de semente, foi a prisão de Paulo em Roma.

Tudo isso pode se aplicar a vidas individuais em relação ao testemunho do Senhor. Muitas vezes pode haver um atrito contra a limitação, o confinamento, e um desejo inquieto por aquilo que chamaríamos de algo mais amplo ou menos restrito. Se o Senhor nos quer no lugar em que estamos, nossa aceitação disso em fé pode provar que isso se torna uma coisa muito maior do que qualquer avaliação humana pode julgar. Gostaria de saber se Paulo tinha alguma idéia de que sua prisão significaria sua contínua expansão de valor para o Senhor Jesus ao longo 1.900 anos? O que se aplica a indivíduos também se aplica aos ajuntamentos, assembléias ou grupos do povo do Senhor espalhados na terra, mas um em sua comunhão com respeito ao testemunho pleno do Senhor.

Que o Senhor esteja graciosamente agradado de fazer com que o aspecto meramente humano dos muros da prisão sejam expulso e nos dê a percepção de que, longe de ser limitada por homens e circunstâncias, é prisão no Senhor, e isso significa que todas as era e todos os reinos entram por essa prisão.

(De Toward a Mark (Em direção à marca), jan-fev 1980, vol. 9-1.)

(Traduzido por Francisco Nunes. Original aqui. A maior parte dos textos de Austin-Sparks é transcrição de suas mensagens orais. Os irmãos que as transcrevem não fazem nenhuma edição ou aprimoramento. Por isso, o texto conserva bastante de sua oralidade, o que, em muitas circunstâncias, não permite uma tradução mais apurada. Se houver qualquer sugestão para aprimoramento deste trabalho, por favor, deixe um comentário. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria, tradução e fonte e seja exclusivamente para uso gratuito.)

_____

1Instrumento e vaso, como visto neste artigo, são termos normalmente usados por Austin-Sparks para se referir aos servos de Deus. (N.T.)

2No sentido de um canteiro, um terreno pequeno. (N.T.)

Categorias
Amor Cristo Cruz Encorajamento Hinos & Poesia Humildade

Torna-me um cativo

Torna-me um cativo, Senhor,
e, então, livre serei.
Força-me a render minha espada,
e conquistador serei.
Eu me afundo nos temores da vida
quando sozinho fico;
aprisiona-me em Teus braços,
e forte será minha mão.

Meu coração será fraco e pobre
até encontrar o seu mestre;
não procede dele nenhuma ação confiável;
ele varia com o vento.
Ele é incapaz de se mover livremente
enquanto Tu não forjares grilhões para ele;
escraviza-o com Teu amor inigualável,
e imortal ele reinará.

Meu poder será débil e tímido,
enquanto eu não aprender a servir;
ele carece do fogo necessário para brilhar,
e da brisa para revigorar-se.
Meu poder não pode conduzir o mundo
até que ele mesmo seja conduzido;
a bandeira de meu poder só pode ser desfraldada
quando soprares do céu.

Minha vontade não é minha própria,
até que a tornes Tua;
se ela subissse ao trono de um monarca,
ela teria de resignar a sua coroa.
Minha vontade só fica firme,
em meio à estrondosa luta,
quanto em Teu peito se apóia
e descobre sua vida em Ti.

(George Matheson)

Categorias
Cristo Cruz Disciplina Encorajamento Escatologia Estudo bíblico Salvação Santidade Sofrimento Vida cristã Watchman Nee

Hebreus 6.4-6 (Watchman Nee)

Hebreus 6.4-6 diz:

“É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento”.

