Este é o primeiro artigo da série Indicações de sexta de 2016. Ou, se você preferir, é o último de 2015, pois foi preparado dia 31 de dezembro.
Iniciamos essa série em 2015; às vezes, por motivos alheios a nossa vontade, não conseguimos publicá-la, mas sempre procuramos apresentar aqui alimento substancial para os sequiosos filhos de Deus.
O artigo de hoje é um pouco diferente de todos os outros. É um resumo de tudo o que pretendemos (falo em nome de todos os que têm trabalhado para produzir o Campos de Boaz, pessoas que serão formalmente apresentadas em breve) neste blogue. Tudo o que publicamos, todas as ênfases que desejamos dar com os artigos, todo o anelo por trás de nosso trabalho voluntário é despertar os filhos de Deus para amarem mais e conhecerem mais o Senhor Jesus, e para desejarem Sua volta.
Esses três itens estão intimamente ligados. Quanto mais O conhecemos mais O amamos, pois mais conhecemos quão digno de nosso amor Ele é. E, quanto mais O amarmos, mais desejaremos que Ele volte. Isso também implicará permitir que Seu morrer opere em nós. E, quanto mais morrermos para esse mundo, mais desejaremos que Ele volte.
Muitos cristãos, infelizmente, estão presos a este mundo, cegados para as verdades mais profundas e necessárias do Evangelho, enganados por falsos ensinos, seguindo lobos mal disfarçados de ovelhas. Por isso, oramos a fim de que, se ao aprouver ao Senhor, nosso trabalho sirva para despertar pelo menos um de Seus filhos. Se isso ocorrer, já nos sentiremos gratos e honrados por termos sido usados por Aquele que é o único merecedor de toda honra, glória e consagração.
Nosso desejo, expresso neste hino, é que Ele volte. Logo.
Hino que honra a Deus
Desde Betânia
Letra de Watchman Nee; música: Danny Boy (melodia tradicional irlandesa)
Letra em português
Desde Betânia
Desde Betânia, quando nos deixaste,
Saudade imensa inundou meu ser.
Não tenho mais tocado a minha harpa –
Como tocar, se a Ti não posso ver?
Na solidão da noite tão profunda,
Fico em silêncio e calmo a meditar
Nessa distância, pois de mim tão longe estás
E há quanto tempo prometeste regressar!
Sem lar, recordo Tua manjedoura,
Olhando a cruz não posso me alegrar.
E Tu me lembras o meu lar futuro,
Mas é a Ti quem mais quero encontrar.
Sem Ti não tem sabor minha alegria;
Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar,
Vazios são meus dias, pois aqui não estás.
Senhor, Te peço, não demores a voltar.
Embora aqui Tua presença eu goze,
De Ti saudade estou sempre a sentir.
Mesmo gozando o Teu amor imenso,
Anseio pelo dia em que hás de vir.
Mesmo na paz me sinto tão sozinho;
Por Ti suspiro em meio do prazer.
Jamais minha alma tem satisfação total,
Pois o Teu rosto amado não consigo ver.
Com sua terra sonha o peregrino,
Com sua pátria, o exilado, além.
Distante, o noivo pensa em sua amada.
De amados pais, saudade os filhos têm.
Assim também anelo ver Teu rosto,
Ó meu querido e amado Salvador.
Ah! se eu pudesse, agora, a Tua face ver!
Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?
Tu lembras que buscar-me prometeste,
E junto a Ti em breve me levar?
Mas tantos dias e anos já passaram,
Cansado estou e peço-Te lembrar.
Tuas pegadas vejo tão distantes,
E quanto tempo ainda vai passar?
Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador:
Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.
O dia nasce e morre, e assim as noites.
E quantos santos já não estão aqui
Tanto esperaram pela Tua volta,
E há muito tempo estão dormindo em Ti.
Ó meu Senhor, por que não Te manifestas?
Espesso véu está a Te ocultar –
Quantos remidos Teus estão a Te esperar!
Será que a nossa espera não vai mais findar?
Sei que também anseias por voltares
E arrebatar os redimidos Teus.
Por isso peço não mais demorares;
Depressa vem levar-nos para Deus.
Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama;
Não ouves Tua Noiva a Te chamar?
Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar:
“Amado Noivo, não demores a voltar!”
História
Esta letra foi escrita por Watchman Nee depois da invasão comunista na China, a qual resultaria em sua prisão em 1952 e da qual nunca foi libertado, ali morrendo vinte anos depois. O hino expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso, real, desesperado anelo pela volta do Senhor. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento.
Há variações da letra em diferentes fontes e, em muitas delas, o autor é dado como desconhecido. Há um doce galardão em não ser conhecido por ninguém a não ser pelo Senhor.
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que você precisa ler
É importante conhecer a impossibilidade do homem conhecer a Deus por seus próprios esforços. É a depravação total, aqui ensinada por Joel Beeke.
Qualquer cristão sincero reconhecerá que orar é difícil e manter uma vida de oração é ainda mais difícil. Este artigo de Mark Jones traz preciosa e prática ajuda para todo aquele que deseja orar.
Essa mensagem difere um pouco das que normalmente apresentamos aqui. No entanto, dada a seriedade do assunto, ela deve ser ouvida com atenção. O povo de Deus está sendo muitíssimo enganado e destruído por dar ouvido a esses falsos apóstolos modernos.
Hino que honra a Deus
Desde Betânia
Letra de Watchman Nee; música: Danny Boy (melodia tradicional irlandesa)
Letra em português
Desde Betânia
Desde Betânia, quando nos deixaste,
Saudade imensa inundou meu ser.
Não tenho mais tocado a minha harpa –
Como tocar, se a Ti não posso ver?
Na solidão da noite tão profunda,
Fico em silêncio e calmo a meditar
Nessa distância, pois de mim tão longe estás
E há quanto tempo prometeste regressar!
Sem lar, recordo Tua manjedoura,
Olhando a cruz não posso me alegrar.
E Tu me lembras o meu lar futuro,
Mas é a Ti quem mais quero encontrar.
Sem Ti não tem sabor minha alegria;
Doçura, encanto, aos hinos vêm faltar,
Vazios são meus dias, pois aqui não estás.
Senhor, Te peço, não demores a voltar.
Embora aqui Tua presença eu goze,
De Ti saudade estou sempre a sentir.
Mesmo gozando o Teu amor imenso,
Anseio pelo dia em que hás de vir.
Mesmo na paz me sinto tão sozinho;
Por Ti suspiro em meio do prazer.
Jamais minha alma tem satisfação total,
Pois o Teu rosto amado não consigo ver.
Com sua terra sonha o peregrino,
Com sua pátria, o exilado, além.
Distante, o noivo pensa em sua amada.
De amados pais, saudade os filhos têm.
Assim também anelo ver Teu rosto,
Ó meu querido e amado Salvador.
Ah! se eu pudesse, agora, a Tua face ver!
Té quando esperarei por Ti, ó meu Senhor?
Tu lembras que buscar-me prometeste,
E junto a Ti em breve me levar?
Mas tantos dias e anos já passaram,
Cansado estou e peço-Te lembrar.
Tuas pegadas vejo tão distantes,
E quanto tempo ainda vai passar?
Ansioso clamo a Ti, e peço, ó Salvador:
Oh, não demores! Vem, Senhor, me arrebatar.
O dia nasce e morre, e assim as noites.
E quantos santos já não estão aqui
Tanto esperaram pela Tua volta,
E há muito tempo estão dormindo em Ti.
Ó meu Senhor, por que não Te manifestas?
Espesso véu está a Te ocultar –
Quantos remidos Teus estão a Te esperar!
Será que a nossa espera não vai mais findar?
Sei que também anseias por voltares
E arrebatar os redimidos Teus.
Por isso peço não mais demorares;
Depressa vem levar-nos para Deus.
Ó vem, Senhor, a Tua Igreja clama;
Não ouves Tua Noiva a Te chamar?
Olhando o céu, saudosa, diz a suspirar:
“Amado Noivo, não demores a voltar!”
História
Esta letra foi escrita por Watchman Nee depois da invasão comunista na China, a qual resultaria em sua prisão em 1952 e da qual nunca foi libertado, ali morrendo vinte anos depois. O hino expressa o mais sublime, profundo, doce, saudoso, real, desesperado anelo pela volta do Senhor. Impossível não ler sem sentir o coração apertar, tanto de saudade do Senhor quanto de vergonha por não termos o mesmo sentimento.
Há variações da letra em diferentes fontes e, em muitas delas, o autor é dado como desconhecido. Há um doce galardão em não ser conhecido por ninguém a não ser pelo Senhor.
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que merecem ser lidos
Pornografia, caminho para o inferno, de Michael Pearl. Apesar de não concordar totalmente com o título, pois o caminho para o lago de fogo é não crer no Senhor Jesus, independentemente de qualquer outra coisa, o artigo é sério em alertar para a destruição que a pornografia faz.
Qual era o desejo de Deus para Adão e, por conseguinte, para os homens? DeVern Fromke apresenta esse importante tema em O plano do Pai é revelado.
Uma leitura superficial do discurso de Estêvão em Atos 7 pode fazer-nos pensar que se trata apenas de um longo discurso. No entanto, seu conteúdo é profundo e revelador sobre o propósito eterno de Deus revelado em Moisés e na história de Israel e cumprido em Cristo e Seu povo. Leia em A acusação contra Estêvão, sua defesa e seu martírio, de Robert Govett.
Mensagem que merece ser ouvida
O Propósito do casamento: destruindo visões populares de felicidade conjugal, por Paul Washer
Letra e música de Sarah Poultoun Kalley (25.5.1825 – 8.8.1907)
Direção Divina
As Tuas mãos dirigem meu destino.
Ó Deus de amor! Bom é que seja assim!
Teus são os meus poderes, minha vida;
Em tudo, eterno Pai, dispõe de mim.
Meus dias, sejam curtos ou compridos,
Passados em tristezas ou prazer,
Em sombra ou luz, é tudo como queres
E é tudo bom, se vem do Teu querer.
As Tuas mãos dirigem meu destino,
Por mim sangraram na infamante cruz;
Por meus pecados foram transpassadas
E nelas posso descansar, Jesus!
Nos céus erguidas, sempre intercedendo
As santas mãos não pedem nunca em vão;
Ao seu cuidado, em plena confiança,
Entrego a minha eterna salvação.
As Tuas mãos dirigem meu destino;
O acaso, para mim, não haverá!
O grande Pai é justo e benfazejo
E sem motivo não me afligirá.
Encontro em Seu poder constante apoio,
Forte é Seu braço, insone o Seu amor;
E ao fim, entrando na cidade eterna,
Eu louvarei meu guia e Salvador!
História
Sarah nasceu em Nottingham, Inglaterra, tendo ficado órfã de mãe quatro dias depois. Era aluna brilhante, boa pianista, pintora, poetisa e poliglota. Tinha grande habilidade para ensinar, e seu pai, que era superintendente da Escola Dominical, confiou-lhe uma classe de meninos, na Capela que ele construíra em Torquay, cidade para onde haviam se mudado. Sarah formou um curso noturno, ministrando, também, conhecimentos gerais aos jovens que trabalhavam durante o dia. Muito cedo, Sarah abraçou a fé cristã. Na casa do pai, muitas vezes, eram recebidos missionários vindos de terras distantes. Ela se interessava em ouvir sobre o trabalho, suas necessidades e o que fazer para diminuí-las. Então, criou uma classe de costura para moças, em que eram confeccionadas roupas para enviar aos campos.
Em fins de 1851, por causa da doença de um dos irmãos de Sarah, a família foi para a Síria encontrar-se com o dr. Robert Reid Kalley, viúvo há pouco tempo. O dr. Kalley imediatamente impressionou Sarah, que já ouvira falar de seu trabalho na Ilha da Madeira e das perseguições que sofrera. Sentia-se bem ouvindo-o explanar as Escrituras e com sua maneira de orar. Por sua vez, o médico ficou muito impressionado com o interesse e o entusiasmo que a jovem demonstrava pelo trabalho missionário estrangeiro. Em 14 de dezembro de 1852, o casamento deles se realizou na Capela em Torquay.
Por volta de 1854, nos Estados Unidos, o casal Kalley ficou sabendo bastante a respeito do Brasil e da carência espiritual de seu povo – o suficiente para que ambos aceitassem o desafio do trabalho missionário nesse país. Aqui chegaram em 10 de maio de 1855. Alugaram uma casa em Petrópolis (RJ), onde, no domingo 19 de agosto de 1855, Sarah ministrou a primeira aula bíblica a cinco crianças, contando a história do profeta Jonas. Nos domingos seguintes já funcionava, também, a classe de adultos dirigida pelo dr. Kalley. Aquela data é considerada a do início do trabalho evangélico no solo brasileiro e em língua portuguesa de caráter permanente. Sarah foi companheira fiel em tempo de sossego ou de perseguições, que foram muitas. Os opositores dos Kalleys insultavam-nos na Igreja, na rua e mesmo em casa. Tudo sofreram por amor à Causa que abraçaram, por conta própria, sem nenhum vínculo com alguma entidade missionária. Sarah participou da organização de Salmos e hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro, usado pela primeira vez em 17 de novembro de 1861, na Igreja Evangélica Fluminense. Muitos dos hinos ali contidos foram produzidos em colaboração com o esposo, ou são de sua exclusiva autoria, totalizando cerca de 200.
Em 1. de julho de 1876, o casal Kalley deixou definitivamente o Brasil, fixando residência em Edimburgo. Posteriormente à morte do esposo, ocorrida em 17 de janeiro de 1888, Sarah fundou, em 1892, a missão Help for Brazil (Auxilio para o Brasil), com o objetivo de cooperar, por meio do envio de obreiros, com as igrejas originadas do trabalho do esposo.
(Nota do editor: Para esse hino, também conhecido por “Direção divina”, há outra melodia, que considero mais bonita que essa, mas não encontrada em nenhuma gravação. Penso que esse hino seja uma oração adequada para os momentos em que não entendemos os perfeitos, mas misteriosos, caminhos de Deus. Foi o hino que consolou a mim e a minha filha, especialmente, durante os quatro anos de doença dela. E foi o hino que nos consolou quando uma querida irmã, muito próxima, dormiu no Senhor.)
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo melhor e para despertar em você mais amor por Ele.
É sempre importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: as indicações a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que merecem ser lidos
Você já teve dificuldades de explicar o relacionamento de Davi e Jônatas quando ele é usado como “apoio bíblico” para a prática do homossexualismo? Entao, leia este artigo de Wilson Porte e habilite-se a defender a fé escriturística e a condenação sobre o pecado.
Ainda sobre o assunto homossexualismo, este outro artigo de Wilson Porte desmonta a falácia de alguns que dizem que Romanos 1 não condena essa prática. Os homossexuais não são menos pecadores que o restante da humanidade, mas seu pecado é especialmente condenado nas Escrituras.
Você já deve ter-se deparado com mensagens falando das assim chamadas luas de sangue, as quais, segundo seus “seguidores”, sempre estão ligadas a fatos extraordinários na história de Israel. Por essa razão, a tétrade de luas de sangue desse ano seria um sinal do fim do mundo ou da volta do Senhor Jesus. Leia doisartigos de Hugh Ross, astrofísico cristão, que demonstra a bobagem dessa interpretação, tanto do ponto de vista científico quanto do bíblico. Os artigos estão em inglês.
A beleza da santidade, por A. W. Pink. Por que vale a pena ser santo? Por que a santidade é bela?
Mensagem que merece ser ouvida
O chamado para o arrependimento e a fé, por Paul Washer.