Esses versículos descrevem uma pessoa que possui muitas qualificações. É impossível que seja uma pessoa não-salva. Ela viu a luz, e viu o Deus revelado, o Unigênito do Pai; conheceu o amor de Deus e provou o dom celestial, o único dom, Jesus Cristo. Na Bíblia, dons, como um substantivo plural, refere-se aos dons do Espírito Santo, e dom, como um substantivo singular refere-se ao único dom, o unigênito Filho de Deus, como está em João 3:16. Esse dom é diferente dos dons do Espírito Santo. Essa pessoa não apenas tem Deus e o Senhor Jesus, mas também tornou -se participante do Espírito Santo. Ela conhece a Deus, provou do Senhor Jesus e tem o Espírito Santo vivendo dentro de si. Além disso, ela provou a boa palavra de Deus e os poderes da era vindoura. Os poderes da era vindoura são os poderes do reino milenar. Os dons e os poderes do Espírito Santo são particularmente abundantes no reino milenar. O reino milenar será repleto de obras de poder, milagres, maravilhas e outras coisas semelhantes. Dizer que alguém provou os poderes da era vindoura significa dizer que ele provou as coisas do reino milenar. Portanto, esta pessoa é definitivamente uma pessoa salva.

Se tal pessoa deixa hoje a palavra de Cristo, que ela recebeu quando creu, e escorrega e cai, não há arrependimento para ela. Ela não pode começar tudo de novo para crer no Senhor Jesus, pois já tem uma longa história com o Senhor. Ela recebeu muita chuva, porém caiu, não produz mais coisas boas para Deus, mas tem produzido cardos e abrolhos. Tal pessoa é como “a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela, e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada, recebe bênção da parte de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada, e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada” (vv. 7,8).

Perceba três coisas acerca desta pessoa e seu fim. Primeira coisa, ela é “rejeitada”. A palavra “rejeitada” aqui é a mesma usada em 1Coríntios 9:27, onde Paulo disse que temia que embora tivesse pregado o evangelho a outros, ele mesmo fosse desqualificado e não fosse mais usado por Deus nesta era e no reino. Ser rejeitado, ser desqualificado, significa que Deus rejeitará tal pessoa e não a usará mais no reino. Segunda coisa, esta pessoa “perto está da maldição”. O versículo não diz que ela receberá maldição, mas a punição que receberá é semelhante a uma maldição. Ela não perecerá eternamente, mas sofrerá o dano da segunda morte e padecerá a Geena de fogo no reino. Terceira coisa, “seu fim é ser queimada”. Que é isso? Por exemplo, há algumas semanas eu quis fazer uma queimada em algumas terras em Jen-ru. Poderia eu queimar a terra etername nte? Poderia queimar a terra pelo menos por cinco anos? O queimar aqui se refere a algo temporário.

Aqui se fala sobre queimar, enquanto Mateus 5 diz que alguns estarão sujeitos à Geena de fogo. Se você puser essas duas passagens juntas, elas se combinarão. Se um cristão recebe todas essas coisas maravilhosas, mas não produz bom fruto para Deus, e, sim, cardos e abrolhos, ele será queimado. Entretanto, esse queimar será apenas por breve tempo. Até mesmo um aluno do primário sabe que se você atear fogo em um terreno, o fogo irá parar após todo o mato ser queimado. A queimada no reino durará no máximo mil anos. Quanto tempo vai durar a queimada, na verdade, dependerá de você. Se você tiver produzido muitos cardos e abrolhos, então haverá mais queima. Se tiver produzido poucos cardos e abrolhos, então haverá menos queima.

Quantas coisas há em nós que ainda não foram tratadas? Quantas coisas não foram limpas pelo sangue do Senhor, e quantas coisas ainda não foram confessadas, tratadas e resolvidas com os irmãos e as irmãs? São esses os cardos e abrolhos a que o Senhor se refere. Mateus 5 diz que ninguém poderá sair dali enquanto não pagar o último centavo. Toda dívida terá de ser paga. Quando tudo houver sido queimado, toda dívida terá sido paga.