Hino que merece ser ouvido
O Love that wilt not let me go
Letra de George Matheson (1882) e música de Albert Lister Peace (1884).
Letra original
O Love that Will Not Let Me Go
O Love that wilt not let me go,
I rest my weary soul in thee;
I give thee back the life I owe,
That in thine ocean depths its flow
May richer, fuller be.
O light that followest all my way,
I yield my flickering torch to thee;
My heart restores its borrowed ray,
That in thy sunshine’s blaze its day
May brighter, fairer be.
O Joy that seekest me through pain,
I cannot close my heart to thee;
I trace the rainbow through the rain,
And feel the promise is not vain,
That morn shall tearless be.
O Cross that liftest up my head,
I dare not ask to fly from thee;
I lay in dust life’s glory dead,
And from the ground there blossoms red
Life that shall endless be.
Tradução para o português
Ó amor que não me deixas ir
Ó amor que não me deixas ir,
descanso minha cansada alma em ti;
eu te dou de volta a vida que devo a ti,
para que, nas profundidades de teu oceano, seu fluir
a faça mais rica, mais plena.
Ó luz que me seguiste por todo meu caminho,
eu rendo minha tocha bruxuleante a ti;
meu coração restaura o raio que de ti tomou emprestado
para que na chama de tua luz do sol seu dia
seja mais brilhante, mais justa.
Ó alegria que me procuras em meio à dor:
eu não posso fechar meu coração para ti.
Eu sigo o arco-íris no meio da chuva
E sinto que a promessa não é vã,
que a manhã será sem lágrimas.
Ó cruz que ergueste minha cabeça,
não me atrevo a pedir para voar para longe de ti.
Eu joguei ao pó a glória morta da vida
e, desse chão, irá florescer
a vida que será sem fim.
Versão em português
Amor que não me largas nunca
Amor! que não me largas nunca!
Minh’alma achou descanso em Ti;
Desejo dar-Te minha vida,
A Ti, de quem a recebi,
E só por Ti viver.
Ó Luz! que sempre me iluminas!
Por Ti, Senhor, eu posso ver;
E já que a luz celeste brilha,
Nenhum farol preciso ter,
Mas, sim, a luz do céu.
Ó Gozo! que minh’alma inundas!
Que penas Teu poder desfaz!
Na chuva ao ver um arco-íris,
Sei que a promessa cumprirás,
Que o pranto cessará.
Ó Cruz! Levantas minha fronte;
Alentas tu meu coração;
O sangue por Jesus vertido
Garante minha salvação
E dá-me paz com Deus.
História
George Matheson (27.3.1842–28.8.1906) nasceu com deficiência visual e, aos 15 anos, soube que estava ficando cego. Em lugar de ficar desencorajado com isso, matriculou-se na Universidade de Glasgow e graduou-se aos 19 anos. Aos 20, ficou completamente cego e resolveu entrar para o ministério, dedicando-se aos estudos teológicos.
Suas três irmãs o ajudaram nos estudos, de tal modo que aprenderam hebraico, grego e latim para poderem auxiliá-lo. Após formar-se, pastoreou igrejas na Escócia. Foi um dos mais destacados ministros de seus dias, servindo até 1899, quando teve de se aposentar por conta da precária saúde.
No dia em que uma de suas irmãs estava se casando, Matheson escreveu esse hino. Ele registrou a experiência em seu diário:
Meu hino foi composto na casa pastoral de Inellan na noite de 6 de junho de 1882. Eu estava sozinho naquele momento. Era o dia do casamento da minha irmã, e o resto de minha família foi passar a noite em Glasgow. Alguma coisa tinha acontecido para mim, que era conhecida apenas por mim, e que me causou o mais severo sofrimento mental. O hino foi fruto daquele sofrimento. Ele foi o mais rápido trabalho que já fiz na minha vida. Eu tive a impressão de ter sido ditado a mim por alguma voz interior mais do que de ter sido obra minha. Tenho certeza de que todo o trabalho foi concluído em cinco minutos, e estou igualmente certo de que nunca recebeu de minhas mãos qualquer retoque ou correção. Eu não tenho nenhum dom natural para ritmo. Todos os outros versos que escrevi são artigos manufaturados; esse veio como o amanhecer. Eu nunca fui capaz de expressar outra vez o mesmo fervor em versos.
Mesmo não tendo citado qual seria “o mais severo sofrimento mental” que sofrera, a história de Matheson permite deduzi-lo. Anos antes, ele estava noivo, quando soube que ficaria completamente cego. Então, perguntou à noiva se ela tinha disposição de estar ao lado de um homem que, além de cego, por quem os médicos nada podiam fazer, escolhera ser ministro do evangelho. Ela respondeu que lhe seria demais, que não tinha condições de viver daquele modo, e terminou o noivado com ele. Isso o entristeceu profundamente. Nos anos seguintes, aquela irmã que se casava tinha sido parte fundamental de seu ministério. Além de cuidar dele, ajudava-o a redigir seus sermões e a memorizar as Escrituras. Segundo pessoas que assistiam aos cultos, ninguém saberia dizer que Matheson era cego dada a facilidade com que recitava porções da Bíblia e pregava.
Agora, sua irmã não poderia estar mais com ele. Isso, provavelmente, tenha lhe trazido nova percepção de sua limitação, de sua dor, de sua insuficiência, nova lembrança dolorosa de que ele mesmo não tivera o prazer de casar-se. Então, Deus o lembrou que nunca o havia deixado, que uma luz mais real que aquela do sol o havia guiado todos os dias. E isso foi registrado nesse maravilhoso hino.
As aflições estão preparando para nós uma entrada amplamente concedida (2Pe 1.11), uma coroa de maior peso, uma veste mais branca, um descanso mais doce, um lar feito duplamente precioso por causa do longo exílio e dos muitos sofrimentos aqui embaixo.
Embora nossa milícia terrena possa ser desesperadora, ela não é para sempre. Não! Ela é breve, muito breve. Seu fim está próximo, muito próximo. E com o fim virão triunfo, honra e cânticos de vitória. Então, também, a paz se seguirá e o retorno do soldado desgastado na guerra para sua morada tranqüila.
Essa é a alegria do santo. Ele combateu o bom combate, ele terminou a carreira, ele guardou a fé. Desde agora, está guardada para ele a coroa da justiça (2Tm 4.7,8). Sua batalha acabou, e, a seguir, para ele há descanso e repouso.
Lar!
Sim, lar! E que lar para nós ao qual voltar e permanecer para sempre! O lar preparado antes da fundação do mundo. O lar de muitas mansões1. O lar mais próximo do trono e do coração de Deus. Um lar cuja paz nunca será quebrada pelo som de guerra ou de tempestade. Um lar cujo brilho jamais será encoberto pela mais remota sombra de uma nuvem.
Quão consolador ao espírito cansado pensar em um lugar de descanso tão perto de Deus, e que lugar de descanso na casa do Pai, onde não mais haverá fome nem sede, onde o sol não nos queima nem qualquer calor, onde o Cordeiro, que está no meio do trono, nos alimenta e nos leva às fontes das águas da vida, e o próprio Deus enxugará todas as lágrimas de nossos olhos (Ap 21.4)!
O tempo está chegando.
Os conflitos estão quase no fim.
Nossas lutas e tristezas estão perto de terminar.
Mais alguns anos, e nós devemos ou ser colocados para descansar tranquilamente ou levados para as nuvens, a encontrar o Senhor em Sua vinda.
Mais algumas mortes, e, então, seremos unidos em fraternidade eterna com todos os membros dispersos da família de Deus.
Mais alguns sóis devem nascer e se pôr, e, então, nós subiremos na força daquele Sol que nunca se põe (v. 23).
Os conflitos estão quase no fim. Nossas lutas e tristezas estão perto de terminar.
Mais alguns dias devem amanhecer e escurecer, e, a seguir, resplandecerá o dia sem fim.
Mais algumas nuvens devem se reunir sobre nós, e, depois, o mundo será sem sombras para sempre.
Mais alguns breves anos, e vamos entrar pelas portas na cidade, sentar sob a sombra da árvore da vida, alimentando-nos do maná escondido e bebendo do rio puro claro como cristal, que sai da trono de Deus e do Cordeiro (22.1)!
Mais alguns breves anos e veremos Sua face, e Seu nome estará sobre nossa testa!
Por ora, temos apenas o antegozo. O brilho completo está reservado, e sabemos que tudo o que é possível ou concebível do que é bom, justo e abençoado um dia será real e visível.
Depois de todo o mal vem o bem;
do pecado vem santidade;
da escuridão, a luz;
da morte, a vida eterna;
da fraqueza, a força;
do desvanecimento, a floração;
de podridão e ruína, beleza e majestade;
da maldição vem a bênção, o incorruptível,
o imortal, o glorioso, o imaculado!
Nossa porção presente, no entanto, é apenas a promessa, não a herança. A herança está reservada para o aparecimento do Senhor. Aqui vemos, mas através de um vidro escuro. Ainda não se manifestou o que havemos de ser.
Estamos agora somente como peregrinos, vagando na noite solitária, que vêem vagamente sobre o pico da montanha distante o reflexo de um sol que nunca se levanta aqui, mas que nunca se apagará nos “novos céus” a seguir.
E isso é o suficiente. Isso nos conforta e nos anima no caminho escuro e áspero. Não será necessário a seguir, mas é o suficiente agora.
Este deserto existirá até cruzarmos para Canaã. A tenda existirá até que a cidade eterna venha.
A alegria de crer é suficiente, até entrarmos na alegria de ver.
Estamos contentes com o “monte da mirra e o outeiro do incenso”, até que “refresque o dia e fujam as sombras” (Ct 4.6).
Lar!
Nota
1 Apesar do entendimento comum de que a expressão “Na casa de Meu Pai há muitas moradas” (Jo 14.2) se refere à Nova Jerusalém, ele não se ajusta à revelação de toda a Bíblia. A palavra traduzida por “mansões” na KJ e, corretamente, por “moradas” na ACF é usada duas vezes no NT, apenas por João. A segunda vez é no v. 23: “Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra, e Meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada”. (Aqui, a KJ já não usa mansão, mas morada.) O segundo versículo explica o primeiro: as moradas são aqueles que crêem. O Senhor Jesus disse: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também”. Ele não estava indo para o céu a fim de, ali, preparar lugar para os que crêem: Ele foi para o Pai (vv. 12,28), onde Ele já estava (vv. 11,20). Ele foi preparar lugar a fim de que os crêem pudessem estar onde Ele já estava: em Deus. Por causa do pecado, todos os homens ficaram “sem Deus no mundo” (Ef 2.12). “Mas agora em [não apenas por meio de] Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe [de Deus], pelo sangue de Cristo chegastes perto [de Deus]” (v. 13). “No qual [em Cristo] também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (v. 22). O cap. 15 de João enfatiza esta mútua habitação: os que crêem estão em Cristo e Cristo está nos que crêem. E Cristo está em Deus e Deus e Cristo estão naqueles que crêem. O Senhor Jesus, por meio de Sua morte, foi ao Pai, apresentando a Ele Seu sangue, o pagamento pelos pecados daqueles que estavam sem Deus. Então, Ele voltou, por meio do Espírito Santo, no Pentecoste, para unir a Si mesmo – e, por conseguinte, a Deus – os salvos, em quem Ele e o Pai passaram a habitar. Se imaginamos a Nova Jerusalém como uma cidade física, com mansões físicas e com uma rua de ouro física, estamos dizendo que Cristo morreu por uma coisa (por mais bonita que seja) e que essa coisa será Sua noiva (Ap 21.2,3). A Nova Jerusalém é um símbolo do povo redimido de Deus que com Ele habitará pela eternidade, não uma construção física de ouro e pedras preciosas. (N. do R.)
(Traduzido por M. Luca, revisado por Francisco Nunes. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe sejam úteis para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.
É importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado nem indicado em outros links ou em vídeos relacionados, etc; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
(letra de Elvina M. Hall [1865], música de John T. Grape [1868]. Baseado em Is 1.18; 1Pd 1.18,19; Ap 1.5,6)
Letra original
I hear the Savior say,
“Thy strength indeed is small;
Child of weakness, watch and pray,
Find in Me thine all in all.”
Refrain:
Jesus paid it all,
All to Him I owe;
Sin had left a crimson stain,
He washed it white as snow.
For nothing good have I
Whereby Thy grace to claim;
I’ll wash my garments white
In the blood of Calv’ry’s Lamb.
And now complete in Him,
My robe, His righteousness,
Close sheltered ’neath His side,
I am divinely blest.
Lord, now indeed I find
Thy pow’r, and Thine alone,
Can change the *leper’s spots [*leopard’s]
And melt the heart of stone.
When from my dying bed
My ransomed soul shall rise,
“Jesus died my soul to save,”
Shall rend the vaulted skies.
And when before the throne
I stand in Him complete,
I’ll lay my trophies down,
All down at Jesus’ feet.
Aqui está uma história real relacionada a essa canção:
Na noite de Ano Novo de 1886, alguns missionários estavam mantendo cultos ao ar livre, a fim de atrair os transeuntes a uma missão próxima, onde reuniões seriam realizadas mais tarde. “Tudo a Cristo eu devo” [outro nome pelo qual o hino é conhecido, por conta do verso All to Him I owe da estrofe. (N. do T.)] foi cantado, e, depois de ter dado uma breve palavra, um cavalheiro apressou-se para a missão. Ele logo ouviu passos atrás de si e uma jovem alcançou-o e lhe disse:
– Ouvi você pregar na reunião ao ar livre agora mesmo. Você acha, senhor, que Jesus poderia salvar uma pecadora como eu?
O cavalheiro respondeu que não havia nenhuma dúvida sobre isso, se ela estava ansiosa para ser salva. Ela lhe disse que era uma serviçal, e tinha deixado seu lugar de trabalho naquela manhã depois de um desentendimento com sua senhora. Enquanto ela vagava pelas ruas no escuro, imaginando onde poderia passar a noite, a doce melodia desse hino a havia atraído, e ela se aproximou e ouviu atentamente. Conforme os diferentes versos eram cantados, ela sentiu que as palavras certamente tinham relação com ela. Ao longo de todo o culto, ela parecia ouvir aquilo que sua alma oprimida tinha necessidade naquele momento. O Espírito de Deus lhe havia mostrado quão pobre criatura, pecadora e miserável ela era, e a levou a perguntar o que deveria fazer. Ao ouvir sua experiência, o cavalheiro a levou de volta para a missão e a deixou com as senhoras responsáveis. A jovem rebelde foi trazida a Cristo naquela noite. Um lugar para ela lhe foi dado na família de um ministro. Lá ela ficou doente e teve de ser levada para um hospital. Ela piorou rapidamente, e tornou-se evidente que ela não estaria por muito tempo mais na terra. Um dia, o cavalheiro que ela conhecera na noite de Ano Novo foi visitá-la na enfermaria. Depois de citar alguns versos adequados das Escrituras, ele repetiu o hino favorito dela: “Tudo a Cristo eu devo”, e ela parecia tomada com o pensamento de chegar à glória. Duas horas depois, ela dormiu no Senhor.
Poucos leitores ou mesmo estudantes da Escritura percebem muita força na defesa de Estevão, registrada em toda a sua extensão em Atos 7. Parece-lhes apenas uma citação desconexa de partes da história patriarcal e israelita, tendo pouca ou nenhuma influência sobre as acusações feitas contra ele. Eles pensam também que, muito provavelmente, a defesa foi interrompida antes de chegar à conclusão pretendida pela violência provocada ou que se iniciava. Portanto, eles são incapazes de perceber por que os inimigos de Estêvão estavam tão exasperado com o discurso.