Um cristão é semelhante a um campo, e seu comportamento indevido é comparado a cardos e abrolhos. Suponha que eu possua um terreno de cinco alqueires. Seria possível, depois da queimada, que somente dois alqueires tenham sido deixados intactos e três tenham sido queimados? Isso é impossível. O que é queimado são os cardos e abrolhos. O terreno em si não pode ser queimado. Em outras palavras, somente aquelas coisas que foram amaldiçoadas em Adão e deveriam ser removidas, mas não foram, é que serão queimadas. Elas serão o material que será queimado na Geena de fogo. A vida que Deus nos concedeu não pode ser tocada pelo fogo. Portanto, depois que os cardos e abrolhos forem queimados, o terreno ainda permanecerá. Nenhuma parte dele será tirada. Não há absolutamente nenhum problema com a nossa salvação, mas sim com o que vier a crescer sobre ela, com o que for prov eniente da carne. Se tais coisas não forem tratadas com o sangue de Jesus, deveremos sofrer algum tratamento.

Agora vejamos Hebreus 10.26-29:

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança”.

Esses versículos referem-se a alguém que rejeitou a Cristo e voltou ao judaísmo. Ele acha que gastando alguns dólares pode comprar um touro ou um bode como oferta pelo pecado. Se, porém, alguém conheceu a Cristo e voltou ao judaísmo, ele calcou aos pés o Filho de Deus e considerou Seu sangue como algo comum. Ele está tratando o Senhor como um touro ou um bode. Para ele não existe diferença entre o Senhor e um touro ou um bode. O versículo conclui: “E ultrajou o Espírito da graça”. Enquanto o Espírito Santo está lhe dando graça, ele O está insultando por voltar ao judaísmo. Esses versículos nos mostram o caminho de um apóstata. Eu não diria que tal pessoa seja salva; somente diria que pode ser que ela seja salva; talvez nem seja salva. O apóstolo não nos diz se tal pessoa é salva ou não. Ele diz apenas que, se uma pessoa veio a Cristo e depois voltou ao judaísmo, ela sofrerá pior punição. Seu fim é uma expectação de juízo e fogo vingador. Aqui vemos uma espécie de fogo.

Juntamente com todas essas passagens, temos também as próprias palavras do Senhor em João 15. O versículo 2 diz: “Todo ramo em Mim que não der fruto, Ele o corta; e todo o que dá fruto Ele o limpa”. Esses não são ramos que nada têm que ver com Ele; são ramos que estão Nele. O que é mostrado aqui, pode não referir-se à punição temporária, mas à disciplina nesta era. Mas atente para o versículo 6: “Se alguém não permanece em Mim, é lançado fora, como o ramo, e seca; e os apanham, lançam no fogo, e são queimados”. Alguns ramos serão lançados no fogo e queimados. Alguns ramos cresceram e produziram folhas verdes, mas não têm fruto. Embora tenham vida interiormente, eles não têm fruto exteriormente. O Senhor Jesus disse que eles serão lançados fora, secarão, e queimarão no fogo. Aqui vemos claramente que os cristãos podem ter de passar pelo fogo.

Tendo lido todas essas passagens, podemos concluir que, se um cristão não lidar adequadamente com seus pecados, haverá punição à sua espera. A Bíblia nos mostra nitidamente que tipo de punição será. Não será uma punição comum, mas a punição da “Geena de fogo”. Contudo será o fogo no reino, não o fogo na eternidade.

A questão agora é esta: que tipo de pecado levará a essa condição? Desde que uma pessoa seja salva, é importante que ela lide com seus pecados. Nenhum dos pecados que ela tenha confessado, do qual tenha se arrependido, tratado e feito remissão pelo sangue do Senhor Jesus, voltará a ela no trono de julgamento. Tais pecados terão passado. Até mesmo o maior dos pecados terá passado. Mas existem muitos pecados que não serão omitidos; são os pecados que alguém contempla em seu coração. Salmos 66.18 diz: “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido”. Quais são os pecados que o coração contempla? O coração é o lugar onde residem nosso amor e nossos desejos. O coração representa nossa emoção. Ele representa o homem psicológico. Se o coração contemplar a vaidade, o Senhor não nos ouvirá. Muitas confissões são feitas só porque a pessoa sabe que pecou, não há aversão pelo pecado, tampouco condenação do pecado. Tal pessoa o Senhor não ouvirá. Além disso, se temos com alguém um problema que não foi resolvido, ou se há coisas que precisam ser perdoadas e não foram, ou se procedemos mal com as pessoas ou com o Senhor, temos de tratar com estas coisas de modo específico. Ao mesmo tempo, temos de colocá-las debaixo do sangue do Senhor. Só então tais coisas estarão tratadas, e estaremos livres do julgamento vindouro.

RESUMO

Vamos agora resumir o que vimos. O futuro dos cristãos é muito simples. Para uma pessoa salva o assunto do novo céu e nova terra, incluindo toda a eternidade, está resolvido. No entanto, a era do reino é duvidosa. Ninguém ousa dizer algo sobre o que ocorrerá. O que temos de resolver hoje é o problema do reino. No reino há muitas posições de cristãos. Muitos reinarão com Cristo por ter trabalhado fielmente e por ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento. Alguns podem não ter sofrido perseguição, vergonha e sofrimento, contudo eles também não têm pecados. Eles viveram uma vida limpa. Apesar de não terem feito nada que mereça um mérito especial, eles pelo menos deram um copo de água para um pequenino por causa do nome do Senhor (Mt 10.42). Eles também receberão uma recompensa; entretanto, sua recompensa será bem pequena.

Na era do reino, alguns cristãos receberão recompensa no reino. Alguns receberão uma grande recompensa; outros receberão uma recompensa pequena.

Os que não receberão recompensa também estão divididos em algumas categorias. Um grupo não entrará no reino de modo algum. A Bíblia não nos diz para onde eles irão; diz apenas que serão mantidos fora do reino, nas trevas exteriores (Mt 8.12; 22.13; 25.30; Lc 13.28). Eles serão deixados fora da glória de Deus. Haverá também muitos que, além de não terem trabalhado bem, têm pecados específicos que ainda não foram tratados. Eles são salvos, mas ao morrer, ainda têm pecados com os quais não trataram e dos quais não se arrependeram; eles ainda têm o problema do pecado. Esses tais serão temporariamente submetidos ao fogo, e sairão somente depois de terem pago todo seu débito. Eu não sei, na verdade, de quanto tempo esse período será, mas durará no máximo até o final do reino.

Ainda há muitas coisas das quais não estamos esclarecidos acerca do futuro, mas a Bíblia mostrou-nos o suficiente. Embora haja detalhes que ainda não vimos, nós de fato sabemos o que os filhos de Deus enfrentarão. Alguns receberão uma recompensa; alguns experimentarão corrupção. Alguns serão aprisionados, e outros serão lançados no fogo e serão queimados.

A questão da nossa salvação está muito clara. Quando um homem crê no Senhor Jesus, tanto a salvação como a vida eterna estão determinadas para ele. Mas, da salvação até sua morte, as obras de uma pessoa, isto é, seus fracassos ou suas vitórias, determinarão seu destino no reino. Nosso Deus é um Deus justo. Por um lado, nossa salvação é livre, e os que crêem terão vida eterna. Ninguém pode contrariar esse fato. Por outro lado, não podemos pecar à vontade, simplesmente porque recebemos a vida eterna. Se produzirmos cardos e abrolhos, seremos queimados. Se o Senhor Jesus não pode desligar-nos de nossos pecados e se não resolvermos todas as coisas em nossa vida, Deus não terá escolha a não ser castigar-nos no futuro; Ele não terá escolha, senão purificar-nos com punições específicas, de maneira que possamos estar juntos com Ele no novo céu e nova terra. Deus é um Deus justo. O que Ele preparou também é justo. Desde que tenhamos visto estas coisas, devemos aprender a lição e acatar as advertências de Deus.