Com a ajuda do Senhor, o Espírito, penso ser capaz de conduzir o leitor a um tal ponto de vista que ele possa perceber que a defesa do mártir é cheia de vigor, dando forte testemunho contra os pontos de vista de seus acusadores e uma real e triunfante refutação de suas acusações.
Estêvão era um dos sete judeus de língua grega designados pela igreja em Jerusalém e pelos apóstolos para atender à nova tarefa emergencial, que surgiu da necessidade de suprir as necessidades das viúvas helenistas daquele dia (cap. 6). Estêvão era um dos novos diáconos; mas, além disso, ele operou muitos prodígios e milagres. Ele foi levado à discussão com os judeus do partido contrário a Cristo. Provavelmente, a discussão se deu na sinagoga dos libertinos (v. 9)1; e, ao que parece, o desafio se originou com eles.
No conflito, Estêvão provou-se vitorioso, pela sabedoria e pela graça do Espírito Santo que lhe foram dadas. Isso desagradou o partido derrotado, e seus membros procuraram matá-lo. É mais fácil matar um homem de Deus do que refutar os argumentos que ele deriva das Escritura.
Eles o acusaram, então, de blasfêmia contra Moisés e contra Deus. Eles o apresentaram perante o conselho religioso da nação e trouxeram contra ele falsas testemunhas que afirmavam: “Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar [o templo] e a lei. Porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu” (vv. 13,14).
A resposta de Estêvão nos apresenta, de modo indireto, os argumentos geralmente utilizados pelos judeus que se opõem ao Messias. Vemos neles os homens da carne e da lei, cheios de justiça própria, confiantes de serem melhores do que seus pais e com direito de esperar o cumprimento das bênçãos prometidas a Israel por Moisés e os profetas (Lc 18.9; Mt 23.30). Nós os vemos aqui esperando um Messias reinante e recusando o Sofredor. Entre os acusadores de Estêvão estavam saduceus, homens que criam que as únicas recompensas e punições eram recebidas nesta vida; a imortalidade do homem era, para eles, apenas um dogma dos fariseus. Esses homens podiam mediria a criminalidade de cada pessoa pela história dela. Se um problema se abatia sobre alguém, isso era uma prova de culpa e de que ele era recusado pelo Altíssimo (Lc 13.1-5).
Assim, os argumentos dos oponentes judeus de Estêvão tinham a seguinte forma:
“Jesus não é o Cristo.”
“Como Ele pode ser o Messias se nunca recebeu de Deus o trono e o cetro prometidos ao Filho de Davi (Sl 72; 89)? Jesus falou muitas vezes sobre o reino de Deus, mas este nunca veio (Lc 17.20). Se Ele fosse o profeta como Moisés, como Seus amigos afirmam, Ele teria tido a confiança de Israel e teria provado ser o Libertador de Israel, como Moisés foi (cap. 24). Agora, pelo contrário, quando foi preso e condenado, Ele nunca se livrou da maldita e cruel morte da crucifixão. Deus não liberta sempre Seus amados servos quando estão em dificuldades e em perigo de morte? Não foi prometido que o Messias seria coberto pela mão de Deus, salvo e exaltado (Sl 91.14,15; 41)?”
“Não foi prometido nas Escrituras que os inimigos do Messias seriam cortados (Sl 89.23; 72.9; 97.3)? Como veio a acontecer, então, se Jesus era o Messias, que os discípulos de Moisés que resistiram a Suas reivindicações e mataram o povo Dele não foram destruídos por juízos miraculosos, como os profetas anunciaram.” A partir dos apelos feitos a Jesus na cruz, vemos que esse argumento era considerado muito poderoso e satisfatório. Passantes, escribas, anciãos, sumos sacerdotes, espectadores, soldados, os ladrões, todos, judeus e gentios, juntaram-se a desafiá-Lo a descer da cruz e a salvar-se, se Ele fosse verdadeiramente o Cristo, o Rei de Israel, o Filho de Deus (Mt 27.39-44; Lc 23.35-46). Era de supor, portanto, que Sua morte tenha sido a destruição de Suas pretensões.
Outro argumento contra as reivindicação de nosso Senhor era fundado sobre a decisão judicial de Sua própria nação contra Ele. “O sábio, o douto, o poderoso haviam rejeitado Suas alegações e deram a sentença de morte contra Ele. Escribas e sacerdotes em seu concílio O condenaram como blasfemo. E a lei dizia que a decisão dos sacerdotes e dos juízes em Jerusalém devia ser considerada infalível (Dt 17.8-11). Ele foi justamente condenado à morte, então, por ser um enganador (Mt 27.63; Jo 7.48).” Esse argumento também foi considerado de grande peso, como podemos ver pelo discurso dos dois discípulos de Emaús indo. “Jesus”, eles disseram, “foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. No entanto, os principais sacerdotes e governantes O entregaram aos romanos para ser condenado à morte e O crucificaram. Se Sua própria nação O rejeitou como impostor, como Ele poderia ser o Messias? O povo do Messias seria de súditos voluntários, como o salmista declarou” (Sl 110; Lc 24.19-21).
“Como Ele poderia ser o Messias, se Ele ameaçou destruir o templo e mudar os costumes de Moisés? Não foram todos os reis piedosos da linhagem de Davi zelosos com a manutenção de toda a lei, restaurando-a quando ela caía em desuso?”
“Por fim, como poderiam os cristãos ser ‘os filhos do reino’ do Messias, como eles pretendiam, quando eles eram desprezados, detidos e despojados? Em vez de serem exaltados, eles estavam perdendo até mesmo os privilégios que haviam conquistado pela lei de Moisés. Se Jesus fosse de fato seu Cabeça, como diziam, por que Ele não os defende? Por que Ele não os vinga daqueles que os maltratam? O que havia acontecido com Ele? Se Ele havia ressuscitado, por que não se mostra, para que pudessem vê-Lo e confessá-Lo como de fato ressurreto?”
Agora, o discurso de Estêvão transmite, principalmente na forma de narrativa, uma resposta àqueles argumentos, e a outros semelhantes. Visto desse ponto de vista, sua defesa é uma rajada bem dirigida – cada tiro é o que disse – e derrubando irresistivelmente seus oponentes.
O mártir toma a história de Abraão, de José e de Moisés, e por essas duas ou três testemunhas estabelece cada palavra.
1. Primeiramente, toma o caso de Abraão.
O que Israel pensa acha dele? Que ele era “o amigo de Deus, o grande e justo cabeça de sua nação, seu pai, fonte das promessas feitas a si mesmo e à nação”.
Se agora vamos julgar pelas circunstâncias, como eles iriam provar seu ponto de vista a partir da vida de Abraão?
O Altíssimo começou tirando-o de seu país, parentes e amigos. Abraão devia deixara a todos por uma terra estrangeira, da qual ele não sabia de nada. Deus prometeu-lhe que a (a) terra seria dele e que uma (b) posteridade numerosa quanto a areia da terra e como as estrelas do céu lhe seria dada.
O Altíssimo cumpriu essas promessas feitas a ele?
(a) Será que Ele lhe deu a terra da Palestina como sua posse? “E não lle lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé” (At 7.5).
Ele prometeu a terra à sua descendência. Israel obteve isso? Ou Jacó? Ou os doze patriarcas?
(b) Ele viu o cumprimento de uma inumerável descendência? Por longos anos, ele não teve filho (v. 5).
O que Deus diz sobre a descendência de Abraão? “A sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão e a maltratariam por quatrocentos anos” (v. 6).
Como, então, eles deviam julgar Abraão, se usassem com ele a mesma medida que usaram com Jesus Cristo? Eles deveriam dizer: “Ficou claro que Abraão foi iludido ou era um impostor, pois ele não havia ainda apreciado as promessas que ele imaginou que o Todo-Poderoso lhe havia feito!”
Mas, se o tratamento da descendência de Abraão por 400 anos foi tão grave como predito, então, isso era prova de que os crentes em Jesus como o Cristo não foram iludidos, porque eles foram afligidos e perseguidos em sua própria terra, e por mais tempo que aquilo.
A seguir, não há nenhuma prova contra Jesus ser o Herdeiro individual e o Cabeça prometido da descendência de Abraão, por Ele ter sido recusado e rejeitado até a morte.
Como eles poderiam responder? “Nós admitimos tudo isso, mas outra era está vindo, em que Abraão, Isaque e Jacó serão ressuscitados dentre os mortos, e a descendência deles irá, então, desfrutar a terra e se tornar inumerável, enquanto outras promessas serão cumpridas para eles, que estão incluídos no reinado do Messias, o grande Herdeiro de Abraão. Além disso, Deus prometeu, no exato momento em que ratificou a aliança com Abraão, que Ele julgaria a nação que os perseguiu e os tiraria de sua servidão para servi-Lo em riqueza e liberdade.”
Para esse argumento, a resposta era facilmente evidente.
“Nós, cristãos, concordamos com vocês. Mas, se o tempo futuro de retribuição e do cumprimento das promessas serve no caso de Abraão, serve para nós também. Nós também dizemos: “O julgamento é vindo sobre aqueles que perseguem a descendência espiritual de Abraão, os filhos de sua fé. E os verdadeiros filhos de Abraão devem ter uma maior libertação e melhores riquezas do que aqueles do Israel resgatado do Egito. Assim, afinal de contas, Jesus pode ser o herdeiro de Abraão, a semente a quem a promessa foi feita (Gn 15.18). Jeová deu um símbolo do tempo de angústia que devia preceder a libertação, o qual deve confirmar nossa fé: quando o pacto foi ratificado, um forno de fumaça precedeu a tocha de fogo (v. 17). Ou seja, a fornalha de tijolos e o rigor do Egito deveriam preceder o glorioso livramento (Dt 4.20; Is 62.1). Muito longe de a presente perseguição provar que nós e nosso Senhor não somos a descendência de Abraão, ela é, na verdade, uma prova a nosso favor!”
Também a observação de Estêvão, de que o Deus da glória mostrou-se a Abraão, na Mesopotâmia, muito antes de habitar em Canaã, é uma refutação inicial da idéia deles de que o culto a Jeová só poderia ocorrer na terra santa e na cidade santa.
O mártir, a seguir, fala do pacto da circuncisão (Gn 17), que se seguiu ao primeiro pacto (cap. 15), e, então, traça a linha da posteridade circuncidada de Abraão até José.
2. José
“O que vocês, hebreus, pensam de José?”
“Ele era grande e sábio, o favorecido de seu pai e de seu Deus, governante do mundo e libertador de Israel em tempo de extrema necessidade. Ele também era amado por Deus, como testemunham os sonhos que falavam de sua grande exaltação, e que, como enviados do céu, foram por fim cumpridos.”
Mas o que dizer de sua história terrena, tanto no meio da própria família como com os gentios?
“Os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito” (At 7.9). Eles o odiavam, e nem sequer conseguiam falar pacificamente com ele. No Egito, ele é falsamente acusado, contado com os transgressores e enfiado na prisão por seu mestre gentio. O que vocês dizem dele agora? Esses problemas tão repetidos e que continuaram por tanto tempo não provam que ele fora rejeitado por Deus! Quando seus irmãos disseram: “Eis lá vem o sonhador-mor! Vinde, pois, agora, e matemo-lo e lancemo-lo numa dessas covas, e veremos que será de seus sonhos” (Gn 37.19,20), qual foi o partido aprovado? Quem foi condenado por Deus: os onze chefes da nação ou José? “Deus era com ele” (At 7.9; cf. Gn 39.2,3,21,23).
O homem rejeitado era o homem aprovado por Deus. Portanto, a mesma conduta por parte de Israel contra Cristo, incitada pelo mesmo espírito de inveja, não é prova de que Jesus não é o Cristo, o Filho amado de Deus (Mt 27.18; Mc 15.19). José foi vendido por vinte moedas de prata (Gn 37.28); Jesus, por trinta (Mt 26.15). José foi entregue aos midianitas; Jesus, aos romanos.
Será que aflição e humilhação provam que José foi abandonado pelo Altíssimo? Se isso não aconteceu, não pode a mesma aflição ser usada como argumento contra Jesus. Deus não apenas estava com José, mas “livrou-o de todas as suas tribulações e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa” (At 7.10).
Talvez, então, pode ser verdade que Jesus desprezado, vendido, falsamente acusado por Seus irmãos, pode não só ter sido livrado de todas as Suas provações pela ressurreição, mas ter sido promovido no alto diante do Rei dos reis, para ser governante do mundo e Senhor da família de Deus, tanto de anjos como de homens! José, rejeitado por sua própria família, e esquecido, encontrou casa e glória no Egito. Jesus, desprezado como “um sonhador” por Israel, foi, no entanto, considerado supremamente sábio pelo Governante da terra e do céu!
A primeira metade da vida de José é fortemente marcada pela aflição. “Até ao tempo em que chegou [se cumpriu] a sua [de José] palavra, a palavra do Senhor o provou” (Sl 105.19). A segunda metade foi gloriosa como nunca vista anteriormente, e sem interrupção. Não poderia, portanto, ser assim um dia com o rejeitado Nazireu também?
Vocês dizem: “Como Ele pode ser o Messias e Libertador de Israel se não pôde livrar a Si mesmo da degradante morte da crucificação?” Tentem o mesmo raciocínio com José! Ele poderia ser o exaltado de Deus e o libertador de sua nação e do mundo que não podia se livrar de ser lançado em um poço, de ser vendido por menos do que o preço de um escravo e ser jogado num calabouço como um malfeitor sob falsa acusação?
Logo veio o juízo sobre seus perseguidores. A fome os assaltou. O Egito era o único país onde se podia obter comida. Isso os trouxe involuntariamente às mãos de José. Ele era dono da vida e da fortuna deles, e estava ciente disso. Talvez isso seja uma tipologia de um dia por vir, o dia da Grande Tribulação, quando Israel lançará suas esperanças no Messias e vai pedir Sua ajuda e Sua vinda, ignorante de que Jesus é o Messias.
Na segunda vez em que os patriarcas foram a José, este se revelou a eles, e deu a conhecer sua parentela a Faraó.
Assim também, Jesus, o rejeitado em Sua primeira vinda, pode, em Sua segunda vinda, fazer-se conhecer a seus irmãos de Israel e perdoá-los, enquanto Ele os estabelece no alto das nações do mundo e os reúne em sua própria terra.
Jacó e os outros patriarcas morreram no Egito, nunca recebendo a posse da terra da promessa. Eles tiveram uma tumba em Canaã.2 Eles eram apenas peregrinos e estrangeiros. Não seria maravilhoso, então, se os cristãos ocupassem o mesmo lugar de fé? Pois Israel e Jerusalém agora se tornaram Egito (Ap 11.8). Então, Deus começou a cumprir Sua profecia a Abraão com respeito às aflições e escravidão do povo no Egito. Seu aumento além da medida provou que Deus não se esqueceu deles. No entanto, esse aumento foi o motivo de sua aflição. Ele fez o Egito e seu rei muito ciumento deles. Talvez, então, o rápido crescimento dos cristãos naqueles dias fosse a prova de que Deus estava com eles, e as aflições que suportaram não fosse uma prova contra eles, mas, sim, uma evidência de que eles eram a verdadeira semente de Abraão, abençoados por Deus conforme a promessa, e prestes a serem libertados.
3. Moisés
Chegamos agora à história crítica de Moisés.
O que dizer de Moisés? “Ele era o chefe e mais fiel dos servos de Deus, o maior dos homens. Deus o amava e falou face a face com ele, e colocou Sua glória sobre o semblante dele.”