Categorias
Consolo Cristo Cruz Encorajamento Santidade Sofrimento T. Austin-Sparks Vida cristã

“Nem cheiro de fogo” (T. Austin-Sparks)

1Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.”

Então Nabucodonosor se encheu de furor, e mudou-se o aspecto do seu semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; falou, e ordenou que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer. E ordenou aos homens mais poderosos, que estavam no seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, para lançá-los na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos com as suas capas, suas túnicas, e seus chapéus, e demais roupas, e foram lançados dentro da fornalha de fogo ardente. E, porque a palavra do rei era urgente, e a fornalha estava sobremaneira quente, a chama do fogo matou aqueles homens que carregaram a Sadraque, Mesaque, e Abednego. E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.

Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados?” Responderam e disseram ao rei: “É verdade, ó rei.” Respondeu, dizendo: “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.”

Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: “Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde!” Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.

E reuniram-se os príncipes, os capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.

(Daniel 3.16-27)

 

Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.

(1Pedro 1.6-8)

 

A prova da vossa fé”. Vamos considerar quatro coisas que são o resultado da prova.

O resultado da prova
1. A autodestruição do inimigo

Quão maravilhosamente superior foi a situação daqueles três homens! Com a proximidade da provação, com a ameaça sobre a cabeça, quão sumamente despreocupada foi sua resposta ao rei! “Não necessitamos de te responder sobre este negócio.” Isso era uma bem estabelecida confiança de coração, o resultado de integridade de vida e de caminhar diante de Deus. A preocupação deles é que, de modo algum, poderiam comprometer seu relacionamento com o Deus Altíssimo. Ameaçaram-nos com a fornalha ardente – eles estavam muito acima disso. E o primeiro efeito de lançarem aqueles três homens na provação justificou a confiança deles, porque os que foram usados pelo inimigo para lançá-los no fogo foram consumidos pelo fogo.

Se nossa vida está corretamente posicionada em relação ao Senhor a quem confessamos e servimos, não precisamos temer o fogo. Certamente, devemos ser sábios para não convidar o fogo, mas, se no curso de nossa vida e de nosso testemunho, se e quando o fogo vier, não precisamos temê-lo. Os próprios instrumentos que o inimigo usa para levar-nos à situação ardente serão consumidos. Isso é uma palavra muito solene para qualquer um que seja achado criando condições ardentes para os santos. A preocupação dos santos deve ser apenas seu relacionamento com o Senhor.

2. O desatamento das amarras
Outro resultado do fogo é o desatamento das amarras. Você está no fogo? Quer uma boa razão para estar ali? Aqui está uma, que pode se aplicar a você: o fogo é ordenado por Deus com o propósito de desprender você de amarras. Sim, as limitações que as circunstâncias e as condições fora de nós impõem a nós, as frustrações das quais estamos tão conscientes – elas são tratadas com o fogo.

Mas o que dizer das limitações, as amarras, que são particularmente nossas, dentro de nós – as amarras de nossa constituição, as características de nosso temperamento? O mesmo é verdade. Aqui está um Deus amoroso ordenando o fogo e permitindo que o inimigo esquente a fornalha sete vezes mais, com o propósito, no coração de Deus, de desprender-nos das amarras. Oh, isso está acontecendo conosco? Os fogos estão sendo atiçados a uma intensidade tal que nunca pensamos ser possível suportar, e estamos sendo libertados por meio deles? Estamos sendo levados à gloriosa liberdade dos filhos de Deus? Estamos sendo livrados daquelas coisas que tanto arruinaram nossa vida, nosso testemunho, nosso ministério?

Talvez você sinta que não tenha muitas amarras. Bem, alguns de nós têm, e alguns de nós estão satisfeitos que seja isso o que Deus está fazendo no fogo. Há uma libertação no fogo.

3. Comunhão próxima com o Senhor
Outra coisa que aconteceu no fogo é que aqueles três homens se encontraram com Alguém numa comunhão e companhia mais próximas do que eles já houvessem experimentado. Nós conhecemos um pouco sobre isto, não é? No fogo, virmos a um conhecimento [especial] de nosso Senhor. Passamos pela fase do fogo e dizemos: “Eu nunca teria conhecido o Senhor desta maneira se não fosse pelo fogo. Foi no fogo que eu O encontrei dessa forma. Antes, eu sabia toda a teoria sobre isso, mas eu alcancei a realidade aqui.” Algumas versões registram que Nabucodonosor disse, em sua ignorância: “O aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses”, mas, no que diz respeito a nós, era o Filho de Deus. Passamos pelo fogo em comunhão com nosso amado Senhor. Bem, o fogo é justificado.

4. A suprema glória: nenhum cheiro de fogo, mas alegria inefável
Mas, para mim, a coroa de tudo isso foi o que se seguiu, e este é o real encargo de meu coração. Eles saíram do fogo, e não havia nem mesmo cheiro de fogo sobre eles. Eu penso que isso é maravilhoso. Sim, maior conhecimento do Senhor; sim, libertação e emancipação; sim, mas nem mesmo o cheiro de queimado! Qual é a interpretação disso? Bem, eu penso que não há dúvida de que um esforço muito grande do adversário na fornalha ardente – se ele não puder nos impedir de sair e não puder consumir-nos no fogo – é, então, deixar as marcas e o cheiro sobre nós para que, nos dias subseqüentes, as pessoas irão associar conosco o tema do sofrimento e da provação. Você vê o que isso faz: atrai atenção para nós, e o diabo não se importa que, por ser a atenção desviada para nós, o Senhor seja ocultado. Ter cheiro de queimado sobre nós significa que o sofrimento e a provação pelos quais passamos eclipsaram a glória. Sair da provação de fogo de nossa fé sem o cheiro de queimado significa, eu penso, o cumprimento da palavra de Pedro: “Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso [cheio de glória]” (1Pe 1.8). Isto é o que se segue à palavra concernente à provação em fogo de nossa fé: “gozo inefável e glorioso”. Aqui está a coroa de um tempo desesperadamente negro, de talvez anos de sofrimento, de teste de nossa fé: alegria além do que é possível falar, cheia de glória. O inimigo sempre busca roubar nossa alegria e frustrar o desejo do Senhor de que sejamos irradiadores de Sua glória – e por meio da provação de fogo ele freqüentemente consegue.

Recentemente tive ocasião de ver um irmão que antes da última guerra2 estava no Continente3. Ele havia sido aprisionada por anos em um dos maiores campos de concentração. Sem tentar descrever suas lancinantes experiências em detalhes, é suficiente dizer que, em razão da posição que ele tomou, por pelo menos três vezes ele foi amarrado de cabeça para baixo no galho de uma árvore e espancado até ficar inconsciente. Eu estava interessado em vê-lo e notar quais foram os efeitos do sofrimento sobre ele. A fé daquele homem estava intacta; sua força foi aumentada e a marca proeminente não é o sofrimento, mas a glória. Ele é cheio de alegria. Sim, eu penso que ele conhece alguma coisa sobre a alegria inefável.

 

A necessidade de vigilância

O inimigo está, agora, fazendo um esforço muito grande para roubar nossa alegria. Se ele não puder nos manter na fornalha, jogará sobre nós algum cheiro de fogo para que, por onde quer que formos, as pessoas digam: “Tadinho! Ele está passando por uma situação terrível. Eu não sei como ele agüenta! Eu não sei o que ele vai fazer!” Você vê o que o cheiro de fogo está fazendo: está atraindo a atenção para nós mesmos.