Apliquem agora a Moisés o mesmo princípio pelo qual vocês condenaram Cristo. O que vocês teriam pensado dele, se o julgassem pelas circunstâncias de sua vida?
Que ele foi rejeitado por Deus! Embora tenha liderado sua nação com a esperança da terra que manava leite e mel, ele próprio ficou fora dela pela decisão judicial de Deus. Isso não põe por terra o que vocês pensam de Moisés? Nem desfaz um pouco seu ponto de vista sobre Cristo?
Mas vamos com Estêvão entrar mais particularmente nessa história.
1. Moisés nasceu quando o momento da libertação prometida se aproximava, mas ele estava em perigo desde o nascimento. Jesus, por Sua vez, nasceu em circunstâncias em que não havia nenhuma prova contra Ele, mas, sim, uma evidência de que Ele era o predito profeta como Moisés, a quem Ele começou a se assemelhar a partir do momento de Seu nascimento.
Moisés “era mui formoso”, ou “formoso para Deus”, como trazem algumas traduções (At 7.20). Não foi Jesus muito mais reconhecido por Deus, como comprovado pelo cântico dos anjos que glorificaram o Altíssimo no nascimento Dele? E o que dizer do testemunho de Jeová em Seu batismo? “Tu és o Meu Filho amado em quem Me comprazo” (Mc 1.11).
“Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em suas palavras e obras” (At 7.22). Jesus foi grande em sabedoria, de modo que surpreendia a todos os que O conheceram, embora a houvesse adquirido sem ensino humano (Mt 13.54). Jesus é descrito pelos dois discípulos que iam para Emaús como “homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo” (Lc 24.19).
Moisés, caso quisesse, poderia ter morado na casa do rei, muito acima das aflições que se abateram sobre seu povo; e seria uma maneira justa de estar próximo ao trono do Egito, se não no próprio trono. Mas seu coração de compaixão enternecia-se por seus irmãos oprimidos. Ele deixou, então, de forma voluntária, sua glória para tomar parte com o povo aflito de Deus, quando ele tinha 40 anos, e plenamente competente para pesar as conseqüências dessa escolha. Não pode, então, ser Jesus o Profeta como Moisés, se Ele desceu de um trono mais elevado, movido pela compaixão por Israel e o mundo? Será que eles admiram Moisés por sua condescendência desinteressada? Por que, então, não admirar Jesus também pela mesma razão?
Isso não foi tornar-se um profeta como Moisés, embora ainda fosse superior a ele?
Moisés, empenhado com o bem-estar de seu povo, em uma ocasião deu um passo adiante, por meio de um ato público, para testemunhar quão completamente ele havia tomado o lado de Israel. “E, vendo maltratado um deles [israelitas], o defendeu e vingou o ofendido, matando o egípcio” (At 7.24). Não foi a conduta de Jesus como essa, quando Ele avançou para libertar Seu povo da escuridão espiritual, para resgatá-lo da doença e para mostrar Seu poder sobre Satanás e a morte? “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Jesus a ninguém feriu com a morte3, mas Ele libertou os oprimidos por demônios e venceu o príncipe deles.
Moisés ficou desapontado em sua tentativa de envolver-se com as aflições de seu povo. “E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade [salvação, na tradução usada pelo autor] pela sua mão, mas eles não entenderam” (7.25). A causa de Jesus foi assim também! Deus estava dando uma salvação superior para Israel e para o mundo, e Jesus iria fazê-los conhecê-la, mas eles não a perceberam! Talvez esse tenha sido o tempo predito da cegueira dos filhos de Israel, quando eles deveriam ver o Messias e Suas obras e não O receberem, deveriam ouvir Suas palavras de sabedoria e não as compreenderem (Is 6).
Temos, a seguir, a descrição da crise do esforço de Moisés. Seu próprio povo estava dividido, a parte injusta prevalecendo (At 7.26). Ele alegremente teria removido as discórdias [entre os israelitas], como um primeiro passo para o salvamento deles. Mas o que fazia mal a seu próximo rejeitou-o, tanto por palavras como por obras. Ele repeliu Moisés e negou sua missão de libertação, reprovando Moisés com próprio ato deste a favor de seu compatriota. Não seria, então, que a bondade e a graça de Jesus com respeito a Israel tenham sido de igual modo incompreendidas pela nação e seu propósito de redimi-la, recusado pela seita orgulhosa e opressora dos fariseus? Não que, em certo sentido, a censura lançada contra Moisés possa ser dirigida contra os judeus. Quando foi solicitado a dividir uma herança entre dois irmãos em desacordo, Jesus se recusou, com palavras como este opositor de Moisés: “Homem, quem Me pôs por juiz ou repartidor entre vós?” (Lc 12.14). Moisés, pela justiça, matou o egípcio. Cristo, na graça, libertou alguns da morte e curou a orelha ferida de um de Seus perseguidores. Moisés foi censurado por seu ato de graça com respeito a Israel, um ato que colocou sua vida em perigo? E não foi a morte de Cristo instigada por ter Ele ressuscitado Lázaro dentre os mortos? Por outro lado, Ele foi insultado na cruz por Seus inimigos com: “Salvou os outros e não pode salvar a Si mesmo” (Mc 15.31).
Qual dos dois partidos, então, eles [os judeus que ouviam Estêvão] diriam estar certo em palavras e atos na primeira ocasião? Moisés? Ou Israel? “Moisés!”, eles responderiam. Talvez, então, a rejeição a Jesus por parte da nação era como o mal nos dias deles, como a recusa de Moisés tinha sido nos dias de outrora!
Poderia Deus amar Moisés e estar com ele, apesar da rejeição nacional? Isso não pode ser verdade com respeito a Jesus? É a Pedra rejeitada, rejeitada pelos construtores cegos de Israel, que um dia será a Pedra de esquina.
Desse modo, Moisés, rejeitado, está em perigo de vida e foge. Por 40 anos, ele se demora em outra terra; ali encontra uma esposa e tem uma família. Jesus rejeitado poderia ter fugido, mas, por amor a outros, entregou Sua vida. Enquanto não está pronto, Israel se afasta para outra região, onde é gratamente recebido. Se Jesus deve se afastar de Seu povo por um tempo maior do que o de Moisés, Ele ainda seria o único semelhante a Seu antecessor, e Sua ausência de Seu povo cego e oprimido não seria nenhuma prova contra Sua missão divina, mas, sim, a favor dela.
Avançamos para a segunda e, desta vez, bem-sucedida visita a Israel. “E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinais, numa chama de fogo no meio de uma sarça” (At 7.30). A primeira aparição de Deus a Abraão originou a dispensação patriarcal. Essa aparição de Jeová a Moisés originou a dispensação mosaica.
De Moisés se pode dizer que sua primeira tentativa de libertar Israel havia sido prematura. Ele agiu provocado por seus sentimentos naturais, não endossado por qualquer comissão sobrenatural de Deus. Foi apenas na segunda ocasião que milagres lhe foram dados, e, assim, ele foi bem-sucedido.
Mas da missão de Jesus isso não poderia ser dito. Deus apareceu a Jesus em Seu batismo. O novo nome de Deus, como Pai, Filho e Espírito, estava lá exibido no ato. Moisés foi obrigado a perguntar o nome de Deus que ele deveria apresentar a Israel; Jesus estava ciente dele: Ele é o Filho. Moisés tem medo, e é avisado para não se aproximar sem preparação. Jesus não tem medo, e sobre Ele o céu se abriu e o Espírito desceu e repousou sobre Ele. Não há aqui um maior do que Moisés?
Mas se for dito: “O aparecimento de Moisés teve lugar depois de sua rejeição e de sua fuga”, nós ainda encontraremos novas semelhanças que se revelam e novas superioridades. Pela intercessão do Cristo ascenso, como Pedro testemunha, o Espírito Santo, como o anjo (ou O enviado) do Senhor, desce em fogo sobre os discípulos do Cristo rejeitado. Não poderiam eles, então, ser a sarça que queimava, mas não se consumia? Moisés se maravilhou da visão. E não se maravilharam os homens de Israel vindos de todas as nações, quando o Espírito Santo desceu em vento e fogo, deu aos 120 que falassem novas línguas, enquanto línguas de fogo que não consumia estavam sobre a cabeça deles? Do fogo da sarça saiu a voz de Jeová, testificando que Ele era o Deus dos pais. Não podem, assim, os testemunhos dos apóstolos inspirados serem verdade: que essa nova manifestação veio do Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (At 313,25; 5.30; 22.14).
Onde foi que aconteceu essa manifestação de Deus nos dias de Moisés? Na Terra Santa e em seu templo? Não, mas antes de qualquer tabernáculo ou templo terem sido construídas, no deserto da Arábia! Por que, então, eles [os judeus que apedrejavam Estêvão] deviam imaginar, que a revelação de Si mesmo que Deus fazia fora confinada ao templo ou que Ele era obrigado a morar apenas lá? Não foi essa aparição de Deus no deserto a Moisés que anulou quaisquer antigos locais de moradia de Deus, se eles existissem? Então, não poderia ser verdade que a Igreja de Deus, Sua casa de pedras vivas [e obedientes4], fosse o lugar de Sua morada atual, deixando de lado o templo de Herodes?
Enquanto Moisés era rejeitado, Israel continuava sob opressão dos gentios. Então, não pode ser verdade, se Jesus fosse o profeta como Moisés, e superior a ele, que Israel pudesse continuar cego em relação a Deus e oprimido por homens, enquanto rejeitar Jesus, por mais longo que esse tempo possa ser?
“Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito” (At 7.34).
“A este Moisés, ao qual eles haviam negado, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz?, a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça” (v. 35).5
A nação negou Moisés e o afastou. Negou-o naqueles exatos aspectos em que, como ele viu, o Deus de Israel desejava usá-lo. A nação estava certa em sua negação? Eles [os contemporâneos de Estêvão] diziam: “Não!” Não pode, então, a nação estar errada em outra negação, esta diante de Pilatos? O Espírito Santo os acusou disso: “”O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou Seu Filho [servo6, na versão usada pelo autor], Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes7, tendo ele determinado que fosse solto. Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos” (3.13-15). Não poderia, então, Jesus, apesar de ser o rejeitou de Israel, ser, no entanto,o Escolhido de Deus? Ainda que vos, ó homens de Israel, diante de Pilatos tenhais rejeitado a Jesus como seu rei, Ele não pode ainda ser o Rei eleito de Deus? A boa vontade de Deus e Seu conselho para o futuro não foram mais plenamente declarados na ressurreição de Jesus dentre os mortos do que na extensão da vida de Moisés? Sim! Jesus é, portanto, declarado ser o Juiz de todos (10.42; 17.31). Talvez, então, Jesus seja o libertador de há muito esperado! Sua rejeição por parte dos grandes homens de Israel fez os dois no caminho de Emaús vacilarem. Mas o Salvador rapidamente os endireitou: “Porventura não convinha que o Cristo padecesse [primeiro] estas coisas e [então] entrasse na Sua glória?” (Lc 24.26). Não deveria a Pedra que seria a Pedra de esquina ser primeiramente rejeitada pelos sábios construtores de Israel? Na rejeição de Moisés por Israel, a quem isso condena? A Moisés? Ou a Israel? Talvez, então, a condenação deles a Jesus não era além da luta de Israel contra o Escolhido de Deus, e uma condenação de si mesmo!
Moisés, no trabalho de libertação, não estava sozinho. Uma Pessoa Divina participou com Seu mandamento divino para organizar tudo e para acabar com todo o poder humano com a força divina. E não foi a mesma coisa, em parte, mostrada quando o Espírito Divino, no batismo de Jesus, desceu sobre Ele? Então, Ele começou a agir publicamente na sabedoria e no poder de Deus. Isso não foi algo superior à comissão de Moisés no deserto? E o que havia acontecido depois disso? Não tinham ouvido todos de Jerusalém a respeito da descida do Espírito Santo no Pentecostes, em vento e fogo? E da sabedoria divina e do poder de milagres que se seguiram, atestando, então, de Jesus como o Libertador ascenso?
“Foi este [Moisés] que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho e no deserto por quarenta anos” (At 7.36).
Repetidamente, aquele que fala [Estêvão] justapõe, a sua contrariada audiência, a identidade do Escolhido de Deus com a daquele que foi negado pelos pais! Eles [os israelitas do passado] falaram de Moisés naquele dia de outrora com desprezo: “Este Moisés” (v. 35). Agora, eram homens dos dias de Estêvão que, com desprezo similar, tratavam o Senhor da glória: “Esse Jesus Nazareno” (6.14). Nos dias de Estêvão, a nação inteira se levantou para vingar no mártir um suposto desrespeito contra Moisés, embora, mesmo sem nenhuma palavra pronunciada! Talvez, então, um dia as coisas possam se inverter no que dizem respeito a Jesus, e a nação possa adorá-Lo e regozijar-se Nele como seu libertador a quem seus pais perseguiram e mataram!
Moisés, que na primeira aparição a Israel não operou nenhum milagre, na segunda ocasião não veio armado com o poder de realizar sinais e maravilhas? Como, então, não pode ser crido que Jesus, o qual em Seu primeiro apelo a Israel mostrou sinais e maravilhas maiores e mais numerosos do que os de Moisés, opere prodígios ainda maiores na ainda futura libertação de Israel?
Por um período de 40 anos, milagres no Egito, no Mar Vermelho e no deserto ocorreram. Não pode, então, haver um período em que, de acordo com o pacto de maravilhas feito com Moisés (Êx 34), a mão de Deus fira e resgate pelo poder de Jesus seja vista?
“Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor, vosso Deus, vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis” (At 7.37).
Moisés, o outrora rejeitado de Israel, predisse um profeta que seria como ele. Ele seria como Moisés em poder, em caráter e em história. Talvez, então, Moisés tenha dado a entender que o Profeta que viria a seguir e que seria como ele seria semelhante a ele também ao ser rejeitado por Israel em Sua primeira aparição! Se assim for, essa rejeição a Jesus por Sua nação não era nenhuma prova contra Sua missão dada por Deus, mas, sim, uma testemunhaa seu favor! Moisés pôde testemunhar dos filhos de seu povo que eles tinham sido rebeldes contra o Senhor desde que os conhecera (Dt 9.7). Talvez o profeta que fora predito teria o mesmo testemunho a dar, um testemunho não aplicável a Sua própria condenação, mas para a condenação de Israel!
“A Ele ouvireis” (At 7.37).
Oh! Então, esse novo profeta deveria ser também um doador de lei, um emitente de mandamentos divinos! Talvez esses mandamentos possam ser uma revogação de alguns ou de todos aqueles de Moisés! Então, não seria blasfêmia contra Moisés testemunhar que o profeta que ele predissera havia chegado e que o novo profeta deveria ser ouvido, de preferência ao velho. Moisés não mudara os costumes dos pais? Para ser como Moisés, então, Jesus deveria mudar os deles [os contemporâneos de Estêvão]!
Moisés era manso? Jesus foi ainda mais manso. Certa vez, Moisés, sob forte provocação, orou contra seus oponentes. Jesus permitiu aos Seus que procedessem a flagelação, as cuspidas, as zombarias e a crucificação!
Nesse ponto, o mártir se volta contra seus acusadores com imensa força: “Vocês me acusam de blasfêmia contra Moisés. Vocês lhe obedecem? Vocês não estão em evidente oposição a ele? Ele predisse um sucessor para si mesmo, que seria guia e legislador para Israel. Vocês O rejeitaram; mais que isso, vocês O negaram e mataram. Você falam Dele com desprezo. Agora, em tudo isso, vocês não estão sendo testemunhas contra si mesmos? Seus pais não lançaram sobre Moisés as mesmas provocações que vocês lançam contra Jesus? Jesus, então, é o profeta como Moisés; é como ele em história e na comissão dada por Deus; é como ele em caráter é como ele também em sua rejeição por Israel.”
“Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar” (At 7.38).
A glória de Moisés foi vista não só na libertação de Israel, mas em sua presença com a congregação de Deus durante os quarenta anos no deserto. Jesus também não fez uma congregação, a quem Ele liderou tão verdadeiramente como Moisés? Se eles insultassem os seguidores de Jesus com sua rejeição, com a perda da herança e com sofrimentos, os discípulos poderiam responder: “Sim, esse Jesus que nos tirou do mundo nos indicou um enterro sob as águas e uma ressurreição a partir dali, que corresponde à passagem de Israel pelo Mar Vermelho. Nossa libertação é muito maior do que a antiga, e se encontrarmos problemas agora, isso apenas corresponde às provações da anterior congregação8 (ou “igreja”) de Deus no deserto. Cristo ainda está conosco, como Moisés estava com Israel, apesar das provações do povo no deserto.”’
Mas Moisés não estava sozinho em sua tarefa no deserto. Com ele foi o anjo do Senhor, o anjo da aliança, Aquele que falou com ele no monte Sinai. Então, podemos dizer de Jesus: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos [ou da era]. Amém.” (Mt 28.20). E não poderia Estêvão gabar-se de que o Espírito Santo ainda habitava com [os membros obedientes d]a Igreja de Cristo? Ele também não era um anjo falando? Não estavam profetas em todos os lugares cuja palavra era: “Assim diz o Espírito Santo”? Moisés teria ficado feliz por terem todos do povo do Senhor sinalizados pelo Espírito sobre eles. Estêvão podia afirmar que esse desejo de Moisés fora cumprido em todos os crentes daquele dia. O Senhor tinha visivelmente dado o Espírito em poder a todos os que obedeceram a Jesus. Eles receberam dons ou de palavra ou de atos. Pedro já tinha apelado para isso como um poderoso testemunho a seu favor (At 5.32).
Será que Deus do passado falou no deserto? Ele estava, naquele momento, falando a Israel em sua terra. Será que o Senhor distribuiu do Espírito que estava sobre Moisés a setenta anciãos? Não seria maior do que Moisés Aquele que concedeu profecia, ou línguas ou cura a cada um que O aceitou?
Eram vivos os oráculos de Moisés? Os oráculos de Cristo, pelo Espírito Santo, davam vida. Eles testemunham Daquele que é ressurreição e vida.
“Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito, dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós, porque a esse Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu” (At 7.39,40).
O paralelo e sua força ainda continuam e se aprofundam. Mesmo depois de Israel ter visto as maravilhas operadas por Deus por intermédio de Moisés e ter-lhe reconhecido como seu libertador, eles não amavam obedecer. Eles não estavam satisfeitos com as restrições sob as quais ele os tinha liderado; e rejeitaram-no com desprezo, mesmo quando falaram dele para Arão, seu irmão. Eles desejavam ser não o povo separado de Deus, mas ser como as nações. Também nos dias de Estêvão, os herodianos, homens que glorificavam os romanos e adotavam suas práticas, eram sinais da terrível incredulidade de Israel nos últimos dias.
Moisés, por causa de sua ausência, invisível no monte, mas aparecendo na presença do Senhor por causa do povo, foi desprezado e deixado de lado pelas tribos, e, com ele, seu Deus. Mas o que é dito dos homens dos dias de Estêvão zombando de Jesus: “O que aconteceu com seu Cristo?”? A mesma provocação que seus pais haviam lançado a Moisés. A mesma resposta deveria ser dada quanto a Moisés, como os discípulos de Jesus deram a respeito de Cristo: “Ele está no alto, na presença de Deus por nós”. Mas a boca de Arão foi impedida de dar esse testemunho, pois ele com os outros anciãos tinham, na incredulidade, deixado o lugar que Moisés lhes tinha atribuído (Êx 24.14).
O desprezo que os judeus daquela época estavam expressando por Jesus – “Esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar” –, seus pais o haviam pronunciado da mesma maneira contra Moisés: “Porque a esseMoisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu”. Isso foi particularmente mordaz. Cerca de seis ou sete vezes o mártir faz uso da palavra de desprezo dele para glorificar Moisés, e revelar-lhes a oposição entre os pensamentos divinos de Moisés e os da nação. “A esteMoisés, ao qual haviam negado […] a esse enviou Deus” (v. 35). “Foi este [Moisés] que os conduziu” (v. 36). “Este é aquele Moisés que disse […]” (v. 37). “Este [Moisés] é o que esteve entre a congregação no deserto” (v. 38).
“E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo e se alegraram nas obras das suas mãos” (v. 41).
O resultado da incredulidade de Israel quanto ao retorno de Moisés do monte foi idolatria. Moisés e seu Deus foram juntos colocados de lado. Está acontecendo exatamente o mesmo agora, em nossos dias. Com a cessação da expectativa com respeito ao retorno de Cristo, há cada vez mais uma inclinação em direção a imagens. E, embora Israel nos dias de Estêvão se opusesse aos ídolos, irá, no entanto, nos últimos dias cair na idolatria. Isso é sugerido na parábola do Salvador sobre o retorno do espírito mau para a casa que ele voluntariamente tinha deixado por algum tempo. Ele irá retornar com sete espíritos piores do que si mesmo (Mt 12).
Isso é-nos mostrado em Apocalipse 9.20, 21. Nos dias de Moisés, os israelitas adoraram um bezerro. Nos últimos dias, haverá a adoração a Satanás e a seu rei besta selvagem (cap. 13). Com a rejeição ao Cordeiro e a Seu Pai, Satanás, seu rei blasfemo e o falso profeta tomarão lugar.
“Mas Deus se afastou e os abandonou a que servissem ao exército do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Antes tomastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do vosso deus Renfã, figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-ei, pois, para além da Babilônia” (At 7.42,43).
Deus estava tão descontente com esse ato de idolatria nos dias de Moisés, que judicialmente entregou o povo ao culto ao exército do céu. E, em conseqüência direta, surgiu um sistema de adoração falsa, zombando das promessas e das esperanças dadas por Jeová. Eles carregavam no deserto um tabernáculo rival, dedicada ao rei Moloque, o rei do céu. Eles também carregavam a estrela de Renfã, que significa “O que cura”. Assim, em lugar vez de “O Senhor que te sara” (Jeová Rafá [heb.], Êx 15.26) e da estrela que procederia de Jacó, com o cetro que subiria de Israel (Nm 24.17), eles criaram uma falsa adoração de acordo com sua própria concepção. Jesus, em cujo nascimento apareceu a verdadeira estrela, Jesus, o verdadeiro Rei do céu e rei dos judeus, em Sua vida tinha se mostrado como o que curava cada enfermidade e cada doença das pessoas. Quando Jesus foi rejeitado, o julgamento de Deus sobre Israel poderia ter sido muito mais grave e Seu abandono mais completo no dia por vir do que no primeiro caso. Amós tinha previsto um cativeiro ainda por vir. E quando isso acontecer, poderia ser diferente de o templo reconstruído de Herodes ser novamente destruído, como tinha sido o anterior?9
Essa passagem do discurso de Estêvão é dirigida contra determinados idéias e fundamentos falaciosos de Israel sobre esse assunto, expressas do seguinte modo: “Deus não pode tirar-nos de novo de nossa terra, pois nós não somos idólatras, como nossos pais foram. Nós somos obedientes a Moisés, zelosos de suas leis, odiamos ídolos. A nós, então, e a nosso tempo pertencem as promessas de Jeremias, Ezequiel e Zacarias: de que Jerusalém, seu templo e sua nação não serão arrancados ou derrubados para sempre”.
Não é assim. Deus nunca perdoou Israel pelo pecado do bezerro (Êx 32.35). A idolatria irrompeu novamente na terra, e sob os reis (1Rs 12). Seu terceiro e último aspecto ainda está por vir, que será os dias de cativeiro de Israel, no dia da grande tribulação.
A parte do discurso de Estêvão que se segue refere-se à acusação de ele ter blasfemado contra o templo.
“Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho [ou de testemunha], como ordenara Aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto” (At 7.44).
Eles se gabavam do templo e de Moisés. Mas Moisés e os pais tinham apenas um templo em movimento. Aquele só era adequado para sua freqüente mudança de lugar. Ele também era “o tabernáculo do testemunho”, não “o templo da realização [dos tipos e das profecias]”. Esse edifício prestou testemunho em vários aspectos.
Contra a idolatria dos israelitas. Não era o tabernáculo de Jeová um testemunho contra o de Moloque? Como o tabernáculo de Jeová, que comportava Sua arca da aliança, foi um testemunho das coisas melhores por vir de acordo com Suas promessas, assim o tabernáculo de Moloque era nada mais que um símbolo dos dias sombrios de juízo de Deus ainda por vir. O primeiro proclamava que povo deveria entrar na terra e os inimigos das tribos, exterminados, enquanto o outro indicava o triunfo dos inimigos de Israel e as tribos sendo varridas para fora da terra da promessa de Jeová.
Mas o tabernáculo do testemunho feito por Moisés também fora um testemunho de um sistema de coisas ainda por vir, muito superior a si mesmo. Pois Moisés, como mediador de Israel, subiu a Deus, estava no meio do tabernáculo celestial e viu os modelos [pelos quais o tabernáculo e seus móveis deveriam ser feitos] lá em cima, os quais, quando desceu, deveria copiar. Assim, o tabernáculo terrestre e o templo que se seguiu foram testemunhas do tabernáculo celestial do qual Estêvão dava testemunho como sendo aquele em que Jesus tinha entrado. [Estêvão poderia ter dito:] “Vocês se vangloriam do tabernáculo terrestre. Mas os vasos e móveis dele são apenas cópias daqueles em meio aos quais nosso Mediador e Sacerdote ascenso, o Senhor Jesus, está ministrando (Hb 9). É onde Deus está agora, e Jesus é, como Moisés, Mediador de uma aliança, de uma melhor aliança, tanto quanto as coisas celestiais são superiores às da terra”.
“O qual [tabernáculo], nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué [nome hebraico com o mesmo significado de Jesus: Jeová salva] quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até os dias de Davi, que achou graça diante de Deus e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó. E Salomão lhe edificou casa” (At 7.45-47).
O lugar de adoração sob Moisés, e mesmo por quatrocentos anos, era apenas uma tenda, movida de um lugar para outro. Davi desejou construir uma casa para o Senhor, mas, ainda que tenha encontrado grande favor com Jeová, não lhe foi permitido. Foi muito significativo que Moisés não tenha podido levar seu povo para terra da promessa. Ele teve de dar lugar a Jesus (Josué, em hebraico). Não poderia, então, ser Jesus, a quem desprezaram, o conquistador, Aquele que lhes deve dar a posse de sua terra em um dia por vir e derrubar os inimigos gentios, como os profetas predisseram?
“Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: ‘O céu é o meu trono e a terra, o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis?’, diz o Senhor, ‘Ou qual é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?’” (At 7.48-50).
Embora, no passado, o Senhor tenha prometido um dia habitar em Jerusalém, e no templo da cidade (S. 68.16; 132.14; Ez 43.7), isso ainda não foi cumprido. Ele havia deixado a terra e voltado ao céu, como mostrou Ezequiel (8.4; 9.3; 10.3,4,18,19; 11.22,23). Para lá Jesus tinha foi, como os apóstolos haviam testemunhado à nação de Israel (At 2; 3). Na devoção de Israel ao templo terreno, como o local de residência de Deus naquela época, a nação estava realmente lutando contra Deus.
Assim, o mártir tem mostrado que Jeová não estava vinculado a nenhum lugar de manifestação. Ele havia se revelado a Abraão na Mesopotâmia; a Moisés, na sarça do deserto e no topo da montanha. Então, Ele se mudou de lugar para lugar, com as peregrinações de Seu povo. Mesmo quando o povo entrou na terra, havia ainda apenas uma tenda, por longos anos. Embora Deus tenha prometido habitar no templo de Salomão, seria apenas em certas condições, com a quebra das quais o Senhor abandonaria a morada que o homem tinha feito. Portanto, não era uma blasfêmia contra Deus dizer, como Jesus tinha dito, que o templo reconstruído por Herodes deveria ser destruído.
“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós, que recebestes a lei por ordenação de anjos e não a guardastes” (At 7.51-53).
A circuncisão era o orgulho de israelitas. O mártir tira esse orgulho deles. Eles tiveram a circuncisão na carne, mas não no espírito; o sinal, não a coisa significada. Seu próprio Moisés os havia censurado, como sendo de dura cerviz, rebeldes contra Deus e cegos. Eles se recusaram a se converter do mal por qualquer testemunho (Lv 26.41; Dt 10.16). O coração deles rejeitava os mandamentos de Deus. Além disso, eles se recusavam até mesmo a ouvir as palavras do Senhor, proferidas por Estêvão, o inspirado, como, naquela ocasião, viriam a demonstrar.
Eram os homens diante de Estêvão melhores do que seus pais? De maneira nenhuma! Eles rejeitaram o Filho de Deus. Após o Espírito descer para dar testemunho do Filho, rejeitaram o Espírito também. Eles haviam rejeitado os profetas e os perseguido. Mesmo aqueles em cuja boca Deus havia posto mensagens de esperança, sobre o Libertador por vir, foram maltratados e mortos. Como, então, eles podiam imaginar que sua condenação nacional e oficial a Cristo realmente refutada as reivindicações que Ele fazia? Isso somente os condenava. Isso mostrou apenas que o espírito de todos de Israel ao longo do tempo era do mesmo tipo. Se eles mataram os precursores do Messias, homens inspirados pelo Espírito Santo, por que se admirar de que houvessem matado o próprio Messias?
Jesus aqui é identificado por um título particular: “o Justo”. Os salmos freqüentemente falam das aflições do justo. Os israelitas testemunharam de conspirar contra Ele, de discursar orgulhosamente contra Ele e de terem-No vendido. Mas tanto os salmos como os profetas testemunharam Sua glória futura. “Ele verá o fruto do trabalho da Sua alma e ficará satisfeito; com o Seu conhecimento o Meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre Si” (Is 53.11). “Levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra”(Jr 23.5; Zc 9.9).
Um homem foi distinguido acima do mundo dos pecadores como “Jesus Cristo, o justo” (1Jo 2.1). Como os israelitas tinham servido a Ele? Eles o traíram entregando-O aos romanos e levando-O à morte.
Mas eles não eram estritos observadores da lei? Não! Embora os anjos a tenham proclamado, eles e seus pais a haviam desobedecido toda, especialmente em sua recusa ao profeta predito por Moisés e pela crucificação do Justo.
Tal era o testemunho do Espírito Santo contra aqueles homens de justiça própria. Tal era o desmanchar-se de todos os seus argumentos! Uma declaração tranquila de fatos inegáveis dada por Deus espatifou todas as objeções de confiança deles. O efeito do discurso é dado notavelmente, mais ainda no original do que na tradução.
“E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele” (At 7.54).
Eles se recusaram a aceitar o testemunho. Portanto, eles estavam atribulados com a verdade. Ela não poderia ser negada. Era mais forte que o coração deles. Eles podiam resistir como madeira, mas a verdade era forte como ferro, afiada com muitos dentes como a serra10. Cada declaração era uma nova ponta a perfurá-los. Isso foi entregue com o poder do Espírito Santo. Eles não iriam ceder, mas exibiram com raiva seu ódio pela verdade. Eles eram como os próprios condenados. Ranger os dentes é uma das características dos perdidos. Aqui, os transgressores rangem os dentes contra o inspirado pelo Espírito Santo, o homem que era justo por meio da fé. Pois isso foi escrito: “O ímpio maquina contra o justo e contra ele range os dentes. O Senhor se rirá dele, pois vê que vem chegando o seu dia” (Sl 37.12,13; 112.10; 35.16).