Eu tenho sido bastante impressionado com quanto júbilo e alegria estão relacionados com a unção. Estamos familiarizados com o pensamento de que a unção traz poder e o exercício da autoridade do Trono, mas lembremos a palavra em Salmos 45.7 citada em Hebreus 1.9: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros”. Aqui está Aquele que se posiciona por Deus supremamente, entregue por um caminho de provação, de sofrimento, à fornalha ardente; sim, mas Esse é proeminente em júbilo e alegria. Outra vez, o Senhor toma a profecia concernente a Si mesmo em Isaías 61 e diz: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu” (v. 1). Olha para essa profecia e veja quanto júbilo e quanta alegria se seguem à unção: “glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado” (v. 3). Por causa da grandeza da pressão e da adversidade em que você se encontra, você está em perigo de perder a alegria? Você está tão feliz no Senhor agora que está bem na estrada como estava quando começou? Sem dúvida, podemos desdenhosamente atribuir a alegria inicial à superficialidade das coisas no começo. “Esses jovens crentes”, nós dizemos, “não sabem o que sofrimento, provação e teste significam. Se eles soubessem, não estariam tão radiantes!” Ah, sim, mas será que não perdemos alguma coisa? Teremos seguido com o Senhor e perdido a alegria do Senhor? Se estamos conscientes de termos perdido alguma coisa dela, devemos adotar atitudes para recuperá-la.

Eu li uma propaganda que foi colocada no jornal: “Procuram-se cristãos – alegres, se possível”. Sim, nós rimos disso, mas evidentemente quem fez o anúncio não pensa que haja muita chance de encontrar alguém assim! Piedade verdadeira e mau humor não andam juntos. Temos de vigiar, pois o inimigo está pronto para roubar-nos e manter o cheiro de fogo sobre nós. Oh, que passemos pelas mais negras experiências e sejamos aqueles que são tão cheios do que ganhamos no fogo que o fogo fica em lugar secundário e que todos que se encontrarem conosco após a provação encontrem-nos “com gozo inefável e glorioso”!

Pode ser que alguns que lêem essas palavras não saibam do que estamos falando, desta “prova de nossa fé”. Tudo o que eu posso dizer a eles é: “Não se preocupe com isso. Apenas entesoure a palavra, pois, se você está andando com o Senhor, se você tem alguma fé para ser purificada, Deus irá purificá-la e, de algum modo, em algum dia, de alguma forma, você vai se encontrar no fogo e não terá como escapar. Esta não é a experiência de alguns santos especiais somente. O Senhor está por trás da purificação da fé de todo Seu povo, e você chegará ao dia do fogo. Quando isso acontecer, lembre-se que o Senhor quer que estas coisas [alegria inefável e cheia de glória e fé purificada] resultem disso. Não fique tão preocupado com o inimigo; ele não está no comando de nada. Em sua fúria e malícia, em seu ódio ele está fazendo certas coisas, mas Deus as está tornando em algo importante e as usando para aperfeiçoar aquilo que diz respeito a Ele e a nós, a fim de levar-nos ao fim que Ele deseja, que é a glória de Deus em nós.”

 

 

(Traduzido por Francisco Nunes do livreto “Nor… the smell of fire…”, publicado por Emmanuel Church, Tulsa, OK, EUA; 1a. Edição, 1994. A reprodução é permitida desde que o texto não seja alterado, essas informações sejam mantidas e seja usado em publicações gratuitas.)

1Da revista A Witness and A Testimony, jul-ago, 1949, pp. 86,87

2Segunda Guerra Mundial (N. do T.)

3Europa (N. do T.)

Categorias
Cristo Cruz Evangelho Martin Lloyd-Jones

Teologia do sangue (Martin Lloyd-Jones)

Há pessoas que odeiam aquilo que chamam de “teologia do sangue”. Mas não há teologia digna desse nome à parte do sangue derramado de Cristo. Nosso evangelho é um evangelho de sangue. Sangue é o fundamento. Sem ele, não há nada.

Sair da versão mobile