O mensageiro do Senhor foi odiado com uma malícia que não pôde conter até mesmo sua expressão visível. Isso mostra quão completamente todo o discurso falou contra os sentimentos e os argumentos deles.
Faltava-lhes, porém, mais um ponto.
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus. E disse: ‘Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus’” (At 7.55,56).
Ele tinha provado o argumento de que Deus não estava ligado a qualquer lugar na terra. Ele tinha apresentado o testemunho de Moisés, de que havia um melhor santuário de Deus do que aquele que o homem edificou na terra. Ele citou o profeta como uma prova de que, nesta dispensação, Deus não habita em templos feitos por mãos na terra. Mas agora Estêvão está ainda a se tornar uma testemunha ocular do verdadeiro templo e da glória de Deus no céu. Lá, ele contempla a Jesus, a quem eles rejeitaram, de pé no lugar da mais alta honra com Deus, onde nem Moisés nem Elias são vistos.
O discurso tinha mostrado que, apesar da condenação dos israelitas a Jesus, Ele pôde subir aos céus. Mas agora Estêvão, com os olhos abertos pelo Espírito de Deus, pode testemunhar: “Ele está no céu, eu O vejo!”
Ele chama Jesus de “Filho do homem”. Esse é Seu título em Daniel 7.13,14. Foi Dele, então, que Daniel falou como o governante de toda a terra. Esse é o título do Governador de todas as coisas no céu e na terra (Sl 8) no prometido dia da glória.
Isso não podia ser suportado. Como a víbora surda, eles taparam os ouvidos, recusando-se a ouvir a verdade (Sl 58.4.) Eles se apressam sobre ele com pés ligeiros para derramar sangue. Eles lançam pedras, e dessa forma muitos puderam tomar parte em sua morte.
Eles o lançaram fora da cidade, como fizeram com nosso Senhor, porque o discípulo que é perfeito será como seu Mestre.
Ele ora a Jesus, como o Salvador, ao partir, orou ao Pai: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” (At 7.59). O Redentor, então, é “o Senhor” do salmo 110. O Pai fez do Jesus rejeitado Senhor e Cristo. Estêvão, portanto, O tem como Adonai, ou Senhor, Senhor Jesus. “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.60). O antigo sumo sacerdote é contra ele, mas o novo Sumo Sacerdote no céu está do seu lado, uma Ajuda divina. Com o sangue da nova aliança é também vindo um novo espírito, muito além do antigo. Quando “o Espírito de Deus revestiu a Zacarias, filho do sacerdote Joiada” para testemunhar contra a idolatria de Israel, “eles conspiraram contra ele e o apedrejaram por mandado do rei, no pátio da casa do Senhor […] o qual, morrendo, disse: O Senhor o verá e o requererá” (2Cr 24.18-22). Assim, no mesmo ano, os inimigos entraram na terra, roubaram-na e mataram os príncipes do povo, enquanto o rei assassino era morto por seus próprios servos que conspiraram contra ele.
No caso do presente mártir, a terra se fechou contra o homem de fé, o inspirado pelo Espírito de Cristo. Mas o céu se abriu para ele, e, pela visão das glórias lá, ele pôde ignorar a tempestade na terra. A morte, para ele, foi roubada de seu aguilhão. Ele apenas “adormeceu” (At 7.60). Na primeira e bendita ressurreição ele reinará com seu Mestre.
De todo o argumento, então, vemos que uma nova dispensação deve surgir a fim de cumprir as promessas feitas aos patriarcas, a Israel e à Igreja de Cristo. O tempo do cumprimento das esperanças dos patriarcas nunca havia chegado a eles. Eles estão esperando. O banquete não pode começar até que todos os convidados estejam assentados e o Rei se coloque em Seu verdadeiro lugar (Mt 22.1-14). Para nós, se aceitos por Cristo, o lugar mais elevado na era que está chegando deverá ser atribuído (Hb 11.39,40).
Agora é o tempo da paciência de Deus, de chamamento de um mundo mau ao arrependimento, de chamamento para os homens de fé saírem do mundo a fim de trabalhar e sofrer por e com um Cristo rejeitado. O reino da glória por vir está diante de nós, como conforto para nós sob provações por Cristo e como recompensa e prêmio de nossa vocação (Fp 3). Logo, os dias de vingança pelo sangue dos mártires irão cair sobre a terra, e os discípulos vigilantes serão guardados da hora da tentação que há de vir sobre toda a terra habitável, para testar seus moradores e exibir sua pecaminosidade (Mt 23; 24; Ap 16). Naquele dia, a glória de Jesus vai encher o céu e a terra, e Israel vai lamentar sua cegueira e suas transgressões contra Ele. Então, aqueles que trabalharam por Cristo e sofreram com Ele, com Ele serão exaltados e reinarão mil anos (Ap 20.4-6).
Coragem, então, cristãos que sofrem por Cristo! A semente inferior de Abraão foi deixada em cativeiro e provações por 400 anos. Por que admirar-se, então, se a semente superior da fé de Abraão é chamada a sofrer muito e por um período mais longo? Nosso chamado não é para consertar o mundo e encontrar nossa porção aqui embaixo, nessa vida fugaz. Mas devemos esperar até que o Redentor vem, até que os mortos em Cristo despertem e o Salvador distribua Seus galardões a Seus servos fiéis. Que estejamos entre os que se reunirão em alegria naquele dia!
Notas
1 Judeus que anteriormente eram escravos romanos, mas haviam sido libertados por seus amos. (N. do E.)
2 “Jacó desceu ao Egito, e morreu, ele e nossos pais; e foram transportados para Siquém e depositados na sepultura que Abraão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Hamor, pai de Siquém” (At 7.15,16). “A memória de Estêvão tropeçou aqui? Não foi de Efrom, o heteu, a sepultura que Abraão comprou (Gn 23)? E não estava a caverna de Macpela situada não em Siquém, mas em Hebrom?” Sim, se (1) a leitura do grego está correta e (2) se o mártir se refere à mesma transação registrada em Gênesis 23. (2) Mas, disso podemos bem duvidar. Nem tudo o que Abraão ou Jacó fez está escrito (48.22). (1) A leitura atual pode não ser aceita. Tregelles, com a autoridade de bons manuscritos, lê: “Que Abraão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Hamor em Siquém”. (N. do E.)
A American Standard Version, a English Standard Version e a International Standard Version trazem essa forma, enquanto a tradução de Darby e a King James Version trazem “father” (pai) em itálico, indicando que a palavra não se encontra nos originais utilizados. (N. do T.)
3 Isto é, durante o tempo de Sua primeira vinda à terra, mas isso não se aplica ao futuro: “E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que Eu sou Aquele que sonda os rins e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras” (Ap 2.23). (N. do E.)
8 A palavra grega ekklesia é traduzida por “congregação” em At 7.38 (a KJ traduz por “igreja” nesse versículo), mas também por “igreja”, “ajuntamento” (19.32) e “assembléia” (vv. 39,41). (N. do T.)
9 Isso se refere ao cerco de Jerusalém no ano 70 (aproximadamente 35 anos após o discurso de Estêvão) pelo general romano Tito. Na ocasião, a cidade foi saqueada e o templo, queimado e demolido. (N. do T.)
10 “When they heard these things, they were cut to the heart” (KJV). Foram cortados, feridos, retalhados, lancetados, feridos no coração, como se tivessem sido serrados ao meio [idéia dada pelo verbo grego]. Todos ficaram cheios de angústia, com grande dor e desconforto; eles estavam cheios de ira e de loucura e não podia suportar nem a si mesmos nem a Estêvão. (John Gill, adaptado) (N. do T.)
(Traduzido por Francisco Nunes de Stephen’s Accusation, Defence, and Martyrdom, de Robert Govett. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Toda sexta-feira, uma pequena lista de artigos cuja leitura recomendamos. Além disso, indicaremos também uma mensagem e um hino para serem ouvidos. Nosso desejo é que lhe seja útil para aprofundar seu conhecimento do Senhor, para capacitar você a servi-Lo e para despertar em você mais amor por Ele.
É importante relembrar o que dizemos em Sobre este lugar: a menção a um autor ou a alguma fonte não implica aprovação total ou incondicional de tudo o que é ali ensinado; indica, outrossim, que naquele artigo específico há conteúdo bíblico a ser apreciado.
Artigos que merecem ser lidos
Confiabilidade do Novo Testamento. Em entrevista exclusiva, Craig Blomberg, uma das maiores autoridades sobre o Novo Testamento, fala sobre a confiabilidade dos textos neotestamentários.
Resumo biográfico de Anthony Norris Groves, pioneiro em missões para os muçulmanos. Um dos principais nomes entre os irmãos, Groves foi grande conciliador entre diferentes opiniões no movimento, sem abrir mão dos fundamentos da fé. (O artigo peca em sua apresentação visual, atrapalhando um pouco a leitura, mas o conteúdo compensa.)
O Cordeiro de Deus e os vencedores (Stephen Kaung)
Hino que merece ser ouvido
There is a Redeemer (Keith Green)
Letra
There is a redeemer, Jesus, God’s own Son
Precious Lamb of God, Messiah, Holy One
Jesus my redeemer name above all names
Precious Lamb of God, Messiah oh, for sinners slain
Thank You oh my Father for giving us Your Son
And leaving Your Spirit ‘til the work on Earth is done
When I stand in glory I will see His face
And there I’ll serve my King forever in that holy place
Thank You oh my Father for giving us Your Son
And leaving Your Spirit ‘til the work on Earth is done
There is a redeemer, Jesus, God’s own Son
Precious Lamb of God, Messiah, Holy One
Thank You oh my Father for giving us Your Son
And leaving Your spirit ‘til the work on Earth is done
And leaving Your spirit ‘til the work on Earth is done
“Ao que vencer, Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono” (Ap 3.21).
Essas palavras foram ditas diretamente pelo Cristo ascenso e descrevem o galardão clímax para todos os que preenchem as condições para obtê-lo. Muitos podem se perguntar por que devemos seguir no conflito e na guerra incensantes com as forças do mal. É para o prêmio do trono. Em suas mensagens para as igrejas, o Senhor considera claramente expõe todo o incentivo do galardão. Os escritos de Paulo estão cheios de referência ao galardão a todos que preencherem as condições.
Cristo ainda não está sentado em Seu trono. Em Sua ascensão, Deus Lhe disse: “Assenta-Te à Minha destra até que…” (Hb 1.13). Ele está sentado “à destra da Majestade nas alturas” (v. 3; 8.1; At 2.34,35; Hb 10.12; 12.2), à espera do momento em que terá Seu trono, com aqueles que estão para compartilhá-lo com Ele.
O trono é para os vencedores! Isso é possível? Eles irão compartilhar o trono do Filho de Deus? Podemos ver agora por que, conforme atravessamos os dias finais dessa era, deve haver um conflito tão terrível e por que o príncipe das trevas vai desafiar cada filho de Deus que quer vencer. É o teste final e o treinamento de todos os que irão partilhar do trono, e governar e reinar com Cristo.
Agora, qual é o trono que aguarda nosso Senhor ascenso? É o trono milenar de reinar e governar os reinos do mundo. Depois que esse trono Lhe é dado, a voz do céu diz: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Ap 11.15). Esse trono Deus prometeu a Ele quando, voltando nas eras da eternidade, Ele foi constituído “herdeiro de tudo” (Hb 1.2). Isso foi prenunciado em Daniel 7:13,14.
O trono é para os vencedores!
Após isso, o trono milenar de Cristo deve ser compartilhado com outros em certas condições, por oferta do próprio Cristo. “ Eu lhe concederei que se assente Comigo”. Paulo se refere a esses herdeiros em seu desvendar da obra do Espírito Santo em Romanos 8. “Co-herdeiros com Cristo […] se é certo que com Ele padecemos” (v. 17). Isso é prenunciado em Daniel 7.22-27, onde lemos: “Chegou o tempo em que os santos possuíram o reino”. O fato de que o trono vindouro de Cristo será compartilhado por vencedores, que são constituídos pelo Pai para serem co-herdeiros com Ele, que foi constituído “herdeiro de todas as coisas”, é, portanto, bastante clara.
Vislumbres encontram-se, também, no tempo futuro, quando Cristo e aqueles que partilharão o trono com Ele reinarão. Paulo disse: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? […] Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (1Co 6.2,3). Quais anjos? Certamente, não os que não caíram. A explicação é encontrada em 2Pedro 2.4: “Anjos que pecaram […] reservados para o juízo”. Esses anjos caídos – Satanás e sua hierarquia de poderes do mal – serão julgados por aqueles que reinarão com Cristo em Seu trono. Em breve, os que são vencedores – aqueles que venceram o mundo e Satanás – serão os juízes das hostes caídas do mal, quando esses vencedores forem glorificados com Cristo em Seu trono.
A obtenção do prêmio dessa “soberana vocação”, partilhar do trono com Cristo, foi o incentivo que instou Paulo para considerar todas as coisas como perda para obtê-lo e estar desejoso de ser feito conforme à morte de Cristo como o principal meio para atingir esse fim (Fp 3.10-14), pois cada crente que atinge o prêmio do trono segue pelo caminho nos passos do Senhor ascenso. “Para conhecê-Lo e o poder da Sua ressurreição […] sendo feito conforme à Sua morte, para ver se, de alguma maneira, posso chegar à ressurreição dentre os mortos”, escreveu Paulo. Em grego, isso significa a ressurreição “para fora de entre os mortos”. Um pouco depois, neste mesmo capítulo, Paulo diz: “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (v. 14).
O que está em jogo para cada crente na presente guerra com Satanás é a coroa e o trono milenares.
Note a palavra “se” que Paulo usa: “Para ver se, de alguma maneira, posso chegar […]”. “Se”. Paulo estava perfeitamente seguro de sua salvação eterna como um dom gratuito de Deus por meio da obra consumada de Cristo. Romanos 4.4; 6.23 e muitas outras passagens deixam isso claro, mas ele seguidamente se refere a um galardão [prêmio, recompensa] do qual ainda não podia ter certeza, a menos que se esforçasse a preencher as condições para obtê-lo. Em Romanos 8.17, o mesmo se entra novamente em conexão com o mesmo assunto: “Co-herdeiros de Cristo, se é certo que com Ele padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.” Seremos “co-herdeiros de Cristo” e seremos “glorificado” com Ele, quando Lhe for dado o trono milenar de visivelmente governar sobre os reinos do mundo, se estivermos dispostos para o caminho que Ele trilhou. Ele obteve a vida eterna como um dom gratuito para todos os que crêem Nele; mas, para Seu novo governo sobre o mundo, quando este for retomado da mão do inimigo, Ele deve ter aqueles que já passaram pelo mesmo caminho de serem aperfeiçoados pelas aflições (Hb 2.10) que Lhe deu o trono.
O que está em jogo, portanto, para cada crente na presente guerra com Satanás, a qual deve se intensificar conforme a era se conclui, é a coroa e o trono milenares. A pergunta para cada um é: como manter toda a vitória espiritual já obtida, para que não percamos a coroa? Pois devemos esperar que Satanás vá desafiar cada um que ele vê se mover em direção ao trono, onde, com Cristo, esse vencedor vai julgar anjos. Em breve, Satanás tentará ganhar os futuros juízes das hostes malignas das trevas quando tentar ganhar e impedir aqueles que, como Paulo, avançam para o alvo.
Agora, considere a qualificação para a obtenção do prêmio do trono. O Senhor ascenso a apresenta nas palavras: “Ao que vencer lhe concederei” – um presente pessoal – “que se assente Comigo” – uma partilha pessoal com Ele – “no Meu trono” – o próprio trono de Cristo aberta ao vencedor – “assim como Eu venci.” Aqui, a qualificação e o caminho são apresentados de modo claro.
Observe mais uma vez que, na fase de qualificação para o prêmio, cada crente deve permanecer sozinho. Ele será dado “ao que vencer”. Cada futuro governante com Cristo deve ser preparado e formado individualmente, e seu meio ambiente e os ataques de Satanás sobre ele serão especialmente permitida e pesados por Cristo (1Co 10.13) a fim de trazer os resultados desejados. Cada herdeiro de uma vasta propriedade deve ser cuidadosamente treinado de acordo com suas capacidades e esfera [em que irá atuar] (Gl 4.1,2). Pode haver somente um colocado pelo Cabeça da Igreja “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13), mas ele deve vencer, ou perderá sua coroa. Ele não deve olhar para outro a fim de vencer com ele, pois “um só leva o prêmio” (1Co 9.24). Ele, sozinho, deve sozinho se qualificar para o trono, graças a uma fé desenvolvida por meio da provação (1Pe 1.7) e triunfar sobre Satanás por causa do Espírito de Deus nele como o poder capacitador.
Vamos olhar por um momento para Apocalipse 12.1-12 e ver a última hora dos crentes sendo preparados para compartilhar o trono milenar. O versículo 5 descreve os vencedores preparados para o trono destinado, com Cristo vencendo e sentando-se com Seu Pai em Seu trono. Aqui vemos a atitude do dragão em relação às almas que venceram, que vão compartilhar o trono com Cristo e participar com Ele em Sua obra de julgar o mundo e os anjos caídos. (Ver também 2.26,27.) Encontramos, na hora da crise, o “grande dragão vermelho” erguido e pronto para devorar os vencedores, à medida que surgem na esfera entre a terra e o céu, na estrada ascensional ao trono, unindo-se ao Senhor conquistador, para compartilhar com Ele o exercício final do julgamento do Calvário sobre o inimigo.
Os que serão vencedores estão em direto conflito pessoal com Satanás agora.
Note, também, que o conflito no céu, entre o arcanjo Miguel e seus exércitos de luz contra Satanás e seus anjos caídos, aparentemente ocorre durante a transladação dos que vão participar do trono. E isso resulta na expulsão do acusador. “Ele [Satanás] foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”; e, em seguida, o que tem a visão ouviu “uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegad[o] […] o reino do nosso Deus e o poder do Seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado” (12.9,10). A parte dos vencedores no conflito é mostrada no versículo 11. Eles estão em direto conflito pessoal com Satanás agora, não só com suas obras, pois “eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram a sua vida até à morte”.
A partir deste ponto, vamos dar uma olhada do futuro e, em Apocalipse 17.14, ver Cristo e os vencedores com Ele, o Herdeiro e os co-herdeiros, realizando o julgamento. Em Apocalipse 17, Cristo está realizando coisas terríveis sobre Seus inimigos; “estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, e eleitos e fiéis”. Os santos hão de julgar o mundo, os santos hão de participar na execução do juízo. Eles vão comparecer perante o tribunal, primeiro para eles mesmos serem julgados (2Co 5.10), e, em seguida, eles, a quem é dado compartilhar o trono de Cristo, os “chamados, e eleitos e fiéis”, vão estar com Ele no Seu trato com o mundo.
Você pode dizer: “Desde que comecei a testemunhar da derrota de Satanás no Calvário e a orar contra ele, ele tem-me atacado.” Isso é porque ele vê o prêmio diante de você. Ele está atacando aqueles que julgarão os anjos caídos, caso obtenham o prêmio do trono. Será que você não guardar firmemente sua coroa (Ap 3.11)? Como você faz isso? Apenas com um objetivo inabalável e constante de, a qualquer preço, ser fiel a Cristo e à luz que Ele lhe deu. Diga a si mesmo: “O Senhor está me treinando para o trono.” Diga de novo e de novo: “Maior é Aquele que está em mim do que aquele que está no mundo.” “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” Em cada pequena área de conflito haverá ganho. Por isso, Paulo disse: “Tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18).
________
“O vencedor é manifestamente aquele que persevera até o fim; ele não o faz só por um tempo […] eles vão tomar parte na primeira ressurreição. Eles vão comer do maná escondido; isto é, eles vão ser secretamente sustentados […] A eles será concedida capacidade de governar; assim, serão semelhantes a Cristo, pois só quando alguém conquista ou governa a si próprio está qualificado para governar os outros. […] O vencedor será uma coluna no templo de Deus. Se você tem sido alguém que se dispersa, que se abateu e não edificou, não pode ser estabelecido no templo de Deus Você vai reinar com Cristo! Se sofre, você terá o privilégio de estar na Soberania com Ele, e uma herança gloriosa aguarda aqueles que desistiram da herança terrena […] porque eles herdarão todas as coisas. Que o Senhor nos faça vencedores!”
(Jesse Sayer, D.D.)
________
(Traduzido por Francisco Nunes de “The Prize of the Throne”, de Jessie Penn-Lewis. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
A decisão na última sexta-feira [25.6.15] da Suprema Corte [dos Estados Unidos], embora não tenha sido exatamente uma surpresa, é angustiante, desencorajadora e repugnante. Mesmo o defensor mais inflexível dos chamados “direitos dos homossexuais” deveria, pelo menos, afirmar que a decisão é fundamentalmente falha, impulsionado por um embuste judicial, e, por qualquer leitura sã da Constituição, inconstitucional. No entanto, a decisão foi tomada.
Como os governos estaduais e locais devem responder é uma questão importante. Como as igrejas locais e a Igreja como tal deve responder é uma questão importante. Mas hoje eu gostaria de fazer algumas sugestões para os cristãos. O que devemos fazer? A mesma coisa que fazemos todos os dias.
Em primeiro lugar, arrependam-se. O julgamento começa com a casa de Deus (1Pd 4.17) – e não se engane: isso é julgamento de Deus. Assim, é sábio e prudente sempre, em tempos de providência difícil, examinar-nos o coração e arrepender-nos. Alguns, é claro, vão insistir em que nos arrependamos por não sermos suficientemente amorosos com aqueles que abraçam paixões não-naturais. E eles estariam certos. Mas, antes de inclinar a cabeça, precisamos entender melhor o que significa amar aqueles que abraçam pecado grave e hediondo. Significa chamá-los ao arrependimento e proclamar a garantia de que o sangue de Cristo cobre todos os pecados daqueles em Cristo. Aceitação do pecado é ódio contra os pecadores. A pressão cultural para fazer exatamente isso só vai aumentar. Será que vamos amar nossos inimigos o suficiente para chamá-los ao arrependimento ou vamos curar suas feridas levemente com palavras suaves que pavimentam o caminho para o inferno?
Em segundo lugar, creiam no evangelho. Uma das razões pelas quais tendemos a ceder à pressão cultural é que almejamos aprovação cultural. Crer no evangelho, no entanto, lembra-nos primeiro de que somos muito piores do que meros odiadores homofóbicos. Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos. Suas acusações em tom estridente devem ser abafadas por nossos simples clamores: “Senhor, sê propício a mim, pecador”.
Não importando do que nos acusem, a verdade é que apenas arranham a superfície do que realmente somos em nós mesmos.
Crer no evangelho, no entanto, também nos lembra que já temos a aprovação do Único que realmente importa, e que isso nunca pode ser tirado. Por causa da vida perfeita, da morte expiatória e da ressurreição justificadora de nosso Senhor, somos os amados filhos adotivos1 do Deus Altíssimo. O que é um pouco de escárnio cultural ou mesmo uma grande quantidade de perseguição efetiva à luz disso? Tudo o que temos que realmente importa já está oculto com Ele nos lugares celestiais.
Crer no evangelho, por sua vez, lembra-nos de que Ele não está apenas nos lugares celestiais, mas, tendo ascendido, lá Ele se assenta em Seu trono. Nosso Salvador não é apenas nosso Rei, mas a Ele foi dado todo o poder no céu e na terra. Nada do que aconteceu está fora de Seu controle. A Suprema Corte [dos Estados Unidos] pode ter uma vez mais revogado a Constituição, mas Satanás não apreendeu o trono de Jesus. Isso, também, por mais horrível que seja, é parte integrante do perfeito plano divino para trazer todas as coisas à sujeição, para esmagar nossos ídolos e para lavar todas as nossas máculas e manchas. Não importando o que os tribunais digam sobre o casamento, na corte celestial, o verdadeiro Supremo Juiz nos diz que somos Sua noiva e que Ele nunca deixará ou nos abandonará.
Por fim, crer no evangelho significa crer que Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos. A Suprema Corte não é o mais alto nível de apelação, e sua injustiça um dia se moldará à justiça. Este não é o fim.
Eu, como a maioria de vocês, estou hoje afligido, desanimado e enojado. Mas também sou, todos os dias, regenerado, redimido, refeito. E obrigado a me arrepender e a crer no evangelho.
Nota
1 Apesar de ser esta a opinião geral entre os cristãos, de que somos filhos adotivos de Deus, este tradutor se alinha com aqueles estudiosos que entendem sermos filhos legítimos de Deus, de acordo com Jo 1.12,13, que diz claramente que aqueles que creram nasceram de Deus. (N. do T.)
(Traduzido por Francisco Nunes de “Supreme Comfort”, de R. C. Sproul Jr. Este artigo pode ser distribuído e usado livremente, desde que não haja alteração no texto, sejam mantidas as informações de autoria e de tradução e seja exclusivamente para uso gratuito. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
O mais alto tribunal em nosso país estabeleceu um acórdão. As manchetes proclamam que uma pequena maioria de juízes da Suprema Corte dos Estados Unidos considera a liberdade de orientação sexual um direito para todos os americanos. Essa troca de um conjunto de valores em favor de outro não é uma surpresa para nós, que já sabemos que o deus deste século cegou a mente daqueles que não crêem (2Co 4.4). O dia 26 de junho de 2015 permanece como um marco significativo na demonstração americana desta realidade antiga.
Nenhum tribunal humano tem autoridade para redefinir o casamento.
Nos próximos dias, é esperado que você, como pastor, forneça comentários e conforto para seu rebanho. Esse é um momento crítico para os pastores, e fica como mais um lembrete de porque uma formação adequada é crucial.
Estou escrevendo esta mensagem curta como um pastor para outro. Os meios de comunicação estão apressando-se com as atualizações, e não preciso ajudar com minha voz para a briga geral. Em vez disso, quero ajudá-lo a pastorear sua igreja nesse momento confuso. Além dos artigos úteis em Preaching and Preachers Blog (Blog Pregação e Pregadores), também quero comunicar os pensamentos abaixo, que, espero, vá ajudar você a considerar a questão de uma maneira bíblica.
Nenhum tribunal humano tem autoridade para redefinir o casamento, e o veredito de ontem [dia 26] não muda a realidade ordenada por Deus com relação ao casamento. Deus não foi derrotado com essa decisão, e todo casamento será julgado, no último dia, de acordo com os fundamentos bíblicos. Nada irá prevalecer contra Ele (Pv 21.30) e nada vai impedir o avanço de Seu Reino (Dn 4.35).
A Palavra de Deus pronunciou julgamento sobre qualquer nação que queira reclassificar mal como bem, escuridão como luz e amargo como doce (Is 5.20). Como nação, os Estados Unidos continuam a colocar-se na mira do juízo [divino]. Como proclamador da verdade, você é responsável por nunca ajustar-se a essas questões. Você deve se manter firme em todos os aspectos.
Essa decisão prova que [nós, cristãos] estamos claramente em minoria e somos um povo separado (1Pe 2.9-11; Tt 2.14). Como escrevi no livro Why Government Can’t Save You (Por que o governo não pode salvar você), os padrões que moldaram a cultura ocidental e a sociedade americana deram lugar ao ateísmo prático e ao relativismo moral. Essa decisão simplesmente acelerou a velocidade do declínio. Um país não consegue ir além da moralidade de seus cidadãos, e a maioria dos americanos não têm uma cosmovisão bíblica.
A liberdade religiosa não é prometida na Bíblia. Nos Estados Unidos, a igreja de Jesus Cristo tem desfrutado de uma liberdade sem precedentes. Isso está mudando, e o novo normal pode incluir a perseguição do que é novo para nós. Nunca houve um momento mais importante para os homens talentosos ajudarem a liderar a igreja por manejar competentemente a espada do Espírito (Ef 6.17).
O casamento não é o campo de batalha final, e nossos inimigos não são os homens e mulheres que procuram destruí-lo (2Co 10.4). O campo de batalha é o evangelho. Tenha cuidado para não substituir paciência, amor e oração por amargura, ódio e política. Enquanto você guia cuidadosamente seu rebanho em torno das armadilhas perigosas à frente, lembre-o do poder indomável do perdão por meio da cruz de Cristo.
Romanos 1 identifica claramente a evidência a ira de Deus sobre uma nação: a imoralidade sexual seguida pela imoralidade homossexual culminando em uma disposição mental reprovável. Essa etapa mais recente nos lembra que a ira de Deus virá plenamente. Vemos agora mentes reprováveis em todos os níveis de liderança: no Supremo Tribunal Federal, na presidência, nos gabinetes, na legislatura, na imprensa e na cultura. Se nosso diagnóstico está alinhado com Romanos 1, então, também devemos seguir a prescrição encontrada em Romanos 1: não nos envergonharmos do evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação! Nesse dia, é nosso dever e nosso chamamento divinos fortalecer a igreja, as famílias e o testemunho do evangelho por dissipar o absurdo pragmático que distrai a igreja de sua missão dada por Deus. Homossexuais, como todos os outros pecadores, precisam ser avisados do juízo eterno iminente e da amorosa oferta de perdão, graça e vida nova mediante o arrependimento e a fé no Senhor Jesus Cristo.
Em última análise, sua maior contribuição para seu povo será a de mostrar paciência e uma confiança inabalável na soberania de Deus, no senhorio de Jesus Cristo e na autoridade das Escrituras. Volte os olhos para o Salvador, e lembre seu povo de que, quando Ele voltar, tudo será colocado no lugar.
Estamos orando por sua firme proclamação da verdade e por seu posicionamento inegociável por Cristo.
(Traduzido por Francisco Nunes de “An Open Letter to TMS Alumni”. Esta é uma carta aberta de John MacArthur para os alunos do The Master’s Seminary (O Seminário do Mestre), o qual é “comprometido em equipar homens para uma vida inteira de serviço na igreja para a glória de Cristo”. O nome ao artigo foi dado pelo tradutor. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)
Onde há aparente contradição em qualquer doutrina em particular das Escrituras, é possível tomar a preponderância de passagens em favor de um ponto de vista ou de outro. Mas a contradição deve ser apenas aparente (certamente em referência às escrituras originais, que nós não temos agora1), aparente, provavelmente devido à interpretação falha ou possivelmente a erros na transcrição ou na tradução; mais provavelmente, à interpretação defeituosa. Esse é o caso da doutrina da eterna segurança do crente (a grande linha divisória e a divergência de opinião entre calvinistas e arminianos), em que a preponderância das Escrituras parece esmagadoramente a favor. O Evangelho de João, sem qualquer outra Escritura, é por si só suficiente para prová-la; e temos a repetida garantia de nosso Senhor, desprovida de qualquer declaração Sua do contrário, de que Suas ovelhas estão eternamente seguras.
Comecemos com o bem conhecido texto de João 3.16, “o evangelho em poucas palavras”, como tem sido chamado: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”, repetido por João, o Batista, no versículo 36. Se é eterna não pode, eventualmente, ter um fim.
A seguir, 5.24: “Quem […] crê […] tem” – uma posse imediata e presente, enfatizada, no verso seguinte, pelas palavras “Em verdade, em verdade” – “a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” – e certamente não passará de volta para a morte2. Não há nem mesmo uma sugestão disso!
Em João 4.14, Jesus diz à mulher samaritana: “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca” – nunca! – “terá sede”, mas se tornará “nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.
Em 6.39: “E a vontade do Pai, que Me enviou, é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia”. Isso é repetido nos versos 44 e 54: é uma promessa que Ele deve e seguramente vai cumprir.
Mais uma vez, em 10.28,29: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém” – nem homem nem diabo – “as arrebatará da Minha mão […] e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai” – a todo-poderosa mão daquele que é “maior do que tudo”: segurança absoluta!
A seguir, para Marta, Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em Mim […] nunca morrerá. Crês tu isto?” (11.25,26). Uma pergunta que Ele faz a todo crente que duvida de Suas garantias. E, por último, em Sua oração sacerdotal, Ele pede para que o Pai dê a vida eterna a todos quantos deu ao Filho (17.2).
Algo pode ser mais claro ou mais explícito do que essas passagens das Escrituras? Certamente podemos descansar na reiterada garantia de nosso precioso Salvador, apesar de quaisquer expressões aparentemente contrárias nas Escrituras? Isso é o que vimos apenas no Evangelho de João, mas queremos referir-nos a uma ou duas outras passagens à guisa de confirmação.
Em Efésios 1:4, aprendemos que os cristãos foram escolhidos “antes da fundação do mundo” e pré-ordenados como filhos por meio de Jesus Cristo para Ele mesmo. É possível que eles, ao final, se percam? Em 1Coríntios 3.14, vemos que, se a obra de alguém, que ele construiu sobre as bases estabelecidas por Deus em Cristo Jesus, é queimada, essa pessoa sofrerá perda, mas ela mesma será salva, todavia como pelo fogo, escapando, por assim dizer, de um edifício em chamas apenas com a vida. Mas por que multiplicar textos para provar ainda mais o que já é tão abundantemente comprovado? “Um filho de Deus é eterno como Deus, pois compartilha a vida de Deus, e quando o mundo for totalmente dissolvido em labareda de fogo, ele estará entre as estrelas da manhã ao redor do Trono” (D. M. Panton).
Podemos agora olhar para algumas Escrituras que parecem contradizer essa afirmação, reconhecidamente de difícil interpretação; mas, apesar de difíceis, podemos estar certos de que não contradizem a declaração explícita de nosso Senhor. Os dois principais obstáculos para o crente calvinista estão na Epístola dos Hebreus, 6.4-8 e 10.26-31, as quais tem levado alguns expositores a acreditar que eles se referem especialmente à economia judaica e não se referem à salvação em Cristo, mas isso não parece defensável. Outros estão certos de que – e esta é a explicação mais comum – as pessoas ali referidas nunca foram salvas, mas são apenas professantes. Outros fiam-se, em 6.6, em uma variante que indica uma ação contínua em lugar do texto que diz que aqueles homens crucificaram de novo o Filho de Deus. Outros explicam que o arrependimento nunca mais pode ser repetido, e note-se que julgamento e punição – não morte eterna – são os resultados de tais transgressões. Alguns expositores, não muitos, afirmam que ambas as passagens se referem a apóstatas3 – mais do que desertores, aqueles que esconjuraram e definitivamente rejeitaram Cristo. Se essa hipótese está correta e isso significa castigo eterno, então, o caso de um apóstata é a única exceção à regra de que todo crente está eternamente salvo; mas é uma questão de ação de graças que haja, tanto quanto se sabe, tão poucos apóstatas4. O próprio fato de haver nessas passagens tantas e diversas explicações e tantas diferenças de interpretação torna impossível que elas sejam usadas para contradizer as declarações explícitas de nosso Senhor.
Se, então, a eterna segurança dos crentes é a verdadeira interpretação da Escritura, a pergunta surge naturalmente quanto à posição dos crentes frios, mornos e infiéis, que se provaram indignos de entrar no Reino, e de todos os apóstatas – alguns dos quais têm grosseiramente apostatado – mortos em seu estado apóstata, embora Deus, em Sua infinita misericórdia, tenha tornado possível para eles confessarem e arrependerem-se. Deve haver algum tempo e lugar onde eles serão tratados, pois “nosso Deus é fogo consumidor” (12.29) e “justiça e juízo são a base do Seu trono” (Sl 97.2); e o apóstolo Pedro, pelo Espírito Santo, nos adverte de que o julgamento deve começar pela casa de Deus (1Pe 4.17). Nosso próprio senso de justiça exige nesta vida que aos que infringem a lei sejam impostas as penas da lei, e “não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Não pode ser que os cristãos indignos e apóstatas, morrendo sem terem se arrependido e não-perdoados, entrem imediatamente na na bem-aventurança e reinem com Cristo! O coríntio incestuoso de 1Coríntios 5 é um caso em vista.
Não! É o “pequeno rebanho”, a quem foi do agrado do Pai dar o Reino (Lc 12.32). Os vencedores são os únicos a quem é dada a promessa de partilha do trono de Cristo (Ap 3.21). “Seguramente, o Reino Milenar, esse poder sobre as nações, ser dado como um galardão àqueles que vencerem é muito claro” (Sten). “Embora os dons não sejam salário, ainda dependem de vencer uma batalha. Há algo além da mera salvação” (Dr. Horatius Bonar). Não há nenhum indício na Escritura de os crentes ressuscitados serem súditos no Reino Milenar; os súditos do Reino são as nações da terra vivendo na época do começo do Reino. Para os crentes, é uma questão de reinarem ou serem excluído do Reino. Ser um reinante é uma honra tão alta que nosso Senhor declara: “Entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João, o Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele” (Lc 7.28).
Quanto ao tempo e lugar, rejeitamos a idéia do purgatório (uma invenção puramente romanista), se não por outra razão, pelo fato de que nenhum julgamento o precede5. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27) – não o purgatório –, e ninguém é condenado por Deus sem ser julgado. Do grande trono branco está escrito: “Foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20.13). A dispensação da graça termina com a vinda de Cristo para Seus santos e com o arrebatamento deles nos ares. Durante a presença de Cristo nos ares – a parusia –, o bema, ou trono do julgamento [ou tribunal] de Cristo (Rm 14.10; 2Co 5.10) tem lugar. Embora não seja explicitamente declarado nas Escrituras, não há outra ocasião em que ele possa ser realizado, e é ali que a posição de cada crente será determinada em relação ao reino de Deus. Se considerado indigno de entrar e reinar com Cristo, então, como estabelecido na parábola dos talentos, o servo inútil será lançado nas trevas exteriores (Mt 25.30) – um lugar não-especificado na Escritura – ou será cortado em pedaços (lit.) e terá sua parte com os hipócritas (24.51). Mas, graças a Deus, por fim, ao final da era do Reino, será admitido na bem-aventurança eterna.
Outrora parecia abominável na mente do escritor que qualquer filho de Deus deveria receber alguma punição; agora, é um pensamento reconfortante, que leva à esperança: um grande número de cristãos que vivem agora para o mundo serão, por fim, salvos, apesar de sofrerem perda e serem privados de galardão, e, em alguns casos, receberem punição, mas, graças a Deus, apenas temporária, não eterna. Para os incrédulos, nós “pregamos o inferno para fazê-los pessoas do céu”; para o crente pregamos, não só o amor de Deus, mas Sua justiça e possível punição.
Podemos concluir com esta maravilhosa explosão de louvor e de certeza do apóstolo Paulo: “Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38,39).
Notas
1 Ao contrário do autor do texto, este tradutor, ao lado de muitos outros cristãos, crê que, sim, temos hoje a Escritura inspirada por Deus, por meio do Texto Recebido (Textus Receptus). Não é coerente pensar que o Deus que inspirou, moveu homens para escreverem Sua Palavra – pela qual devemos pautar nossa vida, na qual o menor jota ou til é importante e imutável, da qual é proibido tirar-se qualquer coisa ou à qual é proibido adicionar qualquer coisa, a qual é capaz de discernir os propósitos do coração e tantas outras características – não tenha sido capaz de preservá-la ao longo dos séculos e por meio das cópias. Os possíveis erros de tradução ou de transcrição, se existem, não contradizem, não destroem nem enfraquecem as verdades fundamentais da Bíblia. Podemos, portanto, confiar que temos em nossas mãos a inspirada Palavra de Deus se usamos uma tradução baseada no Texto Recebido (em português, a Almeida Corrigida e Fiel, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana). Esse comentário do autor, com o qual o tradutor não concorda, no entanto, não depõe contra o conteúdo de seu texto. (N. do T.)
2 Isto é, a “segunda morte”, a separação eterna de Deus no “lago de fogo” (Ap 20.15). (N. do E.)
3 Em minha mente, não há dúvida de que Hebreus 6.4-8 lida com apóstatas; e se alguém quiser saber quais ações qualificam um crente nessa categoria, deve ler Números 14. (N. do E.)
4 É um fato que existem mais apóstatas do que o autor e a maioria dos cristãos imagina: o apóstata sabe o que ele tem rejeitado e depois sai para provocar a queda de outros cristãos, usando doutrinas antimilenaristas.
5 Há um julgamento de Deus e Seu governo sobre os assuntos humanos que está em andamento em todos os momentos. Exemplos proeminentes disso são mostrados em Jó 1; 2; em Acabe (1Rs 22) e em Nabucodonosor (Dn 4). “O primeiro caso mostra os procedimentos judiciais que efetuam aperfeiçoamento; o segundo, morte; o terceiro, reforma. Jó era um homem piedoso sob disciplina para seu bem: um homem íntegro foi feito um homem santo. Ainda assim Deus castiga Seus filhos a fim de que eles se tornem participantes de sua santidade (Hb 12.10,11)” (G. H. Lang). Essa administração judicial contínua pode ter lugar antes e depois da morte. “Cristãos em pecado foram disciplinados até com morte prematura, e é explicado que isso foi feito a fim de salvá-los da responsabilidade de condenação no momento em que Deus irá lidar com o mundo em geral.” O Senhor fez muitas declarações temíveis e mui graves com respeito a Seus tratos com Seu povo redimido à época de Seu retorno. Algumas delas são as seguintes: Lc 12.22-53; 17.11-27; Mt 24.42–25.30). “Se parecia inconcebível que o Senhor pudesse descrever algum dos Seus comprados por sangue e amados como um “servo mau” (Mt 25.26), deve ser ponderado que Ele tinha aplicado o termo antes a um servo cuja dívida havia sido totalmente perdoada: “Servo malvado [ou mau; mesma palavra grega de 25.26], perdoei-te toda aquela dívida” (18.32) Assim, alguém que, como resultado de um ato de compaixão do Senhor, tenha sido totalmente perdoado de todas as suas falhas como servo, pode revelar-se um “servo mau”, cuja maldade [ou malignidade] consiste no fato de que, embora perdoado, ele não perdoa. Negar que um filho de Deus pode ser não-perdoador é cegar os olhos por negar esse fato triste e severo. O Senhor não deixou espaço para dúvida de que os membros da família divina estavam em Sua mente pela aplicação da parábola que Ele fez na ocasião: “Assim vos [Pedro, cuja pergunta sobre perdoar tinha provocado a parábola e os outros discípulos (v. 21)] fará, também, Meu Pai celestial se do coração não perdoardes, cada um (hekastos) a seu irmão” (v. 35). São o Pai e os irmãos que estão em vista, não aqueles que estão fora do círculo familiar” (G. H. Lang). O julgamento pode ocorrer na morte ou imediatamente após ela (Hb 9.27). Ele pode ter lugar antes da morte, ou Paulo não poderia ter certeza de que ganharia sua “coroa da justiça” (2Tm 4.6-8). A expressão “acabei a carreira” é tomada do mundo do atletismo, que ocupava um lugar muito grande na vida e no interesse dos gregos e é muito freqüentemente usada por Paulo como imagem de esforço espiritual Em 1Co 9.24-27, é usada como um aviso claro de que o cobiçado prêmio pode ser perdido. Em Fp 3.12-14, ela a emprega para exortar ao intenso e incessante esforço a fim de ganhar esse prêmio O Senhor é o justo Juiz, sentado para julgar cada concorrente [isto é, cada crente regenerado] na corrida ou competição. Agora, é de necessidade inevitável que o juiz dos jogos tome automaticamente sua decisão conforme cada corredor ou lutador individualmente termina o percurso ou a disputa. A entrega dos prêmios era efetivamente adiada para o final de toda a série de eventos – a coroa de Paulo seria realmente dada “naquele dia” –, mas o juiz não adiava sua decisão sobre cada item ou concorrente. Para os mais célebres dos jogos gregos, os Olímpicos, isso durava cinco dias. A figura, tomada de Paulo, e à luz do rico e de Lázaro (Lc 16), sugere uma decisão do Senhor, como a cada crente, antes ou no momento da sua morte. Essa decisão resulta na determinação do local e da experiência do homem no estado intermediário [no Hades] e pode se estender à garantia de que ele ganhou a coroa, “o prêmio da soberana vocação” (Fp 3.14). Em Ap 6.9,11 lemos sobre o quinto selo. Esses mártires “debaixo do altar” ainda não foram ressuscitados dentre os mortos, pois outros ainda têm de ser mortos por causa de Cristo, e só então estes vão ser vindicados e vingados. Mas para cada um deles separadamente uma túnica branca é dada. A túnica branca é o sinal visível, conferido pelo Senhor, da dignidade deles em serem companheiros do Senhor em Sua glória e reino. Isso, mais uma vez, torna evidente que para esses o julgamento do Senhor foi formado e anunciado. Nenhum julgamento posterior é necessário ou concebível; apenas o que dá a coroa “naquele dia”. Ao reunir esses fatos e considerações, parece bastante claro que o julgamento do Senhor sobre os mortos de Seu povo não é adiado para uma sessão, mas é atingido e declarado (a) imediatamente antes da morte (como com Paulo), quando não há mais risco de ser desclassificado na corrida, ou (b) imediatamente após a morte (como Lázaro), ou (c) pelo menos no estado intermediário da morte: “as almas [no Hades] debaixo do altar”. Portanto, Deus exerce julgamento sobre Seu próprio povo agora; este é o período adequado para isso, mas o juízo geral do mundo é protelado: “Já é tempo que comece o julgamento pela na casa de Deus” (1Pe 4.17), e outra vez: “Se nós nos julgássemos [estabelecêssemos julgamento rigoroso sobre] a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando [falhando nesse santo auto-julgamento] somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1Co 11.31,32). E essa correção pode se estender à fraqueza física, à doença positivo ou até mesmo à morte. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5.1-11; ver Tg 5.19,20; 1Jo 5.16,17; Mt 5.21-26; 18.28-35).” (G. H. Lang). (N. do A.)
(Traduzido por Francisco Nunes de “The Eternal Security of the Believer“, de W. P. Clarke. Você pode usar esse artigo desde que não o altere, não omita a autoria, a fonte e a tradução e o use exclusivamente de maneira gratuita. Preferencialmente, não o copie em seu sítio ou blog, mas coloque lá um link que aponte para o artigo.)